Adoniran Barbosa: CD e DVD são lançados com músicas inéditas


Letras creditadas ao sambista foram musicadas pela primeira vez e entregues a intérpretes como Ney Matogrosso, Liniker, Fernanda Takai e Fabiana Cozza; originalidade das composições ainda gera polêmica

Por Julio Maria

O nome de Adoniran Barbosa aparece no centro de um projeto ambicioso a partir de hoje, 34 anos depois de sua morte. Um disco e um DVD, lançados pela Gravadora Eldorado sob o título Adoniran – Se Assoprar Posso Acender de Novo, trazem 14 faixas nunca gravadas, com letras creditadas ao autor de Trem das Onze. A produção é grandiosa e trabalha em várias frentes de intérpretes. Ney Matogrosso canta Passou (que aparece assinada por Adoniran e Pepe Avila); Criolo interpreta Até Amanhã (Adoniran e Wilma Camargo); Liniker é a voz de O Barzinho (Adoniran com Renato Luiz); e Fernanda Takai com Leo Cavalcanti cantam O Rostinho de Maria (outra de Adoniran com Pepe Avila).

Adoniran Barbosa em 1978 Foto: Arquivo/Estadão

O material começa a ser mostrado hoje, com exclusividade, pela Rádio Eldorado (FM 92,9), em boletins que entram às 9h30 e 15h30. Isso até o dia de lançamento, em 25 de novembro. A produção do áudio ficou com Lucas Mayer e a de vídeo (o DVD traz clipes das canções), com Cássio Pardini.

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As músicas consideradas perdidas de Adoniran são uma questão antiga que ainda levanta poeira no meio artístico. Mesmo sem provas, pessoas que conheceram bem o sambista do Bixiga não sentem que ele passou de fato por ali. Alguns versos soariam rebuscados demais, ou pertencentes a um universo estranho ao compositor. A música defendida por Ney Matogrosso seria uma delas. “Passou como deve passar o que passou, e como passou só sei que deve passar como a onda sobre o mar, como a ave sobre o mar, o rio nas pedras lisas, as árvores sentindo a brisa, o vento pelas folhagens, as flores e as aragens... Passou o ódio que ficou de alguém de estar só sem ninguém / Passou ontem, passa hoje, também amanhã vai passar.”

Ney diz que não sabia da polêmica até a reportagem ligar. “Eu não fazia ideia disso, e essa música me parece dele (Adoniran). Outra questão é que ninguém está cantando com aquele tipo de dialeto que Adoniran criou, isso pode fazer diferença”, diz. Eduardo Gudin disse não às letras duas vezes. A primeira foi quando procuravam parceiros para musicarem o material deixado pelo sambista depois de sua morte. A segunda foi mais recente, quando os produtores do projeto o convidaram para gravar um depoimento sobre o músico. “Eu não tive a certeza de que aquilo era de Adoniran. Por isso, preferi ficar de fora”.

A qualidade do material é o que o defende e, ainda que não houvesse o nome de Adoniran, seria um bom disco. Há momentos em que o sambista parece se fazer mais presente, como na graciosa Receita de Pizza (musicada pelo sambista Jorge Costa e defendida por Mauricio Pereira): “O pizzaiolo de branco amassa a massa e a farinha / soco, murro e bofetada na coitada da bolinha.” Em Encalacrado, assinada só por Adoniran, Marco Matolli e Fabiana Cozza dividem um tempo que lembra muito Martinho da Vila. O violonista Paulinho Nogueira, morto em 2003, também deixou música para uma das letras. Ninguém Pode Negar é cantada por Eduardo Pitta. “Mas ninguém pode negar por abstêmio que seja que a melhor coisa do mundo é tomar uma cerveja”.

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O responsável pela Gravadora Eldorado, Murilo Pontes, diz que foi feito um exame grafotécnico para se ter a certeza de que as letras seriam de Adoniran. “Pelo exame, as letras são dele.” Os responsáveis pelo projeto querem ainda fazer um documentário e um longa sobre o maior sambista de São Paulo.

