Cantores saem da quarentena para os primeiros shows do 'novo palco'


Com apresentações anunciadas depois de uma quarentena artística de quase um ano e meio, artistas como Zé Geraldo, Nasi, Fagner, Ney Matogrosso e outros falam de como se sentem para a volta e de como pensam em se precaver dos riscos sanitários

Por Julio Maria

Fãs, donos de casas de espetáculos e artistas querem acreditar que esta nova fornada de grandes shows depois de um ano e quatro meses de afastamento dos palcos não se trata de um momento passageiro em meio à pandemia. Mesmo ainda distante de uma segurança sanitária absoluta, sobretudo com o avanço da variante delta em algumas regiões, as agendas de muitos músicos começam a ser retomadas a partir de setembro. E como eles estão às vésperas de pisarem em um palco de novo para uma grande plateia? Em quais condições emocionais ficaram por um ano longe dos palcos e, agora, quais as suas expectativas e suas preocupações para o retorno?

Fagner, Caetano, Ira! e Ney Matogrosso: hora do palco Foto: BAPTISTÃO

O cearense Fagner, de 71 anos, vacinado e protegido por máscaras e álcool gel sempre que sai de casa, tem uma apresentação no Espaço das Américas marcada para o dia 13 de novembro ao lado do maestro e pianista João Carlos Martins. Fagner diz que as casas que contratam os artistas devem ter a responsabilidade maior pelos protocolos. O Espaço das Américas, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, informa uma série de medidas em seu site de vendas de ingressos. Ela pede que os clientes cheguem mais cedo (a partir das 20h) para não haver aglomerações, avisa que o uso de máscaras será obrigatório e antecipa que o posicionamento das pessoas será orientado por uma demarcação colocada no piso de forma a garantir o distanciamento social. Se alguém chegar com uma temperatura corporal acima dos 37,5, avisa a casa, a entrada não será permitida.

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Fagner diz que vai para o palco precavido e sem medo. “Eu não tenho medo de nada.” Se teme pela qualidade da voz, inativa nos palcos por todo esse tempo de reclusão, ele diz: “Rapaz, eu não tenho medo de nada! Vou ter é pena do microfone. Eu vou com tudo!” Fagner diz que o longo afastamento tem trazido pesadelos a suas noites. “Eu tenho sonhado com algo estranho ultimamente: a plateia está me aguardando enquanto eu não consigo encontrar a roupa para me vestir e aparecer no palco. É um pesadelo.”

Nasi, 59 anos, faz na noite deste domingo, 29, no Teatro Bradesco, em São Paulo, o segundo dos dois shows anunciados no site da casa como “os únicos do ano” do projeto Ira! Folk. Ao lado do guitarrista Edgard Scandurra e de Johnny Boy, o baixista do Ira!, que no projeto toca um segundo violão, vai cantar para uma casa que terá na plateia apenas 50% de sua capacidade total, que é de 1.439 pessoas. E todas devidamente sentadas.

O Ira! Folk, ativado em 2016, acabou se tornando uma boa saída para atender à solicitação por um formato menor de banda, como querem os programadores da casa. Isso para não haver incitação e aglomerações durante o show. Cantar assim, nas palavras de Nasi, é um alento, mas não deixa de ser também uma frustração. Das bandas dos anos 80, o Ira! é a que tem um dos públicos mais alucinados durante os shows. “Sabemos que essa volta é lenta e gradual, mas eu trabalho com multidões e minha vontade mesmo é a de fazer showzão, com as pessoas de pé e pulando. Estamos com muita vontade, praticamente perdemos dois anos de vida.”

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O roqueiro diz que todos seguirão as precauções protocolares e que teme não apenas por sua vida e de outros possíveis contaminados, mas também pelas sequelas. Ele diz que a pior, em seu caso, seria a da perda de memória. “Eu vi pessoas próximas pegarem Covid e voltarem com perdas de memória e de movimento. Cara, meu trabalho é memória. Eu posso até cantar sentado, mas imagine ter problemas para lembrar de uma letra?”

É importante saber dos protocolos internos, combinados entre bandas e produção, algo que as casas não têm avisado em seus serviços. A fila de fãs que se forma religiosamente ao final dos shows em frente ao camarim dos artistas deverá ser evitada. A gente sempre recebe as pessoas. Não falamos sobre isso, mas o bom senso é o que vai definir. Vamos ver se terá um lugar externo, com o produtor separando as pessoas, com distanciamento, vamos estudar isso.”

