Baby do Brasil: ‘É preciso trazer o carrinho das delícias para a nova geração’


Aos 71 anos, ela estreia show em SP com repertório que vai de Vivaldi a Rita Lee. ‘Tem uma geração que vem de dançar em cima da garrafa. A gente vem de Woodstock’, diz ao ‘Estadão’

Por Danilo Casaletti

Baby do Brasil, a menina, 71 anos, ainda dança. “Queria fazer um show de três horas”, diz a cantora ao Estadão, sobre a turnê Baby do Brasil In Concert que ela traz pela primeira vez a São Paulo neste sábado, 5 de agosto, no Teatro Bradesco.

Muito desse novo espetáculo foi pensado durante as madrugadas. Baby, vez ou outra, ela conta, emenda dois dias trabalhando. Hábito, segundo ela, herdado do tempo em que tinha seis filhos ainda crianças para cuidar. “Com filho não se pode falhar. Foram seis. Uma década grávida. Criei um horário em que eu fosse mãe, mas não parasse de produzir. Trabalhava de madrugada”, diz.

A energia, diz Baby, às vezes não acaba. “Outro dia me perguntaram quantos anos eu tinha. Respondi 81! Depois, disse, não espera aí (risos). Estou com tudo novo, de novo”, diz a cantora, agora avó de três - Rannah, 31, Dom, 5, e Yolanda, 1.

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A cantora Baby do Brasil estreia novo show em São Paulo Foto: Victor Affaro

O show Baby do Brasil - In Concert é inspirado naquilo que a cantora ouve. Como a música erudita, por exemplo. Baby enfileira Beethoven, Vivaldi, Bach e Mozart entre seus preferidos. Ela diz que sempre foi assim, diversificada. Seu primeiro álbum solo, O Que Vier Eu Traço, de 1978, traz diversas influências - inclusive a do chorinho, que batiza o disco e dá a dica sobre sua personalidade.

“Lembro do pessoal da gravadora querendo me convencer de que eu teria que fazer um disco só de samba, ou de rock, ou de balada, ou de pop. Eu disse a eles: não sou uma coisa só”, conta Baby.

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Por essa razão, o In Concert explora ao máximo essa multiplicidade. A música clássica funciona como vinheta para alguns de seus grandes sucessos. Baby ainda homenageia quatro grandes mulheres da música: Rita Lee, Gal Costa, Elza Soares e Tina Turner.

De Tina, ela canta The Best, antecedida por um solo de Summer, das Quatro Estações de Vivaldi. A obra de Chopin está colada a Menino do Rio, de Caetano Veloso. De Elza, Baby dá sua versão para Malandro, composição de Jorge Aragão e Jotabê.

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Para Gal, que foi sua amiga, ela canta Dê um Rolê, de Moraes Moreira e Luiz Galvão, seus companheiros de Novos Baianos, que fazia parte do lendário show Fatal, de 1971. Quando conversou com a reportagem do Estadão, Baby ainda pensava em incluir também a canção Baby, outro hit de Gal.

Da parceria com Pepeu Gomes, canta Um Raio Laser e Fazendo Música, Jogando Bola. Ambas ficaram conhecidas na voz do antigo marido e parceiro. Tudo com muito improviso, do jeito que Baby gosta. “Eu mereço. Tenho que crescer (em cena)”, diz a cantora.

Baby também traz os chorinhos, que ela não cantava há tempos, de volta ao roteiro, com propósito de celebrar o centenário do compositor Waldir Azevedo. “Está entendendo por que preciso de um show com três horas? Quem sabe uma hora faço algo como um musical”, diz Baby. A cantora já prepara um novo álbum de músicas inéditas.

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A menina ainda canta

Baby do Brasil com os seis filhos, em 1985 Foto: Acervo/ Estadão

Baby diz que essa ideia de tentar abarcar a maior diversidade musical possível é para mostrar ao público atual um panorama do que se passou nesses mais de 50 anos, tempo que ela tem de carreira. A cantora afirma que o show traz “uma setinha para o caminho de casa”. “É preciso trazer o carrinho das delícias para a nova geração”, completa.

