Bob Marley veio ao Brasil em 1980, jogou futebol com Chico Buarque e foi estrela de festa; relembre


Cantor que inspirou o filme ‘Bob Marley: One Love’, em cartaz nos cinemas, exaltou povo e cultura e interagiu com astros nacionais durante curta passagem pelo Rio de Janeiro no ano anterior à sua morte; veja como foi

Por André Carlos Zorzi

Bob Marley, cuja história inspirou o lançamento do filme Bob Marley: One Love, em cartaz nos cinemas, teve uma passagem marcante pelo Brasil em 1980, pouco antes de sua morte. Por aqui, jogou futebol, conheceu gigantes da MPB e elogiou a música e a cultura nacionais.

Imprevisto na chegada de Bob Marley ao Brasil

À época com 34 anos de idade, o cantor foi convidado para o lançamento da gravadora alemã Ariola no Brasil - que promovia também seu disco mais recente àquele momento, Survival. No Brasil, o selo alemão também abarcava artistas como Chico Buarque, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Alceu Valença, Moraes Moreira, Toquinho, Vinicius de Moraes, entre outros.

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Na ‘comitiva’ de Marley estavam também o guitarrista Junior Marvin, seu parceiro nos Wailers, Jacob Miller, do Inner Circle, o produtor Chris Blackwell e sua mulher, Nathalie Delon (ex do ator Alain Delon). O cantor Barry Manilow também devia vir, mas desistiu pouco antes. Saindo de Trinidad & Tobago, eles passariam por Manaus e por Brasília, fazendo escalas para abastecer, antes de chegar ao Rio.

Foto de Bob Marley em logotipo do Bob Marley Museum, na Jamaica, em novembro de 1997. Foto: Beatriz Velloso/Estadão

A trupe despertou atenção de autoridades do Brasil, que à época vivia seus últimos anos de ditadura militar (1964-1985), conforme consta no livro Ouvindo Estrelas: A Luta, a ousadia e a glória de um dos maiores produtores musicais do Brasil, de Marco Mazzola:

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“O voo teve duas escalas para reabastecimento. A primeira, em Manaus, Amazonas, nos causou bastante preocupação, já que o governo militar deteve o jato por algumas horas para checar os passageiros. Desconfiaram daquelas estranhas figuras e fizeram todos apresentarem os passaporte e explicar o motivo da viagem ao Brasil. Em seguida, foram liberados, porém sem o visto para trabalho ou qualquer apresentação artística”.

Futebol com Chico Buarque e Paulo César Caju

O imprevisto causou algum atraso, mas Bob chegou à capital fluminense por volta das 18h30 de 18 de março de 1980, uma terça-feira. Não demoraria muito para que conhecesse um de seus ídolos, o jogador de futebol Paulo César Caju.

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“Pintou uma afinidade. Ele falou: ‘Paulo, uma das coisas que eu mais gostaria era jogar bola’. Liguei para o Chico [Buarque], que jogava toda segunda, quarta e sábado. [O Bob] era [bom de bola]. Canhoto, batia bem na bola, sabia driblar... Sabia jogar futebol”, relembrou Caju ao Esporte Espetacular há alguns anos.

No dia seguinte, então, o jamaicano, jogaria uma partida dividindo o time com Chico Buarque, Toquinho, Caju, seus amigos Jacob Miller e Junior Marvin e João Luís Albuquerque. No time rival, Alceu Valença e diversos funcionários da gravadora. Reza a lenda que Marley marcou cinco gols ao longo do dia.

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Bob Marley, o ‘rei’ da festa

O dia ainda reservava o principal motivo de sua vinda para cá, a festa da gravadora, na boate Noites Cariocas, no Morro da Urca. A imprensa relatou um custo de cerca de 3,5 milhões de cruzeiros, com dezenas de caixas de uísque e vodka (que Marley nem tocou, sendo visto apenas com água tônica) para seus quase mil convidados.

Na pista de dança, tocavam músicas da época, como Video Killed the Radio Star (The Buggles), Don’t Do Me Like That (Tom Petty & The Heartbreakers) e Pop Musik (M). Bob Marley, vestindo uma calça jeans e uma camisa azul, chegou perto das 22h15, e rumou ao principal camarote do local, onde permaneceria o resto da noite, calmo e alegre, segundo relato do Jornal do Brasil.

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A ideia era que houvesse uma queima de fogos de artifício à meia-noite, mas uma confusão na organização fez com que eles fossem liberados antes da hora. Outros tantos artistas participaram do evento, como Chico Buarque, Ivan Lins, Simone, Toquinho, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Ruy Guerra e Alceu Valença. Muitos dos presentes, porém, não conseguirem se aproximar do ídolo, como Baby do Brasil.

