Crítica: Como o impecável show de Alanis Morissette em SP me levou a uma viagem no tempo


Cantora canadense está prestes a encerrar turnê mundial e fez único show no Brasil durante onda de calor sem precedentes, mas garoa, memórias antigas e lágrimas refrescaram o público

Por Simião Castro
Atualização:

Alanis Morissette veio trazendo a tão desejada “chuva” a São Paulo, em meio a uma onda de calor sem precedentes no Brasil. E veio me transportando de volta a Frutal, no Triângulo Mineiro, onde uma de minhas irmãs ansiava por cada nova fita cassete dos álbuns lançados pela cantora canadense.

Tudo bem, não foi chuva. Um chuvisco que mal dá para chamar de garoa. Mas já serviu para aliviar o calor recorde de 37,7°C na capital paulista, em um Allianz Parque abarrotado. Aliás, calor que também era constância em Frutal, onde trinta e tantos graus na sombra eram uma terça-feira qualquer.

Os primeiros acordes de Hand in My Pocket - segunda música executada nesta terça-feira, 14, me levaram direto para o quarto de chão de cimento queimado verde onde minhas irmãs dormiam. E onde Alanis soava alto no toca-fitas.

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Eu tinha uns 10 anos e só sabia contar uma dezena de números em inglês. Mas aquele timbre rasgado, com falsetes agudos, já mexia em algum lugar do íntimo e virou encanto para a vida. Daí o receio de ir ao primeiro show. Aquela história de “não conheça seus ídolos”.

“E se ela desafina? E se usa playback? E se os 25 anos do álbum Jagged Little Pill, que ela está celebrando, pesaram na voz e na disposição?”, meu cérebro ansioso questionou o dia inteiro.

Só que não. Alanis fez o show que todo fã gostaria de ver. Que minha irmã, hoje em outro país, não pôde assistir. E que eu aproveitei por nós dois. É o final da turnê, que agora só tem mais uma apresentação no México no próximo dia 17.

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Alanis Morissette comprimenta público em show no Allianz Parque, em São Paulo, em 14 de novembro Foto: Taba Benedicto/Estadão

Numa apresentação regada a nostalgia, como não poderia deixar de ser, Alanis tocou todas as músicas do disco que a catapultou ao sucesso em 1995 - tocou de um jeito ou de outro, com pequenos versos ou interpretações completas. Jagged Little Pill rendeu a ela o Grammy de melhor álbum naquele ano. E mais quatro estatuetas em outras categorias. À época, eu não tinha ideia disso.

E é aí, no auge da fama, que ela decide pisar no freio, largar tudo e ir para a Índia em 1997 atrás de paz de espírito. Encontra e volta, refletindo toda a contemplação mística nas músicas que passa a lançar desde então. Abandona a raiva, mas segue rock’n’roll, continua vencendo prêmios e, 21 anos depois, mostra no palco incendiado em São Paulo que tem muito ainda a contribuir para o gênero.

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As chamas eram de mentira, no telão enquanto tocava o hino dos trocados por namorados e namoradas: You Oughta Know. A música é feita para ser gritada a plenos pulmões. Alanis já foi mais comedida nela, no MTV Unplugged, mas no show é pancada para lavar a alma: “E toda vez que eu arranhar as costas de outra pessoa com as unhas eu espero que você sinta”. Espero mesmo.

Alanis fez show regado a nostalgia em São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

Como previsto, o público era predominantemente de millennials que, como eu, cresceram com o ouvido grudado no radinho escutando Ironic e Hands Clean. Ou que compraram o primeiro CD player para ouvir Hand in My Pocket e You Oughta Know, claro. Mas foi divertido ser lembrado que esse grupo demográfico agora tem filhos - e os levou pro show.

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Alanis mesmo é mãe de três filhos, e não faz nenhuma questão de deixar esse detalhe oculto. Não é esforço nenhum afirmar que eles fazem parte da carreira dela. Orgulhosa, os exibe nos telões em fotos e vídeos em mais de um momento. E, principalmente, quando canta Ablaze, faixa dedicada às crianças, que inundou o público de fofura durante a apresentação.