Outro dos artistas brasileiros a arrastar plateias das mais devotas do País, Zé Geraldo, 76 anos e duplamente vacinado, já avisa que os fãs, pela primeira vez, não deverão ter acesso aos camarins em seus primeiros shows depois de uma longa temporada de afastamento. “Infelizmente não vamos ter no camarim aquela presença tão importante. Vou sentir muita falta disso mas, se Deus quiser, volta logo.”

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Zé Gê tem shows marcados para 10 de setembro, na cidade de Santa Maria de Jetibá, e 11, em Rio Bananal, ambas no interior do Espírito Santo, depois de um período de vazio assustador. Tanto que ele contou: um ano, seis meses e dezoito dias desde sua última aparição em um palco. “Eu não aceitei fazer nada enquanto não tomasse as duas doses e continuo com as precauções, não tiro a máscara de forma alguma, só para cantar.” Ele fala com emoção sobre o retorno. “O pior é essa ansiedade. Parece que será o primeiro show da minha vida. Vou estar muito emocionado, com certeza.”

Ney Matogrosso, 80 anos e também imunizado com as duas doses da vacina, tem uma apresentação marcada para o dia 9 de setembro, no Espaço das Américas. Ele estava ressabiado com relação à qualidade de sua voz depois de tanto tempo sem fazer um show inteiro, mas uma recente aparição no programa Altas Horas, de Serginho Groisman, onde cantou por volta de sete músicas praticamente duas vezes cada, o deixou mais confiante. Nem a banda havia ensaiado nesse período.

Ney diz que, apesar de já estar com o show que faz parte da turnê interrompida em 2020, Bloco na Rua, anunciado pela casa, tudo pode mudar se houver uma guinada ainda mais forte no número de infecções e mortes provocados pela delta. “Se isso ocorrer, eu não faço o show.” Por enquanto ele está se preparando para voltar à cena. Se pretende quebrar a tradição de jamais falar sobre um palco em seu primeiro show depois de uma longa quarentena, diz: “Não é a minha falar sobre o palco, mas acho que a situação vai pedir sim.” Ney diz que a vontade de um grande show é grande, mas ele sabe que não poderá exagerar “nas estripulias” que faz. E que terá de “encontrar tudo de novo” com relação às sensações de intérprete.

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Volta pelo mundo. Caetano Veloso retomou sua turnê por países da Europa. Depois de se apresentar em Hamburgo, na Alemanha, no dia 26, quinta, ele tinha um show marcado em Paris na noite de ontem, 28, e seguiria então para Bruxelas, na Bélgica, e rodaria por Portugal seguindo pelas cidades de Lisboa, Guarda, Porto e, novamente, Lisboa. Todos os shows estavam com ingressos esgotados até o fim da turnê, no dia 11 de setembro.

Vincent Anglade, curador do show de Caetano Veloso na Alemanha, falou à rede de notícias AFP que, principalmente por causa da pandemia, todos os lugares na Europa precisam seguir uma coordenação muito eficiente para que a turnê “não desmorone”. “Não basta que um território possa receber um artista brasileiro, mas que toda sua turnê europeia possa ser realizada. Temos que reunir recursos em comum. Caso contrário, a economia da turnê desmorona como um castelo de cartas.”

Fãs, donos de casas de espetáculos e artistas querem acreditar que esta nova fornada de grandes shows depois de um ano e quatro meses de afastamento dos palcos não se trata de um momento passageiro em meio à pandemia. Mesmo ainda distante de uma segurança sanitária absoluta, sobretudo com o avanço da variante delta em algumas regiões, as agendas de muitos músicos começam a ser retomadas a partir de setembro. E como eles estão às vésperas de pisarem em um palco de novo para uma grande plateia? Em quais condições emocionais ficaram por um ano longe dos palcos e, agora, quais as suas expectativas e suas preocupações para o retorno?

Fagner, Caetano, Ira! e Ney Matogrosso: hora do palco Foto: BAPTISTÃO

O cearense Fagner, de 71 anos, vacinado e protegido por máscaras e álcool gel sempre que sai de casa, tem uma apresentação no Espaço das Américas marcada para o dia 13 de novembro ao lado do maestro e pianista João Carlos Martins. Fagner diz que as casas que contratam os artistas devem ter a responsabilidade maior pelos protocolos. O Espaço das Américas, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, informa uma série de medidas em seu site de vendas de ingressos. Ela pede que os clientes cheguem mais cedo (a partir das 20h) para não haver aglomerações, avisa que o uso de máscaras será obrigatório e antecipa que o posicionamento das pessoas será orientado por uma demarcação colocada no piso de forma a garantir o distanciamento social. Se alguém chegar com uma temperatura corporal acima dos 37,5, avisa a casa, a entrada não será permitida.