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Não podemos deixar de resgatar toda a riqueza da música. Tem uma geração que vem de outras experiências, como dançar em cima de uma garrafa. A gente não! A gente vem de Woodstock, de ouvir de Lupicínio Rodrigues à black music. Temos influência de Quincy Jones e Jackson do Pandeiro. De Luiz Gonzaga e Jimi Hendrix

Baby do Brasil

Baby não cita nenhum nome da música atual. Entretanto, diz saber que ela e Rita Lee, de quem ela canta Mania de Você no show, influenciaram, pelo viés do comportamento livre, nomes, por exemplo, como Anitta e Ludmilla.

A reportagem do Estadão faz a Baby uma pergunta que talvez pudesse suscitar uma resposta com algum traço de ressentimento: Baby, você acha que é reconhecida como grande cantora da música brasileira, como, nos anos 1970 e 1980, eram Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia e Simone, por exemplo? A explicação transcende, como tudo em Baby.

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Ninguém nunca me entendeu. As pessoas estão começando a me entender agora. Tinham aqueles encontros de mulheres (cantoras) e nunca ninguém me chamava. Eu ficava honrada. Pensava: não sou desse tempo. Meu tempo é para lá dos anos 2000

Baby do Brasil

Sem pecado, sem juízo

Baby do Brasil: popstora, rockstora e punkstora Foto: Victor Affaro

Baby reflete sobre a perda de nomes de sua geração, entre eles Gal, Rita e João Donato (nesse momento da entrevista, o colar que Baby usava se solta e ela atribui isso a uma “energia forte”).

“Todos chegaram juntos, renovaram a música brasileira. De repente, veio o mercado da grana e mudou tudo isso”. Baby diz que segue em frente. Que Deus lhe mandou uma mensagem pedindo que ela “segure as pontas”. “Você não vai me ver dançando com a bundinha para cima. Tenho que segurar a onda da música, uau! Não me interessa apelação pelo sexo”, diz.

Baby afirma que não tem medo da morte. “Minha espiritualidade é muito forte”, diz. E, afinal, qual é a igreja de Baby?

“Sou popstora, rockstora, uma punkstora. Inaugurei esses nomes porque as pessoas iam para o lado careta da coisa. Continuo a mesma, mas aprimorei alguns aspectos, como a fé, como reconhecer o valor do próximo. É quando você não fica um religioso acusador e sim conectado. A religiosidade é um perigo”, diz ela, que aponta Sem Pecado, Sem Juízo (1985) como, talvez, sua primeira música gospel - a conversão de Baby à igreja evangélica ocorreu em 1999 .

Baby só fica desconfortável ao falar sobre a mistura de religião com política. Ela pede cautela. “É um assunto delicado. O tempo vai trazer à tona o que era o melhor. Deixa acalmar tudo para vermos quantos se arrependem, quantos mudam. O julgamento é perigosíssimo”, finaliza.

Baby do Brasil - In Concert

5/8, 21h

Teatro Bradesco. Bourbon Shopping. R. Palestra Itália, 500, Pompeia

R$ 160/R$ 240

Baby do Brasil, a menina, 71 anos, ainda dança. “Queria fazer um show de três horas”, diz a cantora ao Estadão, sobre a turnê Baby do Brasil In Concert que ela traz pela primeira vez a São Paulo neste sábado, 5 de agosto, no Teatro Bradesco.

Muito desse novo espetáculo foi pensado durante as madrugadas. Baby, vez ou outra, ela conta, emenda dois dias trabalhando. Hábito, segundo ela, herdado do tempo em que tinha seis filhos ainda crianças para cuidar. “Com filho não se pode falhar. Foram seis. Uma década grávida. Criei um horário em que eu fosse mãe, mas não parasse de produzir. Trabalhava de madrugada”, diz.

A energia, diz Baby, às vezes não acaba. “Outro dia me perguntaram quantos anos eu tinha. Respondi 81! Depois, disse, não espera aí (risos). Estou com tudo novo, de novo”, diz a cantora, agora avó de três - Rannah, 31, Dom, 5, e Yolanda, 1.

A cantora Baby do Brasil estreia novo show em São Paulo Foto: Victor Affaro

O show Baby do Brasil - In Concert é inspirado naquilo que a cantora ouve. Como a música erudita, por exemplo. Baby enfileira Beethoven, Vivaldi, Bach e Mozart entre seus preferidos. Ela diz que sempre foi assim, diversificada. Seu primeiro álbum solo, O Que Vier Eu Traço, de 1978, traz diversas influências - inclusive a do chorinho, que batiza o disco e dá a dica sobre sua personalidade.

