O que uma das maiores marcas de luxo do mundo pode fazer quando o objetivo é, em suas palavras, “criar uma experiência única que vai muito além de produto”? No caso da Zegna, a resposta pode ser resumida em duas palavras: história e conexão, ambas essenciais ao conceito central da Villa Zegna. O projeto global e itinerante da marca italiana desembarcou na quarta-feira em Nova York trazendo o emblemático legado de trabalho, realizações e transformações no mercado de moda deixado por Ermenegildo Zegna.
O italiano fundou sua marca – atualmente uma das líderes no mercado de moda masculina mundial – em 1910 motivado pelo desejo de criar tecidos de altíssima qualidade com uma profunda sintonia com a produção local e a natureza. Zegna foi pioneiro em adotar práticas sustentáveis na indústria têxtil e tornou-se emblemático em sua área como um nome de vanguarda no desenvolvimento de processos que transformaram e influenciaram a cadeia como um todo.
Durante a década de 1930, Zegna começou seu projeto ecológico começando a plantar mais de meio milhão de árvores nas montanhas do Piemonte, norte da Itália, ao redor de sua fábrica em Trivero. A ação, realizada em uma época na qual a preocupação ambiental não existia, marcou de forma definitiva seu desejo de construir um legado por trás da visão do homem de negócios.
Hoje, o local integra uma área de 100 km² nos alpes italianos que é conhecida como Oasi Zegna, nome emblemático que representa o local de sede da marca, onde ela se mantém após quase um século de sua fundação, sempre fiel aos valores de seu fundador.
A área de Oasi Zegna pode ser descrita como a continuidade do trabalho iniciado por Ermenegildo na década de 1930. A área preservada ambientalmente cerca a histórica fábrica da marca, ainda em pleno funcionamento, e é também peça definidora no comprometimento da marca na certificação de linho e cashmere de Oasi, produtos sustentáveis que em 2024 se tornaram 100% rastreáveis.
Entender o conceito de Oasi Zegna é essencial para se falar da Villa Zegna, que chega como uma extensão da filosofia da marca, oferecendo uma série de experiências imersivas e multissensoriais em ambientes que dialogam com a história e com o legado deixado pelo fundador. A Villa Zegna cria uma ponte entre o passado e o presente, enfatizando o compromisso contínuo da marca com a qualidade, a inovação e a sustentabilidade.
Um dos nomes à frente do projeto é o de Alessandro Sartori, diretor artístico da marca desde 2016. “A Villa Zegna é um conceito global que viaja para diferentes mercados, permitindo que a marca compartilhe diferentes capítulos de sua história em cada país”, explica Alessandro. “É um lugar onde podemos nos unir, compartilhar momentos e conversar sobre novas propostas. Meu trabalho está completo quando tenho a possibilidade de me conectar com clientes. Quando posso passar tempo com eles, conversar e vesti-los”, continua o diretor, em entrevista exclusiva à coluna em Nova York.
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“A vida é moldada pelas pessoas que conhecemos e, na Zegna, eu conheci as pessoas certas”, comenta o italiano no início da conversa. A história de Alessandro com a marca teve início cedo em sua carreira – o italiano entrou para a equipe, ou “família”, como ele próprio diz ao falar sobre o time de colaboradores, pela primeira vez logo após finalizar a faculdade de moda em Milão –, já sua admiração vem desde pequeno. “Minha família é de Biella (comuna italiana localizada na região dos Alpes, conhecida por sua tradição em tecelagem), tínhamos uma casa de campo em Trivero e lembro que, quando criança, andava de bicicleta com meu pai nos fins de semana e passávamos na frente da Villa Zegna. Eu tinha o sonho de visitá-la. E tive a chance de conhecer o próprio Zegna”, relembra.
Sartori é um nome de peso na moda mundial e a parceria com a Zegna tem se mostrado frutífera. Segundo relatórios, o lucro líquido da empresa foi de € 20 milhões, em 2016, para € 136 milhões, em 2023.