A fita cassete também está voltando no Brasil? Item agora é símbolo de pertencimento para geração Z


Cara dos anos 70 e 80, as fitas estão sendo descobertas por uma nova geração - que não tem nem onde tocá-las, mas que já movimenta o mercado americano. ‘Pessoas compram por questão de coleção, de posse, de emoção’, diz proprietário de loja

Por Sabrina Legramandi

Frida Drich, de 20 anos, é apaixonada por Elton John. Com o cabelo cortado por ela mesma à la Stevie Nicks e uma Kombi hippie pintada em uma das paredes de sua casa, a jovem tirou um dia para ir a uma loja de sua cidade em busca de fitas cassetes. Ela já tinha onde tocá-las. Em seu aniversário de 15 anos, não quis uma festa como a maioria das meninas, mas uma caixa de som onde pudesse tocar todas as mídias físicas.

A história de Frida até parece ser de uma jovem vivendo o início do auge da fita cassete no fim dos anos 1970, não fosse pela resposta que recebeu dos atendentes da loja: “Estamos guardando as fitas cassetes nos fundos, porque, hoje em dia, ninguém as compra mais”.

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A loja Eric Discos, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Fitas cassetes agora são procuradas pela Geração Z. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Ela não é a única de sua geração que tem buscado cada vez mais pelo item. Frida tem uma conta no TikTok dedicada a falar sobre fitas, discos e música antiga. Seu vídeo mostrando sua coleção de cassetes ultrapassou as 20 mil visualizações.

A criadora de conteúdo conta que seu interesse por músicas dos anos 1970, 1980 e 1990 começou depois de se apaixonar pela trilha sonora da série Supernatural, de 2005. “Eu ouvi as bandas e comecei a escutar a discografia completa. Eu sou assim: se descubro uma banda nova, não vou ouvir uma música ou outra”, diz.

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Frida, na ida à loja na cidade onde mora – Guaíra, no Paraná –, comprou praticamente todas as fitas guardadas no local. Gastou R$ 80, já que o estabelecimento as vendeu por R$ 2,50 cada. Das cerca de 40 fitas que possui em sua coleção, ela elege Sleeping With The Past como sua favorita. De Elton John, claro. “Ele mudou minha vida completamente”, diz sobre o cantor britânico.

Frida Drich e sua coleção de fitas cassetes. Foto: Arquivo Pessoal/Frida Drich

Frida usa as fitas para, além de ouvi-las, demonstrar seu amor por músicas antigas.

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Hoje, porém, a maioria de sua geração tem se utilizado delas para, surpreendentemente, demonstrar seu amor por artistas da nova geração.

Na Universal Music Store, as fitas de Short n’ Sweet, de Sabrina Carpenter, e Hit Me Hard And Soft, de Billie Eilish, ambas lançadas neste ano, já aparecem esgotadas. Por lá, as cassetes são vendidas novas e importadas com valores que começam em R$ 150 e podem superar os R$ 200.

Também há lojas especializadas em vender produtos de cantores mais jovens. A Fanatik, por exemplo, exclusivamente online, vende fitas de artistas como Dua Lipa, Chappell Roan e Shawn Mendes.

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Jonathan Castro, dono da loja, afirma que as cassetes ainda são as menores vendas: representam 20% dos lucros, ficando atrás dos discos de vinil e dos CDs. O motivo, segundo ele, é a falta de investimento no formato. Falta que mais artistas lancem mais álbuns em fitas, que gravadoras invistam em fitas mais atraentes e que haja mais equipamentos para tocá-las à venda.

No Brasil, por exemplo, isso ainda não é uma estratégia comercial e os artistas contemporâneos, mesmo aqueles que lançam seus trabalhos em LP, não estão lançando nada em cassete - diferentemente de outros países, sobretudo os Estados Unidos, onde alguns artistas apresentam um novo álbum simultaneamente em todos os formatos.

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Pertencer é consumir

A atração da geração Z pelo formato, porém, segundo Castro, se deu muito após o lançamento do álbum Folklore, de Taylor Swift, disponibilizado no contexto da pandemia com uma sonoridade mais intimista. De lá para cá, ela só cresceu – e a fita de The Tortured Poets Department, o último trabalho da cantora, lançado dois álbuns após Folklore, foi a cassete mais vendida da Fanatik.

O dono da loja, que já foi presidente do fã clube oficial das Spice Girls no Brasil, comenta que a experiência de ser fã, hoje em dia, é muito estimulada pelos diferentes formatos de mídia física lançados pelos artistas. Fazer parte da “bolha” acaba esbarrando também em consumir cada vez mais.