Às 23h20, todos pararam para ouvir o show de Moraes Moreira. Se alguém ainda tinha esperanças de ouvir algum reggae na voz de Bob Marley, foi embora com o fim da apresentação e, pouco depois, quando o próprio se levantou para ir embora, sempre cercado por fotógrafos, jornalistas, fãs e, principalmente, seguranças. Ele ensaiou sentar num banco de jardim para conversar com uma jornalista, mas logo menos os guarda-costas o levaram para fora.

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No dia seguinte, 20 de março de 1980, uma quinta-feira, Bob Marley deixaria o Brasil. Por volta das 15h30, saiu do Copacabana Palace em direção ao aeroporto. Entre suas bagagens, muitos instrumentos musicais e materiais esportivos que aproveitou para comprar por aqui. Antes de partir, disse que pretendia voltar ao Brasil. Talvez em agosto ou setembro daquele mesmo ano, para um festival no Maracanãzinho, relatavam os jornais.

Frases de Bob Marley no Brasil

Uma das poucas entrevistas mais longas que Bob Marley deu durante sua passagem ao Brasil foi para a revista Manchete (nº 1.459, de 5 de abril de 1980). Nela, destacava a origem africana de parte da cultura brasileira.

Sobre o samba e o reggae, por exemplo, dizia: “São componentes africanos. Genuinamente africanos. Pelo que sei, o samba foi trazido ao Brasil pelos escravos africanos, tal como aconteceu com o reggae. A base essencial de ambos os ritmos possui uma raiz africana comum: era e é canto das tribos dos nossos antepassados negros”.

“Aos poucos, descobri que o reggae nada mais era do que uma expressão musical adotada pelos escravos negros para sublimar os castigos impostos por seus senhores e se perder na recordação das aldeias africanas onde seus antepassados viviam na mais ampla liberdade. O comportamento dos negros na Jamaica não apresentava grandes diferenças do comportamento dos outros escravos pretos nos Estados Unidos, Cuba, e outros países do continente americano, inclusive o Brasil”, dizia.

“Qual é a visão que Bob Marley tem de Bob Marley?”, questionava a revista em sua última pergunta. “Que ele é um sofredor”, respondia.

O Estadão também cobriu o dia de seu retorno, destacando os elogios que o jamaicano fez ao maracujá nacional e seu encantamento com os brasileiros. “Passei apenas dois dias, mas aproveitei muito, conheci músicos que fazem um bom trabalho, como Gilberto Gil, curti um pouco de futebol e pretendo voltar em setembro para me aproximar das pessoas”.

“É fácil perceber que as pessoas aqui têm ritmo, têm bossa, não só no andar, no falar, mas no próprio interesse demonstrado pela música em qualquer de suas manifestações. Eu gostaria, realmente, de ter uma oportunidade de um relacionamento mais profundo com esse povo”.

Bob Marley não conseguiu voltar ao Brasil em setembro daquele ano. Aquele mês marcaria seu último show, em Pittsburgh, nos Estados Unidos. Pouco depois seria diagnosticado com um melanoma maligno, que resultaria em sua morte, em 11 de maio de 1981.

Bob Marley, cuja história inspirou o lançamento do filme Bob Marley: One Love, em cartaz nos cinemas, teve uma passagem marcante pelo Brasil em 1980, pouco antes de sua morte. Por aqui, jogou futebol, conheceu gigantes da MPB e elogiou a música e a cultura nacionais.

Imprevisto na chegada de Bob Marley ao Brasil

À época com 34 anos de idade, o cantor foi convidado para o lançamento da gravadora alemã Ariola no Brasil - que promovia também seu disco mais recente àquele momento, Survival. No Brasil, o selo alemão também abarcava artistas como Chico Buarque, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Alceu Valença, Moraes Moreira, Toquinho, Vinicius de Moraes, entre outros.

Na ‘comitiva’ de Marley estavam também o guitarrista Junior Marvin, seu parceiro nos Wailers, Jacob Miller, do Inner Circle, o produtor Chris Blackwell e sua mulher, Nathalie Delon (ex do ator Alain Delon). O cantor Barry Manilow também devia vir, mas desistiu pouco antes. Saindo de Trinidad & Tobago, eles passariam por Manaus e por Brasília, fazendo escalas para abastecer, antes de chegar ao Rio.

