Apostas musicais de 2016 vão do folk dançante ao rock experimental


Bandas querem seguir os passos dos goianos dos Boogarins, que se destacaram neste ano

Por João Paulo Carvalho

Nem sempre é fácil fugir do mainstream e apostar em novas bandas de rock, que fazem um som criativo, empolgante, e se destacam não só pela originalidade dos arranjos e das composições, mas também chamam a atenção pela atmosfera sonora que vai além dos riffs primorosos de guitarra. Se, em 2015, vimos o quarteto goiano Boogarins ser projetado internacionalmente com o excelente disco psicodélico Manual ou Guia Livre Para a Dissolução dos Sonhos, em 2016, grupos que já vêm fazendo bons trabalhos devem lançar novos projetos e ter suas carreiras consolidadas, ganhando cada vez mais espaço no circuito musical do País. São nomes que, certamente, aparecerão nas tradicionais listas de apostas musicais para o ano que se inicia.

A banda Atalhos lançou no começo de 2015 o vinil duplo Onde A Gente Mora. Mixado por Mark Howard (Bob Dylan, R.E.M. e Red Hot Chilli Peppers), o álbum mostrou um pouco da pretensão do conjunto formado em Birigui, no interior de São Paulo. Wilco, Neil Young, Levon Helm e Nick Drake são algumas das influências do grupo, que tem nitidamente o folk como fonte de inspiração. As letras são inteligentes e referências literárias podem ser ouvidas por toda a parte. A composição de José, Fiquei Sem Saída, primeiro single do disco, é baseada na obra de Kafka. “As canções de hoje em dia estão cada vez mais curtas. Quando algo não prende a atenção, a pessoa vai lá e pula a faixa. É justamente isso que não queremos. Falta imersão”, afirma o vocalista Gabriel Soares. Violões e gaitas dão o tom e propõem uma verdadeira viagem introspectiva pelas músicas. A banda está trabalhando em um novo álbum, o terceiro. O disco deve ser lançado no segundo semestre de 2016.

Atalhos. Violões e gaitas da banda propõem uma viagem bastante introspectiva Foto: Rafael Arbex|Estadão
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Com um folk mais dançante, a banda Francisco, el Hombre, também de São Paulo, passou por momentos difíceis em 2015. Durante uma turnê sul-americana, o grupo foi assaltado em Mendoza, na Argentina. Perderam o carro e todos os instrumentos musicais e ficaram só com a roupa do corpo. O quinteto, no entanto, deu a volta por cima. Com a ajuda de músicos argentinos, eles conseguiram dinheiro e até instrumentos emprestados para concluir a turnê e voltar para o Brasil. Posteriormente, lançaram o EP La Pachanga, que inclui cinco faixas. Uma das faixas, Dicen, traz a parceria com a escritora chilena Francisca Valenzuela. Já Minha Casa, originalmente escrita na África, é a única canção totalmente em português do trabalho. A sonoridade de Francisco, el Hombre agrega misturas culturais de diversas regiões do mundo, principalmente os ritmos latinos de países como Chile e México. Os integrantes da banda chamam a música do grupo de Pachanga Folk, que são, resumidamente, sonoridades regionais latino-americanas cantadas em português e espanhol. “Quando subimos no palco, por exemplo, não tocamos mais como antes. Valorizamos cada segundo e toda a musicalidade de Mendoza está agora inserida no nosso DNA musical”, crava o baterista Sebastián Piracés.

Franciso, el Hombre. Música heterogênea do grupo traz diferentes sonoridades Foto: Rafael Arbex|Estadão

Musicalmente avesso à sonoridade de Atalhos e Francisco, el Hombre, a banda Bratislava aposta em um som mais experimental. O segundo trabalho do quarteto, Um Pouco Mais de Silêncio, tem composições soturnas e introspectivas, embora soe mais pop do que o primeiro álbum, Carne. Canções como Ando Morto e Ruídos externam uma vertente melancólica. Já Vermelho lembra a época de ouro do rock nacional da década de 1980. Um Pouco Mais de Silêncio foi lançado no formato zine interativo. Sendo assim, na internet, além das músicas, é possível participar de experiências online que mostram detalhes sobre as composições da banda. “Acho que o lance de quebrar o tradicional combo vinil e CD ajudou bastante. Em tempos de redes sociais e ferramentas tão formidáveis para divulgar o seu trabalho, vale mesmo tentar fazer diferente. Nossa sonoridade mais experimental dialoga com isso, na verdade”, afirma Victor Meira (vocais e teclados).