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Fitas cassetes ainda não são tão procuradas quanto discos de vinil. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

“Óbvio que existem as pessoas que são colecionadoras de mídia física, que gostam de disco, que não só compram de um artista específico, mas têm uma discografia mais ampla”, diz. “Mas existem outras, com certeza, principalmente da geração Z, que são mais impactadas pelos gatilhos emocionais e por querer fazer parte da bolha.”

O proprietário da loja diz que tem, inclusive, muitos clientes que compram discos e não possuem vitrola. “Não é todo mundo que compra mídia física para usufruir dela, mas compra por questão de coleção, de posse, de emoção”, diz.

Geração Z procura fitas cassetes para se sentir pertencente a um grupo de fãs de certo artista. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Fábio Cristiano Pereira de Souza, dono da Casa do Velho, em Jundiaí, também percebeu um aumento da procura da geração Z pelo formato. Atualmente, a média de idade das pessoas que buscam pelas cassetes ainda é 30 a 50 anos, mas muitos jovens têm ido até a loja perguntando não apenas pelas fitas, mas por onde tocá-las.

“O colecionismo, mídias físicas, encartes com as letras das músicas são itens que chamam a atenção. E também a sensação de ter o seu acervo, o que não acontece quando se tem uma playlist digital”, observa Souza. Ele, porém, comenta que os discos de vinil ainda são os mais procurados, seja pelas capas ou pela qualidade do som.

As fitas mais vendidas na Casa do Velho são as de rock internacional e nacional, segundo o proprietário. “E, quanto menos popular a banda, melhor.”

Onde tocar e onde comprar fita cassete?

As fitas não são tão fáceis de encontrar quanto os discos de vinil. Em São Paulo, lojas especializadas nos discos, como a Eric Discos (Rua Artur de Azevedo, 1874, Pinheiros), possuem algumas opções. O Casarão do Vinil (Rua dos Trilhos, 1212, Alto da Mooca) também possui cassetes.

A Casa do Velho faz apenas vendas online. Lá, há fitas de bandas como Beatles e artistas como Djavan, Ney Matogrosso e Gilberto Gil. Os valores dependem do gênero e da raridade e, geralmente, vão de R$ 10 a R$ 150.

Toca-discos da marca We Are Rewind. Foto: We Are Rewind/Reprodução

Para quem pretende comprar fitas novas e importadas, a Fanatik também é uma boa opção. Os valores na loja online vão de R$ 175 a R$ 245.

Encontrar onde tocá-las pode ser uma tarefa ainda mais difícil. Há algumas opções de toca-fitas no Mercado Livre que vão de R$ 80 a R$ 4 mil. O ideal é se atentar às avaliações do produto e do vendedor.

Seguindo a onda vintage, a empresa We Are Rewind, fundada em 2022, criou modelos coloridos inspirados no primeiro Sony Walkman. A novidade é que eles também são equipados com bluetooth. Os toca-fitas são vendidos por valores que vão de US$ 159 (cerca de R$ 908) a US$ 169 (cerca de R$ 965). A loja faz entregas mundialmente.

Frida Drich, de 20 anos, é apaixonada por Elton John. Com o cabelo cortado por ela mesma à la Stevie Nicks e uma Kombi hippie pintada em uma das paredes de sua casa, a jovem tirou um dia para ir a uma loja de sua cidade em busca de fitas cassetes. Ela já tinha onde tocá-las. Em seu aniversário de 15 anos, não quis uma festa como a maioria das meninas, mas uma caixa de som onde pudesse tocar todas as mídias físicas.

A história de Frida até parece ser de uma jovem vivendo o início do auge da fita cassete no fim dos anos 1970, não fosse pela resposta que recebeu dos atendentes da loja: “Estamos guardando as fitas cassetes nos fundos, porque, hoje em dia, ninguém as compra mais”.

A loja Eric Discos, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Fitas cassetes agora são procuradas pela Geração Z. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Ela não é a única de sua geração que tem buscado cada vez mais pelo item. Frida tem uma conta no TikTok dedicada a falar sobre fitas, discos e música antiga. Seu vídeo mostrando sua coleção de cassetes ultrapassou as 20 mil visualizações.

A criadora de conteúdo conta que seu interesse por músicas dos anos 1970, 1980 e 1990 começou depois de se apaixonar pela trilha sonora da série Supernatural, de 2005. “Eu ouvi as bandas e comecei a escutar a discografia completa. Eu sou assim: se descubro uma banda nova, não vou ouvir uma música ou outra”, diz.