Fagner diz que vai para o palco precavido e sem medo. “Eu não tenho medo de nada.” Se teme pela qualidade da voz, inativa nos palcos por todo esse tempo de reclusão, ele diz: “Rapaz, eu não tenho medo de nada! Vou ter é pena do microfone. Eu vou com tudo!” Fagner diz que o longo afastamento tem trazido pesadelos a suas noites. “Eu tenho sonhado com algo estranho ultimamente: a plateia está me aguardando enquanto eu não consigo encontrar a roupa para me vestir e aparecer no palco. É um pesadelo.”

Nasi, 59 anos, faz na noite deste domingo, 29, no Teatro Bradesco, em São Paulo, o segundo dos dois shows anunciados no site da casa como “os únicos do ano” do projeto Ira! Folk. Ao lado do guitarrista Edgard Scandurra e de Johnny Boy, o baixista do Ira!, que no projeto toca um segundo violão, vai cantar para uma casa que terá na plateia apenas 50% de sua capacidade total, que é de 1.439 pessoas. E todas devidamente sentadas.

O Ira! Folk, ativado em 2016, acabou se tornando uma boa saída para atender à solicitação por um formato menor de banda, como querem os programadores da casa. Isso para não haver incitação e aglomerações durante o show. Cantar assim, nas palavras de Nasi, é um alento, mas não deixa de ser também uma frustração. Das bandas dos anos 80, o Ira! é a que tem um dos públicos mais alucinados durante os shows. “Sabemos que essa volta é lenta e gradual, mas eu trabalho com multidões e minha vontade mesmo é a de fazer showzão, com as pessoas de pé e pulando. Estamos com muita vontade, praticamente perdemos dois anos de vida.”

O roqueiro diz que todos seguirão as precauções protocolares e que teme não apenas por sua vida e de outros possíveis contaminados, mas também pelas sequelas. Ele diz que a pior, em seu caso, seria a da perda de memória. “Eu vi pessoas próximas pegarem Covid e voltarem com perdas de memória e de movimento. Cara, meu trabalho é memória. Eu posso até cantar sentado, mas imagine ter problemas para lembrar de uma letra?”

É importante saber dos protocolos internos, combinados entre bandas e produção, algo que as casas não têm avisado em seus serviços. A fila de fãs que se forma religiosamente ao final dos shows em frente ao camarim dos artistas deverá ser evitada. A gente sempre recebe as pessoas. Não falamos sobre isso, mas o bom senso é o que vai definir. Vamos ver se terá um lugar externo, com o produtor separando as pessoas, com distanciamento, vamos estudar isso.”

Outro dos artistas brasileiros a arrastar plateias das mais devotas do País, Zé Geraldo, 76 anos e duplamente vacinado, já avisa que os fãs, pela primeira vez, não deverão ter acesso aos camarins em seus primeiros shows depois de uma longa temporada de afastamento. “Infelizmente não vamos ter no camarim aquela presença tão importante. Vou sentir muita falta disso mas, se Deus quiser, volta logo.”

Zé Gê tem shows marcados para 10 de setembro, na cidade de Santa Maria de Jetibá, e 11, em Rio Bananal, ambas no interior do Espírito Santo, depois de um período de vazio assustador. Tanto que ele contou: um ano, seis meses e dezoito dias desde sua última aparição em um palco. “Eu não aceitei fazer nada enquanto não tomasse as duas doses e continuo com as precauções, não tiro a máscara de forma alguma, só para cantar.” Ele fala com emoção sobre o retorno. “O pior é essa ansiedade. Parece que será o primeiro show da minha vida. Vou estar muito emocionado, com certeza.”

Ney Matogrosso, 80 anos e também imunizado com as duas doses da vacina, tem uma apresentação marcada para o dia 9 de setembro, no Espaço das Américas. Ele estava ressabiado com relação à qualidade de sua voz depois de tanto tempo sem fazer um show inteiro, mas uma recente aparição no programa Altas Horas, de Serginho Groisman, onde cantou por volta de sete músicas praticamente duas vezes cada, o deixou mais confiante. Nem a banda havia ensaiado nesse período.

