Documentário resgata obra de um dos maiores músicos do País: Radamés Gnattali


Serão 12 programas em site do Instituto Moreira Sales que terão depoimentos sobre o artista, além de músicas inéditas

Por João Marcos Coelho

Ao ouvir alguém pronunciar “Radamés Gnattali”, há quem o ligue ao diretor musical da Rádio Nacional do Rio de Janeiro por mais de trinta anos, autor do célebre arranjo de Aquarela do Brasil de Ary Barroso. Um arranjo que traduz para o mundo inteiro o que é ser brasileiro. Um ou outro pode relembrar o privilégio de tê-lo visto em ação no visionário trio de jazz, com Luís Americano e Luciano Perrone, entre os anos 1930 e 1940. Poucos se dariam conta de como é de qualidade superior sua criação mais “adequada”, digamos, para as salas de concerto. Falar de Radamés (1906-1988) é escantear preconceitos e rótulos, abraçar a música de modo inclusivo. O fato é que o menino gaúcho que nos anos 1920 foi para o Rio de Janeiro disposto a conquistar um lugar de honra entre os pianistas clássicos fez muito mais: tornou-se um dos maiores músicos que o País já teve. Compositor clássico, mestre dos arranjadores brasileiros, pianista maravilhoso, capaz de enfeitiçar milhões e antecipar o jazz West Coast norte-americano. Em seu último emprego fixo, fez trilhas sonoras para filmes como Eles Não Usam Black-tie, dirigido por Leon Hirszman em 1981, e a telenovela Roque Santeiro, de 1986. Morreu sem concretizar seu maior sonho: compor uma ópera negra brasileira, no estilo de Porgy and Bess, de George Gershwin. Não faz mal. Há tanta coisa manuscrita, inédita, que várias décadas vão passar até que conheçamos por inteiro sua produção.

Maestros, Radamés e Tom Jobim firmaram parceria Foto: Acervo de Radamés Gnattali

O violonista Paulo Aragão, integrante do excelente Quarteto de Violões Maogani, responsável pela direção musical e pelo roteiro que assina com Helena Aragão, juntou-se ao cantor e pesquisador Pedro Paulo Malta para apresentar este trabalho que é uma declaração de amor ao compositor e se intitula Radamés Gnattali, Artesão e Operário da Música. A série de 12 programas estará disponível gratuitamente a partir desta quinta-feira, 27, no site da Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles (radiobatuta.ims.com.br). A data é significativa, pois marca o 116.º aniversário de nascimento do pianista.“Adotamos a ordem cronológica do episódio 2 ao 12. Essa perspectiva nos permitiu enxergar como ele realmente trabalhava prolífica e simultaneamente nas diversas áreas de atuação”, conta Aragão em entrevista ao Estadão. Resumindo: ele era craque nos arranjos, na música popular e na música de concerto. “E nos permitiu justamente ter uma visão da imagem e do impacto da obra dele em cada uma dessas áreas, ao longo de sua trajetória”, complementa o violonista, que fez a primeira gravação mundial, com o Maogani, do choro Caçador de Borboletas

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O maestro Radamés foi um dos ícones da música clássica brasileira Foto: Acervo Radamés Gnattali