Frida, na ida à loja na cidade onde mora – Guaíra, no Paraná –, comprou praticamente todas as fitas guardadas no local. Gastou R$ 80, já que o estabelecimento as vendeu por R$ 2,50 cada. Das cerca de 40 fitas que possui em sua coleção, ela elege Sleeping With The Past como sua favorita. De Elton John, claro. “Ele mudou minha vida completamente”, diz sobre o cantor britânico.

Frida Drich e sua coleção de fitas cassetes. Foto: Arquivo Pessoal/Frida Drich

Frida usa as fitas para, além de ouvi-las, demonstrar seu amor por músicas antigas.

Hoje, porém, a maioria de sua geração tem se utilizado delas para, surpreendentemente, demonstrar seu amor por artistas da nova geração.

Na Universal Music Store, as fitas de Short n’ Sweet, de Sabrina Carpenter, e Hit Me Hard And Soft, de Billie Eilish, ambas lançadas neste ano, já aparecem esgotadas. Por lá, as cassetes são vendidas novas e importadas com valores que começam em R$ 150 e podem superar os R$ 200.

Também há lojas especializadas em vender produtos de cantores mais jovens. A Fanatik, por exemplo, exclusivamente online, vende fitas de artistas como Dua Lipa, Chappell Roan e Shawn Mendes.

Jonathan Castro, dono da loja, afirma que as cassetes ainda são as menores vendas: representam 20% dos lucros, ficando atrás dos discos de vinil e dos CDs. O motivo, segundo ele, é a falta de investimento no formato. Falta que mais artistas lancem mais álbuns em fitas, que gravadoras invistam em fitas mais atraentes e que haja mais equipamentos para tocá-las à venda.

No Brasil, por exemplo, isso ainda não é uma estratégia comercial e os artistas contemporâneos, mesmo aqueles que lançam seus trabalhos em LP, não estão lançando nada em cassete - diferentemente de outros países, sobretudo os Estados Unidos, onde alguns artistas apresentam um novo álbum simultaneamente em todos os formatos.

Pertencer é consumir

A atração da geração Z pelo formato, porém, segundo Castro, se deu muito após o lançamento do álbum Folklore, de Taylor Swift, disponibilizado no contexto da pandemia com uma sonoridade mais intimista. De lá para cá, ela só cresceu – e a fita de The Tortured Poets Department, o último trabalho da cantora, lançado dois álbuns após Folklore, foi a cassete mais vendida da Fanatik.

O dono da loja, que já foi presidente do fã clube oficial das Spice Girls no Brasil, comenta que a experiência de ser fã, hoje em dia, é muito estimulada pelos diferentes formatos de mídia física lançados pelos artistas. Fazer parte da “bolha” acaba esbarrando também em consumir cada vez mais.

Fitas cassetes ainda não são tão procuradas quanto discos de vinil. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

“Óbvio que existem as pessoas que são colecionadoras de mídia física, que gostam de disco, que não só compram de um artista específico, mas têm uma discografia mais ampla”, diz. “Mas existem outras, com certeza, principalmente da geração Z, que são mais impactadas pelos gatilhos emocionais e por querer fazer parte da bolha.”

O proprietário da loja diz que tem, inclusive, muitos clientes que compram discos e não possuem vitrola. “Não é todo mundo que compra mídia física para usufruir dela, mas compra por questão de coleção, de posse, de emoção”, diz.

Geração Z procura fitas cassetes para se sentir pertencente a um grupo de fãs de certo artista. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Fábio Cristiano Pereira de Souza, dono da Casa do Velho, em Jundiaí, também percebeu um aumento da procura da geração Z pelo formato. Atualmente, a média de idade das pessoas que buscam pelas cassetes ainda é 30 a 50 anos, mas muitos jovens têm ido até a loja perguntando não apenas pelas fitas, mas por onde tocá-las.

“O colecionismo, mídias físicas, encartes com as letras das músicas são itens que chamam a atenção. E também a sensação de ter o seu acervo, o que não acontece quando se tem uma playlist digital”, observa Souza. Ele, porém, comenta que os discos de vinil ainda são os mais procurados, seja pelas capas ou pela qualidade do som.

As fitas mais vendidas na Casa do Velho são as de rock internacional e nacional, segundo o proprietário. “E, quanto menos popular a banda, melhor.”

Onde tocar e onde comprar fita cassete?

As fitas não são tão fáceis de encontrar quanto os discos de vinil. Em São Paulo, lojas especializadas nos discos, como a Eric Discos (Rua Artur de Azevedo, 1874, Pinheiros), possuem algumas opções. O Casarão do Vinil (Rua dos Trilhos, 1212, Alto da Mooca) também possui cassetes.

