Análise: Virada Cultural sem violência seria histórica, mas sinais não são promissores


Ao apresentar a edição 2023, prefeito Ricardo Nunes não prioriza em fala o tema segurança; histórico mostra que nem shows de artistas como Caetano e Ney Matogrosso salvaram anos que não tiveram policiamento estratégico eficiente

Por Julio Maria

Até aqui foram 18 edições. Dezoito anos em que a cidade oferece 24 horas de música em praças abertas e aparelhos públicos, chamando os habitantes a reocuparem o que é deles por um lado e, ao mesmo tempo, e em um interessante movimento contrário, levando artistas de custo médio e alto para palcos de bairros periféricos. Inspirada no projeto Nuit Branche (Noite Branca), de Paris e de Praga, que mantém seus aparelhos culturais abertos e livres de pagamento uma vez por ano, a Virada de São Paulo tem, infelizmente, começado nas páginas culturais e terminado nas policiais.

Coletiva de imprensa da virada cultural com a presença do prefeito Ricardo Nunes Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Por maiores que sejam os esforços e as boas intenções da prefeitura com logística, curadoria artística, infraestrutura e limpeza, tudo pode ser enterrado na memória dos frequentadores assim que tiver início um distópico roteiro observado há 18 anos por quem cobre ou frequenta Viradas Culturais nos palcos centrais da cidade: roubos, assaltos e arrastões no espaço aberto do Vale do Anhangabaú e em suas imediações. Não é agouro, é histórico. Se a produção tem estratégias para fazer tudo funcionar, os criminosos também têm, e já se organizam para agirem em um ambiente próspero ao roubo e ao furto.

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Duas modalidades criminosas têm ganhado força, e devem se repetir neste ano: os arrastões feitos em lugares com maior concentração de pessoas, como a própria pista diante do palco, e em corredores mais estreitos, como as ruas que ligam o Anhangabaú ao Largo do Paissandú. Nas vias mais abertas, como nas avenidas Ipiranga e São João, os roubos são feitos também por quadrilhas de ciclistas.

Em 2022, o policiamento foi reforçado nas laterais do Vale, submetendo as pessoas que adentravam à praça a uma revista que não vingou por muito tempo. Enquanto as viaturas e os policiais permaneciam nas laterais, os assaltantes provocavam tumultos intencionais em meio ao público para furtarem carteiras e celulares. Ficou claro um erro estratégico: a polícia precisa estar entre a multidão, e não apenas observá-la à distância. Depois do terceiro tumulto, a sensação de insegurança era tamanha que acabou fazendo com que várias pessoas deixassem o local.

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Supla foi um dos destaques da coletiva  Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Se a estranha coletiva de imprensa para anunciar a Virada Cultural 2023, realizada na manhã desta terça, no Centro Cultural São Paulo, serviu para algo, foi acender um sinal amarelo. Ao não dizerem a palavra segurança de forma espontânea durante suas breves explanações, o prefeito Ricardo Nunes e a secretária de Cultura, Aline Torres, deixaram dúvidas sobre o quanto colocam foco no que deveria ser o coração da Virada. Sem segurança inteligente, provaram as edições anteriores, todo esforço é colocado abaixo. Nem viradas que tiveram Caetano Veloso, Ney Matogrosso ou Racionais MC’s foram salvas pelo argumento artístico. O que fica é o medo e a sensação de insegurança.

Apesar de estar presente à mesa das autoridades, a secretária de Segurança Urbana, Elza Paulina Souza, não foi convidada a falar. Aline, depois de ouvir o prefeito Ricardo Nunes, o secretário de Turismo, Rodolfo Marinho, e o presidente da SPTuris, Gustavo Pires, chamou ao palco artistas como Supla, Tierry e Karol Conká, que se disseram emocionados em participar da festa. Elza falou ao Estadão, depois do evento, que as pessoas podem dar um voto de confiança ao trabalho da Prefeitura, e que o policiamento estará reforçado. Aline, também de forma reservada, respondeu sobre o esquema de policiamento: “Vamos usar algo que já está sendo adotado pelos festivais particulares.” Se erradicar a violência grave da Virada por 24 horas, a gestão de Ricardo Nunes faz história. Se não, apenas terá, mais uma vez, convidado sua população para um encontro com o perigo.