Foto de Bob Marley em logotipo do Bob Marley Museum, na Jamaica, em novembro de 1997. Foto: Beatriz Velloso/Estadão

A trupe despertou atenção de autoridades do Brasil, que à época vivia seus últimos anos de ditadura militar (1964-1985), conforme consta no livro Ouvindo Estrelas: A Luta, a ousadia e a glória de um dos maiores produtores musicais do Brasil, de Marco Mazzola:

“O voo teve duas escalas para reabastecimento. A primeira, em Manaus, Amazonas, nos causou bastante preocupação, já que o governo militar deteve o jato por algumas horas para checar os passageiros. Desconfiaram daquelas estranhas figuras e fizeram todos apresentarem os passaporte e explicar o motivo da viagem ao Brasil. Em seguida, foram liberados, porém sem o visto para trabalho ou qualquer apresentação artística”.

Futebol com Chico Buarque e Paulo César Caju

O imprevisto causou algum atraso, mas Bob chegou à capital fluminense por volta das 18h30 de 18 de março de 1980, uma terça-feira. Não demoraria muito para que conhecesse um de seus ídolos, o jogador de futebol Paulo César Caju.

“Pintou uma afinidade. Ele falou: ‘Paulo, uma das coisas que eu mais gostaria era jogar bola’. Liguei para o Chico [Buarque], que jogava toda segunda, quarta e sábado. [O Bob] era [bom de bola]. Canhoto, batia bem na bola, sabia driblar... Sabia jogar futebol”, relembrou Caju ao Esporte Espetacular há alguns anos.

No dia seguinte, então, o jamaicano, jogaria uma partida dividindo o time com Chico Buarque, Toquinho, Caju, seus amigos Jacob Miller e Junior Marvin e João Luís Albuquerque. No time rival, Alceu Valença e diversos funcionários da gravadora. Reza a lenda que Marley marcou cinco gols ao longo do dia.

Bob Marley, o ‘rei’ da festa

O dia ainda reservava o principal motivo de sua vinda para cá, a festa da gravadora, na boate Noites Cariocas, no Morro da Urca. A imprensa relatou um custo de cerca de 3,5 milhões de cruzeiros, com dezenas de caixas de uísque e vodka (que Marley nem tocou, sendo visto apenas com água tônica) para seus quase mil convidados.

Na pista de dança, tocavam músicas da época, como Video Killed the Radio Star (The Buggles), Don’t Do Me Like That (Tom Petty & The Heartbreakers) e Pop Musik (M). Bob Marley, vestindo uma calça jeans e uma camisa azul, chegou perto das 22h15, e rumou ao principal camarote do local, onde permaneceria o resto da noite, calmo e alegre, segundo relato do Jornal do Brasil.

A ideia era que houvesse uma queima de fogos de artifício à meia-noite, mas uma confusão na organização fez com que eles fossem liberados antes da hora. Outros tantos artistas participaram do evento, como Chico Buarque, Ivan Lins, Simone, Toquinho, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Ruy Guerra e Alceu Valença. Muitos dos presentes, porém, não conseguirem se aproximar do ídolo, como Baby do Brasil.

Às 23h20, todos pararam para ouvir o show de Moraes Moreira. Se alguém ainda tinha esperanças de ouvir algum reggae na voz de Bob Marley, foi embora com o fim da apresentação e, pouco depois, quando o próprio se levantou para ir embora, sempre cercado por fotógrafos, jornalistas, fãs e, principalmente, seguranças. Ele ensaiou sentar num banco de jardim para conversar com uma jornalista, mas logo menos os guarda-costas o levaram para fora.

No dia seguinte, 20 de março de 1980, uma quinta-feira, Bob Marley deixaria o Brasil. Por volta das 15h30, saiu do Copacabana Palace em direção ao aeroporto. Entre suas bagagens, muitos instrumentos musicais e materiais esportivos que aproveitou para comprar por aqui. Antes de partir, disse que pretendia voltar ao Brasil. Talvez em agosto ou setembro daquele mesmo ano, para um festival no Maracanãzinho, relatavam os jornais.

Frases de Bob Marley no Brasil

Uma das poucas entrevistas mais longas que Bob Marley deu durante sua passagem ao Brasil foi para a revista Manchete (nº 1.459, de 5 de abril de 1980). Nela, destacava a origem africana de parte da cultura brasileira.

Sobre o samba e o reggae, por exemplo, dizia: “São componentes africanos. Genuinamente africanos. Pelo que sei, o samba foi trazido ao Brasil pelos escravos africanos, tal como aconteceu com o reggae. A base essencial de ambos os ritmos possui uma raiz africana comum: era e é canto das tribos dos nossos antepassados negros”.

“Aos poucos, descobri que o reggae nada mais era do que uma expressão musical adotada pelos escravos negros para sublimar os castigos impostos por seus senhores e se perder na recordação das aldeias africanas onde seus antepassados viviam na mais ampla liberdade. O comportamento dos negros na Jamaica não apresentava grandes diferenças do comportamento dos outros escravos pretos nos Estados Unidos, Cuba, e outros países do continente americano, inclusive o Brasil”, dizia.

