Após abandono, mausoléu de Carlos Gardel ganha fã como ‘guardiã’


Edith Beraldi ajuda a garantir que o local esteja à altura do cantor para receber visitas e homenagens

Por Concepción M. Moreno

EFE - Em um passeio cheio de túmulos profanados e panteões ultrajados, com vidros quebrados e fechaduras forçadas, a figura do cantor de tango Carlos Gardel (1890-1935) surge com pose desafiadora no cruzamento das ruas 33 e 6 desta pequena cidade que é o Cemitério da Chacarita, na Argentina.

As flores caídas inundam de amarelo, em uma primavera abrasada pelo calor, o maior cemitério de Buenos Aires, que é também o lugar de descanso final de outras figuras relevantes do tango, como os artistas Roberto Goyeneche, Tita Merello, Enrique Santos Discépolo, Aníbal Troilo e Francisco Canaro.

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No domingo, 11, foi o aniversário de “Zorzal criollo” – e Edith Beraldi arranca qualquer teia de aranha mínima para que o mausoléu onde desde 1937 descansam seus restos mortais e os de sua mãe, Berthe Gardés, pareça limpo e cuidado, como ela faz todos os sábados desde 2019.

“Gardel, neste momento, é extremamente importante porque talvez tenha vindo preencher aquele vazio deixado pelos meus pais quando eles morreram, com uma diferença de 10 meses, entre 2014 e 2015″, explica Beraldi, que reconhece que a sua “admiração” por “el Mago” vem “desde o berço”, pois “era comum falar dele, ver seus filmes, ouvir suas canções” com seu pai, como comenta agora.

Flores e cinzas

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Se o túmulo de Jim Morrison em Paris está inundado de mensagens, presentes e garrafas de uísque, sempre há flores frescas e cinzas de cigarro ao pé da escultura que representa Gardel com a mão esquerda no bolso da calça e a direita com os dedos meio abertos, como quem espera um trago.

“Desde que me entendo por gente, vinha com meu pai, e ele me pegava e nós colocávamos um cigarro aceso na mão dele, e isso continua sendo feito, porque continua sendo transmitido. Algumas pessoas dizem que pedem desejos e, se o cigarro é consumido, os desejos são realizados”, diz esta argentina de 57 anos que confessa ter conseguido um pedido depois de lhe deixar um Chesterfield – a marca favorita de Carlos Gardel.

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Beraldi pertence à Fundação Internacional Carlos Gardel, que desde agosto de 2018 tem a cessão dos direitos do intérprete e compositor, com o compromisso de salvaguardar e revalorizar sua memória e legado, segundo o site oficial.

A partir desse momento, o túmulo, que ao longo dos anos havia enfrentado momentos de abandono, passou a ser cuidado por Edith Beraldi.

Rotina de cuidado

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A grafóloga viaja aos sábados de Avellaneda (província de Buenos Aires) em seu carro, no qual carrega utensílios de limpeza e um livro de visitas, que descarrega e deixa à mostra para que admiradores e curiosos escrevam mensagens.

“Fico até fechar o cemitério, às cinco da tarde. Às vezes mais uns minutos, porque vem muita gente, e alguém sempre fica para conversar”, diz ela, admitindo que, durante a semana, anda sempre com a chave, caso tenha tempo de dar uma passada para “abrir, ventilar um pouco e manter tudo arrumado”.

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Homenagens

Mensagens de gratidão e amor enchem a parede externa do mausoléu, de onde pendem placas de países tão diferentes quanto Japão, Colômbia, Equador, Porto Rico, Estados Unidos e México.

A gardeliana revela que muitas anedotas ali vividas a “comovem”, como a de um jovem russo que “amava o tango” e vinha “com desejo de conhecer este lugar”.

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No interior, que se acessa por uma pequena escada, podem-se ver flores, fotos de família e dois caixões cobertos – o de Gardel, bordado com o típico filete portenho que, acrescenta Beraldi, foi feito por sua filha.

Novas gerações

Quando fala das novas gerações, ela diz que o amor pelo “morocho del Abasto” ainda é “atual”.

“Meus pais foram embora, muitos amigos deles foram embora, todos gardelianos, mas o mausoléu está sempre cheio. As coisas vão se renovando porque acredito que Gardel é eterno e as pessoas sabem valorizar o que é bom”, resume ela.