Malta confessa ao Estadão que “minha ‘descoberta’ é, na verdade, meu olhar admirado, estarrecido, impressionado diante do tamanho e da abrangência da obra de Radamés: não só as centenas de composições e gravações que fez (dos choros e sambas a concertos), como os milhares de arranjos que escreveu. Daí o ‘operário’ e o ‘artesão’ que entraram no título da série”. Ele lamenta que “tudo ali é muito menos conhecido do que deveria. Espantosamente, ele pavimentou o chão de tantos pilares da música brasileira e seu nome, ainda assim, só é conhecido mesmo por determinados setores do meio musical. É uma referência, por exemplo, para os chorões, os arranjadores e os pianistas brasileiros, mas não sei se além disso o nome dele é de fato reconhecido”. Uma das gemas que serão reveladas na série é o samba Malandro, primeira composição de Radamés, de 1922, aos 16 anos. A primazia justíssima de fazer a primeira gravação foi entregue ao pianista Hércules Gomes, registro feito especialmente para a série. Outra inédita é a gravação de um dos movimentos da Sonata n.º 2 para Piano, de 1967. “Ela foi apresentada em uma live pelo pianista Luís Rabello, brasileiro radicado na Holanda, que gentilmente nos autorizou a utilização em nosso repertório”, revela Aragão. Mergulhar no mundo musical extraordinário de Radamés transforma não só os músicos e profissionais da música. Transfigura igualmente quem ouve suas criações, sejam elas concertos (só para piano ele compôs doze), os milhares de arranjos, muitos ainda em estado de manuscrito, os choros, as trilhas ou a música camerística.  O documentário apresenta depoimentos de familiares e músicos que conviveram e foram influenciados por Radamés, como Paulinho da Viola, Dori Caymmi e João Bosco. Há também trechos de entrevistas concedidas pelo próprio compositor e músicas de sua autoria.

Ao ouvir alguém pronunciar “Radamés Gnattali”, há quem o ligue ao diretor musical da Rádio Nacional do Rio de Janeiro por mais de trinta anos, autor do célebre arranjo de Aquarela do Brasil de Ary Barroso. Um arranjo que traduz para o mundo inteiro o que é ser brasileiro. Um ou outro pode relembrar o privilégio de tê-lo visto em ação no visionário trio de jazz, com Luís Americano e Luciano Perrone, entre os anos 1930 e 1940. Poucos se dariam conta de como é de qualidade superior sua criação mais “adequada”, digamos, para as salas de concerto. Falar de Radamés (1906-1988) é escantear preconceitos e rótulos, abraçar a música de modo inclusivo. O fato é que o menino gaúcho que nos anos 1920 foi para o Rio de Janeiro disposto a conquistar um lugar de honra entre os pianistas clássicos fez muito mais: tornou-se um dos maiores músicos que o País já teve. Compositor clássico, mestre dos arranjadores brasileiros, pianista maravilhoso, capaz de enfeitiçar milhões e antecipar o jazz West Coast norte-americano. Em seu último emprego fixo, fez trilhas sonoras para filmes como Eles Não Usam Black-tie, dirigido por Leon Hirszman em 1981, e a telenovela Roque Santeiro, de 1986. Morreu sem concretizar seu maior sonho: compor uma ópera negra brasileira, no estilo de Porgy and Bess, de George Gershwin. Não faz mal. Há tanta coisa manuscrita, inédita, que várias décadas vão passar até que conheçamos por inteiro sua produção.

Maestros, Radamés e Tom Jobim firmaram parceria Foto: Acervo de Radamés Gnattali

O violonista Paulo Aragão, integrante do excelente Quarteto de Violões Maogani, responsável pela direção musical e pelo roteiro que assina com Helena Aragão, juntou-se ao cantor e pesquisador Pedro Paulo Malta para apresentar este trabalho que é uma declaração de amor ao compositor e se intitula Radamés Gnattali, Artesão e Operário da Música. A série de 12 programas estará disponível gratuitamente a partir desta quinta-feira, 27, no site da Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles (radiobatuta.ims.com.br). A data é significativa, pois marca o 116.º aniversário de nascimento do pianista.“Adotamos a ordem cronológica do episódio 2 ao 12. Essa perspectiva nos permitiu enxergar como ele realmente trabalhava prolífica e simultaneamente nas diversas áreas de atuação”, conta Aragão em entrevista ao Estadão. Resumindo: ele era craque nos arranjos, na música popular e na música de concerto. “E nos permitiu justamente ter uma visão da imagem e do impacto da obra dele em cada uma dessas áreas, ao longo de sua trajetória”, complementa o violonista, que fez a primeira gravação mundial, com o Maogani, do choro Caçador de Borboletas

O maestro Radamés foi um dos ícones da música clássica brasileira Foto: Acervo Radamés Gnattali

