Beyoncé erra feio, é cobrada e promete mudar letra da música 'Heated'


Canção com palavra ofensiva a pessoas com paralisia cerebral é sinal de que não dá mais para ser engajado em dois ou três assuntos: é preciso olhar para todos

Por Julio Maria
Atualização:

Atacada nas redes sociais pelo uso de um termo considerado desrespeitoso às pessoas que possuem uma espécie de paralisia cerebral, Beyoncé vai mudar a letra da música Heated. O termo é “spaz” e aparece duas vezes na canção lançada em seu recente álbum, Renaissance. As reações maiores se deram no Reino Unido, onde há uma interpretação da expressão mais pesada do que nos Estados Unidos. Um representante da cantora, no entanto, afirmou ao site Insider que a letra, escrita por Beyoncé e por Drake, será alterada. “A palavra, não usada intencionalmente de forma prejudicial, será substituída”, disse o comunicado.

Beyoncé em lançamento de 'Renaissance' Foto: Reinassance

Não é a primeira vez que uma artista faz uso da palavra que nos Estados Unidos tem uma conotação ligada ao sexo enlouquecedor. Mas “spaz” é literalmente, no inglês de qualquer país, perder o controle físico e emocional, algo caro aos portadores da diplegia espástica, uma das formas mais comuns de paralisia cerebral que atinge os membros inferiores. Chamar alguém de "spaz" no Reino Unido é algo tão grave e ofensivo quanto “retardado” no Brasil. Por isso o levante se fez dias depois ao lançamento do disco e, coincidentemente, a um outro caso de uso da palavra por outra cantora também reconhecida por seu engajamento social: Lizzo.

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Lizzo reagiu rapidamente ao lançar a música Grrrls, em junho, no álbum Special. Ela teve as orelhas puxadas nas redes sociais por uma defensora incansável contra os ataques às vulnerabilidades físicas e emocionais, a escritora australiana Hannah Diviney, sobretudo por ser ela mesma portadora de diplegia espástica. Lizzo se pronunciou: “Como uma mulher negra gorda na América, tive muitas palavras ofensivas usadas contra mim, então entendo o poder palavras podem ter (seja intencionalmente, ou no meu caso, não intencionalmente.” E mudou a letra. Agora, a mesma Diviney se mostrou estarrecida ao ver Beyoncé aparentar tanto descuido apenas um mês depois do caso Lizzo. A pedido do jornal inglês The Guardian, escreveu um longo e triste artigo: “Achei que havíamos mudado a indústria da música e iniciado uma conversa global sobre por que a linguagem capacitista – intencional ou não – não tem lugar na música”, escreveu Diviney. “Mas acho que estava errada... Eu estou tão cansada. Pessoas com deficiência merecem mais do que isso. Não quero ter essa conversa novamente.”

A instituição que trata de pessoas com diplegia no Reino Unido, Sense, também se pronunciou sobre Heated, de Beyoncé e Drake, afirmando ser “decepcionante que outro artista estivesse usando um termo ofensivo em sua música tão logo depois de ser apontado o quão doloroso é a palavra”. E pediu “mais educação para melhorar a conscientização sobre a deficiência”. Lizzo e Beyoncé, por suas preocupações até aqui, não podem ser acusadas de alienadas mesmo dentro de seus mundos de luxo e ostentação, mas o caso de uso de uma palavra tão errada soa como lição. Não há mais como se engajar apenas em uma ou duas causas. É preciso olhar para todas.

Veja clipe de 'Heated' com tradução da letra

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Atacada nas redes sociais pelo uso de um termo considerado desrespeitoso às pessoas que possuem uma espécie de paralisia cerebral, Beyoncé vai mudar a letra da música Heated. O termo é “spaz” e aparece duas vezes na canção lançada em seu recente álbum, Renaissance. As reações maiores se deram no Reino Unido, onde há uma interpretação da expressão mais pesada do que nos Estados Unidos. Um representante da cantora, no entanto, afirmou ao site Insider que a letra, escrita por Beyoncé e por Drake, será alterada. “A palavra, não usada intencionalmente de forma prejudicial, será substituída”, disse o comunicado.

Beyoncé em lançamento de 'Renaissance' Foto: Reinassance

Não é a primeira vez que uma artista faz uso da palavra que nos Estados Unidos tem uma conotação ligada ao sexo enlouquecedor. Mas “spaz” é literalmente, no inglês de qualquer país, perder o controle físico e emocional, algo caro aos portadores da diplegia espástica, uma das formas mais comuns de paralisia cerebral que atinge os membros inferiores. Chamar alguém de "spaz" no Reino Unido é algo tão grave e ofensivo quanto “retardado” no Brasil. Por isso o levante se fez dias depois ao lançamento do disco e, coincidentemente, a um outro caso de uso da palavra por outra cantora também reconhecida por seu engajamento social: Lizzo.

