Se os celulares vão dominar o interior do Estádio do MorumBIS, em São Paulo, assim que Bruno Mars entrar no palco nesta sexta, 4, são as fotos analógicas que viraram febre do lado de fora. O cantor faz a primeira apresentação da maratona de shows no Brasil na sexta e, enquanto aguardavam a abertura dos portões, vendedores se amontoavam para vender fotos polaroid.
Os retratos instantâneos foram sucesso absoluto nos anos 1990. Agora, em filas de shows, viraram sinônimo de renda extra ou até possibilidade de garantir um ingresso para a apresentação, segundo relatam vendedoras ao Estadão.
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A jornalista e fotógrafa Islania Lima, de 42 anos, estava na fila do Estádio do MorumBIS na sexta para tentar juntar a quantia necessária para uma entrada - o valor inteiro da mais barata chegava a R$ 650. Não conseguiu, mas disse que valeu a experiência de conhecer pessoas novas.
“Eles aproveitam para gastar enquanto eu estou aproveitando para faturar”, diz. A primeira vez que tentou vender fotos polaroid foi na fila para o Lollapalooza. Ela, que conta cobrar R$ 15 por foto e R$ 20 para quem quiser também um porta-retrato, afirma ter ganhado um ingresso de um fã para o último dia de festival.
A servidora pública Priscila Alcântara, de 49 anos, foi com as filhas, a designer Vitória Bias, de 24 anos, e a estudante Monise Bias, de 16 anos, tentar vender os retratos. Munidas de duas câmeras, as três dizem ter um roteiro dos shows “que mais valem a pena” para trabalhar. Cobram R$ 20 por uma foto e R$ 15 por duas.
As três relatam que o frio da sexta prejudicou um pouco as vendas, mas que, no show de The Weeknd no último mês, “venderam bem”. Elas levam bandeiras de Bruno Mars e até escrevem nas fotos para fazer com que o momento seja “inesquecível” para os fãs.
“É uma recordação que vai durar bastante tempo, então nós tentamos promover isso. Para muitos, é o show da vida da pessoa”, comenta Vitória. Priscila afirma que os mais “encantados” com as polaroids são os mais novos. “Hoje, é tudo digital”, comenta. “A polaroid, para essa turma que não conhece bem, é um ‘evento’.”
Os registros analógicos viraram sinônimos de realização de sonho para a freelancer Induprabha Devi Dasi, de 26 anos, e a recepcionista de academia Kalinda Nandini Devi Dasi, de 27 anos. Kalinda diz lucrar mais com as fotos do que com o salário da academia.
Ela começou a vender as polaroids em filas dos shows do grupo RBD e de Taylor Swift. Seguidoras do Hare Krishna, a recepcionista e Induprabha agora tentam juntar dinheiro como vendedoras para uma viagem à Índia. As amigas cobram R$ 15 ou R$ 20 por foto, a depender do público do show ou da demanda.
As duas relatam uma “explosão” no número de ambulantes tentando vender polaroids. Segundo elas, haviam “umas 15 pessoas” vendendo fotos na fila de Bruno. “Está concorrido, mas tem público para todo mundo”, afirma Induprabha.
Induprabha e Kalinda dizem que estarão vendendo polaroids em todos os dias em que Bruno estiver em São Paulo. Apenas na capital paulista, são seis shows ao todo - nos dias 4, 5, 8, 9, 12 e 13.