Na pele

Beraldi está marcada com a paixão por Gardel – e não é força de expressão. Seu braço esquerdo traz a assinatura do “Zorzal criollo” e foi tatuado na mesma época que seu pai. Quando ele estava prestes a completar 80 anos, ambos decidiram levar Carlitos não só “na alma”, mas “na pele”.

Mais tarde, ela adicionou uma silhueta de Gardel a seu antebraço direito.

Quando lhe perguntam o que sua figura significa para o mundo da música, ela não hesita em afirmar que “ele deu uma contribuição muito valiosa culturalmente” e destaca “inovações e conquistas que ninguém conseguiu até hoje”, como a gravar um dueto com sua voz em dois tons ou cantar a Cappella em uma rádio de Nova York enquanto seus músicos estavam em uma emissora de Buenos Aires. “Incrível”, ela resume.

A grafoanalista Edith Beraldi pertence à Fundação Internacional Carlos Gardel, que desde agosto de 2018 concedeu os direitos ao intérprete e compositor, com o compromisso de salvaguardar e revalorizar a sua memória e legado. Crédito: Infobae Foto: Infobae

Sua voz, eternamente jovem, ancorada naquele 24 de junho de 1935, quando perdeu a vida em um acidente aéreo na Colômbia, cantará mais uma vez De flor en flor, Secreto ou El día que me quieras junto com inúmeros gardelianos para comemorar seu aniversário no que Beraldi chama de “o altar do tango”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

EFE - Em um passeio cheio de túmulos profanados e panteões ultrajados, com vidros quebrados e fechaduras forçadas, a figura do cantor de tango Carlos Gardel (1890-1935) surge com pose desafiadora no cruzamento das ruas 33 e 6 desta pequena cidade que é o Cemitério da Chacarita, na Argentina.

As flores caídas inundam de amarelo, em uma primavera abrasada pelo calor, o maior cemitério de Buenos Aires, que é também o lugar de descanso final de outras figuras relevantes do tango, como os artistas Roberto Goyeneche, Tita Merello, Enrique Santos Discépolo, Aníbal Troilo e Francisco Canaro.

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No domingo, 11, foi o aniversário de “Zorzal criollo” – e Edith Beraldi arranca qualquer teia de aranha mínima para que o mausoléu onde desde 1937 descansam seus restos mortais e os de sua mãe, Berthe Gardés, pareça limpo e cuidado, como ela faz todos os sábados desde 2019.

“Gardel, neste momento, é extremamente importante porque talvez tenha vindo preencher aquele vazio deixado pelos meus pais quando eles morreram, com uma diferença de 10 meses, entre 2014 e 2015″, explica Beraldi, que reconhece que a sua “admiração” por “el Mago” vem “desde o berço”, pois “era comum falar dele, ver seus filmes, ouvir suas canções” com seu pai, como comenta agora.

Flores e cinzas

Se o túmulo de Jim Morrison em Paris está inundado de mensagens, presentes e garrafas de uísque, sempre há flores frescas e cinzas de cigarro ao pé da escultura que representa Gardel com a mão esquerda no bolso da calça e a direita com os dedos meio abertos, como quem espera um trago.

“Desde que me entendo por gente, vinha com meu pai, e ele me pegava e nós colocávamos um cigarro aceso na mão dele, e isso continua sendo feito, porque continua sendo transmitido. Algumas pessoas dizem que pedem desejos e, se o cigarro é consumido, os desejos são realizados”, diz esta argentina de 57 anos que confessa ter conseguido um pedido depois de lhe deixar um Chesterfield – a marca favorita de Carlos Gardel.

Beraldi pertence à Fundação Internacional Carlos Gardel, que desde agosto de 2018 tem a cessão dos direitos do intérprete e compositor, com o compromisso de salvaguardar e revalorizar sua memória e legado, segundo o site oficial.

A partir desse momento, o túmulo, que ao longo dos anos havia enfrentado momentos de abandono, passou a ser cuidado por Edith Beraldi.

Rotina de cuidado

A grafóloga viaja aos sábados de Avellaneda (província de Buenos Aires) em seu carro, no qual carrega utensílios de limpeza e um livro de visitas, que descarrega e deixa à mostra para que admiradores e curiosos escrevam mensagens.

“Fico até fechar o cemitério, às cinco da tarde. Às vezes mais uns minutos, porque vem muita gente, e alguém sempre fica para conversar”, diz ela, admitindo que, durante a semana, anda sempre com a chave, caso tenha tempo de dar uma passada para “abrir, ventilar um pouco e manter tudo arrumado”.