Malta confessa ao Estadão que “minha ‘descoberta’ é, na verdade, meu olhar admirado, estarrecido, impressionado diante do tamanho e da abrangência da obra de Radamés: não só as centenas de composições e gravações que fez (dos choros e sambas a concertos), como os milhares de arranjos que escreveu. Daí o ‘operário’ e o ‘artesão’ que entraram no título da série”. Ele lamenta que “tudo ali é muito menos conhecido do que deveria. Espantosamente, ele pavimentou o chão de tantos pilares da música brasileira e seu nome, ainda assim, só é conhecido mesmo por determinados setores do meio musical. É uma referência, por exemplo, para os chorões, os arranjadores e os pianistas brasileiros, mas não sei se além disso o nome dele é de fato reconhecido”. Uma das gemas que serão reveladas na série é o samba Malandro, primeira composição de Radamés, de 1922, aos 16 anos. A primazia justíssima de fazer a primeira gravação foi entregue ao pianista Hércules Gomes, registro feito especialmente para a série. Outra inédita é a gravação de um dos movimentos da Sonata n.º 2 para Piano, de 1967. “Ela foi apresentada em uma live pelo pianista Luís Rabello, brasileiro radicado na Holanda, que gentilmente nos autorizou a utilização em nosso repertório”, revela Aragão. Mergulhar no mundo musical extraordinário de Radamés transforma não só os músicos e profissionais da música. Transfigura igualmente quem ouve suas criações, sejam elas concertos (só para piano ele compôs doze), os milhares de arranjos, muitos ainda em estado de manuscrito, os choros, as trilhas ou a música camerística.  O documentário apresenta depoimentos de familiares e músicos que conviveram e foram influenciados por Radamés, como Paulinho da Viola, Dori Caymmi e João Bosco. Há também trechos de entrevistas concedidas pelo próprio compositor e músicas de sua autoria.

Ao ouvir alguém pronunciar “Radamés Gnattali”, há quem o ligue ao diretor musical da Rádio Nacional do Rio de Janeiro por mais de trinta anos, autor do célebre arranjo de Aquarela do Brasil de Ary Barroso. Um arranjo que traduz para o mundo inteiro o que é ser brasileiro. Um ou outro pode relembrar o privilégio de tê-lo visto em ação no visionário trio de jazz, com Luís Americano e Luciano Perrone, entre os anos 1930 e 1940. Poucos se dariam conta de como é de qualidade superior sua criação mais “adequada”, digamos, para as salas de concerto. Falar de Radamés (1906-1988) é escantear preconceitos e rótulos, abraçar a música de modo inclusivo. O fato é que o menino gaúcho que nos anos 1920 foi para o Rio de Janeiro disposto a conquistar um lugar de honra entre os pianistas clássicos fez muito mais: tornou-se um dos maiores músicos que o País já teve. Compositor clássico, mestre dos arranjadores brasileiros, pianista maravilhoso, capaz de enfeitiçar milhões e antecipar o jazz West Coast norte-americano. Em seu último emprego fixo, fez trilhas sonoras para filmes como Eles Não Usam Black-tie, dirigido por Leon Hirszman em 1981, e a telenovela Roque Santeiro, de 1986. Morreu sem concretizar seu maior sonho: compor uma ópera negra brasileira, no estilo de Porgy and Bess, de George Gershwin. Não faz mal. Há tanta coisa manuscrita, inédita, que várias décadas vão passar até que conheçamos por inteiro sua produção.

Maestros, Radamés e Tom Jobim firmaram parceria Foto: Acervo de Radamés Gnattali

O violonista Paulo Aragão, integrante do excelente Quarteto de Violões Maogani, responsável pela direção musical e pelo roteiro que assina com Helena Aragão, juntou-se ao cantor e pesquisador Pedro Paulo Malta para apresentar este trabalho que é uma declaração de amor ao compositor e se intitula Radamés Gnattali, Artesão e Operário da Música. A série de 12 programas estará disponível gratuitamente a partir desta quinta-feira, 27, no site da Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles (radiobatuta.ims.com.br). A data é significativa, pois marca o 116.º aniversário de nascimento do pianista.“Adotamos a ordem cronológica do episódio 2 ao 12. Essa perspectiva nos permitiu enxergar como ele realmente trabalhava prolífica e simultaneamente nas diversas áreas de atuação”, conta Aragão em entrevista ao Estadão. Resumindo: ele era craque nos arranjos, na música popular e na música de concerto. “E nos permitiu justamente ter uma visão da imagem e do impacto da obra dele em cada uma dessas áreas, ao longo de sua trajetória”, complementa o violonista, que fez a primeira gravação mundial, com o Maogani, do choro Caçador de Borboletas