Até aqui foram 18 edições. Dezoito anos em que a cidade oferece 24 horas de música em praças abertas e aparelhos públicos, chamando os habitantes a reocuparem o que é deles por um lado e, ao mesmo tempo, e em um interessante movimento contrário, levando artistas de custo médio e alto para palcos de bairros periféricos. Inspirada no projeto Nuit Branche (Noite Branca), de Paris e de Praga, que mantém seus aparelhos culturais abertos e livres de pagamento uma vez por ano, a Virada de São Paulo tem, infelizmente, começado nas páginas culturais e terminado nas policiais.

Coletiva de imprensa da virada cultural com a presença do prefeito Ricardo Nunes Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Por maiores que sejam os esforços e as boas intenções da prefeitura com logística, curadoria artística, infraestrutura e limpeza, tudo pode ser enterrado na memória dos frequentadores assim que tiver início um distópico roteiro observado há 18 anos por quem cobre ou frequenta Viradas Culturais nos palcos centrais da cidade: roubos, assaltos e arrastões no espaço aberto do Vale do Anhangabaú e em suas imediações. Não é agouro, é histórico. Se a produção tem estratégias para fazer tudo funcionar, os criminosos também têm, e já se organizam para agirem em um ambiente próspero ao roubo e ao furto.

Duas modalidades criminosas têm ganhado força, e devem se repetir neste ano: os arrastões feitos em lugares com maior concentração de pessoas, como a própria pista diante do palco, e em corredores mais estreitos, como as ruas que ligam o Anhangabaú ao Largo do Paissandú. Nas vias mais abertas, como nas avenidas Ipiranga e São João, os roubos são feitos também por quadrilhas de ciclistas.

Em 2022, o policiamento foi reforçado nas laterais do Vale, submetendo as pessoas que adentravam à praça a uma revista que não vingou por muito tempo. Enquanto as viaturas e os policiais permaneciam nas laterais, os assaltantes provocavam tumultos intencionais em meio ao público para furtarem carteiras e celulares. Ficou claro um erro estratégico: a polícia precisa estar entre a multidão, e não apenas observá-la à distância. Depois do terceiro tumulto, a sensação de insegurança era tamanha que acabou fazendo com que várias pessoas deixassem o local.

Supla foi um dos destaques da coletiva  Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Se a estranha coletiva de imprensa para anunciar a Virada Cultural 2023, realizada na manhã desta terça, no Centro Cultural São Paulo, serviu para algo, foi acender um sinal amarelo. Ao não dizerem a palavra segurança de forma espontânea durante suas breves explanações, o prefeito Ricardo Nunes e a secretária de Cultura, Aline Torres, deixaram dúvidas sobre o quanto colocam foco no que deveria ser o coração da Virada. Sem segurança inteligente, provaram as edições anteriores, todo esforço é colocado abaixo. Nem viradas que tiveram Caetano Veloso, Ney Matogrosso ou Racionais MC’s foram salvas pelo argumento artístico. O que fica é o medo e a sensação de insegurança.

Apesar de estar presente à mesa das autoridades, a secretária de Segurança Urbana, Elza Paulina Souza, não foi convidada a falar. Aline, depois de ouvir o prefeito Ricardo Nunes, o secretário de Turismo, Rodolfo Marinho, e o presidente da SPTuris, Gustavo Pires, chamou ao palco artistas como Supla, Tierry e Karol Conká, que se disseram emocionados em participar da festa. Elza falou ao Estadão, depois do evento, que as pessoas podem dar um voto de confiança ao trabalho da Prefeitura, e que o policiamento estará reforçado. Aline, também de forma reservada, respondeu sobre o esquema de policiamento: “Vamos usar algo que já está sendo adotado pelos festivais particulares.” Se erradicar a violência grave da Virada por 24 horas, a gestão de Ricardo Nunes faz história. Se não, apenas terá, mais uma vez, convidado sua população para um encontro com o perigo.