“Lembro do pessoal da gravadora querendo me convencer de que eu teria que fazer um disco só de samba, ou de rock, ou de balada, ou de pop. Eu disse a eles: não sou uma coisa só”, conta Baby.

Por essa razão, o In Concert explora ao máximo essa multiplicidade. A música clássica funciona como vinheta para alguns de seus grandes sucessos. Baby ainda homenageia quatro grandes mulheres da música: Rita Lee, Gal Costa, Elza Soares e Tina Turner.

De Tina, ela canta The Best, antecedida por um solo de Summer, das Quatro Estações de Vivaldi. A obra de Chopin está colada a Menino do Rio, de Caetano Veloso. De Elza, Baby dá sua versão para Malandro, composição de Jorge Aragão e Jotabê.

Para Gal, que foi sua amiga, ela canta Dê um Rolê, de Moraes Moreira e Luiz Galvão, seus companheiros de Novos Baianos, que fazia parte do lendário show Fatal, de 1971. Quando conversou com a reportagem do Estadão, Baby ainda pensava em incluir também a canção Baby, outro hit de Gal.

Da parceria com Pepeu Gomes, canta Um Raio Laser e Fazendo Música, Jogando Bola. Ambas ficaram conhecidas na voz do antigo marido e parceiro. Tudo com muito improviso, do jeito que Baby gosta. “Eu mereço. Tenho que crescer (em cena)”, diz a cantora.

Baby também traz os chorinhos, que ela não cantava há tempos, de volta ao roteiro, com propósito de celebrar o centenário do compositor Waldir Azevedo. “Está entendendo por que preciso de um show com três horas? Quem sabe uma hora faço algo como um musical”, diz Baby. A cantora já prepara um novo álbum de músicas inéditas.

A menina ainda canta

Baby do Brasil com os seis filhos, em 1985 Foto: Acervo/ Estadão

Baby diz que essa ideia de tentar abarcar a maior diversidade musical possível é para mostrar ao público atual um panorama do que se passou nesses mais de 50 anos, tempo que ela tem de carreira. A cantora afirma que o show traz “uma setinha para o caminho de casa”. “É preciso trazer o carrinho das delícias para a nova geração”, completa.

Não podemos deixar de resgatar toda a riqueza da música. Tem uma geração que vem de outras experiências, como dançar em cima de uma garrafa. A gente não! A gente vem de Woodstock, de ouvir de Lupicínio Rodrigues à black music. Temos influência de Quincy Jones e Jackson do Pandeiro. De Luiz Gonzaga e Jimi Hendrix

Baby do Brasil

Baby não cita nenhum nome da música atual. Entretanto, diz saber que ela e Rita Lee, de quem ela canta Mania de Você no show, influenciaram, pelo viés do comportamento livre, nomes, por exemplo, como Anitta e Ludmilla.

A reportagem do Estadão faz a Baby uma pergunta que talvez pudesse suscitar uma resposta com algum traço de ressentimento: Baby, você acha que é reconhecida como grande cantora da música brasileira, como, nos anos 1970 e 1980, eram Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia e Simone, por exemplo? A explicação transcende, como tudo em Baby.

Ninguém nunca me entendeu. As pessoas estão começando a me entender agora. Tinham aqueles encontros de mulheres (cantoras) e nunca ninguém me chamava. Eu ficava honrada. Pensava: não sou desse tempo. Meu tempo é para lá dos anos 2000

Baby do Brasil

Sem pecado, sem juízo

Baby do Brasil: popstora, rockstora e punkstora Foto: Victor Affaro

Baby reflete sobre a perda de nomes de sua geração, entre eles Gal, Rita e João Donato (nesse momento da entrevista, o colar que Baby usava se solta e ela atribui isso a uma “energia forte”).

“Todos chegaram juntos, renovaram a música brasileira. De repente, veio o mercado da grana e mudou tudo isso”. Baby diz que segue em frente. Que Deus lhe mandou uma mensagem pedindo que ela “segure as pontas”. “Você não vai me ver dançando com a bundinha para cima. Tenho que segurar a onda da música, uau! Não me interessa apelação pelo sexo”, diz.

