Mostra em Londres revê criações do pai da pop art


Richard Hamilton, autor do design da capa do ‘White Album’, é tema de retrospectiva na Tate Modern, em Londres

Por Maria Hirszman

É de sua autoria a frase que parece definir contornos mais precisos para este novo movimento: "popular, transitório, consumível, de baixo custo, produzido em massa, jovem, espirituoso, sexy, chamativo, glamouroso e um grande negócio". É dele também a colagem Just What Is it That Makes Today’s Homes so Different, so Appealing? (O que Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão Diferentes, Tão Atraentes?), criado para divulgar a exposição coletiva This is Tomorrow (1957), uma espécie de ícone da arte pop – presente na exposição por meio de uma reedição de 1992 – e também o design da capa do White Album, dos Beatles (1968).

Se é inquestionável que elementos da cultura de massas, o recurso a imagens e estratégias típicas do mundo de consumo como a colagem e o pastiche, bem como o uso de uma irônia cortante, constituem um dos eixos centrais da produção de Hamilton, também é verdade que a ênfase excessiva nesses aspectos tornou a leitura de seu trabalho excessivamente restrita, algo que a mostra atual parece tentar superar. Fica evidente ao longo das salas do museu que essa é apenas a face mais aparente de uma trajetória ampla, de diálogo intenso com diversos outros movimentos de investigação artística da segunda metade do século 20, como o dadaísmo, o surrealismo, o construtivismo e a arte conceitual.

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A exposição segue o artista ao longo de seis décadas de intensa produção, mostrando desde a reconstrução de sua primeira instalação, Growth and Form (1951), na qual retrabalha imagens derivadas do universo da biologia tendo por base o livro homônimo, escrito em 1913 por D’Arcy Wentworth Thompson’s –, até o último trabalho, baseado no conto A Obra-prima Inacabada, de Balzac: um tríptico no qual representa um surreal "encontro" entre autorretratos de Poussin, Courbet, Ticiano.

Cada sala enfatiza um determinado aspecto explorado pelo artista: a representação do movimento e da perspectiva (e sua crise); o caráter múltiplo e ilusório da fotografia; uma série de aproximações provocativas entre diferentes morfologias, humanas e industriais; uma forte proximidade com o mundo artístico e mais especialmente com artistas como Marcel Duchamp (a quem se refere como seu mentor e a quem dedica atenção constante) e Picabia; uma incursão um tanto irônica pela escatologia; e um claro posicionamento político, sobretudo nos trabalhos posteriores aos anos 1980.

Ironia. Como afirma o crítico norte-americano Hal Foster, "Hamilton mostra que é possível ser afirmativo e irônico ao mesmo tempo", em referência a obras nas quais desmascara a política belicista inglesa, sobretudo contra os irlandeses, e critica a política conservadora de Margareth Tatcher e Tony Blair. Ou ainda na cristalina demonstração da dominação israelense sobre os territórios palestinos, usando apenas mapas.

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Em todos esses subtemas, ou núcleos de interesse, está presente um permanente espírito de investigação, uma pesquisa em constante atualização de formas, imagens e técnicas, exploradas com grande maestria. Hamilton não obedece hierarquias e fronteiras entre as mais diferentes mídias, revelando-se um profundo estudioso das possibilidades da fotografia, pintura, gravura e instalação. Não apenas transita de um meio a outro, como torna evidente as possibilidades de cada um deles e os efeitos derivados das traduções de uma forma a outra de expressão plástica.

Em sua versão londrina, a mostra – que foi organizada em parceria com o museu espanhol Reina Sophia, onde será inaugurada, em versão ampliada, no próximo mês de junho – conta ainda com a participação do Institute of Contemporary Arts (ICA), instituição que Hamilton ajudou a fundar e onde realizou diversas exposições e que atualmente abriga duas instalações históricas: Man, Machine and Motion (1955) e Exhibit (1957), além de um vasto material de arquivo sobre sua trajetória.

É de sua autoria a frase que parece definir contornos mais precisos para este novo movimento: "popular, transitório, consumível, de baixo custo, produzido em massa, jovem, espirituoso, sexy, chamativo, glamouroso e um grande negócio". É dele também a colagem Just What Is it That Makes Today’s Homes so Different, so Appealing? (O que Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão Diferentes, Tão Atraentes?), criado para divulgar a exposição coletiva This is Tomorrow (1957), uma espécie de ícone da arte pop – presente na exposição por meio de uma reedição de 1992 – e também o design da capa do White Album, dos Beatles (1968).

Se é inquestionável que elementos da cultura de massas, o recurso a imagens e estratégias típicas do mundo de consumo como a colagem e o pastiche, bem como o uso de uma irônia cortante, constituem um dos eixos centrais da produção de Hamilton, também é verdade que a ênfase excessiva nesses aspectos tornou a leitura de seu trabalho excessivamente restrita, algo que a mostra atual parece tentar superar. Fica evidente ao longo das salas do museu que essa é apenas a face mais aparente de uma trajetória ampla, de diálogo intenso com diversos outros movimentos de investigação artística da segunda metade do século 20, como o dadaísmo, o surrealismo, o construtivismo e a arte conceitual.

A exposição segue o artista ao longo de seis décadas de intensa produção, mostrando desde a reconstrução de sua primeira instalação, Growth and Form (1951), na qual retrabalha imagens derivadas do universo da biologia tendo por base o livro homônimo, escrito em 1913 por D’Arcy Wentworth Thompson’s –, até o último trabalho, baseado no conto A Obra-prima Inacabada, de Balzac: um tríptico no qual representa um surreal "encontro" entre autorretratos de Poussin, Courbet, Ticiano.

