A magia dos ‘Concertos de Brandenburgo’, obra-prima de Bach


Em tributo às seis peças, grupo gravou com instrumentos de época e nos preceitos da interpretação musical barroca

Por João Marcos Coelho

Não podemos fechar 2021 sem lembrar de um aniversário muito importante para a história da música e também para os ouvidos de milhões de pessoas, no planeta, que adoram os seis Concertos de Brandenburgo de Johann Sebastian Bach (1685-1750). Esta obra-prima rivaliza em popularidade com os maiores “hits” de todos os tempos, como As Quatro Estações de Antonio Vivaldi ou a Quinta e Nona sinfonias de Ludwig van Beethoven

Em 2021, os 'Concertos de Brandenburgo', de Bach, completaram 300 anos.Compositor alemão explorou o 'estilo italiano' concertante. Foto: Reprodução

Uma história que começou no dia 21 de março de 1721, quando Bach fez chegar às mãos do margrave de Brandenburgo um “presente”: um pacote de partituras com seis concertos instrumentais em formatos variados. Em geral, o margrave é modernamente lembrado só como destinatário/ dedicatário. Mas a história é outra. Com a morte do rei Frederico, o Grande, em 1713, o margrave Christian Ludwig, apaixonado por música, contratou boa parte dos músicos da corte prussiana.

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Estes admiráveis concertos, entretanto, não só não renderam um possível emprego mais rentável a Bach, mas ficaram publicamente ignorados por mais de um século. Nenhum de seus muitos filhos músicos sequer soube da sua existência. Em 1849, um tal de Siegfried, guardião da Biblioteca de Berlim, descobriu os manuscritos. E a fama foi imediata.

Estilo italiano

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Outro detalhe importante e pouco conhecido hoje em dia: o duque de Saxe-Weimar, Johann Ernst IV, patrão de Bach, era aficionado por música. E trouxera, numa de suas viagens à Itália, obras de Vivaldi. Foi aí que Bach decidiu explorar o chamado “estilo italiano” concertante.

Estes detalhes são revelados no ótimo encarte do álbum duplo da Harmonia Mundi lançado em setembro passado pela Akademie für Alte Music Berlin, ou Academia de Música Antiga de Berlim, liderada pelos violinistas Georg Kalweit e Bernhard Forck. O grupo gravou a obra 25 anos atrás, mas agora adota posturas inovadoras, sempre dentro da prática da música historicamente informada, com instrumentos de época e segundo os preceitos da interpretação musical barroca do século 18. Em relação ao contínuo, ou seja, a base que acompanha os solistas, eles inovaram ao incluir uma viola da gamba onde se indica “violone”, dando mais transparência à sonoridade; ou então acrescentando um contrabaixo, quando o texto bachiano “pedia” sonoridades mais encorpadas.

Tudo isso demonstra que os intérpretes e grupos especializados na música antiga gozam de uma liberdade com a qual nenhum músico dedicado ao repertório do século 19 sequer pode sonhar, porque as partituras são minuciosas e de certo modo o “prendem” ao texto escrito. 

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Pois além da emérita qualidade do grupo de Berlim, eles contam com dois convidados especiais, nesta dupla efeméride, dos 25 anos de seu primeiro registro desta obra e dos 300 anos dos Brandenburgueses. A violinista alemã Isabelle Faust, de 29 anos, e o viola francês Antoine Tamestit, de 42, ambos velhos conhecidos dos frequentadores da Sala São Paulo, que aqui já se apresentaram fazendo música de câmara e também concertante com a Osesp

O resultado é arrebatador. Todos tocam réplicas cada vez mais perfeitas de instrumentos de época ou instrumentos de época mesmo. Isabelle toca um violino Jacobus Stainer de 1658 e Tamestit, a viola Stradivarius “Gustav Mahler”, de 1672. 

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Concertos

Cada um dos concertos prevê instrumentação e solistas diferentes. Isabelle toca no terceiro e no quarto; Tamestit, no terceiro e sobretudo no sexto concerto. Atração extra é o primeiro concerto para instrumento de teclado da história da música, o concerto n.º 5, com uma longa e linda cadência ao cravo por Christoph Huntgeburth.

Uma autêntica festa de aniversário inesquecível. O álbum de 84 minutos está em todas as premiações de melhores gravações do ano e você pode ouvi-lo no YouTube e nas plataformas de streaming. Merecidamente. Você, que já saboreou incontáveis vezes estes concertos, vai se surpreender com o balanço entre os instrumentos, fazendo sobressair intervenções com as quais não estamos acostumados nas interpretações rotineiras, ou convencionais.

