Artistas se reinventam fazendo lives


Nomes como Teresa Cristina, Zeca Baleiro e Duda Beat diversificam exibições e criam novas experiências

Por Danilo Casaletti

O isolamento social acertou em cheio a área musical. Com os shows cancelados – e sem previsão de volta –, as redes sociais viraram palco. Mas há artistas que estão indo além de só cantar para o seu público nas lives. Do Rio de Janeiro, Teresa Cristina promove noites de papo, música e discussão política. De São Paulo, o maranhense Zeca Baleiro dá cursos e até lê para crianças. De Pernambuco, Duda Beat lança novas versões para suas canções, faz bate-papos e posta looks inspiradores. Cada um a seu jeito, eles se mantêm perto dos fãs – anônimos e famosos.

Zeca Baleiro Foto: ZBD

Margela Nobre, de 34 anos, acompanha com atenção as lives e conteúdos postados por Duda Beat. Ela tem uma razão especial: o último show a que assistiu, antes de a pandemia mudar tudo, foi o da artista, em 7 de março, em João Pessoa. “A apresentação dela se tornou um marco pra cidade por ter sido a última aglomeração permitida antes do início da quarentena, o que a fez dela inesquecível”, diz. Prova disso é que Margela costuma fazer videochamadas com os amigos durante as lives da cantora. “Ela tem um estilo próprio, os figurinos são um espetáculo à parte”, completa. De fato, Duda, que já tem uma imagem acoplada com a questão da moda, tem postados diferentes looks, mesmo durante a quarentena. 

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Dona do hit Bixinho, Duda não parou de produzir música neste período de isolamento. Com uma série chamada #DudaBeatEmCasa, ela lança, em seu canal de YouTube, clipes de músicas que gravou, como Chega, Bédi Beat e Egoísta. Todos com a participação dos integrantes de sua banda – cada um em sua casa –, que recebem cachê pelo trabalho. “Criar para mim é colocar para fora sentimentos e, de uma certa forma, me conectar com as pessoas”, diz Duda, que está em fase de composição. Para ela, as lives são, de fato, uma alternativa para manter o contato com os fãs. “Esses ‘shows’ têm sido uma forma de eu conseguir remunerar a distância os músicos que me acompanham e ainda me conectar com o público que está sem os shows”, diz a cantora.

Outro lançamento que Duda promoveu, há cerca de uma semana, foi a canção Vem Pro Meu Condo, lançada em parceria com o AfroB e Tropkillaz. “Olha, apesar do título, peço que você não vá a lugar nenhum, se for possível! #fiqueemcasa bonitinho, cantando e dançando com a gente”, escreveu, em seu Instagram. 

Todas as noites, desde março, a cantora Teresa Cristina arrasta para sua conta no Instagram, em média, 2.500 pessoas. Moradora da Vila da Penha, no subúrbio carioca, com a mãe de 80 anos, Teresa faz parte de um grupo vulnerável da população. “Fiquei preocupada com a minha saúde mental, veio um início de desesperança”, conta. Foi então que decidiu aderir às lives para conversar e dividir as noites insones com os fãs. De início, elas eram feitas após o Big Brother Brasil. Agora, começam por volta das 22 horas e podem varar a madrugada.

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Os encontros online – informal e com cara de uma conversa de botequim, no melhor estilo carioca – foram crescendo de uma forma que surpreendeu a própria artista. Cada dia com um tema diferente, as lives já abordaram as obras de nomes como Candeia, Djavan, Clara Nunes e Dona Yvone Lara e contam com seguidores fiéis, os ‘cristiners’. 

“Tem um gesto muito grande de carinho por trás disso que vai muito além da recompensa material”, diz Teresa que, até o momento, não conseguiu nenhum patrocínio ou foi chamada para participar de alguma apresentação online com cachê. Já seus seguidores fazem questão de “financiar” a live como podem. Mandam cerveja, porções de coxinha, pão de alho e presentes como vestidos e bijuterias. “Os mimos vêm sempre com algum bilhete com palavras de carinho. Isso me toca”, diz a artista.