Baby afirma que não tem medo da morte. “Minha espiritualidade é muito forte”, diz. E, afinal, qual é a igreja de Baby?

“Sou popstora, rockstora, uma punkstora. Inaugurei esses nomes porque as pessoas iam para o lado careta da coisa. Continuo a mesma, mas aprimorei alguns aspectos, como a fé, como reconhecer o valor do próximo. É quando você não fica um religioso acusador e sim conectado. A religiosidade é um perigo”, diz ela, que aponta Sem Pecado, Sem Juízo (1985) como, talvez, sua primeira música gospel - a conversão de Baby à igreja evangélica ocorreu em 1999 .

Baby só fica desconfortável ao falar sobre a mistura de religião com política. Ela pede cautela. “É um assunto delicado. O tempo vai trazer à tona o que era o melhor. Deixa acalmar tudo para vermos quantos se arrependem, quantos mudam. O julgamento é perigosíssimo”, finaliza.

Baby do Brasil - In Concert

5/8, 21h

Teatro Bradesco. Bourbon Shopping. R. Palestra Itália, 500, Pompeia

R$ 160/R$ 240

Baby do Brasil, a menina, 71 anos, ainda dança. “Queria fazer um show de três horas”, diz a cantora ao Estadão, sobre a turnê Baby do Brasil In Concert que ela traz pela primeira vez a São Paulo neste sábado, 5 de agosto, no Teatro Bradesco.

Muito desse novo espetáculo foi pensado durante as madrugadas. Baby, vez ou outra, ela conta, emenda dois dias trabalhando. Hábito, segundo ela, herdado do tempo em que tinha seis filhos ainda crianças para cuidar. “Com filho não se pode falhar. Foram seis. Uma década grávida. Criei um horário em que eu fosse mãe, mas não parasse de produzir. Trabalhava de madrugada”, diz.

A energia, diz Baby, às vezes não acaba. “Outro dia me perguntaram quantos anos eu tinha. Respondi 81! Depois, disse, não espera aí (risos). Estou com tudo novo, de novo”, diz a cantora, agora avó de três - Rannah, 31, Dom, 5, e Yolanda, 1.

A cantora Baby do Brasil estreia novo show em São Paulo Foto: Victor Affaro

O show Baby do Brasil - In Concert é inspirado naquilo que a cantora ouve. Como a música erudita, por exemplo. Baby enfileira Beethoven, Vivaldi, Bach e Mozart entre seus preferidos. Ela diz que sempre foi assim, diversificada. Seu primeiro álbum solo, O Que Vier Eu Traço, de 1978, traz diversas influências - inclusive a do chorinho, que batiza o disco e dá a dica sobre sua personalidade.

“Lembro do pessoal da gravadora querendo me convencer de que eu teria que fazer um disco só de samba, ou de rock, ou de balada, ou de pop. Eu disse a eles: não sou uma coisa só”, conta Baby.

Por essa razão, o In Concert explora ao máximo essa multiplicidade. A música clássica funciona como vinheta para alguns de seus grandes sucessos. Baby ainda homenageia quatro grandes mulheres da música: Rita Lee, Gal Costa, Elza Soares e Tina Turner.

De Tina, ela canta The Best, antecedida por um solo de Summer, das Quatro Estações de Vivaldi. A obra de Chopin está colada a Menino do Rio, de Caetano Veloso. De Elza, Baby dá sua versão para Malandro, composição de Jorge Aragão e Jotabê.

Para Gal, que foi sua amiga, ela canta Dê um Rolê, de Moraes Moreira e Luiz Galvão, seus companheiros de Novos Baianos, que fazia parte do lendário show Fatal, de 1971. Quando conversou com a reportagem do Estadão, Baby ainda pensava em incluir também a canção Baby, outro hit de Gal.

Da parceria com Pepeu Gomes, canta Um Raio Laser e Fazendo Música, Jogando Bola. Ambas ficaram conhecidas na voz do antigo marido e parceiro. Tudo com muito improviso, do jeito que Baby gosta. “Eu mereço. Tenho que crescer (em cena)”, diz a cantora.

Baby também traz os chorinhos, que ela não cantava há tempos, de volta ao roteiro, com propósito de celebrar o centenário do compositor Waldir Azevedo. “Está entendendo por que preciso de um show com três horas? Quem sabe uma hora faço algo como um musical”, diz Baby. A cantora já prepara um novo álbum de músicas inéditas.