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Bratislava. Quarteto de São Paulo produz um som mais intenso e reflexivo Foto: Rafael Arbex|Estadão

Fora da casinha. A música independente vive um grande momento não só no eixo Rio/São Paulo. Atrás dos arranha-céus das duas grandes metrópoles, vários outras bandas se destacam na cena alternativa. Do Acre, o quarteto Os Descordantes faz um som enérgico. O primeiro disco do grupo, Espera a Chuva Passar, lançado na metade do ano passado, traz composições maduras, com batidas fortes e solos precisos. A influência da cultura regional do Acre, como João Donato, é notória. “Nós nunca vamos nos esquecer das nossas raízes. Isso molda nosso som. As canções, no geral, falam sobre decepções amorosas e frustrações da vida”, afirma Diego Torres (voz e guitarra).

Já o power trio de Porto Alegre Dingo Bells é uma das apostas do pop nacional. Influenciado pelo soul e também pelo folk, chama a atenção pelas rimas fáceis e arranjos melodramáticos de muito bom gosto. Formada em 2005 e com apenas um álbum de estúdio na bagagem, Maravilhas da Vida Moderna, a banda é uma das atrações da edição do ano que vem do Lollapalooza Brasil. 

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PARA FICAR LIGADO EM 2016

Dingo Bells (Porto Alegre) Chama a atenção pelas rimas fáceis e os arranjos melodramáticos.

Os Descordantes (Acre) Composições maduras e um som intenso marcam o disco Espera a Chuva Passar.

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Marrero (São Paulo) Raiva e sentimentos pesados tocados de maneira intensa. É o bom e velho rock'n'roll.

Banda Tereza (Rio) Lançou em 2015 o consistente disco Pra Onde a Gente Vai. Pop rock de qualidade ao melhor estilo indie hipster.

Nem sempre é fácil fugir do mainstream e apostar em novas bandas de rock, que fazem um som criativo, empolgante, e se destacam não só pela originalidade dos arranjos e das composições, mas também chamam a atenção pela atmosfera sonora que vai além dos riffs primorosos de guitarra. Se, em 2015, vimos o quarteto goiano Boogarins ser projetado internacionalmente com o excelente disco psicodélico Manual ou Guia Livre Para a Dissolução dos Sonhos, em 2016, grupos que já vêm fazendo bons trabalhos devem lançar novos projetos e ter suas carreiras consolidadas, ganhando cada vez mais espaço no circuito musical do País. São nomes que, certamente, aparecerão nas tradicionais listas de apostas musicais para o ano que se inicia.

A banda Atalhos lançou no começo de 2015 o vinil duplo Onde A Gente Mora. Mixado por Mark Howard (Bob Dylan, R.E.M. e Red Hot Chilli Peppers), o álbum mostrou um pouco da pretensão do conjunto formado em Birigui, no interior de São Paulo. Wilco, Neil Young, Levon Helm e Nick Drake são algumas das influências do grupo, que tem nitidamente o folk como fonte de inspiração. As letras são inteligentes e referências literárias podem ser ouvidas por toda a parte. A composição de José, Fiquei Sem Saída, primeiro single do disco, é baseada na obra de Kafka. “As canções de hoje em dia estão cada vez mais curtas. Quando algo não prende a atenção, a pessoa vai lá e pula a faixa. É justamente isso que não queremos. Falta imersão”, afirma o vocalista Gabriel Soares. Violões e gaitas dão o tom e propõem uma verdadeira viagem introspectiva pelas músicas. A banda está trabalhando em um novo álbum, o terceiro. O disco deve ser lançado no segundo semestre de 2016.

Atalhos. Violões e gaitas da banda propõem uma viagem bastante introspectiva Foto: Rafael Arbex|Estadão

Com um folk mais dançante, a banda Francisco, el Hombre, também de São Paulo, passou por momentos difíceis em 2015. Durante uma turnê sul-americana, o grupo foi assaltado em Mendoza, na Argentina. Perderam o carro e todos os instrumentos musicais e ficaram só com a roupa do corpo. O quinteto, no entanto, deu a volta por cima. Com a ajuda de músicos argentinos, eles conseguiram dinheiro e até instrumentos emprestados para concluir a turnê e voltar para o Brasil. Posteriormente, lançaram o EP La Pachanga, que inclui cinco faixas. Uma das faixas, Dicen, traz a parceria com a escritora chilena Francisca Valenzuela. Já Minha Casa, originalmente escrita na África, é a única canção totalmente em português do trabalho. A sonoridade de Francisco, el Hombre agrega misturas culturais de diversas regiões do mundo, principalmente os ritmos latinos de países como Chile e México. Os integrantes da banda chamam a música do grupo de Pachanga Folk, que são, resumidamente, sonoridades regionais latino-americanas cantadas em português e espanhol. “Quando subimos no palco, por exemplo, não tocamos mais como antes. Valorizamos cada segundo e toda a musicalidade de Mendoza está agora inserida no nosso DNA musical”, crava o baterista Sebastián Piracés.

