No dia 30 de janeiro de 1969, os Beatles realizaram a sua última apresentação ao vivo, como um grupo, para uma plateia, no telhado da empresa Apple Corps. O show fazia parte das gravações de bastidores do que viria a ser o disco Let It Be (1970), o último álbum de inéditas lançado pela banda.
Naquelas alturas, a relação entre os membros já não estava muito boa e o fim era iminente. Paralelamente às gravações de Let It Be e Abbey Road (1969), o último disco a ser gravado por eles (o penúltimo, no entanto, a ser lançado), os integrantes já estavam investindo, cada um, em projetos paralelos e em suas carreiras solo, o que só se intensificou com o fim oficial, anunciado por Paul McCartney em março de 1970.
George Harrison
Antes mesmo do show na Apple Corps ou do anúncio do fim do grupo, o guitarrista George Harrison já havia lançado um trabalhos solo, a trilha sonora do filme Wonderwall, intitulada Wonderwall Music, em 1968. Pouco tempo após o show, em maior de 1969, ainda nos Beatles, ele lançou mais um disco, Electronic Sound. Ambos os trabalhos possuem sons mais instrumentais e experimentais.
Há rumores de que um dos motivos para o fim da banda era a insatisfação de Harrison em relação a suas contribuições musicais. Inicialmente, Paul McCartney e John Lennon eram os únicos compositores, mas, ao longo dos anos, Harrison começou oferecer contribuições, que eram constantemente rejeitadas, o que teria criado desavenças entre os Beatles.
Não por acaso, talvez, o seu primeiro trabalho solo após o anúncio do fim dos Beatles, All Things Must Pass, lançado no final de 1970, tenha sido um álbum triplo, com composições suas, como My Sweet Lord, What's Life e I'd Had You Anytime, esta composta em parceria com Bob Dylan. Ao longo da carreira, lançou ainda mais oito discos até 1987.
Em 2002, foi divulgado o álbum Brainwashed, seu 12º e último disco, masterizado já após sua morte. Harrison não resistiu a um câncer de pulmão e morreu aos 58 anos no dia 29 de novembro de 2001.
John Lennon
Outro rumor sobre o fim dos Beatles é que a união de John Lennon com a artista japonesa Yoko Ono teria sido o estopim para a separação. Fato é que enquanto a banda britânica ainda estava em atividade, Lennon e Ono começaram a compor e gravar juntos.
Os dois primeiros discos lançados pelo casal, antes do fim dos Beatles, Unfinished Music No.1: Two Virgins (1968) e Unfinished Music No. 2: Life with the Lions (1969), foram totalmente experimentais. O primeiro causou grande polêmica por trazer, na foto de capa, o casal completamente nu. Grandes gravadoras se recusaram a lançar o trabalho, que só ganhou vida com a ajuda de gravadoras independentes.
Durante o período final de atividade dos Beatles, John levava Yoko para todas as gravações da banda - inclusive as de Let It Be, que motivou o show no telhado da Apple Corps. Tal decisão teria causado, dizem os rumores, uma animosidade entre os membros da banda. Em entrevista para a revista Rolling Stone, Lennon afirmou que os Beatles tratavam Yoko Ono com hostilidade.
Em 1969, o casal lançou o primeiro disco de fato dos dois, Wedding Album. Os dois também montaram uma banda, Plastic Ono Band, que resultou, em 1970, no primeiro trabalho de John Lennon desde o fim, oficial, dos Beatles. Com uma rotatividade de membros, a banda contou com nomes como Eric Clapton e ainda dos ex-Beatles George Harrison e Ringo Starr.
Engajado com a luta pela paz mundial e contra a Guerra do Vietnã, Lennon lançou em 1971 seu mais célebre trabalho, Imagine. Foram ainda mais cinco discos lançados até o ano da sua morte, em 1980, dois deles em parceria com Yoko Ono (Sometime In New York City e Double Fantasy). No dia 8 de dezembro de 1980, quando retornava ao seu apartamento no edifício Dakota, em Nova York, John Lennon foi atingido por quatro disparos efetuados por Mark David Chapman, um dito fã dos Beatles que afirmava ter recebido uma mensagem para assassinar o músico.
Paul McCartney
Se há quem culpe os dois Beatles já citados pelo fim da banda, existe também uma parcela de fãs que responsabiliza McCartney pelo fim. Apesar de ter sido ideia dele filmar as gravações de Let It Be, que incluem o registro do show no telhado da Apple Corps em 1969, além de ter incentivado o grupo a voltar a fazer turnês (o que não aconteceu), foi Paul quem se antecipou e anunciou sozinho, sem a aprovação dos colegas, o fim da banda, no dia 10 de abril de 1970, uma semana antes de lançar seu primeiro disco solo, McCartney. Anteriormente, o único trabalho de Paul paralelo aos Beatles foi a trilha sonora do filme The Family Way, em 1967.
Na sequência do seu primeiro disco, McCartney já emendou o segundo, Ram, em 1971, no qual conta com a parceria de sua esposa na época, Linda. Juntos, no mesmo ano, eles montaram a banda Wings, que lançou sete discos ao longo da década de 70.
Já os anos 80 foram marcados pelo retorno de Paul à carreira solo e por suas diversas parcerias. O Beatle chegou a gravar com Stevie Wonder, Elvis Costello, David Gilmour, o próprio Ringo Starr e ainda Michael Jackson. Com o rei do pop, gravou músicas como The Girl is Mine e Say Say Say. Os rumores, porém, são de que a amizade entre eles não durou muito tempo, porque Jackson comprou os direitos autorais das músicas de McCartney e Lennon com os Beatles, o que não teria sido bem recebido por Paul, que tentava adquirir novamente os direitos já há algum tempo.
Em 1990, Paul McCartney veio ao Brasil pela primeira vez e, desde então, já retornou outras seis vezes, sempre com shows lotados em grandes estádios. Em 2019, ele já tem data para voltar. O cantor se apresenta com a turnê Freshen Up, que serve de divulgação para o seu 17º e mais recente álbum de estúdio, Egypt Station, no dia 26 de março no Allianz Parque, em São Paulo, e no dia 30 no Estádio Couto Pereira, em Curitiba.
Ringo Starr
Outro único Beatle ainda vivo, o baterista Ringo Starr também tem seu histórico de desavenças com os colegas na reta final da banda, no final dos anos 1960, apesar de ser reconhecido por muitos como o mais pacífico dos integrantes. Em 1968, o músico desapareceu durante duas semanas, no meio das gravações do White Album, por acreditar que seu desempenho não estava tão bom quanto o dos seus colegas, o que o fez se sentir deslocado dos três.
Foi o único integrante que só lançou o seu primeiro trabalho solo depois do fim da banda. Até então não muito conhecido por composições próprias, lançou o disco Sentimental Journey com regravações de canções antigas. Depois de um desempenho comercial não tão bom do segundo álbum, Beaucoups of Blues (1970), colaborou nos projetos de George Harrison e John Lennon. Seu terceiro disco, porém, Ringo (1973), obteve um sucesso maior.
Ao longo da carreira solo, já lançou 19 álbuns, sendo Give More Love, o mais recente, de 2017, com direito a participação de Paul McCartney na música We’re On the Road Again. Veio ao Brasil três vezes, em 2011, 2013 e 2015.
Ringo Starr acumula também algumas pontas no cinema, em filmes como Candy (1968), O Justiceiro Cego (1971) e O Homem das Cavernas (1981).