Viagens de trabalho: o desconforto como portal para novas descobertas


‘Quando adolescente, achava linda a liberdade de quem viajava a trabalho. O que me move senão o desassossego, talvez um espaço original que precise ser preenchido com cada lugar e cada pessoa?’

Por Alice Ferraz

A razão principal de qualquer viagem é o desconforto tão próprio da ousadia, diz o filósofo, escritor e rabino Nilton Bonder em seu livro O Caminho de Abraão. Mas eu, diferentemente de meu querido amigo, estava indo só ali, pertinho, para mais uma viagem de trabalho, aqui mesmo pelo Brasil. Seria essa também uma ousadia?

'Viajar é, para mim, um lugar de vulnerabilidade, uma aposta na vida que ainda não conheço, nas novas possibilidades.' Foto: Clayton de Souza/Estadão

Viajar é, para mim, sempre um esforço. Um lugar de vulnerabilidade, repleto de expectativa. Uma aposta na vida que ainda não conheço, nas pessoas que ainda não cruzaram o meu caminho, nas novas possibilidades. Passar uma ou duas noites fora, mesmo pertinho, é uma forma de sair do conforto do meu lar, da rotina em que me reconheço. Não estou falando das viagens de férias, do dolce far niente, mas das viagens a trabalho, cheias de horários milimetricamente inseridos em uma agenda que seja vista como produtiva e sem surpresas. As inevitáveis horas solitárias são vividas em hotéis onde você não passaria as suas preciosas férias, mas com os quais, como estamos a trabalho, nos conformamos sem nenhum sonho.

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Quando adolescente, achava linda a liberdade de quem viajava a trabalho. Olhava pessoas nos aeroportos e imaginava as aventuras que seriam suas vidas. Descobri depois que, para que essas viagens sejam mais do que uma agenda lotada do mesmo pantone cinza, temos que nos abrir para novas cores.

E, para ter essa disponibilidade interna, o desconforto é fundamental. Ou então por que sair de casa? Por que uma mulher de meia-idade (precisamos rever esse termo) relativamente bem-sucedida inventa tantas coisas para fazer lá fora? E por que ainda se dispõe a acordar às 5 da manhã para pegar voos e chegar antes nas cidades onde fará só uma palestra ou, às vezes, só uma reunião? De onde vem essa disposição para andar por filas em aeroportos e aviões que a levem a encontrar pessoas com as quais poderia fazer um “Zoom” ou “call”, no jargão dos executivos? O que a move senão o desassossego, talvez um espaço original que precise ser preenchido com cada lugar e cada pessoa?

Assim, a pequena viagem de negócios se transforma, com a alma peregrina, em descoberta – e as cidades pelas quais passamos se abrem diante dos nossos olhos. De imagens em telas, elas se tornam matéria-prima de qualidade e contam as histórias de quem chegou antes para erguer o que lá existe.

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Assim, Curitiba se transforma, em um passe de mágica, em cenário de murais coloridos da arte de Poty Lazzarotto. Goiânia, território do agro, no lugar que se orgulha por poder mostrar, no monumento das três raças, a miscigenação de etnias que deu origem ao Estado.

Mas todas as maravilhas são guardadas para quem transforma desconforto em entrega, para quem não se conforma só com as reuniões de trabalho online, os voos certeiros e as agendas nas quais “não se perde tempo”. Para esses, a agenda em tons de cinza segue como única opção.

A razão principal de qualquer viagem é o desconforto tão próprio da ousadia, diz o filósofo, escritor e rabino Nilton Bonder em seu livro O Caminho de Abraão. Mas eu, diferentemente de meu querido amigo, estava indo só ali, pertinho, para mais uma viagem de trabalho, aqui mesmo pelo Brasil. Seria essa também uma ousadia?

'Viajar é, para mim, um lugar de vulnerabilidade, uma aposta na vida que ainda não conheço, nas novas possibilidades.' Foto: Clayton de Souza/Estadão

Viajar é, para mim, sempre um esforço. Um lugar de vulnerabilidade, repleto de expectativa. Uma aposta na vida que ainda não conheço, nas pessoas que ainda não cruzaram o meu caminho, nas novas possibilidades. Passar uma ou duas noites fora, mesmo pertinho, é uma forma de sair do conforto do meu lar, da rotina em que me reconheço. Não estou falando das viagens de férias, do dolce far niente, mas das viagens a trabalho, cheias de horários milimetricamente inseridos em uma agenda que seja vista como produtiva e sem surpresas. As inevitáveis horas solitárias são vividas em hotéis onde você não passaria as suas preciosas férias, mas com os quais, como estamos a trabalho, nos conformamos sem nenhum sonho.

