A balada Hallelujah, de Leonard Cohen, que morreu nesta segunda-feira, 7, aos 82 anos, tornou-se tão onipresente que o compositor pediu uma trégua. “Acho uma boa música, mas tem muita gente cantando”, disse ele ao Guardian em 2009, concordando com uma crítica que pedia uma “moratória” de Hallelujah em filmes e na televisão.
Ao que parece, os produtores do Emmy Awards, na noite de 18 de setembro deste ano, não sabiam do banimento não oficial. Quando a seção In Memoriam começou, a música foi cantada por Tori Kelly e seu suave violão acústico – “Well, I heard there was a secret chord”.
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A reação no Twitter foi “Outra ‘fase Hallelujah’”?
Pouca gente notou Hallelujah quando Cohen lançou a música – meio hino, meio canção de amor – no lado B de seu álbum Various Positions, de 1984. Mas nos anos seguintes ela chamaria a atenção de artistas como Bob Dylan e do ex-membro do Velvet Underground John Cale, que fez a própria versão no álbum de tributo I’m Your Fan. Em 1984, Jeff Buckley incluiu uma versão apaixonada em seu LP Grace, que se tornou a versão mais imitada.
A música virou desde então um standard contemporâneo tocado em toda parte, de estações de metrô a sinagogas – onde a melodia é usada com a letra da canção litúrgica do Sabbath Lecha Dodi. Bono, Bon Jovi, Willie Nelson, Paramore e Celine Dion, todos gravaram.
Mas Hallelujah é mais conhecida por causa do cinema e da TV. Foi trilha sonora de dezenas de mortes e separações, além de ser a preferida em incontáveis concursos de cantores. Por sua emoção telegráfica – tanto de lamento quanto de esperança –, e por envolver algumas acrobacias vocais, tornou-se sinônimo de Grande Momento Emocional e é cantada por intérpretes que tentam se dar um ar de autenticidade.
Segue uma breve história de como a cultura pop vem torturando a criação de Cohen através dos anos. / TRADUÇÃO DE ROBERTO MUNIZ.