De hoje a domingo, ele e sua orquestra de 14 músicos tocam em São Paulo, no Teatro Municipal de São Paulo e no Parque do Ibirapuera. No dia 28, já estarão em Buenos Aires, no Teatro Gran Rex. As turnês mundiais são parte da experiência evangelizadora, "catequizante" da Lincoln Center Jazz Orchestra, o projeto jazzístico militante do trompetista Wynton Marsalis. As duas primeiras noites com a orquestra do Lincoln Center já estão com os ingressos esgotados. Sobravam ontem bilhetes para a apresentação extra da sexta-feira, que terá renda revertida para o Hospital do Câncer. As duas primeiras apresentações serão acompanhadas pela Orquestra Experimental de Repertório, regida por seu diretor musical Jamil Maluf. No programa, as orquestras se revezarão na primeira parte tocando versões sinfônicas e jazzísticas da suíte O Quebra-Nozes, de Tchaikovski, com arranjos de Duke Ellington. Na segunda, os conjuntos tocarão peças de Duke Ellington e Wynton Marsalis e outros. Duas apresentações extras, somente com a Lincoln Center Jazz Orchestra e Wynton Marsalis, acontecerão na sexta, às 21 horas, no mesmo Teatro Municipal de São Paulo; e no domingo, às 11 horas, na Praça da Paz do Parque Ibirapuera, com entrada franca. Serão tocadas obras de Duke Ellington e outros clássicos do jazz, além de peças do próprio trompetista e compositor. Marsalis é como um pregador do jazz. Não é por acaso que, entre uma e outra apresentação, ele ministra aulas para jovens, baseado sempre num mesmo esquema bem-determinado. Os elementos e estilos do jazz são ilustrados com exemplos práticos e analogias fáceis, além de serem intercalados com perguntas-chave (que exigem também respostas-chave): O que é jazz? Quem é Louis Armstrong? "Eu não acredito que haja um local específico para o desenvolvimento do jazz, isso não existe", afirmou Marsalis em entrevista ao Estado, há dois meses. "A idéia é ajudar crianças a escapar de um destino inevitável, dar-lhes educação e apoio", diz o trompetista. "Não só ajudá-los a crescer como profissionais, mas também como pessoas, seres humanos", afirma. Movido por esse princípio, o trompetista e compositor é incansável. Amanhã, após a estréia no Teatro Municipal, às 14 horas, estará dando uma oficina para crianças na Alumni (Rua Laguna, 27 - Santo Amaro), com participações do grupo Bate Lata e de integrantes da Escola Municipal de Música. Os adultos também terão a oportunidade de participar, em uma sessão às 15 horas. Como o número de inscrições é limitado, os interessados nos workshops ainda podem tentar participar inscrevendo-se pelo telefone (11) 5644-9720. Marsalis tem um jeito extremamente profissional de levar seu projeto adiante. Ontem, por exemplo, participou de almoço com jornalistas brasileiros no Bar des Arts, para eventuais confrontos de idéias e para dirimir dúvidas. Nunca se furta a um embate teórico - até porque raramente perde um. Marsalis ganhou um prêmio Pulitzer por sua música, ao compor, em 1997, a ópera jazzística Blood in the Fields, em que conta a história de um grupo escravos americanos. Chegou muito cedo a um patamar invejável no jazz, alcançando um reconhecimento público que só Duke Ellington e Charles Mingus experimentaram. Mas ele não concorda que o fato de ter ganho um Pulitzer aumente sua responsabilidade. "Isso só faz com que eu continue tocando seriamente, mas o prêmio atrai atenções para a música e essa é sua maior contribuição", analisa. Wynton Marsalis & Lincoln Center Jazz Orchestra - Hoje e amanhã, às 21 horas. Ingressos esgotados. Show em benefício do Hospital do Câncer na sexta, às 21 horas. De R$ 15,00 a R$ 100,00. Teatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/n, tel. 222-8698. Ingressos à venda no local ou pelo Teleingresso Statione, no 5589-8202. E domingo, às 11 horas. Entrada franca. Parque do Ibirapuera / Praça da Paz Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, tel. 5549-9688. Patrocínio: Nokia e Visa