O maestro Radamés foi um dos ícones da música clássica brasileira Foto: Acervo Radamés Gnattali

Malta confessa ao Estadão que “minha ‘descoberta’ é, na verdade, meu olhar admirado, estarrecido, impressionado diante do tamanho e da abrangência da obra de Radamés: não só as centenas de composições e gravações que fez (dos choros e sambas a concertos), como os milhares de arranjos que escreveu. Daí o ‘operário’ e o ‘artesão’ que entraram no título da série”. Ele lamenta que “tudo ali é muito menos conhecido do que deveria. Espantosamente, ele pavimentou o chão de tantos pilares da música brasileira e seu nome, ainda assim, só é conhecido mesmo por determinados setores do meio musical. É uma referência, por exemplo, para os chorões, os arranjadores e os pianistas brasileiros, mas não sei se além disso o nome dele é de fato reconhecido”. Uma das gemas que serão reveladas na série é o samba Malandro, primeira composição de Radamés, de 1922, aos 16 anos. A primazia justíssima de fazer a primeira gravação foi entregue ao pianista Hércules Gomes, registro feito especialmente para a série. Outra inédita é a gravação de um dos movimentos da Sonata n.º 2 para Piano, de 1967. “Ela foi apresentada em uma live pelo pianista Luís Rabello, brasileiro radicado na Holanda, que gentilmente nos autorizou a utilização em nosso repertório”, revela Aragão. Mergulhar no mundo musical extraordinário de Radamés transforma não só os músicos e profissionais da música. Transfigura igualmente quem ouve suas criações, sejam elas concertos (só para piano ele compôs doze), os milhares de arranjos, muitos ainda em estado de manuscrito, os choros, as trilhas ou a música camerística.  O documentário apresenta depoimentos de familiares e músicos que conviveram e foram influenciados por Radamés, como Paulinho da Viola, Dori Caymmi e João Bosco. Há também trechos de entrevistas concedidas pelo próprio compositor e músicas de sua autoria.

Ao ouvir alguém pronunciar “Radamés Gnattali”, há quem o ligue ao diretor musical da Rádio Nacional do Rio de Janeiro por mais de trinta anos, autor do célebre arranjo de Aquarela do Brasil de Ary Barroso. Um arranjo que traduz para o mundo inteiro o que é ser brasileiro. Um ou outro pode relembrar o privilégio de tê-lo visto em ação no visionário trio de jazz, com Luís Americano e Luciano Perrone, entre os anos 1930 e 1940. Poucos se dariam conta de como é de qualidade superior sua criação mais “adequada”, digamos, para as salas de concerto. Falar de Radamés (1906-1988) é escantear preconceitos e rótulos, abraçar a música de modo inclusivo. O fato é que o menino gaúcho que nos anos 1920 foi para o Rio de Janeiro disposto a conquistar um lugar de honra entre os pianistas clássicos fez muito mais: tornou-se um dos maiores músicos que o País já teve. Compositor clássico, mestre dos arranjadores brasileiros, pianista maravilhoso, capaz de enfeitiçar milhões e antecipar o jazz West Coast norte-americano. Em seu último emprego fixo, fez trilhas sonoras para filmes como Eles Não Usam Black-tie, dirigido por Leon Hirszman em 1981, e a telenovela Roque Santeiro, de 1986. Morreu sem concretizar seu maior sonho: compor uma ópera negra brasileira, no estilo de Porgy and Bess, de George Gershwin. Não faz mal. Há tanta coisa manuscrita, inédita, que várias décadas vão passar até que conheçamos por inteiro sua produção.