A menina ainda canta

Baby do Brasil com os seis filhos, em 1985 Foto: Acervo/ Estadão

Baby diz que essa ideia de tentar abarcar a maior diversidade musical possível é para mostrar ao público atual um panorama do que se passou nesses mais de 50 anos, tempo que ela tem de carreira. A cantora afirma que o show traz “uma setinha para o caminho de casa”. “É preciso trazer o carrinho das delícias para a nova geração”, completa.

Não podemos deixar de resgatar toda a riqueza da música. Tem uma geração que vem de outras experiências, como dançar em cima de uma garrafa. A gente não! A gente vem de Woodstock, de ouvir de Lupicínio Rodrigues à black music. Temos influência de Quincy Jones e Jackson do Pandeiro. De Luiz Gonzaga e Jimi Hendrix

Baby do Brasil

Baby não cita nenhum nome da música atual. Entretanto, diz saber que ela e Rita Lee, de quem ela canta Mania de Você no show, influenciaram, pelo viés do comportamento livre, nomes, por exemplo, como Anitta e Ludmilla.

A reportagem do Estadão faz a Baby uma pergunta que talvez pudesse suscitar uma resposta com algum traço de ressentimento: Baby, você acha que é reconhecida como grande cantora da música brasileira, como, nos anos 1970 e 1980, eram Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia e Simone, por exemplo? A explicação transcende, como tudo em Baby.

Ninguém nunca me entendeu. As pessoas estão começando a me entender agora. Tinham aqueles encontros de mulheres (cantoras) e nunca ninguém me chamava. Eu ficava honrada. Pensava: não sou desse tempo. Meu tempo é para lá dos anos 2000

Baby do Brasil

Sem pecado, sem juízo

Baby do Brasil: popstora, rockstora e punkstora Foto: Victor Affaro

Baby reflete sobre a perda de nomes de sua geração, entre eles Gal, Rita e João Donato (nesse momento da entrevista, o colar que Baby usava se solta e ela atribui isso a uma “energia forte”).

“Todos chegaram juntos, renovaram a música brasileira. De repente, veio o mercado da grana e mudou tudo isso”. Baby diz que segue em frente. Que Deus lhe mandou uma mensagem pedindo que ela “segure as pontas”. “Você não vai me ver dançando com a bundinha para cima. Tenho que segurar a onda da música, uau! Não me interessa apelação pelo sexo”, diz.

Baby afirma que não tem medo da morte. “Minha espiritualidade é muito forte”, diz. E, afinal, qual é a igreja de Baby?

“Sou popstora, rockstora, uma punkstora. Inaugurei esses nomes porque as pessoas iam para o lado careta da coisa. Continuo a mesma, mas aprimorei alguns aspectos, como a fé, como reconhecer o valor do próximo. É quando você não fica um religioso acusador e sim conectado. A religiosidade é um perigo”, diz ela, que aponta Sem Pecado, Sem Juízo (1985) como, talvez, sua primeira música gospel - a conversão de Baby à igreja evangélica ocorreu em 1999 .

Baby só fica desconfortável ao falar sobre a mistura de religião com política. Ela pede cautela. “É um assunto delicado. O tempo vai trazer à tona o que era o melhor. Deixa acalmar tudo para vermos quantos se arrependem, quantos mudam. O julgamento é perigosíssimo”, finaliza.

Baby do Brasil - In Concert

5/8, 21h

Teatro Bradesco. Bourbon Shopping. R. Palestra Itália, 500, Pompeia

R$ 160/R$ 240

Baby do Brasil, a menina, 71 anos, ainda dança. “Queria fazer um show de três horas”, diz a cantora ao Estadão, sobre a turnê Baby do Brasil In Concert que ela traz pela primeira vez a São Paulo neste sábado, 5 de agosto, no Teatro Bradesco.

Muito desse novo espetáculo foi pensado durante as madrugadas. Baby, vez ou outra, ela conta, emenda dois dias trabalhando. Hábito, segundo ela, herdado do tempo em que tinha seis filhos ainda crianças para cuidar. “Com filho não se pode falhar. Foram seis. Uma década grávida. Criei um horário em que eu fosse mãe, mas não parasse de produzir. Trabalhava de madrugada”, diz.