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Não podemos fechar 2021 sem lembrar de um aniversário muito importante para a história da música e também para os ouvidos de milhões de pessoas, no planeta, que adoram os seis Concertos de Brandenburgo de Johann Sebastian Bach (1685-1750). Esta obra-prima rivaliza em popularidade com os maiores “hits” de todos os tempos, como As Quatro Estações de Antonio Vivaldi ou a Quinta e Nona sinfonias de Ludwig van Beethoven

Em 2021, os 'Concertos de Brandenburgo', de Bach, completaram 300 anos.Compositor alemão explorou o 'estilo italiano' concertante. Foto: Reprodução

Uma história que começou no dia 21 de março de 1721, quando Bach fez chegar às mãos do margrave de Brandenburgo um “presente”: um pacote de partituras com seis concertos instrumentais em formatos variados. Em geral, o margrave é modernamente lembrado só como destinatário/ dedicatário. Mas a história é outra. Com a morte do rei Frederico, o Grande, em 1713, o margrave Christian Ludwig, apaixonado por música, contratou boa parte dos músicos da corte prussiana.

Estes admiráveis concertos, entretanto, não só não renderam um possível emprego mais rentável a Bach, mas ficaram publicamente ignorados por mais de um século. Nenhum de seus muitos filhos músicos sequer soube da sua existência. Em 1849, um tal de Siegfried, guardião da Biblioteca de Berlim, descobriu os manuscritos. E a fama foi imediata.

Estilo italiano

Outro detalhe importante e pouco conhecido hoje em dia: o duque de Saxe-Weimar, Johann Ernst IV, patrão de Bach, era aficionado por música. E trouxera, numa de suas viagens à Itália, obras de Vivaldi. Foi aí que Bach decidiu explorar o chamado “estilo italiano” concertante.

Estes detalhes são revelados no ótimo encarte do álbum duplo da Harmonia Mundi lançado em setembro passado pela Akademie für Alte Music Berlin, ou Academia de Música Antiga de Berlim, liderada pelos violinistas Georg Kalweit e Bernhard Forck. O grupo gravou a obra 25 anos atrás, mas agora adota posturas inovadoras, sempre dentro da prática da música historicamente informada, com instrumentos de época e segundo os preceitos da interpretação musical barroca do século 18. Em relação ao contínuo, ou seja, a base que acompanha os solistas, eles inovaram ao incluir uma viola da gamba onde se indica “violone”, dando mais transparência à sonoridade; ou então acrescentando um contrabaixo, quando o texto bachiano “pedia” sonoridades mais encorpadas.

Tudo isso demonstra que os intérpretes e grupos especializados na música antiga gozam de uma liberdade com a qual nenhum músico dedicado ao repertório do século 19 sequer pode sonhar, porque as partituras são minuciosas e de certo modo o “prendem” ao texto escrito. 

Pois além da emérita qualidade do grupo de Berlim, eles contam com dois convidados especiais, nesta dupla efeméride, dos 25 anos de seu primeiro registro desta obra e dos 300 anos dos Brandenburgueses. A violinista alemã Isabelle Faust, de 29 anos, e o viola francês Antoine Tamestit, de 42, ambos velhos conhecidos dos frequentadores da Sala São Paulo, que aqui já se apresentaram fazendo música de câmara e também concertante com a Osesp

O resultado é arrebatador. Todos tocam réplicas cada vez mais perfeitas de instrumentos de época ou instrumentos de época mesmo. Isabelle toca um violino Jacobus Stainer de 1658 e Tamestit, a viola Stradivarius “Gustav Mahler”, de 1672. 

Concertos

Cada um dos concertos prevê instrumentação e solistas diferentes. Isabelle toca no terceiro e no quarto; Tamestit, no terceiro e sobretudo no sexto concerto. Atração extra é o primeiro concerto para instrumento de teclado da história da música, o concerto n.º 5, com uma longa e linda cadência ao cravo por Christoph Huntgeburth.

Uma autêntica festa de aniversário inesquecível. O álbum de 84 minutos está em todas as premiações de melhores gravações do ano e você pode ouvi-lo no YouTube e nas plataformas de streaming. Merecidamente. Você, que já saboreou incontáveis vezes estes concertos, vai se surpreender com o balanço entre os instrumentos, fazendo sobressair intervenções com as quais não estamos acostumados nas interpretações rotineiras, ou convencionais.