Quando adolescente, achava linda a liberdade de quem viajava a trabalho. Olhava pessoas nos aeroportos e imaginava as aventuras que seriam suas vidas. Descobri depois que, para que essas viagens sejam mais do que uma agenda lotada do mesmo pantone cinza, temos que nos abrir para novas cores.

E, para ter essa disponibilidade interna, o desconforto é fundamental. Ou então por que sair de casa? Por que uma mulher de meia-idade (precisamos rever esse termo) relativamente bem-sucedida inventa tantas coisas para fazer lá fora? E por que ainda se dispõe a acordar às 5 da manhã para pegar voos e chegar antes nas cidades onde fará só uma palestra ou, às vezes, só uma reunião? De onde vem essa disposição para andar por filas em aeroportos e aviões que a levem a encontrar pessoas com as quais poderia fazer um “Zoom” ou “call”, no jargão dos executivos? O que a move senão o desassossego, talvez um espaço original que precise ser preenchido com cada lugar e cada pessoa?

Assim, a pequena viagem de negócios se transforma, com a alma peregrina, em descoberta – e as cidades pelas quais passamos se abrem diante dos nossos olhos. De imagens em telas, elas se tornam matéria-prima de qualidade e contam as histórias de quem chegou antes para erguer o que lá existe.

Assim, Curitiba se transforma, em um passe de mágica, em cenário de murais coloridos da arte de Poty Lazzarotto. Goiânia, território do agro, no lugar que se orgulha por poder mostrar, no monumento das três raças, a miscigenação de etnias que deu origem ao Estado.

Mas todas as maravilhas são guardadas para quem transforma desconforto em entrega, para quem não se conforma só com as reuniões de trabalho online, os voos certeiros e as agendas nas quais “não se perde tempo”. Para esses, a agenda em tons de cinza segue como única opção.

A razão principal de qualquer viagem é o desconforto tão próprio da ousadia, diz o filósofo, escritor e rabino Nilton Bonder em seu livro O Caminho de Abraão. Mas eu, diferentemente de meu querido amigo, estava indo só ali, pertinho, para mais uma viagem de trabalho, aqui mesmo pelo Brasil. Seria essa também uma ousadia?

'Viajar é, para mim, um lugar de vulnerabilidade, uma aposta na vida que ainda não conheço, nas novas possibilidades.' Foto: Clayton de Souza/Estadão

Viajar é, para mim, sempre um esforço. Um lugar de vulnerabilidade, repleto de expectativa. Uma aposta na vida que ainda não conheço, nas pessoas que ainda não cruzaram o meu caminho, nas novas possibilidades. Passar uma ou duas noites fora, mesmo pertinho, é uma forma de sair do conforto do meu lar, da rotina em que me reconheço. Não estou falando das viagens de férias, do dolce far niente, mas das viagens a trabalho, cheias de horários milimetricamente inseridos em uma agenda que seja vista como produtiva e sem surpresas. As inevitáveis horas solitárias são vividas em hotéis onde você não passaria as suas preciosas férias, mas com os quais, como estamos a trabalho, nos conformamos sem nenhum sonho.

Quando adolescente, achava linda a liberdade de quem viajava a trabalho. Olhava pessoas nos aeroportos e imaginava as aventuras que seriam suas vidas. Descobri depois que, para que essas viagens sejam mais do que uma agenda lotada do mesmo pantone cinza, temos que nos abrir para novas cores.

E, para ter essa disponibilidade interna, o desconforto é fundamental. Ou então por que sair de casa? Por que uma mulher de meia-idade (precisamos rever esse termo) relativamente bem-sucedida inventa tantas coisas para fazer lá fora? E por que ainda se dispõe a acordar às 5 da manhã para pegar voos e chegar antes nas cidades onde fará só uma palestra ou, às vezes, só uma reunião? De onde vem essa disposição para andar por filas em aeroportos e aviões que a levem a encontrar pessoas com as quais poderia fazer um “Zoom” ou “call”, no jargão dos executivos? O que a move senão o desassossego, talvez um espaço original que precise ser preenchido com cada lugar e cada pessoa?