Além dos fãs, os famosos também costumam bater ponto para ver Teresa contar histórias e cantar. Atrizes como Mariana Ximenes, Camila Pitanga e Maria Ribeiro, além das cantoras Leila Pinheiro, Simone, Daniela Mercury e Áurea Martins, são as mais frequentes. “Teresa é sábia, conta histórias do samba, dos cantores, tem gatilhos muito saborosos, além de ter simpatia ímpar! ‘Estar’ com ela me traz suspiros de alegrias e emoções nesse momento tão delicado. Recomendo para todos porque Teresa é cura e amor puro!”, diz Mariana Ximenes. Caetano Veloso também já apareceu. De pijama, deitado na cama, ouviu Teresa cantar o samba Alvorada para ele.  Na noite do dia 14 de maio, a visita foi do ex-presidente Lula. Ele entrou na live cuja tema era o músico João Gilberto – para surpresa de Teresa e de quem assistia. Ela, que se posiciona politicamente nos encontros virtuais, deixa claro que não concorda com o governo do presidente Jair Bolsonaro e afirma não se importar com os críticos. “Samba é resistência, nasceu de uma indignação. Não quero falar de ignorância, só de carinho”, diz ela, que pretende seguir com os encontros diários com o público. “Terei que entrar para o ‘LA’, 0 Livers Anônimos, quando essa fase passar”, diverte-se. 

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O cantor, compositor e produtor Zeca Baleiro tinha agendado a oficina O Charme Banal das Canções, em parceria com o Centro Cultural Escrevedeira, para falar sobre seu processo de composição, em abril. A atividade seria presencial, mas, obviamente, foi feita totalmente online. “Topei o desafio e foi bem interessante e proveitoso, uma experiência muito rica”, diz Baleiro.

Com dez apresentações canceladas, o músico trabalha na produção de três discos – Anastácia Com Vida, álbum de celebração dos 80 anos da cantora Anastácia; da cantora paraense Liah Soares e de seu conterrâneo Erasmo Dibell –, além da produção de um disco de releituras de canções portuguesas contemporâneas, um outro com novas roupagens para suas canções mais conhecidas e duas trilhas sonoras para filmes. “Há muito sobre o que pensar – e compor – neste momento”, diz.

Apesar de estar bem ocupado, Baleiro arruma tempo para fazer lives, aceitar o convite de amigos para duetos virtuais, participar de bate-papos online e até ler para crianças, como fez dia desses. “Gerar conteúdo para as redes neste momento é mais do que business, é utilidade pública, responsabilidade social. Há gente deprimida, desempregada, assustada, e a nossa música e nossa interação podem ser um alento”, conta o músico, que fez uma live especial, O Amor no Caos, nome de um dos seus álbuns, para arrecadar fundos para hospitais do Maranhão. “É hora de toda a sociedade civil se manifestar. Assim como os profissionais da saúde estão na linha de fogo, outros profissionais também podem e devem doar seu trabalho.”

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Baleiro ainda não sabe como a cadeia produtiva da música vai se rearranjar após o período de isolamento. Por ora, para ele, as lives se mostram uma solução, mesmo que não sejam suficientes para atender todos os profissionais envolvidos em um show. “As lives agora começam a ser pagas, ter patrocínios, etc. A partir de agora, vai ser possível dar trabalho a alguns membros da equipe, como roadies e técnicos de som. Não tem como suprir toda a cadeia, infelizmente.”

O isolamento social acertou em cheio a área musical. Com os shows cancelados – e sem previsão de volta –, as redes sociais viraram palco. Mas há artistas que estão indo além de só cantar para o seu público nas lives. Do Rio de Janeiro, Teresa Cristina promove noites de papo, música e discussão política. De São Paulo, o maranhense Zeca Baleiro dá cursos e até lê para crianças. De Pernambuco, Duda Beat lança novas versões para suas canções, faz bate-papos e posta looks inspiradores. Cada um a seu jeito, eles se mantêm perto dos fãs – anônimos e famosos.

Zeca Baleiro Foto: ZBD

Margela Nobre, de 34 anos, acompanha com atenção as lives e conteúdos postados por Duda Beat. Ela tem uma razão especial: o último show a que assistiu, antes de a pandemia mudar tudo, foi o da artista, em 7 de março, em João Pessoa. “A apresentação dela se tornou um marco pra cidade por ter sido a última aglomeração permitida antes do início da quarentena, o que a fez dela inesquecível”, diz. Prova disso é que Margela costuma fazer videochamadas com os amigos durante as lives da cantora. “Ela tem um estilo próprio, os figurinos são um espetáculo à parte”, completa. De fato, Duda, que já tem uma imagem acoplada com a questão da moda, tem postados diferentes looks, mesmo durante a quarentena. 