Não podemos fechar 2021 sem lembrar de um aniversário muito importante para a história da música e também para os ouvidos de milhões de pessoas, no planeta, que adoram os seis Concertos de Brandenburgo de Johann Sebastian Bach (1685-1750). Esta obra-prima rivaliza em popularidade com os maiores “hits” de todos os tempos, como As Quatro Estações de Antonio Vivaldi ou a Quinta e Nona sinfonias de Ludwig van Beethoven

Em 2021, os 'Concertos de Brandenburgo', de Bach, completaram 300 anos.Compositor alemão explorou o 'estilo italiano' concertante. Foto: Reprodução

Uma história que começou no dia 21 de março de 1721, quando Bach fez chegar às mãos do margrave de Brandenburgo um “presente”: um pacote de partituras com seis concertos instrumentais em formatos variados. Em geral, o margrave é modernamente lembrado só como destinatário/ dedicatário. Mas a história é outra. Com a morte do rei Frederico, o Grande, em 1713, o margrave Christian Ludwig, apaixonado por música, contratou boa parte dos músicos da corte prussiana.

Estes admiráveis concertos, entretanto, não só não renderam um possível emprego mais rentável a Bach, mas ficaram publicamente ignorados por mais de um século. Nenhum de seus muitos filhos músicos sequer soube da sua existência. Em 1849, um tal de Siegfried, guardião da Biblioteca de Berlim, descobriu os manuscritos. E a fama foi imediata.

Estilo italiano

Outro detalhe importante e pouco conhecido hoje em dia: o duque de Saxe-Weimar, Johann Ernst IV, patrão de Bach, era aficionado por música. E trouxera, numa de suas viagens à Itália, obras de Vivaldi. Foi aí que Bach decidiu explorar o chamado “estilo italiano” concertante.

Estes detalhes são revelados no ótimo encarte do álbum duplo da Harmonia Mundi lançado em setembro passado pela Akademie für Alte Music Berlin, ou Academia de Música Antiga de Berlim, liderada pelos violinistas Georg Kalweit e Bernhard Forck. O grupo gravou a obra 25 anos atrás, mas agora adota posturas inovadoras, sempre dentro da prática da música historicamente informada, com instrumentos de época e segundo os preceitos da interpretação musical barroca do século 18. Em relação ao contínuo, ou seja, a base que acompanha os solistas, eles inovaram ao incluir uma viola da gamba onde se indica “violone”, dando mais transparência à sonoridade; ou então acrescentando um contrabaixo, quando o texto bachiano “pedia” sonoridades mais encorpadas.

Tudo isso demonstra que os intérpretes e grupos especializados na música antiga gozam de uma liberdade com a qual nenhum músico dedicado ao repertório do século 19 sequer pode sonhar, porque as partituras são minuciosas e de certo modo o “prendem” ao texto escrito. 

Pois além da emérita qualidade do grupo de Berlim, eles contam com dois convidados especiais, nesta dupla efeméride, dos 25 anos de seu primeiro registro desta obra e dos 300 anos dos Brandenburgueses. A violinista alemã Isabelle Faust, de 29 anos, e o viola francês Antoine Tamestit, de 42, ambos velhos conhecidos dos frequentadores da Sala São Paulo, que aqui já se apresentaram fazendo música de câmara e também concertante com a Osesp

O resultado é arrebatador. Todos tocam réplicas cada vez mais perfeitas de instrumentos de época ou instrumentos de época mesmo. Isabelle toca um violino Jacobus Stainer de 1658 e Tamestit, a viola Stradivarius “Gustav Mahler”, de 1672. 

Concertos

Cada um dos concertos prevê instrumentação e solistas diferentes. Isabelle toca no terceiro e no quarto; Tamestit, no terceiro e sobretudo no sexto concerto. Atração extra é o primeiro concerto para instrumento de teclado da história da música, o concerto n.º 5, com uma longa e linda cadência ao cravo por Christoph Huntgeburth.

Uma autêntica festa de aniversário inesquecível. O álbum de 84 minutos está em todas as premiações de melhores gravações do ano e você pode ouvi-lo no YouTube e nas plataformas de streaming. Merecidamente. Você, que já saboreou incontáveis vezes estes concertos, vai se surpreender com o balanço entre os instrumentos, fazendo sobressair intervenções com as quais não estamos acostumados nas interpretações rotineiras, ou convencionais.