“Qual é a visão que Bob Marley tem de Bob Marley?”, questionava a revista em sua última pergunta. “Que ele é um sofredor”, respondia.

O Estadão também cobriu o dia de seu retorno, destacando os elogios que o jamaicano fez ao maracujá nacional e seu encantamento com os brasileiros. “Passei apenas dois dias, mas aproveitei muito, conheci músicos que fazem um bom trabalho, como Gilberto Gil, curti um pouco de futebol e pretendo voltar em setembro para me aproximar das pessoas”.

“É fácil perceber que as pessoas aqui têm ritmo, têm bossa, não só no andar, no falar, mas no próprio interesse demonstrado pela música em qualquer de suas manifestações. Eu gostaria, realmente, de ter uma oportunidade de um relacionamento mais profundo com esse povo”.

Bob Marley não conseguiu voltar ao Brasil em setembro daquele ano. Aquele mês marcaria seu último show, em Pittsburgh, nos Estados Unidos. Pouco depois seria diagnosticado com um melanoma maligno, que resultaria em sua morte, em 11 de maio de 1981.

Bob Marley, cuja história inspirou o lançamento do filme Bob Marley: One Love, em cartaz nos cinemas, teve uma passagem marcante pelo Brasil em 1980, pouco antes de sua morte. Por aqui, jogou futebol, conheceu gigantes da MPB e elogiou a música e a cultura nacionais.

Imprevisto na chegada de Bob Marley ao Brasil

À época com 34 anos de idade, o cantor foi convidado para o lançamento da gravadora alemã Ariola no Brasil - que promovia também seu disco mais recente àquele momento, Survival. No Brasil, o selo alemão também abarcava artistas como Chico Buarque, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Alceu Valença, Moraes Moreira, Toquinho, Vinicius de Moraes, entre outros.

Na ‘comitiva’ de Marley estavam também o guitarrista Junior Marvin, seu parceiro nos Wailers, Jacob Miller, do Inner Circle, o produtor Chris Blackwell e sua mulher, Nathalie Delon (ex do ator Alain Delon). O cantor Barry Manilow também devia vir, mas desistiu pouco antes. Saindo de Trinidad & Tobago, eles passariam por Manaus e por Brasília, fazendo escalas para abastecer, antes de chegar ao Rio.

Foto de Bob Marley em logotipo do Bob Marley Museum, na Jamaica, em novembro de 1997. Foto: Beatriz Velloso/Estadão

A trupe despertou atenção de autoridades do Brasil, que à época vivia seus últimos anos de ditadura militar (1964-1985), conforme consta no livro Ouvindo Estrelas: A Luta, a ousadia e a glória de um dos maiores produtores musicais do Brasil, de Marco Mazzola:

“O voo teve duas escalas para reabastecimento. A primeira, em Manaus, Amazonas, nos causou bastante preocupação, já que o governo militar deteve o jato por algumas horas para checar os passageiros. Desconfiaram daquelas estranhas figuras e fizeram todos apresentarem os passaporte e explicar o motivo da viagem ao Brasil. Em seguida, foram liberados, porém sem o visto para trabalho ou qualquer apresentação artística”.

Futebol com Chico Buarque e Paulo César Caju

O imprevisto causou algum atraso, mas Bob chegou à capital fluminense por volta das 18h30 de 18 de março de 1980, uma terça-feira. Não demoraria muito para que conhecesse um de seus ídolos, o jogador de futebol Paulo César Caju.

“Pintou uma afinidade. Ele falou: ‘Paulo, uma das coisas que eu mais gostaria era jogar bola’. Liguei para o Chico [Buarque], que jogava toda segunda, quarta e sábado. [O Bob] era [bom de bola]. Canhoto, batia bem na bola, sabia driblar... Sabia jogar futebol”, relembrou Caju ao Esporte Espetacular há alguns anos.

No dia seguinte, então, o jamaicano, jogaria uma partida dividindo o time com Chico Buarque, Toquinho, Caju, seus amigos Jacob Miller e Junior Marvin e João Luís Albuquerque. No time rival, Alceu Valença e diversos funcionários da gravadora. Reza a lenda que Marley marcou cinco gols ao longo do dia.

Bob Marley, o ‘rei’ da festa

O dia ainda reservava o principal motivo de sua vinda para cá, a festa da gravadora, na boate Noites Cariocas, no Morro da Urca. A imprensa relatou um custo de cerca de 3,5 milhões de cruzeiros, com dezenas de caixas de uísque e vodka (que Marley nem tocou, sendo visto apenas com água tônica) para seus quase mil convidados.