Maestros, Radamés e Tom Jobim firmaram parceria Foto: Acervo de Radamés Gnattali

O violonista Paulo Aragão, integrante do excelente Quarteto de Violões Maogani, responsável pela direção musical e pelo roteiro que assina com Helena Aragão, juntou-se ao cantor e pesquisador Pedro Paulo Malta para apresentar este trabalho que é uma declaração de amor ao compositor e se intitula Radamés Gnattali, Artesão e Operário da Música. A série de 12 programas estará disponível gratuitamente a partir desta quinta-feira, 27, no site da Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles (radiobatuta.ims.com.br). A data é significativa, pois marca o 116.º aniversário de nascimento do pianista.“Adotamos a ordem cronológica do episódio 2 ao 12. Essa perspectiva nos permitiu enxergar como ele realmente trabalhava prolífica e simultaneamente nas diversas áreas de atuação”, conta Aragão em entrevista ao Estadão. Resumindo: ele era craque nos arranjos, na música popular e na música de concerto. “E nos permitiu justamente ter uma visão da imagem e do impacto da obra dele em cada uma dessas áreas, ao longo de sua trajetória”, complementa o violonista, que fez a primeira gravação mundial, com o Maogani, do choro Caçador de Borboletas

O maestro Radamés foi um dos ícones da música clássica brasileira Foto: Acervo Radamés Gnattali

Malta confessa ao Estadão que “minha ‘descoberta’ é, na verdade, meu olhar admirado, estarrecido, impressionado diante do tamanho e da abrangência da obra de Radamés: não só as centenas de composições e gravações que fez (dos choros e sambas a concertos), como os milhares de arranjos que escreveu. Daí o ‘operário’ e o ‘artesão’ que entraram no título da série”. Ele lamenta que “tudo ali é muito menos conhecido do que deveria. Espantosamente, ele pavimentou o chão de tantos pilares da música brasileira e seu nome, ainda assim, só é conhecido mesmo por determinados setores do meio musical. É uma referência, por exemplo, para os chorões, os arranjadores e os pianistas brasileiros, mas não sei se além disso o nome dele é de fato reconhecido”. Uma das gemas que serão reveladas na série é o samba Malandro, primeira composição de Radamés, de 1922, aos 16 anos. A primazia justíssima de fazer a primeira gravação foi entregue ao pianista Hércules Gomes, registro feito especialmente para a série. Outra inédita é a gravação de um dos movimentos da Sonata n.º 2 para Piano, de 1967. “Ela foi apresentada em uma live pelo pianista Luís Rabello, brasileiro radicado na Holanda, que gentilmente nos autorizou a utilização em nosso repertório”, revela Aragão. Mergulhar no mundo musical extraordinário de Radamés transforma não só os músicos e profissionais da música. Transfigura igualmente quem ouve suas criações, sejam elas concertos (só para piano ele compôs doze), os milhares de arranjos, muitos ainda em estado de manuscrito, os choros, as trilhas ou a música camerística.  O documentário apresenta depoimentos de familiares e músicos que conviveram e foram influenciados por Radamés, como Paulinho da Viola, Dori Caymmi e João Bosco. Há também trechos de entrevistas concedidas pelo próprio compositor e músicas de sua autoria.

Ao ouvir alguém pronunciar “Radamés Gnattali”, há quem o ligue ao diretor musical da Rádio Nacional do Rio de Janeiro por mais de trinta anos, autor do célebre arranjo de Aquarela do Brasil de Ary Barroso. Um arranjo que traduz para o mundo inteiro o que é ser brasileiro. Um ou outro pode relembrar o privilégio de tê-lo visto em ação no visionário trio de jazz, com Luís Americano e Luciano Perrone, entre os anos 1930 e 1940. Poucos se dariam conta de como é de qualidade superior sua criação mais “adequada”, digamos, para as salas de concerto. Falar de Radamés (1906-1988) é escantear preconceitos e rótulos, abraçar a música de modo inclusivo. O fato é que o menino gaúcho que nos anos 1920 foi para o Rio de Janeiro disposto a conquistar um lugar de honra entre os pianistas clássicos fez muito mais: tornou-se um dos maiores músicos que o País já teve. Compositor clássico, mestre dos arranjadores brasileiros, pianista maravilhoso, capaz de enfeitiçar milhões e antecipar o jazz West Coast norte-americano. Em seu último emprego fixo, fez trilhas sonoras para filmes como Eles Não Usam Black-tie, dirigido por Leon Hirszman em 1981, e a telenovela Roque Santeiro, de 1986. Morreu sem concretizar seu maior sonho: compor uma ópera negra brasileira, no estilo de Porgy and Bess, de George Gershwin. Não faz mal. Há tanta coisa manuscrita, inédita, que várias décadas vão passar até que conheçamos por inteiro sua produção.

