Com dificuldades, festivais como o Bananada e MIMO se erguem em 2019


Bananada chega à 21.ª edição, sem nenhuma verba de incentivo público; MIMO terá apenas duas edições em 2019

Por Guilherme Sobota
Atualização:

Sem nenhum dinheiro de lei de incentivo, o Festival Bananada começa a programação principal de sua 21.ª edição nesta sexta-feira, 16, em Goiânia. Com nomes como Pitty, Black Alien, João Donato e Tulipa Ruiz no cartaz, o festival faz parte de um conjunto de eventos médios e grandes que vêm enfrentando dificuldades para se colocarem de pé em 2019. Produtores ouvidos pelo Estado relataram dificuldades para convencer empresas a se engajarem com as leis de incentivo, especialmente a Lei Rouanet – o que talvez abra espaço para que estados e municípios aperfeiçoem os seus próprios mecanismos de incentivo e mecenato.

Essa é a leitura de Lu Araújo, do Festival MIMO, que esse ano será realizado em apenas duas cidades: São Paulo, em outubro, e outra ainda a ser anunciada – menos, portanto, do que as 4 ou 5 localizações que vinham sendo o costume do MIMO. Na produção de eventos há décadas, Lu diz que o País passa por uma situação incomum. “Existe uma paralisia. Não acho que falte dinheiro, mas muitas empresas definiram sua programação do ano agora, no meio do ano. Há 15 dias, eu não tinha certeza de que poderia realizar o festival” – pelo menos no Brasil. O MIMO de Amarante, em Portugal, atraiu cerca de 100 mil pessoas no final de julho.

Abertura do Festival Bananada 2019, em Goiânia, no dia 12 de agosto de 2019. O festival vai atéo dia 18, com nomes como Pitty, Tulipa Ruiz, João Donato, Baco Exu do Blues, Black Alien e outros Foto: Ariel Martini/Bananada
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Para Fabricio Nobre, fundador do Bananada, a lógica dos festivais consegue operar na adversidade, mas o fato de não ter nenhum apoio público é uma oportunidade perdida. “Vamos fazer o festival com a quantidade de recursos que existir. Mas óbvio que se há suporte público podemos melhorar muitos aspectos. É uma pena ter os governos jogando contra.” Ele conta que das 21 edições, apenas “cinco ou seis” tiveram suporte “verdadeiro” do estado, e apenas em dois o festival usou a Lei Rouanet. “Mas deveria ter mais apoio. Todo ano é um perrengue, um sufoco de grana para realizar e fazer o melhor possível. Os benefícios são muito óbvios porque o evento movimenta a cidade, vem gente do País inteiro, repercute”, comenta.

O raciocínio do “do it yourself” é o que move, na mesma toada, o festival potiguar MADA (18 e 19 de outubro, em Natal). “Se criou um tipo de perseguição à arte, à cultura, aos resultados”, diz o produtor Jomardo Jomas. “Para viabilizar o festival, tentamos trabalhar com o orçamento que temos, sem abrir mão da diversidade”, explica. Além do MADA, ele também produz eventos no sudeste do País, e acredita que a “demonização” que se criou sobre o Lei Rouanet afeta de maneira mais direta os produtores dessa região – principal beneficiada pela lei de incentivo federal. “Se propagou uma ideia tão fora da realidade sobre as leis de incentivo que afetou a construção do diálogo com as empresas que já trabalhavam com isso”, lamenta.

Ana Garcia, do Coquetel Molotov (Recife, 16/11, 16 anos de existência), brinca que desde o início da história do festival o Brasil está em crise. “A queda (esse ano) é maior para aqueles produtores que não estão criando uma rede de realização, porque é necessário diversos parceiros para fazer acontecer”, explica. “Todos os festivais que conseguem segurar a onda são os que entenderam que não dependem só de uma empresa, só do governo, só de um edital. Esse ano todo mundo está enfrentando novas dificuldades.” Ela também considera que os incentivos locais – estaduais e municipais – podem significar um novo respiro para os eventos, especialmente no Nordeste e Centro-Oeste, onde as empresas não costumam se engajar com a Lei Rouanet.