A energia, diz Baby, às vezes não acaba. “Outro dia me perguntaram quantos anos eu tinha. Respondi 81! Depois, disse, não espera aí (risos). Estou com tudo novo, de novo”, diz a cantora, agora avó de três - Rannah, 31, Dom, 5, e Yolanda, 1.

A cantora Baby do Brasil estreia novo show em São Paulo Foto: Victor Affaro

O show Baby do Brasil - In Concert é inspirado naquilo que a cantora ouve. Como a música erudita, por exemplo. Baby enfileira Beethoven, Vivaldi, Bach e Mozart entre seus preferidos. Ela diz que sempre foi assim, diversificada. Seu primeiro álbum solo, O Que Vier Eu Traço, de 1978, traz diversas influências - inclusive a do chorinho, que batiza o disco e dá a dica sobre sua personalidade.

“Lembro do pessoal da gravadora querendo me convencer de que eu teria que fazer um disco só de samba, ou de rock, ou de balada, ou de pop. Eu disse a eles: não sou uma coisa só”, conta Baby.

Por essa razão, o In Concert explora ao máximo essa multiplicidade. A música clássica funciona como vinheta para alguns de seus grandes sucessos. Baby ainda homenageia quatro grandes mulheres da música: Rita Lee, Gal Costa, Elza Soares e Tina Turner.

De Tina, ela canta The Best, antecedida por um solo de Summer, das Quatro Estações de Vivaldi. A obra de Chopin está colada a Menino do Rio, de Caetano Veloso. De Elza, Baby dá sua versão para Malandro, composição de Jorge Aragão e Jotabê.

Para Gal, que foi sua amiga, ela canta Dê um Rolê, de Moraes Moreira e Luiz Galvão, seus companheiros de Novos Baianos, que fazia parte do lendário show Fatal, de 1971. Quando conversou com a reportagem do Estadão, Baby ainda pensava em incluir também a canção Baby, outro hit de Gal.

Da parceria com Pepeu Gomes, canta Um Raio Laser e Fazendo Música, Jogando Bola. Ambas ficaram conhecidas na voz do antigo marido e parceiro. Tudo com muito improviso, do jeito que Baby gosta. “Eu mereço. Tenho que crescer (em cena)”, diz a cantora.

Baby também traz os chorinhos, que ela não cantava há tempos, de volta ao roteiro, com propósito de celebrar o centenário do compositor Waldir Azevedo. “Está entendendo por que preciso de um show com três horas? Quem sabe uma hora faço algo como um musical”, diz Baby. A cantora já prepara um novo álbum de músicas inéditas.

A menina ainda canta

Baby do Brasil com os seis filhos, em 1985 Foto: Acervo/ Estadão

Baby diz que essa ideia de tentar abarcar a maior diversidade musical possível é para mostrar ao público atual um panorama do que se passou nesses mais de 50 anos, tempo que ela tem de carreira. A cantora afirma que o show traz “uma setinha para o caminho de casa”. “É preciso trazer o carrinho das delícias para a nova geração”, completa.

Não podemos deixar de resgatar toda a riqueza da música. Tem uma geração que vem de outras experiências, como dançar em cima de uma garrafa. A gente não! A gente vem de Woodstock, de ouvir de Lupicínio Rodrigues à black music. Temos influência de Quincy Jones e Jackson do Pandeiro. De Luiz Gonzaga e Jimi Hendrix

Baby do Brasil

Baby não cita nenhum nome da música atual. Entretanto, diz saber que ela e Rita Lee, de quem ela canta Mania de Você no show, influenciaram, pelo viés do comportamento livre, nomes, por exemplo, como Anitta e Ludmilla.

A reportagem do Estadão faz a Baby uma pergunta que talvez pudesse suscitar uma resposta com algum traço de ressentimento: Baby, você acha que é reconhecida como grande cantora da música brasileira, como, nos anos 1970 e 1980, eram Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia e Simone, por exemplo? A explicação transcende, como tudo em Baby.

Ninguém nunca me entendeu. As pessoas estão começando a me entender agora. Tinham aqueles encontros de mulheres (cantoras) e nunca ninguém me chamava. Eu ficava honrada. Pensava: não sou desse tempo. Meu tempo é para lá dos anos 2000

Baby do Brasil

Sem pecado, sem juízo

Baby do Brasil: popstora, rockstora e punkstora Foto: Victor Affaro

Baby reflete sobre a perda de nomes de sua geração, entre eles Gal, Rita e João Donato (nesse momento da entrevista, o colar que Baby usava se solta e ela atribui isso a uma “energia forte”).

