Em abertura do segundo dia do The Town, Matuê dá nó na cabeça ao mostrar o nordeste urbano


Rapper cearense mostrou que a região é plural e também está com as antenas musicais voltadas para o mundo

Por Danilo Casaletti
Atualização:

O rapper cearense Matuê, um dos nomes mais significativos do trap nacional – gênero derivado do rap que sobe cada dia mais nas listas de músicas mais ouvidas do País – fez o show de abertura do segundo dia do The Town, festival estreante em São Paulo.

Ao contrário do que ocorreu no primeiro dia, quando as filas nos portões de entrada da Cidade da Música, em Interlagos, fizeram com que o show da dupla Tasha & Tracie e Karol Conká tivesse pouco público, a apresentação de Matuê começou mais de meia-hora depois do horário anunciado, às 15h37.

Com isso, o espaço em frente ao Palco The One já bastante cheio – e, claro, além dos problemas no fluxo de entrada - impressão também é a de que o público chegou mais cedo justamente para ver o artista. Público esse essencialmente jovem, que, mesmo debaixo de um forte sol, cantava alto e respondia aos comandos do cantor. Ficou bonito de ver e ouvir.

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O rapper Matuê empolgou o público Foto: Taba Benedcito/Estadão

Matuê surpreendeu ao fazer seu show sem convidados – o título anunciado, Matuê Convida o Nordeste, talvez pudesse indicar que ele faria uma celebração óbvia, sobretudo exaltando os gêneros musicais nordestinos e artistas nascidos na região. Nada disso.

Sem pandeiro, zabumba ou sanfona, Matuê mostrou que o nordeste também é plural. É trap. Música urbana e nordestina. Sem preconceitos. Mas é o que ele viu e vê. Para “deixar a tua cabeça dando um nó”, como ele canta na música Lugar Distante, uma das que estiveram no roteiro.

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A certa altura, o também cearense Belchior (1946 - 2017) apareceu em imagem gravada em 1983 para repetir algumas vezes “a nova música do Nordeste”. Belchior, anos antes, já havia sentenciado na canção Velha Roupa Colorida: “o novo sempre vem”.

Esse passeio urbano e diverso pelo nordeste foi conduzido de maneira virtual pela avó do cantor, a advogada e educadora Núbia Brasileiro, que morreu há 10 anos. Na abertura do show, sua voz foi recriada com auxílio da inteligência artificial.

Antes de entrar no palco, Matuê disse ao Multishow que o show “era muito emocional” para ele. “Quem conhece minha caminhada, sabe que ela que me educou, me trouxe as artes”, afirmou, com voz embargada. Foi dona Núbia que um dia disse ao neto: “o nordestino só deu valor à castanha de caju quando ela foi pro nordeste e começou a ser vendida embalada”.

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Acompanhado de um DJ, um tecladista e um guitarrista, Matuê cantou músicas como É Sal, Conexões de Máfia, Boomzim e Kenny G. Aliás, essa formação que Matuê leva ao palco – em geral, rappers e trappers se apresentam apenas acompanhados pela música eletrônica conduzida por DJs – é um bom caminho para quem quer conhecer o trap, por ser mais melódico do que as graves batidas que marcam o gênero.

O único porém – e eles sempre existem em festivais – é que, devido a grande quantidade de público que se juntou para ver Matuê, fez com que as pessoas ocupassem cada vez mais, ao longo do show que durou cerca de uma hora, os espaços da Cidade da Música. Isso fez com que elas chegassem cada vez mais perto do palco secundário Factory, atrapalhando a audição de quem estava do lado esquerdo do The One.

O público lotou o palco The One para ver o rapper Matuê Foto: Taba Benedicto/Estadão
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A apresentação de Matuê e a resposta da plateia mostram que o rapper poderia estar no palco Skyline, dedicado ao headliners do festival - sua ida ao Rock In Rio 2022 corrobora para isso.