Amigo dizia que ganhou versos do sambista

As letras creditadas a Adoniran Barbosa ficaram engavetadas por anos em pastas sob a guarda de Juvenal Fernandes, um antigo amigo do sambista, ex-sócio da editora Fermata e da editora e gravadora Arlequim, onde elas permaneceram depois da morte de Fernandes até serem descobertas pelos produtores do novo projeto de agora.

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Juvenal recebeu a reportagem do extinto Jornal da Tarde, em 2004. Falou sobre sua amizade com Adoniran e mostrou uma pasta com algo em torno de 100 músicas deixadas pelo sambista. Mais do que as 14 escolhidas para o projeto, era refletido ali um Adoniran ainda mais rebuscado. Ele escrevia como um religioso de fé cega, um pensador lírico que citava o poeta inglês Lord Byron, o bandeirante João Ramalho e os padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta. Uma das letras dizia: “Os jesuítas e as missões / os aventureiros bandeirantes / entradas, fronteiras e os sertões / histórias de sagas triunfantes”.

Fernandes contou como era sua relação com Adoniran: “Ele chegava ao meu escritório na editora com suas anotações feitas em qualquer papel que achava pela frente e dizia: ‘Guarda aí com você Juvenal, um dia a gente mexe nisso’.” Fernandes procurou, em 1989, Maria Helena Rubinato, filha e herdeira única de Adoniran, que assinou um contrato permitindo o lançamento que hoje passa a ser uma realidade. 

O nome de Adoniran Barbosa aparece no centro de um projeto ambicioso a partir de hoje, 34 anos depois de sua morte. Um disco e um DVD, lançados pela Gravadora Eldorado sob o título Adoniran – Se Assoprar Posso Acender de Novo, trazem 14 faixas nunca gravadas, com letras creditadas ao autor de Trem das Onze. A produção é grandiosa e trabalha em várias frentes de intérpretes. Ney Matogrosso canta Passou (que aparece assinada por Adoniran e Pepe Avila); Criolo interpreta Até Amanhã (Adoniran e Wilma Camargo); Liniker é a voz de O Barzinho (Adoniran com Renato Luiz); e Fernanda Takai com Leo Cavalcanti cantam O Rostinho de Maria (outra de Adoniran com Pepe Avila).

Adoniran Barbosa em 1978 Foto: Arquivo/Estadão

O material começa a ser mostrado hoje, com exclusividade, pela Rádio Eldorado (FM 92,9), em boletins que entram às 9h30 e 15h30. Isso até o dia de lançamento, em 25 de novembro. A produção do áudio ficou com Lucas Mayer e a de vídeo (o DVD traz clipes das canções), com Cássio Pardini.

As músicas consideradas perdidas de Adoniran são uma questão antiga que ainda levanta poeira no meio artístico. Mesmo sem provas, pessoas que conheceram bem o sambista do Bixiga não sentem que ele passou de fato por ali. Alguns versos soariam rebuscados demais, ou pertencentes a um universo estranho ao compositor. A música defendida por Ney Matogrosso seria uma delas. “Passou como deve passar o que passou, e como passou só sei que deve passar como a onda sobre o mar, como a ave sobre o mar, o rio nas pedras lisas, as árvores sentindo a brisa, o vento pelas folhagens, as flores e as aragens... Passou o ódio que ficou de alguém de estar só sem ninguém / Passou ontem, passa hoje, também amanhã vai passar.”

Ney diz que não sabia da polêmica até a reportagem ligar. “Eu não fazia ideia disso, e essa música me parece dele (Adoniran). Outra questão é que ninguém está cantando com aquele tipo de dialeto que Adoniran criou, isso pode fazer diferença”, diz. Eduardo Gudin disse não às letras duas vezes. A primeira foi quando procuravam parceiros para musicarem o material deixado pelo sambista depois de sua morte. A segunda foi mais recente, quando os produtores do projeto o convidaram para gravar um depoimento sobre o músico. “Eu não tive a certeza de que aquilo era de Adoniran. Por isso, preferi ficar de fora”.