Cada sala enfatiza um determinado aspecto explorado pelo artista: a representação do movimento e da perspectiva (e sua crise); o caráter múltiplo e ilusório da fotografia; uma série de aproximações provocativas entre diferentes morfologias, humanas e industriais; uma forte proximidade com o mundo artístico e mais especialmente com artistas como Marcel Duchamp (a quem se refere como seu mentor e a quem dedica atenção constante) e Picabia; uma incursão um tanto irônica pela escatologia; e um claro posicionamento político, sobretudo nos trabalhos posteriores aos anos 1980.

Ironia. Como afirma o crítico norte-americano Hal Foster, "Hamilton mostra que é possível ser afirmativo e irônico ao mesmo tempo", em referência a obras nas quais desmascara a política belicista inglesa, sobretudo contra os irlandeses, e critica a política conservadora de Margareth Tatcher e Tony Blair. Ou ainda na cristalina demonstração da dominação israelense sobre os territórios palestinos, usando apenas mapas.

Em todos esses subtemas, ou núcleos de interesse, está presente um permanente espírito de investigação, uma pesquisa em constante atualização de formas, imagens e técnicas, exploradas com grande maestria. Hamilton não obedece hierarquias e fronteiras entre as mais diferentes mídias, revelando-se um profundo estudioso das possibilidades da fotografia, pintura, gravura e instalação. Não apenas transita de um meio a outro, como torna evidente as possibilidades de cada um deles e os efeitos derivados das traduções de uma forma a outra de expressão plástica.

Em sua versão londrina, a mostra – que foi organizada em parceria com o museu espanhol Reina Sophia, onde será inaugurada, em versão ampliada, no próximo mês de junho – conta ainda com a participação do Institute of Contemporary Arts (ICA), instituição que Hamilton ajudou a fundar e onde realizou diversas exposições e que atualmente abriga duas instalações históricas: Man, Machine and Motion (1955) e Exhibit (1957), além de um vasto material de arquivo sobre sua trajetória.

É de sua autoria a frase que parece definir contornos mais precisos para este novo movimento: "popular, transitório, consumível, de baixo custo, produzido em massa, jovem, espirituoso, sexy, chamativo, glamouroso e um grande negócio". É dele também a colagem Just What Is it That Makes Today’s Homes so Different, so Appealing? (O que Exatamente Torna os Lares de Hoje Tão Diferentes, Tão Atraentes?), criado para divulgar a exposição coletiva This is Tomorrow (1957), uma espécie de ícone da arte pop – presente na exposição por meio de uma reedição de 1992 – e também o design da capa do White Album, dos Beatles (1968).

Se é inquestionável que elementos da cultura de massas, o recurso a imagens e estratégias típicas do mundo de consumo como a colagem e o pastiche, bem como o uso de uma irônia cortante, constituem um dos eixos centrais da produção de Hamilton, também é verdade que a ênfase excessiva nesses aspectos tornou a leitura de seu trabalho excessivamente restrita, algo que a mostra atual parece tentar superar. Fica evidente ao longo das salas do museu que essa é apenas a face mais aparente de uma trajetória ampla, de diálogo intenso com diversos outros movimentos de investigação artística da segunda metade do século 20, como o dadaísmo, o surrealismo, o construtivismo e a arte conceitual.

A exposição segue o artista ao longo de seis décadas de intensa produção, mostrando desde a reconstrução de sua primeira instalação, Growth and Form (1951), na qual retrabalha imagens derivadas do universo da biologia tendo por base o livro homônimo, escrito em 1913 por D’Arcy Wentworth Thompson’s –, até o último trabalho, baseado no conto A Obra-prima Inacabada, de Balzac: um tríptico no qual representa um surreal "encontro" entre autorretratos de Poussin, Courbet, Ticiano.

Cada sala enfatiza um determinado aspecto explorado pelo artista: a representação do movimento e da perspectiva (e sua crise); o caráter múltiplo e ilusório da fotografia; uma série de aproximações provocativas entre diferentes morfologias, humanas e industriais; uma forte proximidade com o mundo artístico e mais especialmente com artistas como Marcel Duchamp (a quem se refere como seu mentor e a quem dedica atenção constante) e Picabia; uma incursão um tanto irônica pela escatologia; e um claro posicionamento político, sobretudo nos trabalhos posteriores aos anos 1980.

Ironia. Como afirma o crítico norte-americano Hal Foster, "Hamilton mostra que é possível ser afirmativo e irônico ao mesmo tempo", em referência a obras nas quais desmascara a política belicista inglesa, sobretudo contra os irlandeses, e critica a política conservadora de Margareth Tatcher e Tony Blair. Ou ainda na cristalina demonstração da dominação israelense sobre os territórios palestinos, usando apenas mapas.

Em todos esses subtemas, ou núcleos de interesse, está presente um permanente espírito de investigação, uma pesquisa em constante atualização de formas, imagens e técnicas, exploradas com grande maestria. Hamilton não obedece hierarquias e fronteiras entre as mais diferentes mídias, revelando-se um profundo estudioso das possibilidades da fotografia, pintura, gravura e instalação. Não apenas transita de um meio a outro, como torna evidente as possibilidades de cada um deles e os efeitos derivados das traduções de uma forma a outra de expressão plástica.

Em sua versão londrina, a mostra – que foi organizada em parceria com o museu espanhol Reina Sophia, onde será inaugurada, em versão ampliada, no próximo mês de junho – conta ainda com a participação do Institute of Contemporary Arts (ICA), instituição que Hamilton ajudou a fundar e onde realizou diversas exposições e que atualmente abriga duas instalações históricas: Man, Machine and Motion (1955) e Exhibit (1957), além de um vasto material de arquivo sobre sua trajetória.

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