Para isso, a produção do The Town teria que alterar a programação do festival, já que Matuê antecedeu a aguardada apresentação da cantora pop brasileira Luisa Sonza. O que fez parte do público migrar para o palco principal quando o rapper ainda cantava. Até mesmo a transmissão do GloboPlay/Multishow preferiu cortar a apresentação de Matuê quatro músicas antes do final com um ‘impostor’ “esse foi o show de Matuê” para mostrar Luisa se concentrando nos bastidores.

Mas o Nordeste sempre resiste a qualquer embalagem, como disse a avó de Matuê. E, como Matuê falou ao final de sua apresentação: “Quem diria que depois de tanta chuva a gente teria esse dia lindo, um solzão”.

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Confira o setlist completo:

  • É Sal
  • Conexões
  • Boomzim
  • De Peça em Peça
  • Antes
  • Lugar Distante
  • Máquina do Tempo
  • Mantém
  • Kenny G
  • Anos Luz
  • A Morte do Autotune
  • Quem Manda é a 30
  • Quer Voar
  • Vampiro
  • 777-666

O rapper cearense Matuê, um dos nomes mais significativos do trap nacional – gênero derivado do rap que sobe cada dia mais nas listas de músicas mais ouvidas do País – fez o show de abertura do segundo dia do The Town, festival estreante em São Paulo.

Ao contrário do que ocorreu no primeiro dia, quando as filas nos portões de entrada da Cidade da Música, em Interlagos, fizeram com que o show da dupla Tasha & Tracie e Karol Conká tivesse pouco público, a apresentação de Matuê começou mais de meia-hora depois do horário anunciado, às 15h37.

Com isso, o espaço em frente ao Palco The One já bastante cheio – e, claro, além dos problemas no fluxo de entrada - impressão também é a de que o público chegou mais cedo justamente para ver o artista. Público esse essencialmente jovem, que, mesmo debaixo de um forte sol, cantava alto e respondia aos comandos do cantor. Ficou bonito de ver e ouvir.

O rapper Matuê empolgou o público Foto: Taba Benedcito/Estadão

Matuê surpreendeu ao fazer seu show sem convidados – o título anunciado, Matuê Convida o Nordeste, talvez pudesse indicar que ele faria uma celebração óbvia, sobretudo exaltando os gêneros musicais nordestinos e artistas nascidos na região. Nada disso.

Sem pandeiro, zabumba ou sanfona, Matuê mostrou que o nordeste também é plural. É trap. Música urbana e nordestina. Sem preconceitos. Mas é o que ele viu e vê. Para “deixar a tua cabeça dando um nó”, como ele canta na música Lugar Distante, uma das que estiveram no roteiro.

A certa altura, o também cearense Belchior (1946 - 2017) apareceu em imagem gravada em 1983 para repetir algumas vezes “a nova música do Nordeste”. Belchior, anos antes, já havia sentenciado na canção Velha Roupa Colorida: “o novo sempre vem”.

Esse passeio urbano e diverso pelo nordeste foi conduzido de maneira virtual pela avó do cantor, a advogada e educadora Núbia Brasileiro, que morreu há 10 anos. Na abertura do show, sua voz foi recriada com auxílio da inteligência artificial.

Antes de entrar no palco, Matuê disse ao Multishow que o show “era muito emocional” para ele. “Quem conhece minha caminhada, sabe que ela que me educou, me trouxe as artes”, afirmou, com voz embargada. Foi dona Núbia que um dia disse ao neto: “o nordestino só deu valor à castanha de caju quando ela foi pro nordeste e começou a ser vendida embalada”.

Acompanhado de um DJ, um tecladista e um guitarrista, Matuê cantou músicas como É Sal, Conexões de Máfia, Boomzim e Kenny G. Aliás, essa formação que Matuê leva ao palco – em geral, rappers e trappers se apresentam apenas acompanhados pela música eletrônica conduzida por DJs – é um bom caminho para quem quer conhecer o trap, por ser mais melódico do que as graves batidas que marcam o gênero.