A qualidade do material é o que o defende e, ainda que não houvesse o nome de Adoniran, seria um bom disco. Há momentos em que o sambista parece se fazer mais presente, como na graciosa Receita de Pizza (musicada pelo sambista Jorge Costa e defendida por Mauricio Pereira): “O pizzaiolo de branco amassa a massa e a farinha / soco, murro e bofetada na coitada da bolinha.” Em Encalacrado, assinada só por Adoniran, Marco Matolli e Fabiana Cozza dividem um tempo que lembra muito Martinho da Vila. O violonista Paulinho Nogueira, morto em 2003, também deixou música para uma das letras. Ninguém Pode Negar é cantada por Eduardo Pitta. “Mas ninguém pode negar por abstêmio que seja que a melhor coisa do mundo é tomar uma cerveja”.

O responsável pela Gravadora Eldorado, Murilo Pontes, diz que foi feito um exame grafotécnico para se ter a certeza de que as letras seriam de Adoniran. “Pelo exame, as letras são dele.” Os responsáveis pelo projeto querem ainda fazer um documentário e um longa sobre o maior sambista de São Paulo.

Amigo dizia que ganhou versos do sambista

As letras creditadas a Adoniran Barbosa ficaram engavetadas por anos em pastas sob a guarda de Juvenal Fernandes, um antigo amigo do sambista, ex-sócio da editora Fermata e da editora e gravadora Arlequim, onde elas permaneceram depois da morte de Fernandes até serem descobertas pelos produtores do novo projeto de agora.

Juvenal recebeu a reportagem do extinto Jornal da Tarde, em 2004. Falou sobre sua amizade com Adoniran e mostrou uma pasta com algo em torno de 100 músicas deixadas pelo sambista. Mais do que as 14 escolhidas para o projeto, era refletido ali um Adoniran ainda mais rebuscado. Ele escrevia como um religioso de fé cega, um pensador lírico que citava o poeta inglês Lord Byron, o bandeirante João Ramalho e os padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta. Uma das letras dizia: “Os jesuítas e as missões / os aventureiros bandeirantes / entradas, fronteiras e os sertões / histórias de sagas triunfantes”.

Fernandes contou como era sua relação com Adoniran: “Ele chegava ao meu escritório na editora com suas anotações feitas em qualquer papel que achava pela frente e dizia: ‘Guarda aí com você Juvenal, um dia a gente mexe nisso’.” Fernandes procurou, em 1989, Maria Helena Rubinato, filha e herdeira única de Adoniran, que assinou um contrato permitindo o lançamento que hoje passa a ser uma realidade. 

O nome de Adoniran Barbosa aparece no centro de um projeto ambicioso a partir de hoje, 34 anos depois de sua morte. Um disco e um DVD, lançados pela Gravadora Eldorado sob o título Adoniran – Se Assoprar Posso Acender de Novo, trazem 14 faixas nunca gravadas, com letras creditadas ao autor de Trem das Onze. A produção é grandiosa e trabalha em várias frentes de intérpretes. Ney Matogrosso canta Passou (que aparece assinada por Adoniran e Pepe Avila); Criolo interpreta Até Amanhã (Adoniran e Wilma Camargo); Liniker é a voz de O Barzinho (Adoniran com Renato Luiz); e Fernanda Takai com Leo Cavalcanti cantam O Rostinho de Maria (outra de Adoniran com Pepe Avila).

Adoniran Barbosa em 1978 Foto: Arquivo/Estadão

O material começa a ser mostrado hoje, com exclusividade, pela Rádio Eldorado (FM 92,9), em boletins que entram às 9h30 e 15h30. Isso até o dia de lançamento, em 25 de novembro. A produção do áudio ficou com Lucas Mayer e a de vídeo (o DVD traz clipes das canções), com Cássio Pardini.