Homenagens

Mensagens de gratidão e amor enchem a parede externa do mausoléu, de onde pendem placas de países tão diferentes quanto Japão, Colômbia, Equador, Porto Rico, Estados Unidos e México.

A gardeliana revela que muitas anedotas ali vividas a “comovem”, como a de um jovem russo que “amava o tango” e vinha “com desejo de conhecer este lugar”.

No interior, que se acessa por uma pequena escada, podem-se ver flores, fotos de família e dois caixões cobertos – o de Gardel, bordado com o típico filete portenho que, acrescenta Beraldi, foi feito por sua filha.

Novas gerações

Quando fala das novas gerações, ela diz que o amor pelo “morocho del Abasto” ainda é “atual”.

“Meus pais foram embora, muitos amigos deles foram embora, todos gardelianos, mas o mausoléu está sempre cheio. As coisas vão se renovando porque acredito que Gardel é eterno e as pessoas sabem valorizar o que é bom”, resume ela.

Na pele

Beraldi está marcada com a paixão por Gardel – e não é força de expressão. Seu braço esquerdo traz a assinatura do “Zorzal criollo” e foi tatuado na mesma época que seu pai. Quando ele estava prestes a completar 80 anos, ambos decidiram levar Carlitos não só “na alma”, mas “na pele”.

Mais tarde, ela adicionou uma silhueta de Gardel a seu antebraço direito.

Quando lhe perguntam o que sua figura significa para o mundo da música, ela não hesita em afirmar que “ele deu uma contribuição muito valiosa culturalmente” e destaca “inovações e conquistas que ninguém conseguiu até hoje”, como a gravar um dueto com sua voz em dois tons ou cantar a Cappella em uma rádio de Nova York enquanto seus músicos estavam em uma emissora de Buenos Aires. “Incrível”, ela resume.

A grafoanalista Edith Beraldi pertence à Fundação Internacional Carlos Gardel, que desde agosto de 2018 concedeu os direitos ao intérprete e compositor, com o compromisso de salvaguardar e revalorizar a sua memória e legado. Crédito: Infobae Foto: Infobae

Sua voz, eternamente jovem, ancorada naquele 24 de junho de 1935, quando perdeu a vida em um acidente aéreo na Colômbia, cantará mais uma vez De flor en flor, Secreto ou El día que me quieras junto com inúmeros gardelianos para comemorar seu aniversário no que Beraldi chama de “o altar do tango”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

EFE - Em um passeio cheio de túmulos profanados e panteões ultrajados, com vidros quebrados e fechaduras forçadas, a figura do cantor de tango Carlos Gardel (1890-1935) surge com pose desafiadora no cruzamento das ruas 33 e 6 desta pequena cidade que é o Cemitério da Chacarita, na Argentina.

As flores caídas inundam de amarelo, em uma primavera abrasada pelo calor, o maior cemitério de Buenos Aires, que é também o lugar de descanso final de outras figuras relevantes do tango, como os artistas Roberto Goyeneche, Tita Merello, Enrique Santos Discépolo, Aníbal Troilo e Francisco Canaro.

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No domingo, 11, foi o aniversário de “Zorzal criollo” – e Edith Beraldi arranca qualquer teia de aranha mínima para que o mausoléu onde desde 1937 descansam seus restos mortais e os de sua mãe, Berthe Gardés, pareça limpo e cuidado, como ela faz todos os sábados desde 2019.

“Gardel, neste momento, é extremamente importante porque talvez tenha vindo preencher aquele vazio deixado pelos meus pais quando eles morreram, com uma diferença de 10 meses, entre 2014 e 2015″, explica Beraldi, que reconhece que a sua “admiração” por “el Mago” vem “desde o berço”, pois “era comum falar dele, ver seus filmes, ouvir suas canções” com seu pai, como comenta agora.

Flores e cinzas

Se o túmulo de Jim Morrison em Paris está inundado de mensagens, presentes e garrafas de uísque, sempre há flores frescas e cinzas de cigarro ao pé da escultura que representa Gardel com a mão esquerda no bolso da calça e a direita com os dedos meio abertos, como quem espera um trago.

“Desde que me entendo por gente, vinha com meu pai, e ele me pegava e nós colocávamos um cigarro aceso na mão dele, e isso continua sendo feito, porque continua sendo transmitido. Algumas pessoas dizem que pedem desejos e, se o cigarro é consumido, os desejos são realizados”, diz esta argentina de 57 anos que confessa ter conseguido um pedido depois de lhe deixar um Chesterfield – a marca favorita de Carlos Gardel.

