Análise: Oasis nasceu na antítese do niilismo do grunge dos EUA


Os desbocados Gallaghers surgiram sem medo de falar sobre o rock and roll, a vida jovem sem cabrestos, com hinos como Rock ‘n’ Roll Star, Supersonic e Cigarettes & Alcohol

Por Pedro Antunes
Oasis Foto: Jill Furmanovksy / Divulgação

Os Estados Unidos haviam apresentado o grunge para o mundo. A raiva inerente de Kurt Cobain era colocada para fora com força, gritos guturais que rasgavam a garganta do vocalista. E ele o fazia para machucar, a si mesmo e a todos ao seu redor. O pessimismo do início dos anos 1990 na América, contudo, não existia no Reino Unido. O tempo de Margaret Thatcher, do partido conservador, havia chegado ao fim. De 1979 a 1990, ela comandou a ilha com mãos de ferro durante os duros anos da Guerra Fria. Havia uma euforia naquela virada de década. A música eletrônica se espalhava pelos campos verdes ingleses em raves eternas entorpecidas por drogas alucinógenas – daí, por exemplo, surgiu o grande disco Screamadelica, do Primal Scream, de 1991. 

LEIA MAIS: Documentário sobre Oasis, que será exibido em São Paulo, evita criar heróis e vilões

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O Oasis nasce nesse cenário. Na contramão de ambas correntes. Não havia o niilismo de Kurt Cobain e companhia. Não havia as veias entorpecidas de ácido que funcionava como combustível para os amantes da música eletrônica. Havia, sim, uma euforia em uma via aberta pelo Blur que, com dois bons discos, Leisure (1991) e Modern Life Is Rubbish (1993), iniciava o movimento depois conhecido como britpop – Pulp e Suede, embora mais obscuros, completavam o quarteto. 

10 encrencas dos irmãos ‘metralha’ Gallagher, do Oasis

1 | 2

Os maninhos em 1998

2 | 2

Noel Gallagher 'brinca' com Liam Gallagher

E é curioso pensar que talvez não houvesse espaço para o surgimento do Oasis, não fosse o próprio Blur, banda de Damon Albarn, jogar a atenção nos irmãos Gallagher. Alan McGee, dono do selo Creation Records, responsável por descobrir bandas como Stone Roses, Primal Scream, Teenage Fanclub, Ride e, claro, o Oasis, disse certa vez que o grande erro do Blur foi chamar o Oasis para a briga ao comparar a batalha de vendas de singles e discos protagonizada pelas duas bandas. Ele via o erro do Blur como em uma luta de boxe. Você, campeão, não chama um novato para o ringue. Se vencer, não terá mérito algum e ainda colocou o rival no seu mesmo patamar. Se perder, você acabou de consagrar o desconhecido. 

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Foi isso que o Blur fez quando o Oasis se tornou uma sensação, depois do lançamento do disco de estreia, Definitely Maybe, em 1994. No álbum, os desbocados Gallaghers falavam sem medo sobre o rock and roll, a vida jovem sem cabrestos, com hinos como Rock ‘n’ Roll Star, Supersonic e Cigarettes & Alcohol. Albarn, líder do Blur, chamou o Oasis para a briga no ano seguinte. Na batalha dos singles mais vendidos, o Blur levou a melhor. Country House vendeu 60 mil cópias a mais do que Roll with It. Era uma prévia. Quando o disco (What’s the Story) Morning Glory? disputou com The Great Escape (1995), a vitória foi dos irmãos Gallagher. E a Inglaterra tinha novos (e desbocados) reis. 

Oasis Foto: Jill Furmanovksy / Divulgação

Os Estados Unidos haviam apresentado o grunge para o mundo. A raiva inerente de Kurt Cobain era colocada para fora com força, gritos guturais que rasgavam a garganta do vocalista. E ele o fazia para machucar, a si mesmo e a todos ao seu redor. O pessimismo do início dos anos 1990 na América, contudo, não existia no Reino Unido. O tempo de Margaret Thatcher, do partido conservador, havia chegado ao fim. De 1979 a 1990, ela comandou a ilha com mãos de ferro durante os duros anos da Guerra Fria. Havia uma euforia naquela virada de década. A música eletrônica se espalhava pelos campos verdes ingleses em raves eternas entorpecidas por drogas alucinógenas – daí, por exemplo, surgiu o grande disco Screamadelica, do Primal Scream, de 1991. 

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O Oasis nasce nesse cenário. Na contramão de ambas correntes. Não havia o niilismo de Kurt Cobain e companhia. Não havia as veias entorpecidas de ácido que funcionava como combustível para os amantes da música eletrônica. Havia, sim, uma euforia em uma via aberta pelo Blur que, com dois bons discos, Leisure (1991) e Modern Life Is Rubbish (1993), iniciava o movimento depois conhecido como britpop – Pulp e Suede, embora mais obscuros, completavam o quarteto. 