O único porém – e eles sempre existem em festivais – é que, devido a grande quantidade de público que se juntou para ver Matuê, fez com que as pessoas ocupassem cada vez mais, ao longo do show que durou cerca de uma hora, os espaços da Cidade da Música. Isso fez com que elas chegassem cada vez mais perto do palco secundário Factory, atrapalhando a audição de quem estava do lado esquerdo do The One.

O público lotou o palco The One para ver o rapper Matuê Foto: Taba Benedicto/Estadão

A apresentação de Matuê e a resposta da plateia mostram que o rapper poderia estar no palco Skyline, dedicado ao headliners do festival - sua ida ao Rock In Rio 2022 corrobora para isso.

Para isso, a produção do The Town teria que alterar a programação do festival, já que Matuê antecedeu a aguardada apresentação da cantora pop brasileira Luisa Sonza. O que fez parte do público migrar para o palco principal quando o rapper ainda cantava. Até mesmo a transmissão do GloboPlay/Multishow preferiu cortar a apresentação de Matuê quatro músicas antes do final com um ‘impostor’ “esse foi o show de Matuê” para mostrar Luisa se concentrando nos bastidores.

Mas o Nordeste sempre resiste a qualquer embalagem, como disse a avó de Matuê. E, como Matuê falou ao final de sua apresentação: “Quem diria que depois de tanta chuva a gente teria esse dia lindo, um solzão”.

Confira o setlist completo:

  • É Sal
  • Conexões
  • Boomzim
  • De Peça em Peça
  • Antes
  • Lugar Distante
  • Máquina do Tempo
  • Mantém
  • Kenny G
  • Anos Luz
  • A Morte do Autotune
  • Quem Manda é a 30
  • Quer Voar
  • Vampiro
  • 777-666

O rapper cearense Matuê, um dos nomes mais significativos do trap nacional – gênero derivado do rap que sobe cada dia mais nas listas de músicas mais ouvidas do País – fez o show de abertura do segundo dia do The Town, festival estreante em São Paulo.

Ao contrário do que ocorreu no primeiro dia, quando as filas nos portões de entrada da Cidade da Música, em Interlagos, fizeram com que o show da dupla Tasha & Tracie e Karol Conká tivesse pouco público, a apresentação de Matuê começou mais de meia-hora depois do horário anunciado, às 15h37.

Com isso, o espaço em frente ao Palco The One já bastante cheio – e, claro, além dos problemas no fluxo de entrada - impressão também é a de que o público chegou mais cedo justamente para ver o artista. Público esse essencialmente jovem, que, mesmo debaixo de um forte sol, cantava alto e respondia aos comandos do cantor. Ficou bonito de ver e ouvir.

O rapper Matuê empolgou o público Foto: Taba Benedcito/Estadão

Matuê surpreendeu ao fazer seu show sem convidados – o título anunciado, Matuê Convida o Nordeste, talvez pudesse indicar que ele faria uma celebração óbvia, sobretudo exaltando os gêneros musicais nordestinos e artistas nascidos na região. Nada disso.

Sem pandeiro, zabumba ou sanfona, Matuê mostrou que o nordeste também é plural. É trap. Música urbana e nordestina. Sem preconceitos. Mas é o que ele viu e vê. Para “deixar a tua cabeça dando um nó”, como ele canta na música Lugar Distante, uma das que estiveram no roteiro.

A certa altura, o também cearense Belchior (1946 - 2017) apareceu em imagem gravada em 1983 para repetir algumas vezes “a nova música do Nordeste”. Belchior, anos antes, já havia sentenciado na canção Velha Roupa Colorida: “o novo sempre vem”.

Esse passeio urbano e diverso pelo nordeste foi conduzido de maneira virtual pela avó do cantor, a advogada e educadora Núbia Brasileiro, que morreu há 10 anos. Na abertura do show, sua voz foi recriada com auxílio da inteligência artificial.

Antes de entrar no palco, Matuê disse ao Multishow que o show “era muito emocional” para ele. “Quem conhece minha caminhada, sabe que ela que me educou, me trouxe as artes”, afirmou, com voz embargada. Foi dona Núbia que um dia disse ao neto: “o nordestino só deu valor à castanha de caju quando ela foi pro nordeste e começou a ser vendida embalada”.