Beraldi pertence à Fundação Internacional Carlos Gardel, que desde agosto de 2018 tem a cessão dos direitos do intérprete e compositor, com o compromisso de salvaguardar e revalorizar sua memória e legado, segundo o site oficial.

A partir desse momento, o túmulo, que ao longo dos anos havia enfrentado momentos de abandono, passou a ser cuidado por Edith Beraldi.

Rotina de cuidado

A grafóloga viaja aos sábados de Avellaneda (província de Buenos Aires) em seu carro, no qual carrega utensílios de limpeza e um livro de visitas, que descarrega e deixa à mostra para que admiradores e curiosos escrevam mensagens.

“Fico até fechar o cemitério, às cinco da tarde. Às vezes mais uns minutos, porque vem muita gente, e alguém sempre fica para conversar”, diz ela, admitindo que, durante a semana, anda sempre com a chave, caso tenha tempo de dar uma passada para “abrir, ventilar um pouco e manter tudo arrumado”.

Homenagens

Mensagens de gratidão e amor enchem a parede externa do mausoléu, de onde pendem placas de países tão diferentes quanto Japão, Colômbia, Equador, Porto Rico, Estados Unidos e México.

A gardeliana revela que muitas anedotas ali vividas a “comovem”, como a de um jovem russo que “amava o tango” e vinha “com desejo de conhecer este lugar”.

No interior, que se acessa por uma pequena escada, podem-se ver flores, fotos de família e dois caixões cobertos – o de Gardel, bordado com o típico filete portenho que, acrescenta Beraldi, foi feito por sua filha.

Novas gerações

Quando fala das novas gerações, ela diz que o amor pelo “morocho del Abasto” ainda é “atual”.

“Meus pais foram embora, muitos amigos deles foram embora, todos gardelianos, mas o mausoléu está sempre cheio. As coisas vão se renovando porque acredito que Gardel é eterno e as pessoas sabem valorizar o que é bom”, resume ela.

Na pele

Beraldi está marcada com a paixão por Gardel – e não é força de expressão. Seu braço esquerdo traz a assinatura do “Zorzal criollo” e foi tatuado na mesma época que seu pai. Quando ele estava prestes a completar 80 anos, ambos decidiram levar Carlitos não só “na alma”, mas “na pele”.

Mais tarde, ela adicionou uma silhueta de Gardel a seu antebraço direito.

Quando lhe perguntam o que sua figura significa para o mundo da música, ela não hesita em afirmar que “ele deu uma contribuição muito valiosa culturalmente” e destaca “inovações e conquistas que ninguém conseguiu até hoje”, como a gravar um dueto com sua voz em dois tons ou cantar a Cappella em uma rádio de Nova York enquanto seus músicos estavam em uma emissora de Buenos Aires. “Incrível”, ela resume.

A grafoanalista Edith Beraldi pertence à Fundação Internacional Carlos Gardel, que desde agosto de 2018 concedeu os direitos ao intérprete e compositor, com o compromisso de salvaguardar e revalorizar a sua memória e legado. Crédito: Infobae Foto: Infobae

Sua voz, eternamente jovem, ancorada naquele 24 de junho de 1935, quando perdeu a vida em um acidente aéreo na Colômbia, cantará mais uma vez De flor en flor, Secreto ou El día que me quieras junto com inúmeros gardelianos para comemorar seu aniversário no que Beraldi chama de “o altar do tango”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

EFE - Em um passeio cheio de túmulos profanados e panteões ultrajados, com vidros quebrados e fechaduras forçadas, a figura do cantor de tango Carlos Gardel (1890-1935) surge com pose desafiadora no cruzamento das ruas 33 e 6 desta pequena cidade que é o Cemitério da Chacarita, na Argentina.

As flores caídas inundam de amarelo, em uma primavera abrasada pelo calor, o maior cemitério de Buenos Aires, que é também o lugar de descanso final de outras figuras relevantes do tango, como os artistas Roberto Goyeneche, Tita Merello, Enrique Santos Discépolo, Aníbal Troilo e Francisco Canaro.

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No domingo, 11, foi o aniversário de “Zorzal criollo” – e Edith Beraldi arranca qualquer teia de aranha mínima para que o mausoléu onde desde 1937 descansam seus restos mortais e os de sua mãe, Berthe Gardés, pareça limpo e cuidado, como ela faz todos os sábados desde 2019.

