Jão, fenômeno de público, reforça lado comercial em álbum irregular e clichê; leia crítica


Cantor paulista, que lota arenas e tem público fiel, promete uma persona sexy e ousada em ‘SUPER’, mas entrega disco sem maturidade

Por Dora Guerra
Atualização:

Assumidamente bissexual, o cantor Jão tem um público majoritariamente LGBT+. Ele sabe disso e, portanto, busca ser o que essa audiência não tinha no Brasil: um ídolo pop contemporâneo assumido, com letras confessionais e canções de amor e sexo. Em músicas dedicadas a pronomes masculinos e femininos, Jão sugere que, se você gosta de um, do outro ou de ambos, tem música pra você.

O cantor, que tem show marcado no megafestival The Town, pode ser um fenômeno difícil de compreender à distância. Para quem não acompanhou o tempo todo, não foi tão palpável o momento em que Jão se tornou um dos maiores nomes do pop brasileiro. Ele é um daqueles artistas que – à la Taylor Swift – tem um fã clube gigantesco que parece compartilhar as mesmas referências e piadas internas. Um artista de nicho; só que um nicho de milhões de fãs.

Em seu quarto álbum de estúdio, SUPER, o paulista encarna a persona que esses fãs admiram e desejam. Sexy, destemido, focando mais na fluidez da juventude que nas decepções amorosas.

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Contando com sintetizadores e diversas referências que miram no TikTok, o disco começa com a aura de um filme adolescente, flertando com a sensação estética de filmes como As Vantagens de Ser Invisível. O problema é que, nessa esteira, ele acaba por esbarrar em vocais melodramáticos e letras caricatas: “Eu sou lindo e não entendo como alguém pode não me amar”.

Jão não é um artista de melodias diversificadas e, por isso, a produção acaba tendo que correr atrás de diferenciar uma música da outra. Não ajuda que a temática em várias faixas seja a mesma: se lamber, estar pelado, tirar a sua roupa.

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No segundo ato, depois de faixas mais românticas, o disco muda de figura. É quando SUPER diz a que veio: melhora a partir de Eu Posso Ser Como Você, que já é queridinha dos fãs. Em músicas mais contrastantes, Jão passeia das harmonias vocais sessentonas em Rádio à atmosfera noturna sensual de São Paulo, 2015, exibindo alguma versatilidade.

SUPER tem picos e vales. Muito do disco ainda soa pautado no seu público: mesmo que tenha assumido uma roupagem extremamente pop, Jão canta como quem conversa com seu fã clube, que já sabe de sua sexualidade, entende seus sofrimentos, conhece suas referências. Isso não é um problema para ele – se fizer sucesso só entre seus fãs (jovens, em sua maioria), o artista já terá números maiores que qualquer artista médio brasileiro.

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O problema é que, nesse caminho, o cantor de 28 anos se mantém em temáticas que ele próprio já deve ter ultrapassado – ainda que tenha maturidade em sua carreira e proporções de um artista de grande porte, suas músicas não expressam sua idade. Nisso, o cantor se consagra no mesmo nicho, torcendo para que seus fãs não envelheçam; e o aspecto puramente comercial de seu trabalho se sobressai, porque é difícil crer que esses sejam os temores e vivências de um artista em seus quase trinta anos.

Mas para todos os efeitos, o disco cumpre a sua função: tem as faixas radiofônicas, aquelas que irão embalar o estádio inevitavelmente lotado que Jão vai ocupar em seguida. Tem o apelo viral, tem os visuais astronômicos, contando até com dragão estilo Game of Thrones no teaser. O que o álbum não tem, nem pretende ter, é complexidade.

Assumidamente bissexual, o cantor Jão tem um público majoritariamente LGBT+. Ele sabe disso e, portanto, busca ser o que essa audiência não tinha no Brasil: um ídolo pop contemporâneo assumido, com letras confessionais e canções de amor e sexo. Em músicas dedicadas a pronomes masculinos e femininos, Jão sugere que, se você gosta de um, do outro ou de ambos, tem música pra você.

O cantor, que tem show marcado no megafestival The Town, pode ser um fenômeno difícil de compreender à distância. Para quem não acompanhou o tempo todo, não foi tão palpável o momento em que Jão se tornou um dos maiores nomes do pop brasileiro. Ele é um daqueles artistas que – à la Taylor Swift – tem um fã clube gigantesco que parece compartilhar as mesmas referências e piadas internas. Um artista de nicho; só que um nicho de milhões de fãs.

Em seu quarto álbum de estúdio, SUPER, o paulista encarna a persona que esses fãs admiram e desejam. Sexy, destemido, focando mais na fluidez da juventude que nas decepções amorosas.

Contando com sintetizadores e diversas referências que miram no TikTok, o disco começa com a aura de um filme adolescente, flertando com a sensação estética de filmes como As Vantagens de Ser Invisível. O problema é que, nessa esteira, ele acaba por esbarrar em vocais melodramáticos e letras caricatas: “Eu sou lindo e não entendo como alguém pode não me amar”.