Definitivamente, nem a maternidade nem a idade a impactaram na desenvoltura. Aos 49 anos, mantém a performance característica de percorrer o palco todo como se numa pista de corrida. E de surpreender com a coreografia sempre imprevisível e psicodélica que faz com o corpo. Me valeu de incentivo para abandonar o sedentarismo.

Show de Alanis da 2023 World Tour em São Paulo, celebrando os 25 anos de 'Jagged Little Pill' foi o único no Brasil Foto: Taba Benedicto/Estadão
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Não faltaram momentos emocionantes, como quando cantou a divertida Ironic. Ou quando terminou Mary Jane com lágrimas nos olhos. Ou transbordou o público de amor e declarações românticas ao som de Head Over Feet. Para mim, foi o agudo de Uninvited que seguiu perfurando o coração, assim como fez com o Simião de 14 anos.

E desculpa, irmã. Não consegui filmar Thank U inteira para te mandar. Resisti bem até o fim, mas foi ali que desidratei de chorar enquanto a voz impecável de Alanis me lembrava da nossa infância em Frutal. Enquanto pensava em todas as coisas pelas quais sou grato. E enquanto tweets de gente que também agradecia às melhores coisas da vida - e a Alanis - apareciam numa montagem no telão.

Ao fim do show, Alanis Morissette exibe mensagem de agradecimento a São Paulo por apresentação no Brasil Foto: Simião Castro/Estadão

Alanis Morissette veio trazendo a tão desejada “chuva” a São Paulo, em meio a uma onda de calor sem precedentes no Brasil. E veio me transportando de volta a Frutal, no Triângulo Mineiro, onde uma de minhas irmãs ansiava por cada nova fita cassete dos álbuns lançados pela cantora canadense.

Tudo bem, não foi chuva. Um chuvisco que mal dá para chamar de garoa. Mas já serviu para aliviar o calor recorde de 37,7°C na capital paulista, em um Allianz Parque abarrotado. Aliás, calor que também era constância em Frutal, onde trinta e tantos graus na sombra eram uma terça-feira qualquer.

Os primeiros acordes de Hand in My Pocket - segunda música executada nesta terça-feira, 14, me levaram direto para o quarto de chão de cimento queimado verde onde minhas irmãs dormiam. E onde Alanis soava alto no toca-fitas.

Eu tinha uns 10 anos e só sabia contar uma dezena de números em inglês. Mas aquele timbre rasgado, com falsetes agudos, já mexia em algum lugar do íntimo e virou encanto para a vida. Daí o receio de ir ao primeiro show. Aquela história de “não conheça seus ídolos”.

“E se ela desafina? E se usa playback? E se os 25 anos do álbum Jagged Little Pill, que ela está celebrando, pesaram na voz e na disposição?”, meu cérebro ansioso questionou o dia inteiro.

Só que não. Alanis fez o show que todo fã gostaria de ver. Que minha irmã, hoje em outro país, não pôde assistir. E que eu aproveitei por nós dois. É o final da turnê, que agora só tem mais uma apresentação no México no próximo dia 17.

Alanis Morissette comprimenta público em show no Allianz Parque, em São Paulo, em 14 de novembro Foto: Taba Benedicto/Estadão

Numa apresentação regada a nostalgia, como não poderia deixar de ser, Alanis tocou todas as músicas do disco que a catapultou ao sucesso em 1995 - tocou de um jeito ou de outro, com pequenos versos ou interpretações completas. Jagged Little Pill rendeu a ela o Grammy de melhor álbum naquele ano. E mais quatro estatuetas em outras categorias. À época, eu não tinha ideia disso.

E é aí, no auge da fama, que ela decide pisar no freio, largar tudo e ir para a Índia em 1997 atrás de paz de espírito. Encontra e volta, refletindo toda a contemplação mística nas músicas que passa a lançar desde então. Abandona a raiva, mas segue rock’n’roll, continua vencendo prêmios e, 21 anos depois, mostra no palco incendiado em São Paulo que tem muito ainda a contribuir para o gênero.

As chamas eram de mentira, no telão enquanto tocava o hino dos trocados por namorados e namoradas: You Oughta Know. A música é feita para ser gritada a plenos pulmões. Alanis já foi mais comedida nela, no MTV Unplugged, mas no show é pancada para lavar a alma: “E toda vez que eu arranhar as costas de outra pessoa com as unhas eu espero que você sinta”. Espero mesmo.