Não podemos fechar 2021 sem lembrar de um aniversário muito importante para a história da música e também para os ouvidos de milhões de pessoas, no planeta, que adoram os seis Concertos de Brandenburgo de Johann Sebastian Bach (1685-1750). Esta obra-prima rivaliza em popularidade com os maiores “hits” de todos os tempos, como As Quatro Estações de Antonio Vivaldi ou a Quinta e Nona sinfonias de Ludwig van Beethoven

Em 2021, os 'Concertos de Brandenburgo', de Bach, completaram 300 anos.Compositor alemão explorou o 'estilo italiano' concertante. Foto: Reprodução

Uma história que começou no dia 21 de março de 1721, quando Bach fez chegar às mãos do margrave de Brandenburgo um “presente”: um pacote de partituras com seis concertos instrumentais em formatos variados. Em geral, o margrave é modernamente lembrado só como destinatário/ dedicatário. Mas a história é outra. Com a morte do rei Frederico, o Grande, em 1713, o margrave Christian Ludwig, apaixonado por música, contratou boa parte dos músicos da corte prussiana.

Estes admiráveis concertos, entretanto, não só não renderam um possível emprego mais rentável a Bach, mas ficaram publicamente ignorados por mais de um século. Nenhum de seus muitos filhos músicos sequer soube da sua existência. Em 1849, um tal de Siegfried, guardião da Biblioteca de Berlim, descobriu os manuscritos. E a fama foi imediata.

Estilo italiano

Outro detalhe importante e pouco conhecido hoje em dia: o duque de Saxe-Weimar, Johann Ernst IV, patrão de Bach, era aficionado por música. E trouxera, numa de suas viagens à Itália, obras de Vivaldi. Foi aí que Bach decidiu explorar o chamado “estilo italiano” concertante.

Estes detalhes são revelados no ótimo encarte do álbum duplo da Harmonia Mundi lançado em setembro passado pela Akademie für Alte Music Berlin, ou Academia de Música Antiga de Berlim, liderada pelos violinistas Georg Kalweit e Bernhard Forck. O grupo gravou a obra 25 anos atrás, mas agora adota posturas inovadoras, sempre dentro da prática da música historicamente informada, com instrumentos de época e segundo os preceitos da interpretação musical barroca do século 18. Em relação ao contínuo, ou seja, a base que acompanha os solistas, eles inovaram ao incluir uma viola da gamba onde se indica “violone”, dando mais transparência à sonoridade; ou então acrescentando um contrabaixo, quando o texto bachiano “pedia” sonoridades mais encorpadas.

Tudo isso demonstra que os intérpretes e grupos especializados na música antiga gozam de uma liberdade com a qual nenhum músico dedicado ao repertório do século 19 sequer pode sonhar, porque as partituras são minuciosas e de certo modo o “prendem” ao texto escrito. 

Pois além da emérita qualidade do grupo de Berlim, eles contam com dois convidados especiais, nesta dupla efeméride, dos 25 anos de seu primeiro registro desta obra e dos 300 anos dos Brandenburgueses. A violinista alemã Isabelle Faust, de 29 anos, e o viola francês Antoine Tamestit, de 42, ambos velhos conhecidos dos frequentadores da Sala São Paulo, que aqui já se apresentaram fazendo música de câmara e também concertante com a Osesp

O resultado é arrebatador. Todos tocam réplicas cada vez mais perfeitas de instrumentos de época ou instrumentos de época mesmo. Isabelle toca um violino Jacobus Stainer de 1658 e Tamestit, a viola Stradivarius “Gustav Mahler”, de 1672. 

Concertos

Cada um dos concertos prevê instrumentação e solistas diferentes. Isabelle toca no terceiro e no quarto; Tamestit, no terceiro e sobretudo no sexto concerto. Atração extra é o primeiro concerto para instrumento de teclado da história da música, o concerto n.º 5, com uma longa e linda cadência ao cravo por Christoph Huntgeburth.

Uma autêntica festa de aniversário inesquecível. O álbum de 84 minutos está em todas as premiações de melhores gravações do ano e você pode ouvi-lo no YouTube e nas plataformas de streaming. Merecidamente. Você, que já saboreou incontáveis vezes estes concertos, vai se surpreender com o balanço entre os instrumentos, fazendo sobressair intervenções com as quais não estamos acostumados nas interpretações rotineiras, ou convencionais.

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