Na pista de dança, tocavam músicas da época, como Video Killed the Radio Star (The Buggles), Don’t Do Me Like That (Tom Petty & The Heartbreakers) e Pop Musik (M). Bob Marley, vestindo uma calça jeans e uma camisa azul, chegou perto das 22h15, e rumou ao principal camarote do local, onde permaneceria o resto da noite, calmo e alegre, segundo relato do Jornal do Brasil.

A ideia era que houvesse uma queima de fogos de artifício à meia-noite, mas uma confusão na organização fez com que eles fossem liberados antes da hora. Outros tantos artistas participaram do evento, como Chico Buarque, Ivan Lins, Simone, Toquinho, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Ruy Guerra e Alceu Valença. Muitos dos presentes, porém, não conseguirem se aproximar do ídolo, como Baby do Brasil.

Às 23h20, todos pararam para ouvir o show de Moraes Moreira. Se alguém ainda tinha esperanças de ouvir algum reggae na voz de Bob Marley, foi embora com o fim da apresentação e, pouco depois, quando o próprio se levantou para ir embora, sempre cercado por fotógrafos, jornalistas, fãs e, principalmente, seguranças. Ele ensaiou sentar num banco de jardim para conversar com uma jornalista, mas logo menos os guarda-costas o levaram para fora.

No dia seguinte, 20 de março de 1980, uma quinta-feira, Bob Marley deixaria o Brasil. Por volta das 15h30, saiu do Copacabana Palace em direção ao aeroporto. Entre suas bagagens, muitos instrumentos musicais e materiais esportivos que aproveitou para comprar por aqui. Antes de partir, disse que pretendia voltar ao Brasil. Talvez em agosto ou setembro daquele mesmo ano, para um festival no Maracanãzinho, relatavam os jornais.

Frases de Bob Marley no Brasil

Uma das poucas entrevistas mais longas que Bob Marley deu durante sua passagem ao Brasil foi para a revista Manchete (nº 1.459, de 5 de abril de 1980). Nela, destacava a origem africana de parte da cultura brasileira.

Sobre o samba e o reggae, por exemplo, dizia: “São componentes africanos. Genuinamente africanos. Pelo que sei, o samba foi trazido ao Brasil pelos escravos africanos, tal como aconteceu com o reggae. A base essencial de ambos os ritmos possui uma raiz africana comum: era e é canto das tribos dos nossos antepassados negros”.

“Aos poucos, descobri que o reggae nada mais era do que uma expressão musical adotada pelos escravos negros para sublimar os castigos impostos por seus senhores e se perder na recordação das aldeias africanas onde seus antepassados viviam na mais ampla liberdade. O comportamento dos negros na Jamaica não apresentava grandes diferenças do comportamento dos outros escravos pretos nos Estados Unidos, Cuba, e outros países do continente americano, inclusive o Brasil”, dizia.

“Qual é a visão que Bob Marley tem de Bob Marley?”, questionava a revista em sua última pergunta. “Que ele é um sofredor”, respondia.

O Estadão também cobriu o dia de seu retorno, destacando os elogios que o jamaicano fez ao maracujá nacional e seu encantamento com os brasileiros. “Passei apenas dois dias, mas aproveitei muito, conheci músicos que fazem um bom trabalho, como Gilberto Gil, curti um pouco de futebol e pretendo voltar em setembro para me aproximar das pessoas”.

“É fácil perceber que as pessoas aqui têm ritmo, têm bossa, não só no andar, no falar, mas no próprio interesse demonstrado pela música em qualquer de suas manifestações. Eu gostaria, realmente, de ter uma oportunidade de um relacionamento mais profundo com esse povo”.

Bob Marley não conseguiu voltar ao Brasil em setembro daquele ano. Aquele mês marcaria seu último show, em Pittsburgh, nos Estados Unidos. Pouco depois seria diagnosticado com um melanoma maligno, que resultaria em sua morte, em 11 de maio de 1981.

Bob Marley, cuja história inspirou o lançamento do filme Bob Marley: One Love, em cartaz nos cinemas, teve uma passagem marcante pelo Brasil em 1980, pouco antes de sua morte. Por aqui, jogou futebol, conheceu gigantes da MPB e elogiou a música e a cultura nacionais.

Imprevisto na chegada de Bob Marley ao Brasil

À época com 34 anos de idade, o cantor foi convidado para o lançamento da gravadora alemã Ariola no Brasil - que promovia também seu disco mais recente àquele momento, Survival. No Brasil, o selo alemão também abarcava artistas como Chico Buarque, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Alceu Valença, Moraes Moreira, Toquinho, Vinicius de Moraes, entre outros.