Acompanhado de um DJ, um tecladista e um guitarrista, Matuê cantou músicas como É Sal, Conexões de Máfia, Boomzim e Kenny G. Aliás, essa formação que Matuê leva ao palco – em geral, rappers e trappers se apresentam apenas acompanhados pela música eletrônica conduzida por DJs – é um bom caminho para quem quer conhecer o trap, por ser mais melódico do que as graves batidas que marcam o gênero.

O único porém – e eles sempre existem em festivais – é que, devido a grande quantidade de público que se juntou para ver Matuê, fez com que as pessoas ocupassem cada vez mais, ao longo do show que durou cerca de uma hora, os espaços da Cidade da Música. Isso fez com que elas chegassem cada vez mais perto do palco secundário Factory, atrapalhando a audição de quem estava do lado esquerdo do The One.

O público lotou o palco The One para ver o rapper Matuê Foto: Taba Benedicto/Estadão

A apresentação de Matuê e a resposta da plateia mostram que o rapper poderia estar no palco Skyline, dedicado ao headliners do festival - sua ida ao Rock In Rio 2022 corrobora para isso.

Para isso, a produção do The Town teria que alterar a programação do festival, já que Matuê antecedeu a aguardada apresentação da cantora pop brasileira Luisa Sonza. O que fez parte do público migrar para o palco principal quando o rapper ainda cantava. Até mesmo a transmissão do GloboPlay/Multishow preferiu cortar a apresentação de Matuê quatro músicas antes do final com um ‘impostor’ “esse foi o show de Matuê” para mostrar Luisa se concentrando nos bastidores.

Mas o Nordeste sempre resiste a qualquer embalagem, como disse a avó de Matuê. E, como Matuê falou ao final de sua apresentação: “Quem diria que depois de tanta chuva a gente teria esse dia lindo, um solzão”.

Confira o setlist completo:

  • É Sal
  • Conexões
  • Boomzim
  • De Peça em Peça
  • Antes
  • Lugar Distante
  • Máquina do Tempo
  • Mantém
  • Kenny G
  • Anos Luz
  • A Morte do Autotune
  • Quem Manda é a 30
  • Quer Voar
  • Vampiro
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O rapper cearense Matuê, um dos nomes mais significativos do trap nacional – gênero derivado do rap que sobe cada dia mais nas listas de músicas mais ouvidas do País – fez o show de abertura do segundo dia do The Town, festival estreante em São Paulo.

Ao contrário do que ocorreu no primeiro dia, quando as filas nos portões de entrada da Cidade da Música, em Interlagos, fizeram com que o show da dupla Tasha & Tracie e Karol Conká tivesse pouco público, a apresentação de Matuê começou mais de meia-hora depois do horário anunciado, às 15h37.

Com isso, o espaço em frente ao Palco The One já bastante cheio – e, claro, além dos problemas no fluxo de entrada - impressão também é a de que o público chegou mais cedo justamente para ver o artista. Público esse essencialmente jovem, que, mesmo debaixo de um forte sol, cantava alto e respondia aos comandos do cantor. Ficou bonito de ver e ouvir.

O rapper Matuê empolgou o público Foto: Taba Benedcito/Estadão

Matuê surpreendeu ao fazer seu show sem convidados – o título anunciado, Matuê Convida o Nordeste, talvez pudesse indicar que ele faria uma celebração óbvia, sobretudo exaltando os gêneros musicais nordestinos e artistas nascidos na região. Nada disso.

Sem pandeiro, zabumba ou sanfona, Matuê mostrou que o nordeste também é plural. É trap. Música urbana e nordestina. Sem preconceitos. Mas é o que ele viu e vê. Para “deixar a tua cabeça dando um nó”, como ele canta na música Lugar Distante, uma das que estiveram no roteiro.

A certa altura, o também cearense Belchior (1946 - 2017) apareceu em imagem gravada em 1983 para repetir algumas vezes “a nova música do Nordeste”. Belchior, anos antes, já havia sentenciado na canção Velha Roupa Colorida: “o novo sempre vem”.

