A voz pode até parecer frágil. Simpática, algumas risadas desenfreadas servem para driblar o nervosismo e camuflar a força de uma mulher imponente. Shakira não é só mais um rostinho bonito de agudos estridentes. Dona de um corpo exuberante, a musa que deu novo status à música pop latina, atravessando com louvor as fronteiras intransponíveis do exigente mercado fonográfico europeu e norte-americano, tem gás suficiente para mudar o mundo e deixá-lo minimamente mais justo. “Vivemos numa sociedade desigual e de pobreza extrema. Faço o que posso para ajudar a construir um futuro melhor. Tudo começa pela educação, a base para a edificação da prosperidade”, afirma a colombina.
Num bate-papo informal com a reportagem do Estado, por telefone, durante um intenso engarrafamento na Marginal do Tietê, a cantora falou em português sobre a volta aos estúdios para a gravação de um novo álbum, após hiato de dois anos para se dedicar à maternidade. “Estou a todo vapor, compondo e criando muitos ritmos. Ando numa velocidade absurda para lançar o disco e dar início à turnê mundial que deve passar, inclusive, pelo Brasil em 2017”, diz Shakira.
Casada desde 2010 com o zagueiro Gerard Piqué, do Barcelona, e mãe dos pequeninos Milan, 3, e Sasha, 2, Shakira, que não lança nada inédito desde 2014, quando chegou ao topo das paradas com o homônimo Shakira, diz que recebeu um apoio gigantesco do marido para voltar a gravar. “Ele me motivou de todas as formas possíveis. Conversou muito comigo e me convenceu a retornar aos estúdios. Pediu que eu ficasse tranquila por lá o tempo que fosse necessário”, conta ela direto de Barcelona, na Espanha. Durante esse período, Shakira concretizou algumas parcerias interessantes: gravou com o conterrâneo Carlos Vives uma música para a animação Zootopia e esteve ao lado da banda mexicana Maná no dueto Mi Verdad. “Parcerias são sempre interessantes. Acho que percorri um caminho legal em todos esses anos de carreira. Pude aprender muita coisa”, lembra ela.
Às vésperas de completar 40 anos (ela faz aniversário no dia 2 de fevereiro), Shakira, que esteve em São Paulo na primeira semana de dezembro para lançar sua marca de perfume, garante não sentir o peso da idade e muito menos se aborrecer com as perguntas sobre isso. “Prestes a fazer aniversário, tenho uma autonomia muito maior pelo meu corpo. Acho que quando você é mais nova isso não acontece, já que há sempre algo que a deixa insatisfeita, sabe?”
Lado social. Em 2009, Shakira inaugurou a fundação Pies Descalzos em Barranquilla, na Colômbia. A ONG oferece apoio a crianças que são vítimas de violência doméstica ou se encontram em estágio de pobreza extrema.
No início de dezembro, a escola foi escolhida como a melhor da Colômbia entre todas as instituições de ensino do país. A avaliação, realizada pela Fundação Alberto Merani, também foi feita em escolas particulares. A cantora comemorou a notícia com os fãs em sua conta oficial no Instagram. “A semente para um futuro melhor deve ser plantada na educação, só assim tantos outros problemas poderão sem sanados. O alicerce de tudo está bem na nossa frente. Isso, infelizmente, ainda é muito pouco. Sei que vocês têm isso aí no Brasil também. O movimento precisa ser constante e intenso”, complementa.
Shakira faz 40 anos: 10 motivos que provam que ela é a maior diva do pop
O último show oficial da artista no Brasil foi realizado em 2011, no Estádio do Morumbi. Shakira se apresentou ao lado de Carlinhos Brown no encerramento da Copa do Mundo no Brasil em 2014. “Estou com saudades dos meus fãs brasileiros. Sempre senti que uma parte de mim é brasileira. É algo que não dá para explicar. Voltarei logo, prometo.”