“Todos chegaram juntos, renovaram a música brasileira. De repente, veio o mercado da grana e mudou tudo isso”. Baby diz que segue em frente. Que Deus lhe mandou uma mensagem pedindo que ela “segure as pontas”. “Você não vai me ver dançando com a bundinha para cima. Tenho que segurar a onda da música, uau! Não me interessa apelação pelo sexo”, diz.

Baby afirma que não tem medo da morte. “Minha espiritualidade é muito forte”, diz. E, afinal, qual é a igreja de Baby?

“Sou popstora, rockstora, uma punkstora. Inaugurei esses nomes porque as pessoas iam para o lado careta da coisa. Continuo a mesma, mas aprimorei alguns aspectos, como a fé, como reconhecer o valor do próximo. É quando você não fica um religioso acusador e sim conectado. A religiosidade é um perigo”, diz ela, que aponta Sem Pecado, Sem Juízo (1985) como, talvez, sua primeira música gospel - a conversão de Baby à igreja evangélica ocorreu em 1999 .

Baby só fica desconfortável ao falar sobre a mistura de religião com política. Ela pede cautela. “É um assunto delicado. O tempo vai trazer à tona o que era o melhor. Deixa acalmar tudo para vermos quantos se arrependem, quantos mudam. O julgamento é perigosíssimo”, finaliza.

Baby do Brasil - In Concert

5/8, 21h

Teatro Bradesco. Bourbon Shopping. R. Palestra Itália, 500, Pompeia

R$ 160/R$ 240

Baby do Brasil, a menina, 71 anos, ainda dança. “Queria fazer um show de três horas”, diz a cantora ao Estadão, sobre a turnê Baby do Brasil In Concert que ela traz pela primeira vez a São Paulo neste sábado, 5 de agosto, no Teatro Bradesco.

Muito desse novo espetáculo foi pensado durante as madrugadas. Baby, vez ou outra, ela conta, emenda dois dias trabalhando. Hábito, segundo ela, herdado do tempo em que tinha seis filhos ainda crianças para cuidar. “Com filho não se pode falhar. Foram seis. Uma década grávida. Criei um horário em que eu fosse mãe, mas não parasse de produzir. Trabalhava de madrugada”, diz.

A energia, diz Baby, às vezes não acaba. “Outro dia me perguntaram quantos anos eu tinha. Respondi 81! Depois, disse, não espera aí (risos). Estou com tudo novo, de novo”, diz a cantora, agora avó de três - Rannah, 31, Dom, 5, e Yolanda, 1.

A cantora Baby do Brasil estreia novo show em São Paulo Foto: Victor Affaro

O show Baby do Brasil - In Concert é inspirado naquilo que a cantora ouve. Como a música erudita, por exemplo. Baby enfileira Beethoven, Vivaldi, Bach e Mozart entre seus preferidos. Ela diz que sempre foi assim, diversificada. Seu primeiro álbum solo, O Que Vier Eu Traço, de 1978, traz diversas influências - inclusive a do chorinho, que batiza o disco e dá a dica sobre sua personalidade.

“Lembro do pessoal da gravadora querendo me convencer de que eu teria que fazer um disco só de samba, ou de rock, ou de balada, ou de pop. Eu disse a eles: não sou uma coisa só”, conta Baby.

Por essa razão, o In Concert explora ao máximo essa multiplicidade. A música clássica funciona como vinheta para alguns de seus grandes sucessos. Baby ainda homenageia quatro grandes mulheres da música: Rita Lee, Gal Costa, Elza Soares e Tina Turner.

De Tina, ela canta The Best, antecedida por um solo de Summer, das Quatro Estações de Vivaldi. A obra de Chopin está colada a Menino do Rio, de Caetano Veloso. De Elza, Baby dá sua versão para Malandro, composição de Jorge Aragão e Jotabê.

Para Gal, que foi sua amiga, ela canta Dê um Rolê, de Moraes Moreira e Luiz Galvão, seus companheiros de Novos Baianos, que fazia parte do lendário show Fatal, de 1971. Quando conversou com a reportagem do Estadão, Baby ainda pensava em incluir também a canção Baby, outro hit de Gal.