Dona do hit Bixinho, Duda não parou de produzir música neste período de isolamento. Com uma série chamada #DudaBeatEmCasa, ela lança, em seu canal de YouTube, clipes de músicas que gravou, como Chega, Bédi Beat e Egoísta. Todos com a participação dos integrantes de sua banda – cada um em sua casa –, que recebem cachê pelo trabalho. “Criar para mim é colocar para fora sentimentos e, de uma certa forma, me conectar com as pessoas”, diz Duda, que está em fase de composição. Para ela, as lives são, de fato, uma alternativa para manter o contato com os fãs. “Esses ‘shows’ têm sido uma forma de eu conseguir remunerar a distância os músicos que me acompanham e ainda me conectar com o público que está sem os shows”, diz a cantora.

Outro lançamento que Duda promoveu, há cerca de uma semana, foi a canção Vem Pro Meu Condo, lançada em parceria com o AfroB e Tropkillaz. “Olha, apesar do título, peço que você não vá a lugar nenhum, se for possível! #fiqueemcasa bonitinho, cantando e dançando com a gente”, escreveu, em seu Instagram. 

Todas as noites, desde março, a cantora Teresa Cristina arrasta para sua conta no Instagram, em média, 2.500 pessoas. Moradora da Vila da Penha, no subúrbio carioca, com a mãe de 80 anos, Teresa faz parte de um grupo vulnerável da população. “Fiquei preocupada com a minha saúde mental, veio um início de desesperança”, conta. Foi então que decidiu aderir às lives para conversar e dividir as noites insones com os fãs. De início, elas eram feitas após o Big Brother Brasil. Agora, começam por volta das 22 horas e podem varar a madrugada.

Os encontros online – informal e com cara de uma conversa de botequim, no melhor estilo carioca – foram crescendo de uma forma que surpreendeu a própria artista. Cada dia com um tema diferente, as lives já abordaram as obras de nomes como Candeia, Djavan, Clara Nunes e Dona Yvone Lara e contam com seguidores fiéis, os ‘cristiners’. 

“Tem um gesto muito grande de carinho por trás disso que vai muito além da recompensa material”, diz Teresa que, até o momento, não conseguiu nenhum patrocínio ou foi chamada para participar de alguma apresentação online com cachê. Já seus seguidores fazem questão de “financiar” a live como podem. Mandam cerveja, porções de coxinha, pão de alho e presentes como vestidos e bijuterias. “Os mimos vêm sempre com algum bilhete com palavras de carinho. Isso me toca”, diz a artista.

Além dos fãs, os famosos também costumam bater ponto para ver Teresa contar histórias e cantar. Atrizes como Mariana Ximenes, Camila Pitanga e Maria Ribeiro, além das cantoras Leila Pinheiro, Simone, Daniela Mercury e Áurea Martins, são as mais frequentes. “Teresa é sábia, conta histórias do samba, dos cantores, tem gatilhos muito saborosos, além de ter simpatia ímpar! ‘Estar’ com ela me traz suspiros de alegrias e emoções nesse momento tão delicado. Recomendo para todos porque Teresa é cura e amor puro!”, diz Mariana Ximenes. Caetano Veloso também já apareceu. De pijama, deitado na cama, ouviu Teresa cantar o samba Alvorada para ele.  Na noite do dia 14 de maio, a visita foi do ex-presidente Lula. Ele entrou na live cuja tema era o músico João Gilberto – para surpresa de Teresa e de quem assistia. Ela, que se posiciona politicamente nos encontros virtuais, deixa claro que não concorda com o governo do presidente Jair Bolsonaro e afirma não se importar com os críticos. “Samba é resistência, nasceu de uma indignação. Não quero falar de ignorância, só de carinho”, diz ela, que pretende seguir com os encontros diários com o público. “Terei que entrar para o ‘LA’, 0 Livers Anônimos, quando essa fase passar”, diverte-se. 

O cantor, compositor e produtor Zeca Baleiro tinha agendado a oficina O Charme Banal das Canções, em parceria com o Centro Cultural Escrevedeira, para falar sobre seu processo de composição, em abril. A atividade seria presencial, mas, obviamente, foi feita totalmente online. “Topei o desafio e foi bem interessante e proveitoso, uma experiência muito rica”, diz Baleiro.