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E é curioso pensar que talvez não houvesse espaço para o surgimento do Oasis, não fosse o próprio Blur, banda de Damon Albarn, jogar a atenção nos irmãos Gallagher. Alan McGee, dono do selo Creation Records, responsável por descobrir bandas como Stone Roses, Primal Scream, Teenage Fanclub, Ride e, claro, o Oasis, disse certa vez que o grande erro do Blur foi chamar o Oasis para a briga ao comparar a batalha de vendas de singles e discos protagonizada pelas duas bandas. Ele via o erro do Blur como em uma luta de boxe. Você, campeão, não chama um novato para o ringue. Se vencer, não terá mérito algum e ainda colocou o rival no seu mesmo patamar. Se perder, você acabou de consagrar o desconhecido. 

Foi isso que o Blur fez quando o Oasis se tornou uma sensação, depois do lançamento do disco de estreia, Definitely Maybe, em 1994. No álbum, os desbocados Gallaghers falavam sem medo sobre o rock and roll, a vida jovem sem cabrestos, com hinos como Rock ‘n’ Roll Star, Supersonic e Cigarettes & Alcohol. Albarn, líder do Blur, chamou o Oasis para a briga no ano seguinte. Na batalha dos singles mais vendidos, o Blur levou a melhor. Country House vendeu 60 mil cópias a mais do que Roll with It. Era uma prévia. Quando o disco (What’s the Story) Morning Glory? disputou com The Great Escape (1995), a vitória foi dos irmãos Gallagher. E a Inglaterra tinha novos (e desbocados) reis. 

Oasis Foto: Jill Furmanovksy / Divulgação

Os Estados Unidos haviam apresentado o grunge para o mundo. A raiva inerente de Kurt Cobain era colocada para fora com força, gritos guturais que rasgavam a garganta do vocalista. E ele o fazia para machucar, a si mesmo e a todos ao seu redor. O pessimismo do início dos anos 1990 na América, contudo, não existia no Reino Unido. O tempo de Margaret Thatcher, do partido conservador, havia chegado ao fim. De 1979 a 1990, ela comandou a ilha com mãos de ferro durante os duros anos da Guerra Fria. Havia uma euforia naquela virada de década. A música eletrônica se espalhava pelos campos verdes ingleses em raves eternas entorpecidas por drogas alucinógenas – daí, por exemplo, surgiu o grande disco Screamadelica, do Primal Scream, de 1991. 

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O Oasis nasce nesse cenário. Na contramão de ambas correntes. Não havia o niilismo de Kurt Cobain e companhia. Não havia as veias entorpecidas de ácido que funcionava como combustível para os amantes da música eletrônica. Havia, sim, uma euforia em uma via aberta pelo Blur que, com dois bons discos, Leisure (1991) e Modern Life Is Rubbish (1993), iniciava o movimento depois conhecido como britpop – Pulp e Suede, embora mais obscuros, completavam o quarteto. 

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E é curioso pensar que talvez não houvesse espaço para o surgimento do Oasis, não fosse o próprio Blur, banda de Damon Albarn, jogar a atenção nos irmãos Gallagher. Alan McGee, dono do selo Creation Records, responsável por descobrir bandas como Stone Roses, Primal Scream, Teenage Fanclub, Ride e, claro, o Oasis, disse certa vez que o grande erro do Blur foi chamar o Oasis para a briga ao comparar a batalha de vendas de singles e discos protagonizada pelas duas bandas. Ele via o erro do Blur como em uma luta de boxe. Você, campeão, não chama um novato para o ringue. Se vencer, não terá mérito algum e ainda colocou o rival no seu mesmo patamar. Se perder, você acabou de consagrar o desconhecido. 

Foi isso que o Blur fez quando o Oasis se tornou uma sensação, depois do lançamento do disco de estreia, Definitely Maybe, em 1994. No álbum, os desbocados Gallaghers falavam sem medo sobre o rock and roll, a vida jovem sem cabrestos, com hinos como Rock ‘n’ Roll Star, Supersonic e Cigarettes & Alcohol. Albarn, líder do Blur, chamou o Oasis para a briga no ano seguinte. Na batalha dos singles mais vendidos, o Blur levou a melhor. Country House vendeu 60 mil cópias a mais do que Roll with It. Era uma prévia. Quando o disco (What’s the Story) Morning Glory? disputou com The Great Escape (1995), a vitória foi dos irmãos Gallagher. E a Inglaterra tinha novos (e desbocados) reis. 

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