Na ‘comitiva’ de Marley estavam também o guitarrista Junior Marvin, seu parceiro nos Wailers, Jacob Miller, do Inner Circle, o produtor Chris Blackwell e sua mulher, Nathalie Delon (ex do ator Alain Delon). O cantor Barry Manilow também devia vir, mas desistiu pouco antes. Saindo de Trinidad & Tobago, eles passariam por Manaus e por Brasília, fazendo escalas para abastecer, antes de chegar ao Rio.

Foto de Bob Marley em logotipo do Bob Marley Museum, na Jamaica, em novembro de 1997. Foto: Beatriz Velloso/Estadão

A trupe despertou atenção de autoridades do Brasil, que à época vivia seus últimos anos de ditadura militar (1964-1985), conforme consta no livro Ouvindo Estrelas: A Luta, a ousadia e a glória de um dos maiores produtores musicais do Brasil, de Marco Mazzola:

“O voo teve duas escalas para reabastecimento. A primeira, em Manaus, Amazonas, nos causou bastante preocupação, já que o governo militar deteve o jato por algumas horas para checar os passageiros. Desconfiaram daquelas estranhas figuras e fizeram todos apresentarem os passaporte e explicar o motivo da viagem ao Brasil. Em seguida, foram liberados, porém sem o visto para trabalho ou qualquer apresentação artística”.

Futebol com Chico Buarque e Paulo César Caju

O imprevisto causou algum atraso, mas Bob chegou à capital fluminense por volta das 18h30 de 18 de março de 1980, uma terça-feira. Não demoraria muito para que conhecesse um de seus ídolos, o jogador de futebol Paulo César Caju.

“Pintou uma afinidade. Ele falou: ‘Paulo, uma das coisas que eu mais gostaria era jogar bola’. Liguei para o Chico [Buarque], que jogava toda segunda, quarta e sábado. [O Bob] era [bom de bola]. Canhoto, batia bem na bola, sabia driblar... Sabia jogar futebol”, relembrou Caju ao Esporte Espetacular há alguns anos.

No dia seguinte, então, o jamaicano, jogaria uma partida dividindo o time com Chico Buarque, Toquinho, Caju, seus amigos Jacob Miller e Junior Marvin e João Luís Albuquerque. No time rival, Alceu Valença e diversos funcionários da gravadora. Reza a lenda que Marley marcou cinco gols ao longo do dia.

Bob Marley, o ‘rei’ da festa

O dia ainda reservava o principal motivo de sua vinda para cá, a festa da gravadora, na boate Noites Cariocas, no Morro da Urca. A imprensa relatou um custo de cerca de 3,5 milhões de cruzeiros, com dezenas de caixas de uísque e vodka (que Marley nem tocou, sendo visto apenas com água tônica) para seus quase mil convidados.

Na pista de dança, tocavam músicas da época, como Video Killed the Radio Star (The Buggles), Don’t Do Me Like That (Tom Petty & The Heartbreakers) e Pop Musik (M). Bob Marley, vestindo uma calça jeans e uma camisa azul, chegou perto das 22h15, e rumou ao principal camarote do local, onde permaneceria o resto da noite, calmo e alegre, segundo relato do Jornal do Brasil.

A ideia era que houvesse uma queima de fogos de artifício à meia-noite, mas uma confusão na organização fez com que eles fossem liberados antes da hora. Outros tantos artistas participaram do evento, como Chico Buarque, Ivan Lins, Simone, Toquinho, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Ruy Guerra e Alceu Valença. Muitos dos presentes, porém, não conseguirem se aproximar do ídolo, como Baby do Brasil.

Às 23h20, todos pararam para ouvir o show de Moraes Moreira. Se alguém ainda tinha esperanças de ouvir algum reggae na voz de Bob Marley, foi embora com o fim da apresentação e, pouco depois, quando o próprio se levantou para ir embora, sempre cercado por fotógrafos, jornalistas, fãs e, principalmente, seguranças. Ele ensaiou sentar num banco de jardim para conversar com uma jornalista, mas logo menos os guarda-costas o levaram para fora.

No dia seguinte, 20 de março de 1980, uma quinta-feira, Bob Marley deixaria o Brasil. Por volta das 15h30, saiu do Copacabana Palace em direção ao aeroporto. Entre suas bagagens, muitos instrumentos musicais e materiais esportivos que aproveitou para comprar por aqui. Antes de partir, disse que pretendia voltar ao Brasil. Talvez em agosto ou setembro daquele mesmo ano, para um festival no Maracanãzinho, relatavam os jornais.

Frases de Bob Marley no Brasil

Uma das poucas entrevistas mais longas que Bob Marley deu durante sua passagem ao Brasil foi para a revista Manchete (nº 1.459, de 5 de abril de 1980). Nela, destacava a origem africana de parte da cultura brasileira.