Alanis fez show regado a nostalgia em São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

Como previsto, o público era predominantemente de millennials que, como eu, cresceram com o ouvido grudado no radinho escutando Ironic e Hands Clean. Ou que compraram o primeiro CD player para ouvir Hand in My Pocket e You Oughta Know, claro. Mas foi divertido ser lembrado que esse grupo demográfico agora tem filhos - e os levou pro show.

Alanis mesmo é mãe de três filhos, e não faz nenhuma questão de deixar esse detalhe oculto. Não é esforço nenhum afirmar que eles fazem parte da carreira dela. Orgulhosa, os exibe nos telões em fotos e vídeos em mais de um momento. E, principalmente, quando canta Ablaze, faixa dedicada às crianças, que inundou o público de fofura durante a apresentação.

Definitivamente, nem a maternidade nem a idade a impactaram na desenvoltura. Aos 49 anos, mantém a performance característica de percorrer o palco todo como se numa pista de corrida. E de surpreender com a coreografia sempre imprevisível e psicodélica que faz com o corpo. Me valeu de incentivo para abandonar o sedentarismo.

Show de Alanis da 2023 World Tour em São Paulo, celebrando os 25 anos de 'Jagged Little Pill' foi o único no Brasil Foto: Taba Benedicto/Estadão

Não faltaram momentos emocionantes, como quando cantou a divertida Ironic. Ou quando terminou Mary Jane com lágrimas nos olhos. Ou transbordou o público de amor e declarações românticas ao som de Head Over Feet. Para mim, foi o agudo de Uninvited que seguiu perfurando o coração, assim como fez com o Simião de 14 anos.

E desculpa, irmã. Não consegui filmar Thank U inteira para te mandar. Resisti bem até o fim, mas foi ali que desidratei de chorar enquanto a voz impecável de Alanis me lembrava da nossa infância em Frutal. Enquanto pensava em todas as coisas pelas quais sou grato. E enquanto tweets de gente que também agradecia às melhores coisas da vida - e a Alanis - apareciam numa montagem no telão.

Ao fim do show, Alanis Morissette exibe mensagem de agradecimento a São Paulo por apresentação no Brasil Foto: Simião Castro/Estadão

Alanis Morissette veio trazendo a tão desejada “chuva” a São Paulo, em meio a uma onda de calor sem precedentes no Brasil. E veio me transportando de volta a Frutal, no Triângulo Mineiro, onde uma de minhas irmãs ansiava por cada nova fita cassete dos álbuns lançados pela cantora canadense.

Tudo bem, não foi chuva. Um chuvisco que mal dá para chamar de garoa. Mas já serviu para aliviar o calor recorde de 37,7°C na capital paulista, em um Allianz Parque abarrotado. Aliás, calor que também era constância em Frutal, onde trinta e tantos graus na sombra eram uma terça-feira qualquer.

Os primeiros acordes de Hand in My Pocket - segunda música executada nesta terça-feira, 14, me levaram direto para o quarto de chão de cimento queimado verde onde minhas irmãs dormiam. E onde Alanis soava alto no toca-fitas.

Eu tinha uns 10 anos e só sabia contar uma dezena de números em inglês. Mas aquele timbre rasgado, com falsetes agudos, já mexia em algum lugar do íntimo e virou encanto para a vida. Daí o receio de ir ao primeiro show. Aquela história de “não conheça seus ídolos”.

“E se ela desafina? E se usa playback? E se os 25 anos do álbum Jagged Little Pill, que ela está celebrando, pesaram na voz e na disposição?”, meu cérebro ansioso questionou o dia inteiro.

Só que não. Alanis fez o show que todo fã gostaria de ver. Que minha irmã, hoje em outro país, não pôde assistir. E que eu aproveitei por nós dois. É o final da turnê, que agora só tem mais uma apresentação no México no próximo dia 17.

Alanis Morissette comprimenta público em show no Allianz Parque, em São Paulo, em 14 de novembro Foto: Taba Benedicto/Estadão

Numa apresentação regada a nostalgia, como não poderia deixar de ser, Alanis tocou todas as músicas do disco que a catapultou ao sucesso em 1995 - tocou de um jeito ou de outro, com pequenos versos ou interpretações completas. Jagged Little Pill rendeu a ela o Grammy de melhor álbum naquele ano. E mais quatro estatuetas em outras categorias. À época, eu não tinha ideia disso.