Jão não é um artista de melodias diversificadas e, por isso, a produção acaba tendo que correr atrás de diferenciar uma música da outra. Não ajuda que a temática em várias faixas seja a mesma: se lamber, estar pelado, tirar a sua roupa.

No segundo ato, depois de faixas mais românticas, o disco muda de figura. É quando SUPER diz a que veio: melhora a partir de Eu Posso Ser Como Você, que já é queridinha dos fãs. Em músicas mais contrastantes, Jão passeia das harmonias vocais sessentonas em Rádio à atmosfera noturna sensual de São Paulo, 2015, exibindo alguma versatilidade.

SUPER tem picos e vales. Muito do disco ainda soa pautado no seu público: mesmo que tenha assumido uma roupagem extremamente pop, Jão canta como quem conversa com seu fã clube, que já sabe de sua sexualidade, entende seus sofrimentos, conhece suas referências. Isso não é um problema para ele – se fizer sucesso só entre seus fãs (jovens, em sua maioria), o artista já terá números maiores que qualquer artista médio brasileiro.

O problema é que, nesse caminho, o cantor de 28 anos se mantém em temáticas que ele próprio já deve ter ultrapassado – ainda que tenha maturidade em sua carreira e proporções de um artista de grande porte, suas músicas não expressam sua idade. Nisso, o cantor se consagra no mesmo nicho, torcendo para que seus fãs não envelheçam; e o aspecto puramente comercial de seu trabalho se sobressai, porque é difícil crer que esses sejam os temores e vivências de um artista em seus quase trinta anos.

Mas para todos os efeitos, o disco cumpre a sua função: tem as faixas radiofônicas, aquelas que irão embalar o estádio inevitavelmente lotado que Jão vai ocupar em seguida. Tem o apelo viral, tem os visuais astronômicos, contando até com dragão estilo Game of Thrones no teaser. O que o álbum não tem, nem pretende ter, é complexidade.

Assumidamente bissexual, o cantor Jão tem um público majoritariamente LGBT+. Ele sabe disso e, portanto, busca ser o que essa audiência não tinha no Brasil: um ídolo pop contemporâneo assumido, com letras confessionais e canções de amor e sexo. Em músicas dedicadas a pronomes masculinos e femininos, Jão sugere que, se você gosta de um, do outro ou de ambos, tem música pra você.

O cantor, que tem show marcado no megafestival The Town, pode ser um fenômeno difícil de compreender à distância. Para quem não acompanhou o tempo todo, não foi tão palpável o momento em que Jão se tornou um dos maiores nomes do pop brasileiro. Ele é um daqueles artistas que – à la Taylor Swift – tem um fã clube gigantesco que parece compartilhar as mesmas referências e piadas internas. Um artista de nicho; só que um nicho de milhões de fãs.

Em seu quarto álbum de estúdio, SUPER, o paulista encarna a persona que esses fãs admiram e desejam. Sexy, destemido, focando mais na fluidez da juventude que nas decepções amorosas.

Contando com sintetizadores e diversas referências que miram no TikTok, o disco começa com a aura de um filme adolescente, flertando com a sensação estética de filmes como As Vantagens de Ser Invisível. O problema é que, nessa esteira, ele acaba por esbarrar em vocais melodramáticos e letras caricatas: “Eu sou lindo e não entendo como alguém pode não me amar”.

Jão não é um artista de melodias diversificadas e, por isso, a produção acaba tendo que correr atrás de diferenciar uma música da outra. Não ajuda que a temática em várias faixas seja a mesma: se lamber, estar pelado, tirar a sua roupa.

No segundo ato, depois de faixas mais românticas, o disco muda de figura. É quando SUPER diz a que veio: melhora a partir de Eu Posso Ser Como Você, que já é queridinha dos fãs. Em músicas mais contrastantes, Jão passeia das harmonias vocais sessentonas em Rádio à atmosfera noturna sensual de São Paulo, 2015, exibindo alguma versatilidade.

SUPER tem picos e vales. Muito do disco ainda soa pautado no seu público: mesmo que tenha assumido uma roupagem extremamente pop, Jão canta como quem conversa com seu fã clube, que já sabe de sua sexualidade, entende seus sofrimentos, conhece suas referências. Isso não é um problema para ele – se fizer sucesso só entre seus fãs (jovens, em sua maioria), o artista já terá números maiores que qualquer artista médio brasileiro.

O problema é que, nesse caminho, o cantor de 28 anos se mantém em temáticas que ele próprio já deve ter ultrapassado – ainda que tenha maturidade em sua carreira e proporções de um artista de grande porte, suas músicas não expressam sua idade. Nisso, o cantor se consagra no mesmo nicho, torcendo para que seus fãs não envelheçam; e o aspecto puramente comercial de seu trabalho se sobressai, porque é difícil crer que esses sejam os temores e vivências de um artista em seus quase trinta anos.

Mas para todos os efeitos, o disco cumpre a sua função: tem as faixas radiofônicas, aquelas que irão embalar o estádio inevitavelmente lotado que Jão vai ocupar em seguida. Tem o apelo viral, tem os visuais astronômicos, contando até com dragão estilo Game of Thrones no teaser. O que o álbum não tem, nem pretende ter, é complexidade.

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