Da parceria com Pepeu Gomes, canta Um Raio Laser e Fazendo Música, Jogando Bola. Ambas ficaram conhecidas na voz do antigo marido e parceiro. Tudo com muito improviso, do jeito que Baby gosta. “Eu mereço. Tenho que crescer (em cena)”, diz a cantora.

Baby também traz os chorinhos, que ela não cantava há tempos, de volta ao roteiro, com propósito de celebrar o centenário do compositor Waldir Azevedo. “Está entendendo por que preciso de um show com três horas? Quem sabe uma hora faço algo como um musical”, diz Baby. A cantora já prepara um novo álbum de músicas inéditas.

A menina ainda canta

Baby do Brasil com os seis filhos, em 1985 Foto: Acervo/ Estadão

Baby diz que essa ideia de tentar abarcar a maior diversidade musical possível é para mostrar ao público atual um panorama do que se passou nesses mais de 50 anos, tempo que ela tem de carreira. A cantora afirma que o show traz “uma setinha para o caminho de casa”. “É preciso trazer o carrinho das delícias para a nova geração”, completa.

Não podemos deixar de resgatar toda a riqueza da música. Tem uma geração que vem de outras experiências, como dançar em cima de uma garrafa. A gente não! A gente vem de Woodstock, de ouvir de Lupicínio Rodrigues à black music. Temos influência de Quincy Jones e Jackson do Pandeiro. De Luiz Gonzaga e Jimi Hendrix

Baby do Brasil

Baby não cita nenhum nome da música atual. Entretanto, diz saber que ela e Rita Lee, de quem ela canta Mania de Você no show, influenciaram, pelo viés do comportamento livre, nomes, por exemplo, como Anitta e Ludmilla.

A reportagem do Estadão faz a Baby uma pergunta que talvez pudesse suscitar uma resposta com algum traço de ressentimento: Baby, você acha que é reconhecida como grande cantora da música brasileira, como, nos anos 1970 e 1980, eram Elis Regina, Gal Costa, Maria Bethânia e Simone, por exemplo? A explicação transcende, como tudo em Baby.

Ninguém nunca me entendeu. As pessoas estão começando a me entender agora. Tinham aqueles encontros de mulheres (cantoras) e nunca ninguém me chamava. Eu ficava honrada. Pensava: não sou desse tempo. Meu tempo é para lá dos anos 2000

Baby do Brasil

Sem pecado, sem juízo

Baby do Brasil: popstora, rockstora e punkstora Foto: Victor Affaro

Baby reflete sobre a perda de nomes de sua geração, entre eles Gal, Rita e João Donato (nesse momento da entrevista, o colar que Baby usava se solta e ela atribui isso a uma “energia forte”).

“Todos chegaram juntos, renovaram a música brasileira. De repente, veio o mercado da grana e mudou tudo isso”. Baby diz que segue em frente. Que Deus lhe mandou uma mensagem pedindo que ela “segure as pontas”. “Você não vai me ver dançando com a bundinha para cima. Tenho que segurar a onda da música, uau! Não me interessa apelação pelo sexo”, diz.

Baby afirma que não tem medo da morte. “Minha espiritualidade é muito forte”, diz. E, afinal, qual é a igreja de Baby?

“Sou popstora, rockstora, uma punkstora. Inaugurei esses nomes porque as pessoas iam para o lado careta da coisa. Continuo a mesma, mas aprimorei alguns aspectos, como a fé, como reconhecer o valor do próximo. É quando você não fica um religioso acusador e sim conectado. A religiosidade é um perigo”, diz ela, que aponta Sem Pecado, Sem Juízo (1985) como, talvez, sua primeira música gospel - a conversão de Baby à igreja evangélica ocorreu em 1999 .

Baby só fica desconfortável ao falar sobre a mistura de religião com política. Ela pede cautela. “É um assunto delicado. O tempo vai trazer à tona o que era o melhor. Deixa acalmar tudo para vermos quantos se arrependem, quantos mudam. O julgamento é perigosíssimo”, finaliza.

Baby do Brasil - In Concert

5/8, 21h

Teatro Bradesco. Bourbon Shopping. R. Palestra Itália, 500, Pompeia

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