Lizzo reagiu rapidamente ao lançar a música Grrrls, em junho, no álbum Special. Ela teve as orelhas puxadas nas redes sociais por uma defensora incansável contra os ataques às vulnerabilidades físicas e emocionais, a escritora australiana Hannah Diviney, sobretudo por ser ela mesma portadora de diplegia espástica. Lizzo se pronunciou: “Como uma mulher negra gorda na América, tive muitas palavras ofensivas usadas contra mim, então entendo o poder palavras podem ter (seja intencionalmente, ou no meu caso, não intencionalmente.” E mudou a letra. Agora, a mesma Diviney se mostrou estarrecida ao ver Beyoncé aparentar tanto descuido apenas um mês depois do caso Lizzo. A pedido do jornal inglês The Guardian, escreveu um longo e triste artigo: “Achei que havíamos mudado a indústria da música e iniciado uma conversa global sobre por que a linguagem capacitista – intencional ou não – não tem lugar na música”, escreveu Diviney. “Mas acho que estava errada... Eu estou tão cansada. Pessoas com deficiência merecem mais do que isso. Não quero ter essa conversa novamente.”

A instituição que trata de pessoas com diplegia no Reino Unido, Sense, também se pronunciou sobre Heated, de Beyoncé e Drake, afirmando ser “decepcionante que outro artista estivesse usando um termo ofensivo em sua música tão logo depois de ser apontado o quão doloroso é a palavra”. E pediu “mais educação para melhorar a conscientização sobre a deficiência”. Lizzo e Beyoncé, por suas preocupações até aqui, não podem ser acusadas de alienadas mesmo dentro de seus mundos de luxo e ostentação, mas o caso de uso de uma palavra tão errada soa como lição. Não há mais como se engajar apenas em uma ou duas causas. É preciso olhar para todas.

Veja clipe de 'Heated' com tradução da letra

Atacada nas redes sociais pelo uso de um termo considerado desrespeitoso às pessoas que possuem uma espécie de paralisia cerebral, Beyoncé vai mudar a letra da música Heated. O termo é “spaz” e aparece duas vezes na canção lançada em seu recente álbum, Renaissance. As reações maiores se deram no Reino Unido, onde há uma interpretação da expressão mais pesada do que nos Estados Unidos. Um representante da cantora, no entanto, afirmou ao site Insider que a letra, escrita por Beyoncé e por Drake, será alterada. “A palavra, não usada intencionalmente de forma prejudicial, será substituída”, disse o comunicado.

Beyoncé em lançamento de 'Renaissance' Foto: Reinassance

Não é a primeira vez que uma artista faz uso da palavra que nos Estados Unidos tem uma conotação ligada ao sexo enlouquecedor. Mas “spaz” é literalmente, no inglês de qualquer país, perder o controle físico e emocional, algo caro aos portadores da diplegia espástica, uma das formas mais comuns de paralisia cerebral que atinge os membros inferiores. Chamar alguém de "spaz" no Reino Unido é algo tão grave e ofensivo quanto “retardado” no Brasil. Por isso o levante se fez dias depois ao lançamento do disco e, coincidentemente, a um outro caso de uso da palavra por outra cantora também reconhecida por seu engajamento social: Lizzo.

Lizzo reagiu rapidamente ao lançar a música Grrrls, em junho, no álbum Special. Ela teve as orelhas puxadas nas redes sociais por uma defensora incansável contra os ataques às vulnerabilidades físicas e emocionais, a escritora australiana Hannah Diviney, sobretudo por ser ela mesma portadora de diplegia espástica. Lizzo se pronunciou: “Como uma mulher negra gorda na América, tive muitas palavras ofensivas usadas contra mim, então entendo o poder palavras podem ter (seja intencionalmente, ou no meu caso, não intencionalmente.” E mudou a letra. Agora, a mesma Diviney se mostrou estarrecida ao ver Beyoncé aparentar tanto descuido apenas um mês depois do caso Lizzo. A pedido do jornal inglês The Guardian, escreveu um longo e triste artigo: “Achei que havíamos mudado a indústria da música e iniciado uma conversa global sobre por que a linguagem capacitista – intencional ou não – não tem lugar na música”, escreveu Diviney. “Mas acho que estava errada... Eu estou tão cansada. Pessoas com deficiência merecem mais do que isso. Não quero ter essa conversa novamente.”

A instituição que trata de pessoas com diplegia no Reino Unido, Sense, também se pronunciou sobre Heated, de Beyoncé e Drake, afirmando ser “decepcionante que outro artista estivesse usando um termo ofensivo em sua música tão logo depois de ser apontado o quão doloroso é a palavra”. E pediu “mais educação para melhorar a conscientização sobre a deficiência”. Lizzo e Beyoncé, por suas preocupações até aqui, não podem ser acusadas de alienadas mesmo dentro de seus mundos de luxo e ostentação, mas o caso de uso de uma palavra tão errada soa como lição. Não há mais como se engajar apenas em uma ou duas causas. É preciso olhar para todas.

Veja clipe de 'Heated' com tradução da letra

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