Com dez apresentações canceladas, o músico trabalha na produção de três discos – Anastácia Com Vida, álbum de celebração dos 80 anos da cantora Anastácia; da cantora paraense Liah Soares e de seu conterrâneo Erasmo Dibell –, além da produção de um disco de releituras de canções portuguesas contemporâneas, um outro com novas roupagens para suas canções mais conhecidas e duas trilhas sonoras para filmes. “Há muito sobre o que pensar – e compor – neste momento”, diz.

Apesar de estar bem ocupado, Baleiro arruma tempo para fazer lives, aceitar o convite de amigos para duetos virtuais, participar de bate-papos online e até ler para crianças, como fez dia desses. “Gerar conteúdo para as redes neste momento é mais do que business, é utilidade pública, responsabilidade social. Há gente deprimida, desempregada, assustada, e a nossa música e nossa interação podem ser um alento”, conta o músico, que fez uma live especial, O Amor no Caos, nome de um dos seus álbuns, para arrecadar fundos para hospitais do Maranhão. “É hora de toda a sociedade civil se manifestar. Assim como os profissionais da saúde estão na linha de fogo, outros profissionais também podem e devem doar seu trabalho.”

Baleiro ainda não sabe como a cadeia produtiva da música vai se rearranjar após o período de isolamento. Por ora, para ele, as lives se mostram uma solução, mesmo que não sejam suficientes para atender todos os profissionais envolvidos em um show. “As lives agora começam a ser pagas, ter patrocínios, etc. A partir de agora, vai ser possível dar trabalho a alguns membros da equipe, como roadies e técnicos de som. Não tem como suprir toda a cadeia, infelizmente.”

O isolamento social acertou em cheio a área musical. Com os shows cancelados – e sem previsão de volta –, as redes sociais viraram palco. Mas há artistas que estão indo além de só cantar para o seu público nas lives. Do Rio de Janeiro, Teresa Cristina promove noites de papo, música e discussão política. De São Paulo, o maranhense Zeca Baleiro dá cursos e até lê para crianças. De Pernambuco, Duda Beat lança novas versões para suas canções, faz bate-papos e posta looks inspiradores. Cada um a seu jeito, eles se mantêm perto dos fãs – anônimos e famosos.

Zeca Baleiro Foto: ZBD

Margela Nobre, de 34 anos, acompanha com atenção as lives e conteúdos postados por Duda Beat. Ela tem uma razão especial: o último show a que assistiu, antes de a pandemia mudar tudo, foi o da artista, em 7 de março, em João Pessoa. “A apresentação dela se tornou um marco pra cidade por ter sido a última aglomeração permitida antes do início da quarentena, o que a fez dela inesquecível”, diz. Prova disso é que Margela costuma fazer videochamadas com os amigos durante as lives da cantora. “Ela tem um estilo próprio, os figurinos são um espetáculo à parte”, completa. De fato, Duda, que já tem uma imagem acoplada com a questão da moda, tem postados diferentes looks, mesmo durante a quarentena. 

Dona do hit Bixinho, Duda não parou de produzir música neste período de isolamento. Com uma série chamada #DudaBeatEmCasa, ela lança, em seu canal de YouTube, clipes de músicas que gravou, como Chega, Bédi Beat e Egoísta. Todos com a participação dos integrantes de sua banda – cada um em sua casa –, que recebem cachê pelo trabalho. “Criar para mim é colocar para fora sentimentos e, de uma certa forma, me conectar com as pessoas”, diz Duda, que está em fase de composição. Para ela, as lives são, de fato, uma alternativa para manter o contato com os fãs. “Esses ‘shows’ têm sido uma forma de eu conseguir remunerar a distância os músicos que me acompanham e ainda me conectar com o público que está sem os shows”, diz a cantora.

Outro lançamento que Duda promoveu, há cerca de uma semana, foi a canção Vem Pro Meu Condo, lançada em parceria com o AfroB e Tropkillaz. “Olha, apesar do título, peço que você não vá a lugar nenhum, se for possível! #fiqueemcasa bonitinho, cantando e dançando com a gente”, escreveu, em seu Instagram. 

Todas as noites, desde março, a cantora Teresa Cristina arrasta para sua conta no Instagram, em média, 2.500 pessoas. Moradora da Vila da Penha, no subúrbio carioca, com a mãe de 80 anos, Teresa faz parte de um grupo vulnerável da população. “Fiquei preocupada com a minha saúde mental, veio um início de desesperança”, conta. Foi então que decidiu aderir às lives para conversar e dividir as noites insones com os fãs. De início, elas eram feitas após o Big Brother Brasil. Agora, começam por volta das 22 horas e podem varar a madrugada.

