Quando o Bixiga 70 deu início à sua trajetória na Rua 13 de Maio, número 70, no estúdio Traquitana, na região central de São Paulo, os 10 rapazes que integram o grupo jamais imaginariam que aquela exploração rítmica com força motriz atravessaria o oceano e chegaria até o Festival Glastonbury, na Inglaterra. “Tocar em eventos assim, do tamanho do Glastonbury, apesar da nossa bagagem internacional, é sempre algo novo. Hoje, estamos mais preparados para os desafios de um festival desse porte. A gente entra no palco com confiança”, diz o tecladista e guitarrista Mauricio Fleury.
O Bixiga 70, que acaba de lançar o disco The Copan Conection: Bixiga 70 Meets Victor Rice, faz show na edição deste ano do Glastonbury e também se apresenta neste sábado, 18, e domingo, 19, no Sesc Vila Mariana.
O convite internacional surgiu em 2014, quando um dos curadores do Glastonbury veio até São Paulo. Ele, que já conhecia o trabalho da banda, entrou em contato com os rapazes, que, obviamente, não pensaram duas vezes antes de aceitar a proposta. “Os gringos trabalham com uma antecedência bem diferente da nossa. Começou recentemente uma movimentação bacana entre São Paulo e os circuitos internacionais. A gente lançou o nosso segundo disco (II) na Inglaterra e o curador já tinha ouvido falar sobre o nosso trabalho. Quando ele veio para cá, na Semana Internacional de Música, nós conversamos e acabou rolando”, afirma o baixista Marcelo Dworecki. O Festival Glastonbury, que nesta edição homenageia Lemmy Kilmister, David Bowie e Prince, músicos que morreram nos últimos seis meses, é um dos mais importantes do mundo. Com vários palcos, 135 mil ingressos já foram vendidos. Em 2016, serão 362 apresentações, além de DJs e lounges montados, entre 22 e 26 de junho. Adele, Coldplay e Muse são as principais atrações. O Bixiga se apresenta no dia 24.
A carreira do Bixiga 70 na Europa já está consolidada. O conjunto, que conta com a ajuda do selo alemão Glitterbeat e lançou o terceiro disco da carreira, III, em 2015, já fez turnês por EUA, Europa e África – incluindo aí o Festival Mawazine, no Marrocos. “O Glastonbury tem outra energia, uma vibração inédita. Tanta gente importante já passou por ali”, complementa o sax barítono Cuca Ferreira.
O trabalho mais recente, The Copan Conection: Bixiga 70 Meets Victor Rice, foi lançado em vinil em 16 de abril, com tiragem de mil cópias. O álbum apresenta novas versões em dub das faixas do último disco, III. “Fazer esse tipo de coisa tem relação com a nossa linguagem. Esses dubs foram produzidos naturalmente. Algumas músicas dos discos anteriores também tinham isso, mas optamos por não lançar. Foi uma proposta do nosso selo para o Record Store Day (data em que artistas do mundo todo lançam LPs ou fitas cassetes para homenagear as lojas de discos)”, conta Mauricio Fleury.
O Bixiga também ganhará um documentário. Segue o Baile mostra o efeito que a música instrumental do Bixiga 70 provoca no público. O filme acompanha a banda em 20 shows por SP, Rio, NY e São Francisco. A produção busca captar recursos para finalizar o projeto. Dirigido por Rubens Crispim Jr. e produzido por Milton Leal, a expectativa é de que Segue o Baile seja lançado no primeiro semestre de 2017.BIXIGA 70 Sesc Vila Mariana. R. Pelotas, 141; 5080-3000. Sábado (18), às 21h, e dom. (19), às 18h. R$ 30.