E é aí, no auge da fama, que ela decide pisar no freio, largar tudo e ir para a Índia em 1997 atrás de paz de espírito. Encontra e volta, refletindo toda a contemplação mística nas músicas que passa a lançar desde então. Abandona a raiva, mas segue rock’n’roll, continua vencendo prêmios e, 21 anos depois, mostra no palco incendiado em São Paulo que tem muito ainda a contribuir para o gênero.

As chamas eram de mentira, no telão enquanto tocava o hino dos trocados por namorados e namoradas: You Oughta Know. A música é feita para ser gritada a plenos pulmões. Alanis já foi mais comedida nela, no MTV Unplugged, mas no show é pancada para lavar a alma: “E toda vez que eu arranhar as costas de outra pessoa com as unhas eu espero que você sinta”. Espero mesmo.

Alanis fez show regado a nostalgia em São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

Como previsto, o público era predominantemente de millennials que, como eu, cresceram com o ouvido grudado no radinho escutando Ironic e Hands Clean. Ou que compraram o primeiro CD player para ouvir Hand in My Pocket e You Oughta Know, claro. Mas foi divertido ser lembrado que esse grupo demográfico agora tem filhos - e os levou pro show.

Alanis mesmo é mãe de três filhos, e não faz nenhuma questão de deixar esse detalhe oculto. Não é esforço nenhum afirmar que eles fazem parte da carreira dela. Orgulhosa, os exibe nos telões em fotos e vídeos em mais de um momento. E, principalmente, quando canta Ablaze, faixa dedicada às crianças, que inundou o público de fofura durante a apresentação.

Definitivamente, nem a maternidade nem a idade a impactaram na desenvoltura. Aos 49 anos, mantém a performance característica de percorrer o palco todo como se numa pista de corrida. E de surpreender com a coreografia sempre imprevisível e psicodélica que faz com o corpo. Me valeu de incentivo para abandonar o sedentarismo.

Show de Alanis da 2023 World Tour em São Paulo, celebrando os 25 anos de 'Jagged Little Pill' foi o único no Brasil Foto: Taba Benedicto/Estadão

Não faltaram momentos emocionantes, como quando cantou a divertida Ironic. Ou quando terminou Mary Jane com lágrimas nos olhos. Ou transbordou o público de amor e declarações românticas ao som de Head Over Feet. Para mim, foi o agudo de Uninvited que seguiu perfurando o coração, assim como fez com o Simião de 14 anos.

E desculpa, irmã. Não consegui filmar Thank U inteira para te mandar. Resisti bem até o fim, mas foi ali que desidratei de chorar enquanto a voz impecável de Alanis me lembrava da nossa infância em Frutal. Enquanto pensava em todas as coisas pelas quais sou grato. E enquanto tweets de gente que também agradecia às melhores coisas da vida - e a Alanis - apareciam numa montagem no telão.

Ao fim do show, Alanis Morissette exibe mensagem de agradecimento a São Paulo por apresentação no Brasil Foto: Simião Castro/Estadão

Alanis Morissette veio trazendo a tão desejada “chuva” a São Paulo, em meio a uma onda de calor sem precedentes no Brasil. E veio me transportando de volta a Frutal, no Triângulo Mineiro, onde uma de minhas irmãs ansiava por cada nova fita cassete dos álbuns lançados pela cantora canadense.

Tudo bem, não foi chuva. Um chuvisco que mal dá para chamar de garoa. Mas já serviu para aliviar o calor recorde de 37,7°C na capital paulista, em um Allianz Parque abarrotado. Aliás, calor que também era constância em Frutal, onde trinta e tantos graus na sombra eram uma terça-feira qualquer.

Os primeiros acordes de Hand in My Pocket - segunda música executada nesta terça-feira, 14, me levaram direto para o quarto de chão de cimento queimado verde onde minhas irmãs dormiam. E onde Alanis soava alto no toca-fitas.