Assim, a pequena viagem de negócios se transforma, com a alma peregrina, em descoberta – e as cidades pelas quais passamos se abrem diante dos nossos olhos. De imagens em telas, elas se tornam matéria-prima de qualidade e contam as histórias de quem chegou antes para erguer o que lá existe.

Assim, Curitiba se transforma, em um passe de mágica, em cenário de murais coloridos da arte de Poty Lazzarotto. Goiânia, território do agro, no lugar que se orgulha por poder mostrar, no monumento das três raças, a miscigenação de etnias que deu origem ao Estado.

Mas todas as maravilhas são guardadas para quem transforma desconforto em entrega, para quem não se conforma só com as reuniões de trabalho online, os voos certeiros e as agendas nas quais “não se perde tempo”. Para esses, a agenda em tons de cinza segue como única opção.

A razão principal de qualquer viagem é o desconforto tão próprio da ousadia, diz o filósofo, escritor e rabino Nilton Bonder em seu livro O Caminho de Abraão. Mas eu, diferentemente de meu querido amigo, estava indo só ali, pertinho, para mais uma viagem de trabalho, aqui mesmo pelo Brasil. Seria essa também uma ousadia?

'Viajar é, para mim, um lugar de vulnerabilidade, uma aposta na vida que ainda não conheço, nas novas possibilidades.' Foto: Clayton de Souza/Estadão

Viajar é, para mim, sempre um esforço. Um lugar de vulnerabilidade, repleto de expectativa. Uma aposta na vida que ainda não conheço, nas pessoas que ainda não cruzaram o meu caminho, nas novas possibilidades. Passar uma ou duas noites fora, mesmo pertinho, é uma forma de sair do conforto do meu lar, da rotina em que me reconheço. Não estou falando das viagens de férias, do dolce far niente, mas das viagens a trabalho, cheias de horários milimetricamente inseridos em uma agenda que seja vista como produtiva e sem surpresas. As inevitáveis horas solitárias são vividas em hotéis onde você não passaria as suas preciosas férias, mas com os quais, como estamos a trabalho, nos conformamos sem nenhum sonho.

Quando adolescente, achava linda a liberdade de quem viajava a trabalho. Olhava pessoas nos aeroportos e imaginava as aventuras que seriam suas vidas. Descobri depois que, para que essas viagens sejam mais do que uma agenda lotada do mesmo pantone cinza, temos que nos abrir para novas cores.

E, para ter essa disponibilidade interna, o desconforto é fundamental. Ou então por que sair de casa? Por que uma mulher de meia-idade (precisamos rever esse termo) relativamente bem-sucedida inventa tantas coisas para fazer lá fora? E por que ainda se dispõe a acordar às 5 da manhã para pegar voos e chegar antes nas cidades onde fará só uma palestra ou, às vezes, só uma reunião? De onde vem essa disposição para andar por filas em aeroportos e aviões que a levem a encontrar pessoas com as quais poderia fazer um “Zoom” ou “call”, no jargão dos executivos? O que a move senão o desassossego, talvez um espaço original que precise ser preenchido com cada lugar e cada pessoa?

Assim, a pequena viagem de negócios se transforma, com a alma peregrina, em descoberta – e as cidades pelas quais passamos se abrem diante dos nossos olhos. De imagens em telas, elas se tornam matéria-prima de qualidade e contam as histórias de quem chegou antes para erguer o que lá existe.

Assim, Curitiba se transforma, em um passe de mágica, em cenário de murais coloridos da arte de Poty Lazzarotto. Goiânia, território do agro, no lugar que se orgulha por poder mostrar, no monumento das três raças, a miscigenação de etnias que deu origem ao Estado.

Mas todas as maravilhas são guardadas para quem transforma desconforto em entrega, para quem não se conforma só com as reuniões de trabalho online, os voos certeiros e as agendas nas quais “não se perde tempo”. Para esses, a agenda em tons de cinza segue como única opção.

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