Sobre o samba e o reggae, por exemplo, dizia: “São componentes africanos. Genuinamente africanos. Pelo que sei, o samba foi trazido ao Brasil pelos escravos africanos, tal como aconteceu com o reggae. A base essencial de ambos os ritmos possui uma raiz africana comum: era e é canto das tribos dos nossos antepassados negros”.

“Aos poucos, descobri que o reggae nada mais era do que uma expressão musical adotada pelos escravos negros para sublimar os castigos impostos por seus senhores e se perder na recordação das aldeias africanas onde seus antepassados viviam na mais ampla liberdade. O comportamento dos negros na Jamaica não apresentava grandes diferenças do comportamento dos outros escravos pretos nos Estados Unidos, Cuba, e outros países do continente americano, inclusive o Brasil”, dizia.

“Qual é a visão que Bob Marley tem de Bob Marley?”, questionava a revista em sua última pergunta. “Que ele é um sofredor”, respondia.

O Estadão também cobriu o dia de seu retorno, destacando os elogios que o jamaicano fez ao maracujá nacional e seu encantamento com os brasileiros. “Passei apenas dois dias, mas aproveitei muito, conheci músicos que fazem um bom trabalho, como Gilberto Gil, curti um pouco de futebol e pretendo voltar em setembro para me aproximar das pessoas”.

“É fácil perceber que as pessoas aqui têm ritmo, têm bossa, não só no andar, no falar, mas no próprio interesse demonstrado pela música em qualquer de suas manifestações. Eu gostaria, realmente, de ter uma oportunidade de um relacionamento mais profundo com esse povo”.

Bob Marley não conseguiu voltar ao Brasil em setembro daquele ano. Aquele mês marcaria seu último show, em Pittsburgh, nos Estados Unidos. Pouco depois seria diagnosticado com um melanoma maligno, que resultaria em sua morte, em 11 de maio de 1981.

Bob Marley, cuja história inspirou o lançamento do filme Bob Marley: One Love, em cartaz nos cinemas, teve uma passagem marcante pelo Brasil em 1980, pouco antes de sua morte. Por aqui, jogou futebol, conheceu gigantes da MPB e elogiou a música e a cultura nacionais.

Imprevisto na chegada de Bob Marley ao Brasil

À época com 34 anos de idade, o cantor foi convidado para o lançamento da gravadora alemã Ariola no Brasil - que promovia também seu disco mais recente àquele momento, Survival. No Brasil, o selo alemão também abarcava artistas como Chico Buarque, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Alceu Valença, Moraes Moreira, Toquinho, Vinicius de Moraes, entre outros.

Na ‘comitiva’ de Marley estavam também o guitarrista Junior Marvin, seu parceiro nos Wailers, Jacob Miller, do Inner Circle, o produtor Chris Blackwell e sua mulher, Nathalie Delon (ex do ator Alain Delon). O cantor Barry Manilow também devia vir, mas desistiu pouco antes. Saindo de Trinidad & Tobago, eles passariam por Manaus e por Brasília, fazendo escalas para abastecer, antes de chegar ao Rio.

Foto de Bob Marley em logotipo do Bob Marley Museum, na Jamaica, em novembro de 1997. Foto: Beatriz Velloso/Estadão

A trupe despertou atenção de autoridades do Brasil, que à época vivia seus últimos anos de ditadura militar (1964-1985), conforme consta no livro Ouvindo Estrelas: A Luta, a ousadia e a glória de um dos maiores produtores musicais do Brasil, de Marco Mazzola:

“O voo teve duas escalas para reabastecimento. A primeira, em Manaus, Amazonas, nos causou bastante preocupação, já que o governo militar deteve o jato por algumas horas para checar os passageiros. Desconfiaram daquelas estranhas figuras e fizeram todos apresentarem os passaporte e explicar o motivo da viagem ao Brasil. Em seguida, foram liberados, porém sem o visto para trabalho ou qualquer apresentação artística”.

Futebol com Chico Buarque e Paulo César Caju

O imprevisto causou algum atraso, mas Bob chegou à capital fluminense por volta das 18h30 de 18 de março de 1980, uma terça-feira. Não demoraria muito para que conhecesse um de seus ídolos, o jogador de futebol Paulo César Caju.

“Pintou uma afinidade. Ele falou: ‘Paulo, uma das coisas que eu mais gostaria era jogar bola’. Liguei para o Chico [Buarque], que jogava toda segunda, quarta e sábado. [O Bob] era [bom de bola]. Canhoto, batia bem na bola, sabia driblar... Sabia jogar futebol”, relembrou Caju ao Esporte Espetacular há alguns anos.