Os encontros online – informal e com cara de uma conversa de botequim, no melhor estilo carioca – foram crescendo de uma forma que surpreendeu a própria artista. Cada dia com um tema diferente, as lives já abordaram as obras de nomes como Candeia, Djavan, Clara Nunes e Dona Yvone Lara e contam com seguidores fiéis, os ‘cristiners’. 

“Tem um gesto muito grande de carinho por trás disso que vai muito além da recompensa material”, diz Teresa que, até o momento, não conseguiu nenhum patrocínio ou foi chamada para participar de alguma apresentação online com cachê. Já seus seguidores fazem questão de “financiar” a live como podem. Mandam cerveja, porções de coxinha, pão de alho e presentes como vestidos e bijuterias. “Os mimos vêm sempre com algum bilhete com palavras de carinho. Isso me toca”, diz a artista.

Além dos fãs, os famosos também costumam bater ponto para ver Teresa contar histórias e cantar. Atrizes como Mariana Ximenes, Camila Pitanga e Maria Ribeiro, além das cantoras Leila Pinheiro, Simone, Daniela Mercury e Áurea Martins, são as mais frequentes. “Teresa é sábia, conta histórias do samba, dos cantores, tem gatilhos muito saborosos, além de ter simpatia ímpar! ‘Estar’ com ela me traz suspiros de alegrias e emoções nesse momento tão delicado. Recomendo para todos porque Teresa é cura e amor puro!”, diz Mariana Ximenes. Caetano Veloso também já apareceu. De pijama, deitado na cama, ouviu Teresa cantar o samba Alvorada para ele.  Na noite do dia 14 de maio, a visita foi do ex-presidente Lula. Ele entrou na live cuja tema era o músico João Gilberto – para surpresa de Teresa e de quem assistia. Ela, que se posiciona politicamente nos encontros virtuais, deixa claro que não concorda com o governo do presidente Jair Bolsonaro e afirma não se importar com os críticos. “Samba é resistência, nasceu de uma indignação. Não quero falar de ignorância, só de carinho”, diz ela, que pretende seguir com os encontros diários com o público. “Terei que entrar para o ‘LA’, 0 Livers Anônimos, quando essa fase passar”, diverte-se. 

O cantor, compositor e produtor Zeca Baleiro tinha agendado a oficina O Charme Banal das Canções, em parceria com o Centro Cultural Escrevedeira, para falar sobre seu processo de composição, em abril. A atividade seria presencial, mas, obviamente, foi feita totalmente online. “Topei o desafio e foi bem interessante e proveitoso, uma experiência muito rica”, diz Baleiro.

Com dez apresentações canceladas, o músico trabalha na produção de três discos – Anastácia Com Vida, álbum de celebração dos 80 anos da cantora Anastácia; da cantora paraense Liah Soares e de seu conterrâneo Erasmo Dibell –, além da produção de um disco de releituras de canções portuguesas contemporâneas, um outro com novas roupagens para suas canções mais conhecidas e duas trilhas sonoras para filmes. “Há muito sobre o que pensar – e compor – neste momento”, diz.

Apesar de estar bem ocupado, Baleiro arruma tempo para fazer lives, aceitar o convite de amigos para duetos virtuais, participar de bate-papos online e até ler para crianças, como fez dia desses. “Gerar conteúdo para as redes neste momento é mais do que business, é utilidade pública, responsabilidade social. Há gente deprimida, desempregada, assustada, e a nossa música e nossa interação podem ser um alento”, conta o músico, que fez uma live especial, O Amor no Caos, nome de um dos seus álbuns, para arrecadar fundos para hospitais do Maranhão. “É hora de toda a sociedade civil se manifestar. Assim como os profissionais da saúde estão na linha de fogo, outros profissionais também podem e devem doar seu trabalho.”

Baleiro ainda não sabe como a cadeia produtiva da música vai se rearranjar após o período de isolamento. Por ora, para ele, as lives se mostram uma solução, mesmo que não sejam suficientes para atender todos os profissionais envolvidos em um show. “As lives agora começam a ser pagas, ter patrocínios, etc. A partir de agora, vai ser possível dar trabalho a alguns membros da equipe, como roadies e técnicos de som. Não tem como suprir toda a cadeia, infelizmente.”

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