Até aqui foram 18 edições. Dezoito anos em que a cidade oferece 24 horas de música em praças abertas e aparelhos públicos, chamando os habitantes a reocuparem o que é deles por um lado e, ao mesmo tempo, e em um interessante movimento contrário, levando artistas de custo médio e alto para palcos de bairros periféricos. Inspirada no projeto Nuit Branche (Noite Branca), de Paris e de Praga, que mantém seus aparelhos culturais abertos e livres de pagamento uma vez por ano, a Virada de São Paulo tem, infelizmente, começado nas páginas culturais e terminado nas policiais.

Coletiva de imprensa da virada cultural com a presença do prefeito Ricardo Nunes Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Por maiores que sejam os esforços e as boas intenções da prefeitura com logística, curadoria artística, infraestrutura e limpeza, tudo pode ser enterrado na memória dos frequentadores assim que tiver início um distópico roteiro observado há 18 anos por quem cobre ou frequenta Viradas Culturais nos palcos centrais da cidade: roubos, assaltos e arrastões no espaço aberto do Vale do Anhangabaú e em suas imediações. Não é agouro, é histórico. Se a produção tem estratégias para fazer tudo funcionar, os criminosos também têm, e já se organizam para agirem em um ambiente próspero ao roubo e ao furto.

Duas modalidades criminosas têm ganhado força, e devem se repetir neste ano: os arrastões feitos em lugares com maior concentração de pessoas, como a própria pista diante do palco, e em corredores mais estreitos, como as ruas que ligam o Anhangabaú ao Largo do Paissandú. Nas vias mais abertas, como nas avenidas Ipiranga e São João, os roubos são feitos também por quadrilhas de ciclistas.

Em 2022, o policiamento foi reforçado nas laterais do Vale, submetendo as pessoas que adentravam à praça a uma revista que não vingou por muito tempo. Enquanto as viaturas e os policiais permaneciam nas laterais, os assaltantes provocavam tumultos intencionais em meio ao público para furtarem carteiras e celulares. Ficou claro um erro estratégico: a polícia precisa estar entre a multidão, e não apenas observá-la à distância. Depois do terceiro tumulto, a sensação de insegurança era tamanha que acabou fazendo com que várias pessoas deixassem o local.

Supla foi um dos destaques da coletiva  Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

Se a estranha coletiva de imprensa para anunciar a Virada Cultural 2023, realizada na manhã desta terça, no Centro Cultural São Paulo, serviu para algo, foi acender um sinal amarelo. Ao não dizerem a palavra segurança de forma espontânea durante suas breves explanações, o prefeito Ricardo Nunes e a secretária de Cultura, Aline Torres, deixaram dúvidas sobre o quanto colocam foco no que deveria ser o coração da Virada. Sem segurança inteligente, provaram as edições anteriores, todo esforço é colocado abaixo. Nem viradas que tiveram Caetano Veloso, Ney Matogrosso ou Racionais MC’s foram salvas pelo argumento artístico. O que fica é o medo e a sensação de insegurança.

Apesar de estar presente à mesa das autoridades, a secretária de Segurança Urbana, Elza Paulina Souza, não foi convidada a falar. Aline, depois de ouvir o prefeito Ricardo Nunes, o secretário de Turismo, Rodolfo Marinho, e o presidente da SPTuris, Gustavo Pires, chamou ao palco artistas como Supla, Tierry e Karol Conká, que se disseram emocionados em participar da festa. Elza falou ao Estadão, depois do evento, que as pessoas podem dar um voto de confiança ao trabalho da Prefeitura, e que o policiamento estará reforçado. Aline, também de forma reservada, respondeu sobre o esquema de policiamento: “Vamos usar algo que já está sendo adotado pelos festivais particulares.” Se erradicar a violência grave da Virada por 24 horas, a gestão de Ricardo Nunes faz história. Se não, apenas terá, mais uma vez, convidado sua população para um encontro com o perigo.

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