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Como é o caso do Porão do Rock, em Brasília, também na 21.ª edição – o festival seria realizado neste fim de semana, mas um desencontro fez com que o Estádio Nacional fosse solicitado para um jogo de futebol, o que inviabilizou o evento, adiado para 25 e 26 outubro. “Inicialmente, resolvi fazer sem verba pública nenhuma, mas apenas com bilheteria e patrocínio direto, o que aqui em Brasília é muito difícil”, diz o produtor Gustavo Sá. “Como rolou essa questão do estádio, tive que ir atrás de captação.” 

Os festivais de música no Brasil no segundo semestre de 2019

Bananada

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Goiânia (GO), até domingo, 18 

Sarará

Belo Horizonte (MG), 31 de agosto

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Coala

São Paulo, 7 e 8 de setembro

MIMO

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São Paulo (SP) e outra cidade a ser anunciada, outubro

MADA

Natal (RN), 18 e 19 de outubro

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Porão do Rock

Brasília (DF), 25 e 26 de outubro 

Se Rasgum

Belém (PA), 1.ª a 3 de novembro

No Ar Coquetel Molotov

Recife (PE), 16 de novembro

DoSol

Natal (RN), 23 e 24 de novembro

Sem nenhum dinheiro de lei de incentivo, o Festival Bananada começa a programação principal de sua 21.ª edição nesta sexta-feira, 16, em Goiânia. Com nomes como Pitty, Black Alien, João Donato e Tulipa Ruiz no cartaz, o festival faz parte de um conjunto de eventos médios e grandes que vêm enfrentando dificuldades para se colocarem de pé em 2019. Produtores ouvidos pelo Estado relataram dificuldades para convencer empresas a se engajarem com as leis de incentivo, especialmente a Lei Rouanet – o que talvez abra espaço para que estados e municípios aperfeiçoem os seus próprios mecanismos de incentivo e mecenato.

Essa é a leitura de Lu Araújo, do Festival MIMO, que esse ano será realizado em apenas duas cidades: São Paulo, em outubro, e outra ainda a ser anunciada – menos, portanto, do que as 4 ou 5 localizações que vinham sendo o costume do MIMO. Na produção de eventos há décadas, Lu diz que o País passa por uma situação incomum. “Existe uma paralisia. Não acho que falte dinheiro, mas muitas empresas definiram sua programação do ano agora, no meio do ano. Há 15 dias, eu não tinha certeza de que poderia realizar o festival” – pelo menos no Brasil. O MIMO de Amarante, em Portugal, atraiu cerca de 100 mil pessoas no final de julho.

Abertura do Festival Bananada 2019, em Goiânia, no dia 12 de agosto de 2019. O festival vai atéo dia 18, com nomes como Pitty, Tulipa Ruiz, João Donato, Baco Exu do Blues, Black Alien e outros Foto: Ariel Martini/Bananada

Para Fabricio Nobre, fundador do Bananada, a lógica dos festivais consegue operar na adversidade, mas o fato de não ter nenhum apoio público é uma oportunidade perdida. “Vamos fazer o festival com a quantidade de recursos que existir. Mas óbvio que se há suporte público podemos melhorar muitos aspectos. É uma pena ter os governos jogando contra.” Ele conta que das 21 edições, apenas “cinco ou seis” tiveram suporte “verdadeiro” do estado, e apenas em dois o festival usou a Lei Rouanet. “Mas deveria ter mais apoio. Todo ano é um perrengue, um sufoco de grana para realizar e fazer o melhor possível. Os benefícios são muito óbvios porque o evento movimenta a cidade, vem gente do País inteiro, repercute”, comenta.