No dia seguinte, então, o jamaicano, jogaria uma partida dividindo o time com Chico Buarque, Toquinho, Caju, seus amigos Jacob Miller e Junior Marvin e João Luís Albuquerque. No time rival, Alceu Valença e diversos funcionários da gravadora. Reza a lenda que Marley marcou cinco gols ao longo do dia.

Bob Marley, o ‘rei’ da festa

O dia ainda reservava o principal motivo de sua vinda para cá, a festa da gravadora, na boate Noites Cariocas, no Morro da Urca. A imprensa relatou um custo de cerca de 3,5 milhões de cruzeiros, com dezenas de caixas de uísque e vodka (que Marley nem tocou, sendo visto apenas com água tônica) para seus quase mil convidados.

Na pista de dança, tocavam músicas da época, como Video Killed the Radio Star (The Buggles), Don’t Do Me Like That (Tom Petty & The Heartbreakers) e Pop Musik (M). Bob Marley, vestindo uma calça jeans e uma camisa azul, chegou perto das 22h15, e rumou ao principal camarote do local, onde permaneceria o resto da noite, calmo e alegre, segundo relato do Jornal do Brasil.

A ideia era que houvesse uma queima de fogos de artifício à meia-noite, mas uma confusão na organização fez com que eles fossem liberados antes da hora. Outros tantos artistas participaram do evento, como Chico Buarque, Ivan Lins, Simone, Toquinho, Milton Nascimento, Ney Matogrosso, Ruy Guerra e Alceu Valença. Muitos dos presentes, porém, não conseguirem se aproximar do ídolo, como Baby do Brasil.

Às 23h20, todos pararam para ouvir o show de Moraes Moreira. Se alguém ainda tinha esperanças de ouvir algum reggae na voz de Bob Marley, foi embora com o fim da apresentação e, pouco depois, quando o próprio se levantou para ir embora, sempre cercado por fotógrafos, jornalistas, fãs e, principalmente, seguranças. Ele ensaiou sentar num banco de jardim para conversar com uma jornalista, mas logo menos os guarda-costas o levaram para fora.

No dia seguinte, 20 de março de 1980, uma quinta-feira, Bob Marley deixaria o Brasil. Por volta das 15h30, saiu do Copacabana Palace em direção ao aeroporto. Entre suas bagagens, muitos instrumentos musicais e materiais esportivos que aproveitou para comprar por aqui. Antes de partir, disse que pretendia voltar ao Brasil. Talvez em agosto ou setembro daquele mesmo ano, para um festival no Maracanãzinho, relatavam os jornais.

Frases de Bob Marley no Brasil

Uma das poucas entrevistas mais longas que Bob Marley deu durante sua passagem ao Brasil foi para a revista Manchete (nº 1.459, de 5 de abril de 1980). Nela, destacava a origem africana de parte da cultura brasileira.

Sobre o samba e o reggae, por exemplo, dizia: “São componentes africanos. Genuinamente africanos. Pelo que sei, o samba foi trazido ao Brasil pelos escravos africanos, tal como aconteceu com o reggae. A base essencial de ambos os ritmos possui uma raiz africana comum: era e é canto das tribos dos nossos antepassados negros”.

“Aos poucos, descobri que o reggae nada mais era do que uma expressão musical adotada pelos escravos negros para sublimar os castigos impostos por seus senhores e se perder na recordação das aldeias africanas onde seus antepassados viviam na mais ampla liberdade. O comportamento dos negros na Jamaica não apresentava grandes diferenças do comportamento dos outros escravos pretos nos Estados Unidos, Cuba, e outros países do continente americano, inclusive o Brasil”, dizia.

“Qual é a visão que Bob Marley tem de Bob Marley?”, questionava a revista em sua última pergunta. “Que ele é um sofredor”, respondia.

O Estadão também cobriu o dia de seu retorno, destacando os elogios que o jamaicano fez ao maracujá nacional e seu encantamento com os brasileiros. “Passei apenas dois dias, mas aproveitei muito, conheci músicos que fazem um bom trabalho, como Gilberto Gil, curti um pouco de futebol e pretendo voltar em setembro para me aproximar das pessoas”.

“É fácil perceber que as pessoas aqui têm ritmo, têm bossa, não só no andar, no falar, mas no próprio interesse demonstrado pela música em qualquer de suas manifestações. Eu gostaria, realmente, de ter uma oportunidade de um relacionamento mais profundo com esse povo”.

Bob Marley não conseguiu voltar ao Brasil em setembro daquele ano. Aquele mês marcaria seu último show, em Pittsburgh, nos Estados Unidos. Pouco depois seria diagnosticado com um melanoma maligno, que resultaria em sua morte, em 11 de maio de 1981.

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