A Casa do Velho faz apenas vendas online. Lá, há fitas de bandas como Beatles e artistas como Djavan, Ney Matogrosso e Gilberto Gil. Os valores dependem do gênero e da raridade e, geralmente, vão de R$ 10 a R$ 150.

Toca-discos da marca We Are Rewind. Foto: We Are Rewind/Reprodução

Para quem pretende comprar fitas novas e importadas, a Fanatik também é uma boa opção. Os valores na loja online vão de R$ 175 a R$ 245.

Encontrar onde tocá-las pode ser uma tarefa ainda mais difícil. Há algumas opções de toca-fitas no Mercado Livre que vão de R$ 80 a R$ 4 mil. O ideal é se atentar às avaliações do produto e do vendedor.

Seguindo a onda vintage, a empresa We Are Rewind, fundada em 2022, criou modelos coloridos inspirados no primeiro Sony Walkman. A novidade é que eles também são equipados com bluetooth. Os toca-fitas são vendidos por valores que vão de US$ 159 (cerca de R$ 908) a US$ 169 (cerca de R$ 965). A loja faz entregas mundialmente.

Frida Drich, de 20 anos, é apaixonada por Elton John. Com o cabelo cortado por ela mesma à la Stevie Nicks e uma Kombi hippie pintada em uma das paredes de sua casa, a jovem tirou um dia para ir a uma loja de sua cidade em busca de fitas cassetes. Ela já tinha onde tocá-las. Em seu aniversário de 15 anos, não quis uma festa como a maioria das meninas, mas uma caixa de som onde pudesse tocar todas as mídias físicas.

A história de Frida até parece ser de uma jovem vivendo o início do auge da fita cassete no fim dos anos 1970, não fosse pela resposta que recebeu dos atendentes da loja: “Estamos guardando as fitas cassetes nos fundos, porque, hoje em dia, ninguém as compra mais”.

A loja Eric Discos, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Fitas cassetes agora são procuradas pela Geração Z. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Ela não é a única de sua geração que tem buscado cada vez mais pelo item. Frida tem uma conta no TikTok dedicada a falar sobre fitas, discos e música antiga. Seu vídeo mostrando sua coleção de cassetes ultrapassou as 20 mil visualizações.

A criadora de conteúdo conta que seu interesse por músicas dos anos 1970, 1980 e 1990 começou depois de se apaixonar pela trilha sonora da série Supernatural, de 2005. “Eu ouvi as bandas e comecei a escutar a discografia completa. Eu sou assim: se descubro uma banda nova, não vou ouvir uma música ou outra”, diz.

Frida, na ida à loja na cidade onde mora – Guaíra, no Paraná –, comprou praticamente todas as fitas guardadas no local. Gastou R$ 80, já que o estabelecimento as vendeu por R$ 2,50 cada. Das cerca de 40 fitas que possui em sua coleção, ela elege Sleeping With The Past como sua favorita. De Elton John, claro. “Ele mudou minha vida completamente”, diz sobre o cantor britânico.

Frida Drich e sua coleção de fitas cassetes. Foto: Arquivo Pessoal/Frida Drich

Frida usa as fitas para, além de ouvi-las, demonstrar seu amor por músicas antigas.

Hoje, porém, a maioria de sua geração tem se utilizado delas para, surpreendentemente, demonstrar seu amor por artistas da nova geração.

Na Universal Music Store, as fitas de Short n’ Sweet, de Sabrina Carpenter, e Hit Me Hard And Soft, de Billie Eilish, ambas lançadas neste ano, já aparecem esgotadas. Por lá, as cassetes são vendidas novas e importadas com valores que começam em R$ 150 e podem superar os R$ 200.

Também há lojas especializadas em vender produtos de cantores mais jovens. A Fanatik, por exemplo, exclusivamente online, vende fitas de artistas como Dua Lipa, Chappell Roan e Shawn Mendes.

Jonathan Castro, dono da loja, afirma que as cassetes ainda são as menores vendas: representam 20% dos lucros, ficando atrás dos discos de vinil e dos CDs. O motivo, segundo ele, é a falta de investimento no formato. Falta que mais artistas lancem mais álbuns em fitas, que gravadoras invistam em fitas mais atraentes e que haja mais equipamentos para tocá-las à venda.

No Brasil, por exemplo, isso ainda não é uma estratégia comercial e os artistas contemporâneos, mesmo aqueles que lançam seus trabalhos em LP, não estão lançando nada em cassete - diferentemente de outros países, sobretudo os Estados Unidos, onde alguns artistas apresentam um novo álbum simultaneamente em todos os formatos.