O raciocínio do “do it yourself” é o que move, na mesma toada, o festival potiguar MADA (18 e 19 de outubro, em Natal). “Se criou um tipo de perseguição à arte, à cultura, aos resultados”, diz o produtor Jomardo Jomas. “Para viabilizar o festival, tentamos trabalhar com o orçamento que temos, sem abrir mão da diversidade”, explica. Além do MADA, ele também produz eventos no sudeste do País, e acredita que a “demonização” que se criou sobre o Lei Rouanet afeta de maneira mais direta os produtores dessa região – principal beneficiada pela lei de incentivo federal. “Se propagou uma ideia tão fora da realidade sobre as leis de incentivo que afetou a construção do diálogo com as empresas que já trabalhavam com isso”, lamenta.

Ana Garcia, do Coquetel Molotov (Recife, 16/11, 16 anos de existência), brinca que desde o início da história do festival o Brasil está em crise. “A queda (esse ano) é maior para aqueles produtores que não estão criando uma rede de realização, porque é necessário diversos parceiros para fazer acontecer”, explica. “Todos os festivais que conseguem segurar a onda são os que entenderam que não dependem só de uma empresa, só do governo, só de um edital. Esse ano todo mundo está enfrentando novas dificuldades.” Ela também considera que os incentivos locais – estaduais e municipais – podem significar um novo respiro para os eventos, especialmente no Nordeste e Centro-Oeste, onde as empresas não costumam se engajar com a Lei Rouanet.

Como é o caso do Porão do Rock, em Brasília, também na 21.ª edição – o festival seria realizado neste fim de semana, mas um desencontro fez com que o Estádio Nacional fosse solicitado para um jogo de futebol, o que inviabilizou o evento, adiado para 25 e 26 outubro. “Inicialmente, resolvi fazer sem verba pública nenhuma, mas apenas com bilheteria e patrocínio direto, o que aqui em Brasília é muito difícil”, diz o produtor Gustavo Sá. “Como rolou essa questão do estádio, tive que ir atrás de captação.” 

Os festivais de música no Brasil no segundo semestre de 2019

Bananada

Goiânia (GO), até domingo, 18 

Sarará

Belo Horizonte (MG), 31 de agosto

Coala

São Paulo, 7 e 8 de setembro

MIMO

São Paulo (SP) e outra cidade a ser anunciada, outubro

MADA

Natal (RN), 18 e 19 de outubro

Porão do Rock

Brasília (DF), 25 e 26 de outubro 

Se Rasgum

Belém (PA), 1.ª a 3 de novembro

No Ar Coquetel Molotov

Recife (PE), 16 de novembro

DoSol

Natal (RN), 23 e 24 de novembro

Sem nenhum dinheiro de lei de incentivo, o Festival Bananada começa a programação principal de sua 21.ª edição nesta sexta-feira, 16, em Goiânia. Com nomes como Pitty, Black Alien, João Donato e Tulipa Ruiz no cartaz, o festival faz parte de um conjunto de eventos médios e grandes que vêm enfrentando dificuldades para se colocarem de pé em 2019. Produtores ouvidos pelo Estado relataram dificuldades para convencer empresas a se engajarem com as leis de incentivo, especialmente a Lei Rouanet – o que talvez abra espaço para que estados e municípios aperfeiçoem os seus próprios mecanismos de incentivo e mecenato.

Essa é a leitura de Lu Araújo, do Festival MIMO, que esse ano será realizado em apenas duas cidades: São Paulo, em outubro, e outra ainda a ser anunciada – menos, portanto, do que as 4 ou 5 localizações que vinham sendo o costume do MIMO. Na produção de eventos há décadas, Lu diz que o País passa por uma situação incomum. “Existe uma paralisia. Não acho que falte dinheiro, mas muitas empresas definiram sua programação do ano agora, no meio do ano. Há 15 dias, eu não tinha certeza de que poderia realizar o festival” – pelo menos no Brasil. O MIMO de Amarante, em Portugal, atraiu cerca de 100 mil pessoas no final de julho.