As músicas consideradas perdidas de Adoniran são uma questão antiga que ainda levanta poeira no meio artístico. Mesmo sem provas, pessoas que conheceram bem o sambista do Bixiga não sentem que ele passou de fato por ali. Alguns versos soariam rebuscados demais, ou pertencentes a um universo estranho ao compositor. A música defendida por Ney Matogrosso seria uma delas. “Passou como deve passar o que passou, e como passou só sei que deve passar como a onda sobre o mar, como a ave sobre o mar, o rio nas pedras lisas, as árvores sentindo a brisa, o vento pelas folhagens, as flores e as aragens... Passou o ódio que ficou de alguém de estar só sem ninguém / Passou ontem, passa hoje, também amanhã vai passar.”

Ney diz que não sabia da polêmica até a reportagem ligar. “Eu não fazia ideia disso, e essa música me parece dele (Adoniran). Outra questão é que ninguém está cantando com aquele tipo de dialeto que Adoniran criou, isso pode fazer diferença”, diz. Eduardo Gudin disse não às letras duas vezes. A primeira foi quando procuravam parceiros para musicarem o material deixado pelo sambista depois de sua morte. A segunda foi mais recente, quando os produtores do projeto o convidaram para gravar um depoimento sobre o músico. “Eu não tive a certeza de que aquilo era de Adoniran. Por isso, preferi ficar de fora”.

A qualidade do material é o que o defende e, ainda que não houvesse o nome de Adoniran, seria um bom disco. Há momentos em que o sambista parece se fazer mais presente, como na graciosa Receita de Pizza (musicada pelo sambista Jorge Costa e defendida por Mauricio Pereira): “O pizzaiolo de branco amassa a massa e a farinha / soco, murro e bofetada na coitada da bolinha.” Em Encalacrado, assinada só por Adoniran, Marco Matolli e Fabiana Cozza dividem um tempo que lembra muito Martinho da Vila. O violonista Paulinho Nogueira, morto em 2003, também deixou música para uma das letras. Ninguém Pode Negar é cantada por Eduardo Pitta. “Mas ninguém pode negar por abstêmio que seja que a melhor coisa do mundo é tomar uma cerveja”.

O responsável pela Gravadora Eldorado, Murilo Pontes, diz que foi feito um exame grafotécnico para se ter a certeza de que as letras seriam de Adoniran. “Pelo exame, as letras são dele.” Os responsáveis pelo projeto querem ainda fazer um documentário e um longa sobre o maior sambista de São Paulo.

Amigo dizia que ganhou versos do sambista

As letras creditadas a Adoniran Barbosa ficaram engavetadas por anos em pastas sob a guarda de Juvenal Fernandes, um antigo amigo do sambista, ex-sócio da editora Fermata e da editora e gravadora Arlequim, onde elas permaneceram depois da morte de Fernandes até serem descobertas pelos produtores do novo projeto de agora.

Juvenal recebeu a reportagem do extinto Jornal da Tarde, em 2004. Falou sobre sua amizade com Adoniran e mostrou uma pasta com algo em torno de 100 músicas deixadas pelo sambista. Mais do que as 14 escolhidas para o projeto, era refletido ali um Adoniran ainda mais rebuscado. Ele escrevia como um religioso de fé cega, um pensador lírico que citava o poeta inglês Lord Byron, o bandeirante João Ramalho e os padres Manuel da Nóbrega e José de Anchieta. Uma das letras dizia: “Os jesuítas e as missões / os aventureiros bandeirantes / entradas, fronteiras e os sertões / histórias de sagas triunfantes”.

Fernandes contou como era sua relação com Adoniran: “Ele chegava ao meu escritório na editora com suas anotações feitas em qualquer papel que achava pela frente e dizia: ‘Guarda aí com você Juvenal, um dia a gente mexe nisso’.” Fernandes procurou, em 1989, Maria Helena Rubinato, filha e herdeira única de Adoniran, que assinou um contrato permitindo o lançamento que hoje passa a ser uma realidade. 

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