Pertencer é consumir

A atração da geração Z pelo formato, porém, segundo Castro, se deu muito após o lançamento do álbum Folklore, de Taylor Swift, disponibilizado no contexto da pandemia com uma sonoridade mais intimista. De lá para cá, ela só cresceu – e a fita de The Tortured Poets Department, o último trabalho da cantora, lançado dois álbuns após Folklore, foi a cassete mais vendida da Fanatik.

O dono da loja, que já foi presidente do fã clube oficial das Spice Girls no Brasil, comenta que a experiência de ser fã, hoje em dia, é muito estimulada pelos diferentes formatos de mídia física lançados pelos artistas. Fazer parte da “bolha” acaba esbarrando também em consumir cada vez mais.

Fitas cassetes ainda não são tão procuradas quanto discos de vinil. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

“Óbvio que existem as pessoas que são colecionadoras de mídia física, que gostam de disco, que não só compram de um artista específico, mas têm uma discografia mais ampla”, diz. “Mas existem outras, com certeza, principalmente da geração Z, que são mais impactadas pelos gatilhos emocionais e por querer fazer parte da bolha.”

O proprietário da loja diz que tem, inclusive, muitos clientes que compram discos e não possuem vitrola. “Não é todo mundo que compra mídia física para usufruir dela, mas compra por questão de coleção, de posse, de emoção”, diz.

Geração Z procura fitas cassetes para se sentir pertencente a um grupo de fãs de certo artista. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Fábio Cristiano Pereira de Souza, dono da Casa do Velho, em Jundiaí, também percebeu um aumento da procura da geração Z pelo formato. Atualmente, a média de idade das pessoas que buscam pelas cassetes ainda é 30 a 50 anos, mas muitos jovens têm ido até a loja perguntando não apenas pelas fitas, mas por onde tocá-las.

“O colecionismo, mídias físicas, encartes com as letras das músicas são itens que chamam a atenção. E também a sensação de ter o seu acervo, o que não acontece quando se tem uma playlist digital”, observa Souza. Ele, porém, comenta que os discos de vinil ainda são os mais procurados, seja pelas capas ou pela qualidade do som.

As fitas mais vendidas na Casa do Velho são as de rock internacional e nacional, segundo o proprietário. “E, quanto menos popular a banda, melhor.”

Onde tocar e onde comprar fita cassete?

As fitas não são tão fáceis de encontrar quanto os discos de vinil. Em São Paulo, lojas especializadas nos discos, como a Eric Discos (Rua Artur de Azevedo, 1874, Pinheiros), possuem algumas opções. O Casarão do Vinil (Rua dos Trilhos, 1212, Alto da Mooca) também possui cassetes.

A Casa do Velho faz apenas vendas online. Lá, há fitas de bandas como Beatles e artistas como Djavan, Ney Matogrosso e Gilberto Gil. Os valores dependem do gênero e da raridade e, geralmente, vão de R$ 10 a R$ 150.

Toca-discos da marca We Are Rewind. Foto: We Are Rewind/Reprodução

Para quem pretende comprar fitas novas e importadas, a Fanatik também é uma boa opção. Os valores na loja online vão de R$ 175 a R$ 245.

Encontrar onde tocá-las pode ser uma tarefa ainda mais difícil. Há algumas opções de toca-fitas no Mercado Livre que vão de R$ 80 a R$ 4 mil. O ideal é se atentar às avaliações do produto e do vendedor.

Seguindo a onda vintage, a empresa We Are Rewind, fundada em 2022, criou modelos coloridos inspirados no primeiro Sony Walkman. A novidade é que eles também são equipados com bluetooth. Os toca-fitas são vendidos por valores que vão de US$ 159 (cerca de R$ 908) a US$ 169 (cerca de R$ 965). A loja faz entregas mundialmente.

Frida Drich, de 20 anos, é apaixonada por Elton John. Com o cabelo cortado por ela mesma à la Stevie Nicks e uma Kombi hippie pintada em uma das paredes de sua casa, a jovem tirou um dia para ir a uma loja de sua cidade em busca de fitas cassetes. Ela já tinha onde tocá-las. Em seu aniversário de 15 anos, não quis uma festa como a maioria das meninas, mas uma caixa de som onde pudesse tocar todas as mídias físicas.

A história de Frida até parece ser de uma jovem vivendo o início do auge da fita cassete no fim dos anos 1970, não fosse pela resposta que recebeu dos atendentes da loja: “Estamos guardando as fitas cassetes nos fundos, porque, hoje em dia, ninguém as compra mais”.