Eu tinha uns 10 anos e só sabia contar uma dezena de números em inglês. Mas aquele timbre rasgado, com falsetes agudos, já mexia em algum lugar do íntimo e virou encanto para a vida. Daí o receio de ir ao primeiro show. Aquela história de “não conheça seus ídolos”.

“E se ela desafina? E se usa playback? E se os 25 anos do álbum Jagged Little Pill, que ela está celebrando, pesaram na voz e na disposição?”, meu cérebro ansioso questionou o dia inteiro.

Só que não. Alanis fez o show que todo fã gostaria de ver. Que minha irmã, hoje em outro país, não pôde assistir. E que eu aproveitei por nós dois. É o final da turnê, que agora só tem mais uma apresentação no México no próximo dia 17.

Alanis Morissette comprimenta público em show no Allianz Parque, em São Paulo, em 14 de novembro Foto: Taba Benedicto/Estadão

Numa apresentação regada a nostalgia, como não poderia deixar de ser, Alanis tocou todas as músicas do disco que a catapultou ao sucesso em 1995 - tocou de um jeito ou de outro, com pequenos versos ou interpretações completas. Jagged Little Pill rendeu a ela o Grammy de melhor álbum naquele ano. E mais quatro estatuetas em outras categorias. À época, eu não tinha ideia disso.

E é aí, no auge da fama, que ela decide pisar no freio, largar tudo e ir para a Índia em 1997 atrás de paz de espírito. Encontra e volta, refletindo toda a contemplação mística nas músicas que passa a lançar desde então. Abandona a raiva, mas segue rock’n’roll, continua vencendo prêmios e, 21 anos depois, mostra no palco incendiado em São Paulo que tem muito ainda a contribuir para o gênero.

As chamas eram de mentira, no telão enquanto tocava o hino dos trocados por namorados e namoradas: You Oughta Know. A música é feita para ser gritada a plenos pulmões. Alanis já foi mais comedida nela, no MTV Unplugged, mas no show é pancada para lavar a alma: “E toda vez que eu arranhar as costas de outra pessoa com as unhas eu espero que você sinta”. Espero mesmo.

Alanis fez show regado a nostalgia em São Paulo Foto: Taba Benedicto/Estadão

Como previsto, o público era predominantemente de millennials que, como eu, cresceram com o ouvido grudado no radinho escutando Ironic e Hands Clean. Ou que compraram o primeiro CD player para ouvir Hand in My Pocket e You Oughta Know, claro. Mas foi divertido ser lembrado que esse grupo demográfico agora tem filhos - e os levou pro show.

Alanis mesmo é mãe de três filhos, e não faz nenhuma questão de deixar esse detalhe oculto. Não é esforço nenhum afirmar que eles fazem parte da carreira dela. Orgulhosa, os exibe nos telões em fotos e vídeos em mais de um momento. E, principalmente, quando canta Ablaze, faixa dedicada às crianças, que inundou o público de fofura durante a apresentação.

Definitivamente, nem a maternidade nem a idade a impactaram na desenvoltura. Aos 49 anos, mantém a performance característica de percorrer o palco todo como se numa pista de corrida. E de surpreender com a coreografia sempre imprevisível e psicodélica que faz com o corpo. Me valeu de incentivo para abandonar o sedentarismo.

Show de Alanis da 2023 World Tour em São Paulo, celebrando os 25 anos de 'Jagged Little Pill' foi o único no Brasil Foto: Taba Benedicto/Estadão

Não faltaram momentos emocionantes, como quando cantou a divertida Ironic. Ou quando terminou Mary Jane com lágrimas nos olhos. Ou transbordou o público de amor e declarações românticas ao som de Head Over Feet. Para mim, foi o agudo de Uninvited que seguiu perfurando o coração, assim como fez com o Simião de 14 anos.

E desculpa, irmã. Não consegui filmar Thank U inteira para te mandar. Resisti bem até o fim, mas foi ali que desidratei de chorar enquanto a voz impecável de Alanis me lembrava da nossa infância em Frutal. Enquanto pensava em todas as coisas pelas quais sou grato. E enquanto tweets de gente que também agradecia às melhores coisas da vida - e a Alanis - apareciam numa montagem no telão.

Ao fim do show, Alanis Morissette exibe mensagem de agradecimento a São Paulo por apresentação no Brasil Foto: Simião Castro/Estadão

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