Ney diz que, apesar de já estar com o show que faz parte da turnê interrompida em 2020, Bloco na Rua, anunciado pela casa, tudo pode mudar se houver uma guinada ainda mais forte no número de infecções e mortes provocados pela delta. “Se isso ocorrer, eu não faço o show.” Por enquanto ele está se preparando para voltar à cena. Se pretende quebrar a tradição de jamais falar sobre um palco em seu primeiro show depois de uma longa quarentena, diz: “Não é a minha falar sobre o palco, mas acho que a situação vai pedir sim.” Ney diz que a vontade de um grande show é grande, mas ele sabe que não poderá exagerar “nas estripulias” que faz. E que terá de “encontrar tudo de novo” com relação às sensações de intérprete.

Volta pelo mundo. Caetano Veloso retomou sua turnê por países da Europa. Depois de se apresentar em Hamburgo, na Alemanha, no dia 26, quinta, ele tinha um show marcado em Paris na noite de ontem, 28, e seguiria então para Bruxelas, na Bélgica, e rodaria por Portugal seguindo pelas cidades de Lisboa, Guarda, Porto e, novamente, Lisboa. Todos os shows estavam com ingressos esgotados até o fim da turnê, no dia 11 de setembro.

Vincent Anglade, curador do show de Caetano Veloso na Alemanha, falou à rede de notícias AFP que, principalmente por causa da pandemia, todos os lugares na Europa precisam seguir uma coordenação muito eficiente para que a turnê “não desmorone”. “Não basta que um território possa receber um artista brasileiro, mas que toda sua turnê europeia possa ser realizada. Temos que reunir recursos em comum. Caso contrário, a economia da turnê desmorona como um castelo de cartas.”

Fãs, donos de casas de espetáculos e artistas querem acreditar que esta nova fornada de grandes shows depois de um ano e quatro meses de afastamento dos palcos não se trata de um momento passageiro em meio à pandemia. Mesmo ainda distante de uma segurança sanitária absoluta, sobretudo com o avanço da variante delta em algumas regiões, as agendas de muitos músicos começam a ser retomadas a partir de setembro. E como eles estão às vésperas de pisarem em um palco de novo para uma grande plateia? Em quais condições emocionais ficaram por um ano longe dos palcos e, agora, quais as suas expectativas e suas preocupações para o retorno?

Fagner, Caetano, Ira! e Ney Matogrosso: hora do palco Foto: BAPTISTÃO

O cearense Fagner, de 71 anos, vacinado e protegido por máscaras e álcool gel sempre que sai de casa, tem uma apresentação no Espaço das Américas marcada para o dia 13 de novembro ao lado do maestro e pianista João Carlos Martins. Fagner diz que as casas que contratam os artistas devem ter a responsabilidade maior pelos protocolos. O Espaço das Américas, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, informa uma série de medidas em seu site de vendas de ingressos. Ela pede que os clientes cheguem mais cedo (a partir das 20h) para não haver aglomerações, avisa que o uso de máscaras será obrigatório e antecipa que o posicionamento das pessoas será orientado por uma demarcação colocada no piso de forma a garantir o distanciamento social. Se alguém chegar com uma temperatura corporal acima dos 37,5, avisa a casa, a entrada não será permitida.

Fagner diz que vai para o palco precavido e sem medo. “Eu não tenho medo de nada.” Se teme pela qualidade da voz, inativa nos palcos por todo esse tempo de reclusão, ele diz: “Rapaz, eu não tenho medo de nada! Vou ter é pena do microfone. Eu vou com tudo!” Fagner diz que o longo afastamento tem trazido pesadelos a suas noites. “Eu tenho sonhado com algo estranho ultimamente: a plateia está me aguardando enquanto eu não consigo encontrar a roupa para me vestir e aparecer no palco. É um pesadelo.”

Nasi, 59 anos, faz na noite deste domingo, 29, no Teatro Bradesco, em São Paulo, o segundo dos dois shows anunciados no site da casa como “os únicos do ano” do projeto Ira! Folk. Ao lado do guitarrista Edgard Scandurra e de Johnny Boy, o baixista do Ira!, que no projeto toca um segundo violão, vai cantar para uma casa que terá na plateia apenas 50% de sua capacidade total, que é de 1.439 pessoas. E todas devidamente sentadas.