A loja Eric Discos, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Fitas cassetes agora são procuradas pela Geração Z. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Ela não é a única de sua geração que tem buscado cada vez mais pelo item. Frida tem uma conta no TikTok dedicada a falar sobre fitas, discos e música antiga. Seu vídeo mostrando sua coleção de cassetes ultrapassou as 20 mil visualizações.

A criadora de conteúdo conta que seu interesse por músicas dos anos 1970, 1980 e 1990 começou depois de se apaixonar pela trilha sonora da série Supernatural, de 2005. “Eu ouvi as bandas e comecei a escutar a discografia completa. Eu sou assim: se descubro uma banda nova, não vou ouvir uma música ou outra”, diz.

Frida, na ida à loja na cidade onde mora – Guaíra, no Paraná –, comprou praticamente todas as fitas guardadas no local. Gastou R$ 80, já que o estabelecimento as vendeu por R$ 2,50 cada. Das cerca de 40 fitas que possui em sua coleção, ela elege Sleeping With The Past como sua favorita. De Elton John, claro. “Ele mudou minha vida completamente”, diz sobre o cantor britânico.

Frida Drich e sua coleção de fitas cassetes. Foto: Arquivo Pessoal/Frida Drich

Frida usa as fitas para, além de ouvi-las, demonstrar seu amor por músicas antigas.

Hoje, porém, a maioria de sua geração tem se utilizado delas para, surpreendentemente, demonstrar seu amor por artistas da nova geração.

Na Universal Music Store, as fitas de Short n’ Sweet, de Sabrina Carpenter, e Hit Me Hard And Soft, de Billie Eilish, ambas lançadas neste ano, já aparecem esgotadas. Por lá, as cassetes são vendidas novas e importadas com valores que começam em R$ 150 e podem superar os R$ 200.

Também há lojas especializadas em vender produtos de cantores mais jovens. A Fanatik, por exemplo, exclusivamente online, vende fitas de artistas como Dua Lipa, Chappell Roan e Shawn Mendes.

Jonathan Castro, dono da loja, afirma que as cassetes ainda são as menores vendas: representam 20% dos lucros, ficando atrás dos discos de vinil e dos CDs. O motivo, segundo ele, é a falta de investimento no formato. Falta que mais artistas lancem mais álbuns em fitas, que gravadoras invistam em fitas mais atraentes e que haja mais equipamentos para tocá-las à venda.

No Brasil, por exemplo, isso ainda não é uma estratégia comercial e os artistas contemporâneos, mesmo aqueles que lançam seus trabalhos em LP, não estão lançando nada em cassete - diferentemente de outros países, sobretudo os Estados Unidos, onde alguns artistas apresentam um novo álbum simultaneamente em todos os formatos.

Pertencer é consumir

A atração da geração Z pelo formato, porém, segundo Castro, se deu muito após o lançamento do álbum Folklore, de Taylor Swift, disponibilizado no contexto da pandemia com uma sonoridade mais intimista. De lá para cá, ela só cresceu – e a fita de The Tortured Poets Department, o último trabalho da cantora, lançado dois álbuns após Folklore, foi a cassete mais vendida da Fanatik.

O dono da loja, que já foi presidente do fã clube oficial das Spice Girls no Brasil, comenta que a experiência de ser fã, hoje em dia, é muito estimulada pelos diferentes formatos de mídia física lançados pelos artistas. Fazer parte da “bolha” acaba esbarrando também em consumir cada vez mais.

Fitas cassetes ainda não são tão procuradas quanto discos de vinil. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

“Óbvio que existem as pessoas que são colecionadoras de mídia física, que gostam de disco, que não só compram de um artista específico, mas têm uma discografia mais ampla”, diz. “Mas existem outras, com certeza, principalmente da geração Z, que são mais impactadas pelos gatilhos emocionais e por querer fazer parte da bolha.”

O proprietário da loja diz que tem, inclusive, muitos clientes que compram discos e não possuem vitrola. “Não é todo mundo que compra mídia física para usufruir dela, mas compra por questão de coleção, de posse, de emoção”, diz.

Geração Z procura fitas cassetes para se sentir pertencente a um grupo de fãs de certo artista. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Fábio Cristiano Pereira de Souza, dono da Casa do Velho, em Jundiaí, também percebeu um aumento da procura da geração Z pelo formato. Atualmente, a média de idade das pessoas que buscam pelas cassetes ainda é 30 a 50 anos, mas muitos jovens têm ido até a loja perguntando não apenas pelas fitas, mas por onde tocá-las.