Franciso, el Hombre. Música heterogênea do grupo traz diferentes sonoridades Foto: Rafael Arbex|Estadão

Musicalmente avesso à sonoridade de Atalhos e Francisco, el Hombre, a banda Bratislava aposta em um som mais experimental. O segundo trabalho do quarteto, Um Pouco Mais de Silêncio, tem composições soturnas e introspectivas, embora soe mais pop do que o primeiro álbum, Carne. Canções como Ando Morto e Ruídos externam uma vertente melancólica. Já Vermelho lembra a época de ouro do rock nacional da década de 1980. Um Pouco Mais de Silêncio foi lançado no formato zine interativo. Sendo assim, na internet, além das músicas, é possível participar de experiências online que mostram detalhes sobre as composições da banda. “Acho que o lance de quebrar o tradicional combo vinil e CD ajudou bastante. Em tempos de redes sociais e ferramentas tão formidáveis para divulgar o seu trabalho, vale mesmo tentar fazer diferente. Nossa sonoridade mais experimental dialoga com isso, na verdade”, afirma Victor Meira (vocais e teclados).

Bratislava. Quarteto de São Paulo produz um som mais intenso e reflexivo Foto: Rafael Arbex|Estadão

Fora da casinha. A música independente vive um grande momento não só no eixo Rio/São Paulo. Atrás dos arranha-céus das duas grandes metrópoles, vários outras bandas se destacam na cena alternativa. Do Acre, o quarteto Os Descordantes faz um som enérgico. O primeiro disco do grupo, Espera a Chuva Passar, lançado na metade do ano passado, traz composições maduras, com batidas fortes e solos precisos. A influência da cultura regional do Acre, como João Donato, é notória. “Nós nunca vamos nos esquecer das nossas raízes. Isso molda nosso som. As canções, no geral, falam sobre decepções amorosas e frustrações da vida”, afirma Diego Torres (voz e guitarra).

Já o power trio de Porto Alegre Dingo Bells é uma das apostas do pop nacional. Influenciado pelo soul e também pelo folk, chama a atenção pelas rimas fáceis e arranjos melodramáticos de muito bom gosto. Formada em 2005 e com apenas um álbum de estúdio na bagagem, Maravilhas da Vida Moderna, a banda é uma das atrações da edição do ano que vem do Lollapalooza Brasil. 

PARA FICAR LIGADO EM 2016

Dingo Bells (Porto Alegre) Chama a atenção pelas rimas fáceis e os arranjos melodramáticos.

Os Descordantes (Acre) Composições maduras e um som intenso marcam o disco Espera a Chuva Passar.

Marrero (São Paulo) Raiva e sentimentos pesados tocados de maneira intensa. É o bom e velho rock'n'roll.

Banda Tereza (Rio) Lançou em 2015 o consistente disco Pra Onde a Gente Vai. Pop rock de qualidade ao melhor estilo indie hipster.

Nem sempre é fácil fugir do mainstream e apostar em novas bandas de rock, que fazem um som criativo, empolgante, e se destacam não só pela originalidade dos arranjos e das composições, mas também chamam a atenção pela atmosfera sonora que vai além dos riffs primorosos de guitarra. Se, em 2015, vimos o quarteto goiano Boogarins ser projetado internacionalmente com o excelente disco psicodélico Manual ou Guia Livre Para a Dissolução dos Sonhos, em 2016, grupos que já vêm fazendo bons trabalhos devem lançar novos projetos e ter suas carreiras consolidadas, ganhando cada vez mais espaço no circuito musical do País. São nomes que, certamente, aparecerão nas tradicionais listas de apostas musicais para o ano que se inicia.

A banda Atalhos lançou no começo de 2015 o vinil duplo Onde A Gente Mora. Mixado por Mark Howard (Bob Dylan, R.E.M. e Red Hot Chilli Peppers), o álbum mostrou um pouco da pretensão do conjunto formado em Birigui, no interior de São Paulo. Wilco, Neil Young, Levon Helm e Nick Drake são algumas das influências do grupo, que tem nitidamente o folk como fonte de inspiração. As letras são inteligentes e referências literárias podem ser ouvidas por toda a parte. A composição de José, Fiquei Sem Saída, primeiro single do disco, é baseada na obra de Kafka. “As canções de hoje em dia estão cada vez mais curtas. Quando algo não prende a atenção, a pessoa vai lá e pula a faixa. É justamente isso que não queremos. Falta imersão”, afirma o vocalista Gabriel Soares. Violões e gaitas dão o tom e propõem uma verdadeira viagem introspectiva pelas músicas. A banda está trabalhando em um novo álbum, o terceiro. O disco deve ser lançado no segundo semestre de 2016.

