Morreu hoje em Paris o artista venezuelano Jesús-Rafael Soto, um dos maiores representantes da arte cinética, movimento surgido nos anos 1950. Nascido em 5 de junho de 1923, em Ciudad Bolívar, ele vinha lutando havia um longo período contra um câncer. Desde 1950, estava radicado na França, mas revezava seu trabalho entre os ateliês de Paris e Caracas, em seu país natal. Enquanto chegava a notícia da morte do artista, estava sendo montada no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio uma exposição em torno de sua obra. Soto ? A Construção da Imaterialidade faz uma retrospectiva do artista com curadoria de Paulo Venâncio Filho. A abertura está prevista para a segunda-feira. O trabalho de Soto é bem conhecido aqui pelo Brasil, já que ele participou de cinco Bienais de São Paulo (1957, 1959, 1963, 1994 e 1996 ? nesta última, sua obra foi considerada uma das preferidas do público). Ao lado de outros nomes como de seu conterrâneo e amigo Carlos Cruz-Diez, do húngaro Vasarely, do suíço Jean Tinguely, Soto esteve sempre preocupado em realizar uma arte que fosse além do cubismo. Eles criaram a arte do movimento, unindo a ciência, a emoção e o lúdico para tocar as pessoas. Começou sua carreira como pintor e mais adiante recorreu a outros meios para explorar o conceito de espaço e tempo. Se no começo dessas pesquisas as pinturas dos anos 1950 criavam efeitos óticos com o uso da cor, depois suas estruturas começaram a ser feitas com outros materiais, como náilon e metais, e atingiram o espaço, o entorno. São muito conhecidos os trabalhos em que o artista utiliza retas rígidas de fios de náilon (algumas vezes presas do chão ao teto, por exemplo), formando o mesmo efeito ótico daquelas pinturas. E, assim, não à toa gostava de chamar tudo de vibração. Suas obras são estáticas, mas se movem diante do olhar do espectador. Em alguns casos criou até trabalhos em que o visitante poderia adentrar (os penetráveis). E esse é um dos grandes chamativos de sua produção, atrair a atenção de qualquer espectador, fazer uma arte de integração social. Soto era um dos maiores expoentes em arte cinética, da qual é considerado um dos fundadores. Seus primeiros trabalhos no gênero são de 1953. Muitas delas estão em locais públicos, ao ar livre.
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