“O colecionismo, mídias físicas, encartes com as letras das músicas são itens que chamam a atenção. E também a sensação de ter o seu acervo, o que não acontece quando se tem uma playlist digital”, observa Souza. Ele, porém, comenta que os discos de vinil ainda são os mais procurados, seja pelas capas ou pela qualidade do som.

As fitas mais vendidas na Casa do Velho são as de rock internacional e nacional, segundo o proprietário. “E, quanto menos popular a banda, melhor.”

Onde tocar e onde comprar fita cassete?

As fitas não são tão fáceis de encontrar quanto os discos de vinil. Em São Paulo, lojas especializadas nos discos, como a Eric Discos (Rua Artur de Azevedo, 1874, Pinheiros), possuem algumas opções. O Casarão do Vinil (Rua dos Trilhos, 1212, Alto da Mooca) também possui cassetes.

A Casa do Velho faz apenas vendas online. Lá, há fitas de bandas como Beatles e artistas como Djavan, Ney Matogrosso e Gilberto Gil. Os valores dependem do gênero e da raridade e, geralmente, vão de R$ 10 a R$ 150.

Toca-discos da marca We Are Rewind. Foto: We Are Rewind/Reprodução

Para quem pretende comprar fitas novas e importadas, a Fanatik também é uma boa opção. Os valores na loja online vão de R$ 175 a R$ 245.

Encontrar onde tocá-las pode ser uma tarefa ainda mais difícil. Há algumas opções de toca-fitas no Mercado Livre que vão de R$ 80 a R$ 4 mil. O ideal é se atentar às avaliações do produto e do vendedor.

Seguindo a onda vintage, a empresa We Are Rewind, fundada em 2022, criou modelos coloridos inspirados no primeiro Sony Walkman. A novidade é que eles também são equipados com bluetooth. Os toca-fitas são vendidos por valores que vão de US$ 159 (cerca de R$ 908) a US$ 169 (cerca de R$ 965). A loja faz entregas mundialmente.

Frida Drich, de 20 anos, é apaixonada por Elton John. Com o cabelo cortado por ela mesma à la Stevie Nicks e uma Kombi hippie pintada em uma das paredes de sua casa, a jovem tirou um dia para ir a uma loja de sua cidade em busca de fitas cassetes. Ela já tinha onde tocá-las. Em seu aniversário de 15 anos, não quis uma festa como a maioria das meninas, mas uma caixa de som onde pudesse tocar todas as mídias físicas.

A história de Frida até parece ser de uma jovem vivendo o início do auge da fita cassete no fim dos anos 1970, não fosse pela resposta que recebeu dos atendentes da loja: “Estamos guardando as fitas cassetes nos fundos, porque, hoje em dia, ninguém as compra mais”.

A loja Eric Discos, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Fitas cassetes agora são procuradas pela Geração Z. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Ela não é a única de sua geração que tem buscado cada vez mais pelo item. Frida tem uma conta no TikTok dedicada a falar sobre fitas, discos e música antiga. Seu vídeo mostrando sua coleção de cassetes ultrapassou as 20 mil visualizações.

A criadora de conteúdo conta que seu interesse por músicas dos anos 1970, 1980 e 1990 começou depois de se apaixonar pela trilha sonora da série Supernatural, de 2005. “Eu ouvi as bandas e comecei a escutar a discografia completa. Eu sou assim: se descubro uma banda nova, não vou ouvir uma música ou outra”, diz.

Frida, na ida à loja na cidade onde mora – Guaíra, no Paraná –, comprou praticamente todas as fitas guardadas no local. Gastou R$ 80, já que o estabelecimento as vendeu por R$ 2,50 cada. Das cerca de 40 fitas que possui em sua coleção, ela elege Sleeping With The Past como sua favorita. De Elton John, claro. “Ele mudou minha vida completamente”, diz sobre o cantor britânico.

Frida Drich e sua coleção de fitas cassetes. Foto: Arquivo Pessoal/Frida Drich

Frida usa as fitas para, além de ouvi-las, demonstrar seu amor por músicas antigas.

Hoje, porém, a maioria de sua geração tem se utilizado delas para, surpreendentemente, demonstrar seu amor por artistas da nova geração.

Na Universal Music Store, as fitas de Short n’ Sweet, de Sabrina Carpenter, e Hit Me Hard And Soft, de Billie Eilish, ambas lançadas neste ano, já aparecem esgotadas. Por lá, as cassetes são vendidas novas e importadas com valores que começam em R$ 150 e podem superar os R$ 200.

Também há lojas especializadas em vender produtos de cantores mais jovens. A Fanatik, por exemplo, exclusivamente online, vende fitas de artistas como Dua Lipa, Chappell Roan e Shawn Mendes.