Atalhos. Violões e gaitas da banda propõem uma viagem bastante introspectiva Foto: Rafael Arbex|Estadão

Com um folk mais dançante, a banda Francisco, el Hombre, também de São Paulo, passou por momentos difíceis em 2015. Durante uma turnê sul-americana, o grupo foi assaltado em Mendoza, na Argentina. Perderam o carro e todos os instrumentos musicais e ficaram só com a roupa do corpo. O quinteto, no entanto, deu a volta por cima. Com a ajuda de músicos argentinos, eles conseguiram dinheiro e até instrumentos emprestados para concluir a turnê e voltar para o Brasil. Posteriormente, lançaram o EP La Pachanga, que inclui cinco faixas. Uma das faixas, Dicen, traz a parceria com a escritora chilena Francisca Valenzuela. Já Minha Casa, originalmente escrita na África, é a única canção totalmente em português do trabalho. A sonoridade de Francisco, el Hombre agrega misturas culturais de diversas regiões do mundo, principalmente os ritmos latinos de países como Chile e México. Os integrantes da banda chamam a música do grupo de Pachanga Folk, que são, resumidamente, sonoridades regionais latino-americanas cantadas em português e espanhol. “Quando subimos no palco, por exemplo, não tocamos mais como antes. Valorizamos cada segundo e toda a musicalidade de Mendoza está agora inserida no nosso DNA musical”, crava o baterista Sebastián Piracés.

Franciso, el Hombre. Música heterogênea do grupo traz diferentes sonoridades Foto: Rafael Arbex|Estadão

Musicalmente avesso à sonoridade de Atalhos e Francisco, el Hombre, a banda Bratislava aposta em um som mais experimental. O segundo trabalho do quarteto, Um Pouco Mais de Silêncio, tem composições soturnas e introspectivas, embora soe mais pop do que o primeiro álbum, Carne. Canções como Ando Morto e Ruídos externam uma vertente melancólica. Já Vermelho lembra a época de ouro do rock nacional da década de 1980. Um Pouco Mais de Silêncio foi lançado no formato zine interativo. Sendo assim, na internet, além das músicas, é possível participar de experiências online que mostram detalhes sobre as composições da banda. “Acho que o lance de quebrar o tradicional combo vinil e CD ajudou bastante. Em tempos de redes sociais e ferramentas tão formidáveis para divulgar o seu trabalho, vale mesmo tentar fazer diferente. Nossa sonoridade mais experimental dialoga com isso, na verdade”, afirma Victor Meira (vocais e teclados).

Bratislava. Quarteto de São Paulo produz um som mais intenso e reflexivo Foto: Rafael Arbex|Estadão

Fora da casinha. A música independente vive um grande momento não só no eixo Rio/São Paulo. Atrás dos arranha-céus das duas grandes metrópoles, vários outras bandas se destacam na cena alternativa. Do Acre, o quarteto Os Descordantes faz um som enérgico. O primeiro disco do grupo, Espera a Chuva Passar, lançado na metade do ano passado, traz composições maduras, com batidas fortes e solos precisos. A influência da cultura regional do Acre, como João Donato, é notória. “Nós nunca vamos nos esquecer das nossas raízes. Isso molda nosso som. As canções, no geral, falam sobre decepções amorosas e frustrações da vida”, afirma Diego Torres (voz e guitarra).

Já o power trio de Porto Alegre Dingo Bells é uma das apostas do pop nacional. Influenciado pelo soul e também pelo folk, chama a atenção pelas rimas fáceis e arranjos melodramáticos de muito bom gosto. Formada em 2005 e com apenas um álbum de estúdio na bagagem, Maravilhas da Vida Moderna, a banda é uma das atrações da edição do ano que vem do Lollapalooza Brasil. 

PARA FICAR LIGADO EM 2016

Dingo Bells (Porto Alegre) Chama a atenção pelas rimas fáceis e os arranjos melodramáticos.

Os Descordantes (Acre) Composições maduras e um som intenso marcam o disco Espera a Chuva Passar.

Marrero (São Paulo) Raiva e sentimentos pesados tocados de maneira intensa. É o bom e velho rock'n'roll.

Banda Tereza (Rio) Lançou em 2015 o consistente disco Pra Onde a Gente Vai. Pop rock de qualidade ao melhor estilo indie hipster.

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