Abertura do Festival Bananada 2019, em Goiânia, no dia 12 de agosto de 2019. O festival vai atéo dia 18, com nomes como Pitty, Tulipa Ruiz, João Donato, Baco Exu do Blues, Black Alien e outros Foto: Ariel Martini/Bananada

Para Fabricio Nobre, fundador do Bananada, a lógica dos festivais consegue operar na adversidade, mas o fato de não ter nenhum apoio público é uma oportunidade perdida. “Vamos fazer o festival com a quantidade de recursos que existir. Mas óbvio que se há suporte público podemos melhorar muitos aspectos. É uma pena ter os governos jogando contra.” Ele conta que das 21 edições, apenas “cinco ou seis” tiveram suporte “verdadeiro” do estado, e apenas em dois o festival usou a Lei Rouanet. “Mas deveria ter mais apoio. Todo ano é um perrengue, um sufoco de grana para realizar e fazer o melhor possível. Os benefícios são muito óbvios porque o evento movimenta a cidade, vem gente do País inteiro, repercute”, comenta.

O raciocínio do “do it yourself” é o que move, na mesma toada, o festival potiguar MADA (18 e 19 de outubro, em Natal). “Se criou um tipo de perseguição à arte, à cultura, aos resultados”, diz o produtor Jomardo Jomas. “Para viabilizar o festival, tentamos trabalhar com o orçamento que temos, sem abrir mão da diversidade”, explica. Além do MADA, ele também produz eventos no sudeste do País, e acredita que a “demonização” que se criou sobre o Lei Rouanet afeta de maneira mais direta os produtores dessa região – principal beneficiada pela lei de incentivo federal. “Se propagou uma ideia tão fora da realidade sobre as leis de incentivo que afetou a construção do diálogo com as empresas que já trabalhavam com isso”, lamenta.

Ana Garcia, do Coquetel Molotov (Recife, 16/11, 16 anos de existência), brinca que desde o início da história do festival o Brasil está em crise. “A queda (esse ano) é maior para aqueles produtores que não estão criando uma rede de realização, porque é necessário diversos parceiros para fazer acontecer”, explica. “Todos os festivais que conseguem segurar a onda são os que entenderam que não dependem só de uma empresa, só do governo, só de um edital. Esse ano todo mundo está enfrentando novas dificuldades.” Ela também considera que os incentivos locais – estaduais e municipais – podem significar um novo respiro para os eventos, especialmente no Nordeste e Centro-Oeste, onde as empresas não costumam se engajar com a Lei Rouanet.

Como é o caso do Porão do Rock, em Brasília, também na 21.ª edição – o festival seria realizado neste fim de semana, mas um desencontro fez com que o Estádio Nacional fosse solicitado para um jogo de futebol, o que inviabilizou o evento, adiado para 25 e 26 outubro. “Inicialmente, resolvi fazer sem verba pública nenhuma, mas apenas com bilheteria e patrocínio direto, o que aqui em Brasília é muito difícil”, diz o produtor Gustavo Sá. “Como rolou essa questão do estádio, tive que ir atrás de captação.” 

Os festivais de música no Brasil no segundo semestre de 2019

Bananada

Goiânia (GO), até domingo, 18 

Sarará

Belo Horizonte (MG), 31 de agosto

Coala

São Paulo, 7 e 8 de setembro

MIMO

São Paulo (SP) e outra cidade a ser anunciada, outubro

MADA

Natal (RN), 18 e 19 de outubro

Porão do Rock

Brasília (DF), 25 e 26 de outubro 

Se Rasgum

Belém (PA), 1.ª a 3 de novembro

No Ar Coquetel Molotov

Recife (PE), 16 de novembro

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Natal (RN), 23 e 24 de novembro

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