Jonathan Castro, dono da loja, afirma que as cassetes ainda são as menores vendas: representam 20% dos lucros, ficando atrás dos discos de vinil e dos CDs. O motivo, segundo ele, é a falta de investimento no formato. Falta que mais artistas lancem mais álbuns em fitas, que gravadoras invistam em fitas mais atraentes e que haja mais equipamentos para tocá-las à venda.

No Brasil, por exemplo, isso ainda não é uma estratégia comercial e os artistas contemporâneos, mesmo aqueles que lançam seus trabalhos em LP, não estão lançando nada em cassete - diferentemente de outros países, sobretudo os Estados Unidos, onde alguns artistas apresentam um novo álbum simultaneamente em todos os formatos.

Pertencer é consumir

A atração da geração Z pelo formato, porém, segundo Castro, se deu muito após o lançamento do álbum Folklore, de Taylor Swift, disponibilizado no contexto da pandemia com uma sonoridade mais intimista. De lá para cá, ela só cresceu – e a fita de The Tortured Poets Department, o último trabalho da cantora, lançado dois álbuns após Folklore, foi a cassete mais vendida da Fanatik.

O dono da loja, que já foi presidente do fã clube oficial das Spice Girls no Brasil, comenta que a experiência de ser fã, hoje em dia, é muito estimulada pelos diferentes formatos de mídia física lançados pelos artistas. Fazer parte da “bolha” acaba esbarrando também em consumir cada vez mais.

Fitas cassetes ainda não são tão procuradas quanto discos de vinil. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

“Óbvio que existem as pessoas que são colecionadoras de mídia física, que gostam de disco, que não só compram de um artista específico, mas têm uma discografia mais ampla”, diz. “Mas existem outras, com certeza, principalmente da geração Z, que são mais impactadas pelos gatilhos emocionais e por querer fazer parte da bolha.”

O proprietário da loja diz que tem, inclusive, muitos clientes que compram discos e não possuem vitrola. “Não é todo mundo que compra mídia física para usufruir dela, mas compra por questão de coleção, de posse, de emoção”, diz.

Geração Z procura fitas cassetes para se sentir pertencente a um grupo de fãs de certo artista. Foto: Taba Benedicto/ Estadão

Fábio Cristiano Pereira de Souza, dono da Casa do Velho, em Jundiaí, também percebeu um aumento da procura da geração Z pelo formato. Atualmente, a média de idade das pessoas que buscam pelas cassetes ainda é 30 a 50 anos, mas muitos jovens têm ido até a loja perguntando não apenas pelas fitas, mas por onde tocá-las.

“O colecionismo, mídias físicas, encartes com as letras das músicas são itens que chamam a atenção. E também a sensação de ter o seu acervo, o que não acontece quando se tem uma playlist digital”, observa Souza. Ele, porém, comenta que os discos de vinil ainda são os mais procurados, seja pelas capas ou pela qualidade do som.

As fitas mais vendidas na Casa do Velho são as de rock internacional e nacional, segundo o proprietário. “E, quanto menos popular a banda, melhor.”

Onde tocar e onde comprar fita cassete?

As fitas não são tão fáceis de encontrar quanto os discos de vinil. Em São Paulo, lojas especializadas nos discos, como a Eric Discos (Rua Artur de Azevedo, 1874, Pinheiros), possuem algumas opções. O Casarão do Vinil (Rua dos Trilhos, 1212, Alto da Mooca) também possui cassetes.

A Casa do Velho faz apenas vendas online. Lá, há fitas de bandas como Beatles e artistas como Djavan, Ney Matogrosso e Gilberto Gil. Os valores dependem do gênero e da raridade e, geralmente, vão de R$ 10 a R$ 150.

Toca-discos da marca We Are Rewind. Foto: We Are Rewind/Reprodução

Para quem pretende comprar fitas novas e importadas, a Fanatik também é uma boa opção. Os valores na loja online vão de R$ 175 a R$ 245.

Encontrar onde tocá-las pode ser uma tarefa ainda mais difícil. Há algumas opções de toca-fitas no Mercado Livre que vão de R$ 80 a R$ 4 mil. O ideal é se atentar às avaliações do produto e do vendedor.

Seguindo a onda vintage, a empresa We Are Rewind, fundada em 2022, criou modelos coloridos inspirados no primeiro Sony Walkman. A novidade é que eles também são equipados com bluetooth. Os toca-fitas são vendidos por valores que vão de US$ 159 (cerca de R$ 908) a US$ 169 (cerca de R$ 965). A loja faz entregas mundialmente.

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