“Gardel, neste momento, é extremamente importante porque talvez tenha vindo preencher aquele vazio deixado pelos meus pais quando eles morreram, com uma diferença de 10 meses, entre 2014 e 2015″, explica Beraldi, que reconhece que a sua “admiração” por “el Mago” vem “desde o berço”, pois “era comum falar dele, ver seus filmes, ouvir suas canções” com seu pai, como comenta agora.

Flores e cinzas

Se o túmulo de Jim Morrison em Paris está inundado de mensagens, presentes e garrafas de uísque, sempre há flores frescas e cinzas de cigarro ao pé da escultura que representa Gardel com a mão esquerda no bolso da calça e a direita com os dedos meio abertos, como quem espera um trago.

“Desde que me entendo por gente, vinha com meu pai, e ele me pegava e nós colocávamos um cigarro aceso na mão dele, e isso continua sendo feito, porque continua sendo transmitido. Algumas pessoas dizem que pedem desejos e, se o cigarro é consumido, os desejos são realizados”, diz esta argentina de 57 anos que confessa ter conseguido um pedido depois de lhe deixar um Chesterfield – a marca favorita de Carlos Gardel.

Beraldi pertence à Fundação Internacional Carlos Gardel, que desde agosto de 2018 tem a cessão dos direitos do intérprete e compositor, com o compromisso de salvaguardar e revalorizar sua memória e legado, segundo o site oficial.

A partir desse momento, o túmulo, que ao longo dos anos havia enfrentado momentos de abandono, passou a ser cuidado por Edith Beraldi.

Rotina de cuidado

A grafóloga viaja aos sábados de Avellaneda (província de Buenos Aires) em seu carro, no qual carrega utensílios de limpeza e um livro de visitas, que descarrega e deixa à mostra para que admiradores e curiosos escrevam mensagens.

“Fico até fechar o cemitério, às cinco da tarde. Às vezes mais uns minutos, porque vem muita gente, e alguém sempre fica para conversar”, diz ela, admitindo que, durante a semana, anda sempre com a chave, caso tenha tempo de dar uma passada para “abrir, ventilar um pouco e manter tudo arrumado”.

Homenagens

Mensagens de gratidão e amor enchem a parede externa do mausoléu, de onde pendem placas de países tão diferentes quanto Japão, Colômbia, Equador, Porto Rico, Estados Unidos e México.

A gardeliana revela que muitas anedotas ali vividas a “comovem”, como a de um jovem russo que “amava o tango” e vinha “com desejo de conhecer este lugar”.

No interior, que se acessa por uma pequena escada, podem-se ver flores, fotos de família e dois caixões cobertos – o de Gardel, bordado com o típico filete portenho que, acrescenta Beraldi, foi feito por sua filha.

Novas gerações

Quando fala das novas gerações, ela diz que o amor pelo “morocho del Abasto” ainda é “atual”.

“Meus pais foram embora, muitos amigos deles foram embora, todos gardelianos, mas o mausoléu está sempre cheio. As coisas vão se renovando porque acredito que Gardel é eterno e as pessoas sabem valorizar o que é bom”, resume ela.

Na pele

Beraldi está marcada com a paixão por Gardel – e não é força de expressão. Seu braço esquerdo traz a assinatura do “Zorzal criollo” e foi tatuado na mesma época que seu pai. Quando ele estava prestes a completar 80 anos, ambos decidiram levar Carlitos não só “na alma”, mas “na pele”.

Mais tarde, ela adicionou uma silhueta de Gardel a seu antebraço direito.

Quando lhe perguntam o que sua figura significa para o mundo da música, ela não hesita em afirmar que “ele deu uma contribuição muito valiosa culturalmente” e destaca “inovações e conquistas que ninguém conseguiu até hoje”, como a gravar um dueto com sua voz em dois tons ou cantar a Cappella em uma rádio de Nova York enquanto seus músicos estavam em uma emissora de Buenos Aires. “Incrível”, ela resume.

A grafoanalista Edith Beraldi pertence à Fundação Internacional Carlos Gardel, que desde agosto de 2018 concedeu os direitos ao intérprete e compositor, com o compromisso de salvaguardar e revalorizar a sua memória e legado. Crédito: Infobae Foto: Infobae

Sua voz, eternamente jovem, ancorada naquele 24 de junho de 1935, quando perdeu a vida em um acidente aéreo na Colômbia, cantará mais uma vez De flor en flor, Secreto ou El día que me quieras junto com inúmeros gardelianos para comemorar seu aniversário no que Beraldi chama de “o altar do tango”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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