Maestros, Radamés e Tom Jobim firmaram parceria Foto: Acervo de Radamés Gnattali

O violonista Paulo Aragão, integrante do excelente Quarteto de Violões Maogani, responsável pela direção musical e pelo roteiro que assina com Helena Aragão, juntou-se ao cantor e pesquisador Pedro Paulo Malta para apresentar este trabalho que é uma declaração de amor ao compositor e se intitula Radamés Gnattali, Artesão e Operário da Música. A série de 12 programas estará disponível gratuitamente a partir desta quinta-feira, 27, no site da Rádio Batuta, do Instituto Moreira Salles (radiobatuta.ims.com.br). A data é significativa, pois marca o 116.º aniversário de nascimento do pianista.“Adotamos a ordem cronológica do episódio 2 ao 12. Essa perspectiva nos permitiu enxergar como ele realmente trabalhava prolífica e simultaneamente nas diversas áreas de atuação”, conta Aragão em entrevista ao Estadão. Resumindo: ele era craque nos arranjos, na música popular e na música de concerto. “E nos permitiu justamente ter uma visão da imagem e do impacto da obra dele em cada uma dessas áreas, ao longo de sua trajetória”, complementa o violonista, que fez a primeira gravação mundial, com o Maogani, do choro Caçador de Borboletas

O maestro Radamés foi um dos ícones da música clássica brasileira Foto: Acervo Radamés Gnattali

Malta confessa ao Estadão que “minha ‘descoberta’ é, na verdade, meu olhar admirado, estarrecido, impressionado diante do tamanho e da abrangência da obra de Radamés: não só as centenas de composições e gravações que fez (dos choros e sambas a concertos), como os milhares de arranjos que escreveu. Daí o ‘operário’ e o ‘artesão’ que entraram no título da série”. Ele lamenta que “tudo ali é muito menos conhecido do que deveria. Espantosamente, ele pavimentou o chão de tantos pilares da música brasileira e seu nome, ainda assim, só é conhecido mesmo por determinados setores do meio musical. É uma referência, por exemplo, para os chorões, os arranjadores e os pianistas brasileiros, mas não sei se além disso o nome dele é de fato reconhecido”. Uma das gemas que serão reveladas na série é o samba Malandro, primeira composição de Radamés, de 1922, aos 16 anos. A primazia justíssima de fazer a primeira gravação foi entregue ao pianista Hércules Gomes, registro feito especialmente para a série. Outra inédita é a gravação de um dos movimentos da Sonata n.º 2 para Piano, de 1967. “Ela foi apresentada em uma live pelo pianista Luís Rabello, brasileiro radicado na Holanda, que gentilmente nos autorizou a utilização em nosso repertório”, revela Aragão. Mergulhar no mundo musical extraordinário de Radamés transforma não só os músicos e profissionais da música. Transfigura igualmente quem ouve suas criações, sejam elas concertos (só para piano ele compôs doze), os milhares de arranjos, muitos ainda em estado de manuscrito, os choros, as trilhas ou a música camerística.  O documentário apresenta depoimentos de familiares e músicos que conviveram e foram influenciados por Radamés, como Paulinho da Viola, Dori Caymmi e João Bosco. Há também trechos de entrevistas concedidas pelo próprio compositor e músicas de sua autoria.

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