O Ira! Folk, ativado em 2016, acabou se tornando uma boa saída para atender à solicitação por um formato menor de banda, como querem os programadores da casa. Isso para não haver incitação e aglomerações durante o show. Cantar assim, nas palavras de Nasi, é um alento, mas não deixa de ser também uma frustração. Das bandas dos anos 80, o Ira! é a que tem um dos públicos mais alucinados durante os shows. “Sabemos que essa volta é lenta e gradual, mas eu trabalho com multidões e minha vontade mesmo é a de fazer showzão, com as pessoas de pé e pulando. Estamos com muita vontade, praticamente perdemos dois anos de vida.”

O roqueiro diz que todos seguirão as precauções protocolares e que teme não apenas por sua vida e de outros possíveis contaminados, mas também pelas sequelas. Ele diz que a pior, em seu caso, seria a da perda de memória. “Eu vi pessoas próximas pegarem Covid e voltarem com perdas de memória e de movimento. Cara, meu trabalho é memória. Eu posso até cantar sentado, mas imagine ter problemas para lembrar de uma letra?”

É importante saber dos protocolos internos, combinados entre bandas e produção, algo que as casas não têm avisado em seus serviços. A fila de fãs que se forma religiosamente ao final dos shows em frente ao camarim dos artistas deverá ser evitada. A gente sempre recebe as pessoas. Não falamos sobre isso, mas o bom senso é o que vai definir. Vamos ver se terá um lugar externo, com o produtor separando as pessoas, com distanciamento, vamos estudar isso.”

Outro dos artistas brasileiros a arrastar plateias das mais devotas do País, Zé Geraldo, 76 anos e duplamente vacinado, já avisa que os fãs, pela primeira vez, não deverão ter acesso aos camarins em seus primeiros shows depois de uma longa temporada de afastamento. “Infelizmente não vamos ter no camarim aquela presença tão importante. Vou sentir muita falta disso mas, se Deus quiser, volta logo.”

Zé Gê tem shows marcados para 10 de setembro, na cidade de Santa Maria de Jetibá, e 11, em Rio Bananal, ambas no interior do Espírito Santo, depois de um período de vazio assustador. Tanto que ele contou: um ano, seis meses e dezoito dias desde sua última aparição em um palco. “Eu não aceitei fazer nada enquanto não tomasse as duas doses e continuo com as precauções, não tiro a máscara de forma alguma, só para cantar.” Ele fala com emoção sobre o retorno. “O pior é essa ansiedade. Parece que será o primeiro show da minha vida. Vou estar muito emocionado, com certeza.”

Ney Matogrosso, 80 anos e também imunizado com as duas doses da vacina, tem uma apresentação marcada para o dia 9 de setembro, no Espaço das Américas. Ele estava ressabiado com relação à qualidade de sua voz depois de tanto tempo sem fazer um show inteiro, mas uma recente aparição no programa Altas Horas, de Serginho Groisman, onde cantou por volta de sete músicas praticamente duas vezes cada, o deixou mais confiante. Nem a banda havia ensaiado nesse período.

Ney diz que, apesar de já estar com o show que faz parte da turnê interrompida em 2020, Bloco na Rua, anunciado pela casa, tudo pode mudar se houver uma guinada ainda mais forte no número de infecções e mortes provocados pela delta. “Se isso ocorrer, eu não faço o show.” Por enquanto ele está se preparando para voltar à cena. Se pretende quebrar a tradição de jamais falar sobre um palco em seu primeiro show depois de uma longa quarentena, diz: “Não é a minha falar sobre o palco, mas acho que a situação vai pedir sim.” Ney diz que a vontade de um grande show é grande, mas ele sabe que não poderá exagerar “nas estripulias” que faz. E que terá de “encontrar tudo de novo” com relação às sensações de intérprete.

Volta pelo mundo. Caetano Veloso retomou sua turnê por países da Europa. Depois de se apresentar em Hamburgo, na Alemanha, no dia 26, quinta, ele tinha um show marcado em Paris na noite de ontem, 28, e seguiria então para Bruxelas, na Bélgica, e rodaria por Portugal seguindo pelas cidades de Lisboa, Guarda, Porto e, novamente, Lisboa. Todos os shows estavam com ingressos esgotados até o fim da turnê, no dia 11 de setembro.

Vincent Anglade, curador do show de Caetano Veloso na Alemanha, falou à rede de notícias AFP que, principalmente por causa da pandemia, todos os lugares na Europa precisam seguir uma coordenação muito eficiente para que a turnê “não desmorone”. “Não basta que um território possa receber um artista brasileiro, mas que toda sua turnê europeia possa ser realizada. Temos que reunir recursos em comum. Caso contrário, a economia da turnê desmorona como um castelo de cartas.”

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