Esse passeio urbano e diverso pelo nordeste foi conduzido de maneira virtual pela avó do cantor, a advogada e educadora Núbia Brasileiro, que morreu há 10 anos. Na abertura do show, sua voz foi recriada com auxílio da inteligência artificial.

Antes de entrar no palco, Matuê disse ao Multishow que o show “era muito emocional” para ele. “Quem conhece minha caminhada, sabe que ela que me educou, me trouxe as artes”, afirmou, com voz embargada. Foi dona Núbia que um dia disse ao neto: “o nordestino só deu valor à castanha de caju quando ela foi pro nordeste e começou a ser vendida embalada”.

Acompanhado de um DJ, um tecladista e um guitarrista, Matuê cantou músicas como É Sal, Conexões de Máfia, Boomzim e Kenny G. Aliás, essa formação que Matuê leva ao palco – em geral, rappers e trappers se apresentam apenas acompanhados pela música eletrônica conduzida por DJs – é um bom caminho para quem quer conhecer o trap, por ser mais melódico do que as graves batidas que marcam o gênero.

O único porém – e eles sempre existem em festivais – é que, devido a grande quantidade de público que se juntou para ver Matuê, fez com que as pessoas ocupassem cada vez mais, ao longo do show que durou cerca de uma hora, os espaços da Cidade da Música. Isso fez com que elas chegassem cada vez mais perto do palco secundário Factory, atrapalhando a audição de quem estava do lado esquerdo do The One.

O público lotou o palco The One para ver o rapper Matuê Foto: Taba Benedicto/Estadão

A apresentação de Matuê e a resposta da plateia mostram que o rapper poderia estar no palco Skyline, dedicado ao headliners do festival - sua ida ao Rock In Rio 2022 corrobora para isso.

Para isso, a produção do The Town teria que alterar a programação do festival, já que Matuê antecedeu a aguardada apresentação da cantora pop brasileira Luisa Sonza. O que fez parte do público migrar para o palco principal quando o rapper ainda cantava. Até mesmo a transmissão do GloboPlay/Multishow preferiu cortar a apresentação de Matuê quatro músicas antes do final com um ‘impostor’ “esse foi o show de Matuê” para mostrar Luisa se concentrando nos bastidores.

Mas o Nordeste sempre resiste a qualquer embalagem, como disse a avó de Matuê. E, como Matuê falou ao final de sua apresentação: “Quem diria que depois de tanta chuva a gente teria esse dia lindo, um solzão”.

Confira o setlist completo:

  • É Sal
  • Conexões
  • Boomzim
  • De Peça em Peça
  • Antes
  • Lugar Distante
  • Máquina do Tempo
  • Mantém
  • Kenny G
  • Anos Luz
  • A Morte do Autotune
  • Quem Manda é a 30
  • Quer Voar
  • Vampiro
  • 777-666

O rapper cearense Matuê, um dos nomes mais significativos do trap nacional – gênero derivado do rap que sobe cada dia mais nas listas de músicas mais ouvidas do País – fez o show de abertura do segundo dia do The Town, festival estreante em São Paulo.

Ao contrário do que ocorreu no primeiro dia, quando as filas nos portões de entrada da Cidade da Música, em Interlagos, fizeram com que o show da dupla Tasha & Tracie e Karol Conká tivesse pouco público, a apresentação de Matuê começou mais de meia-hora depois do horário anunciado, às 15h37.

Com isso, o espaço em frente ao Palco The One já bastante cheio – e, claro, além dos problemas no fluxo de entrada - impressão também é a de que o público chegou mais cedo justamente para ver o artista. Público esse essencialmente jovem, que, mesmo debaixo de um forte sol, cantava alto e respondia aos comandos do cantor. Ficou bonito de ver e ouvir.

O rapper Matuê empolgou o público Foto: Taba Benedcito/Estadão

Matuê surpreendeu ao fazer seu show sem convidados – o título anunciado, Matuê Convida o Nordeste, talvez pudesse indicar que ele faria uma celebração óbvia, sobretudo exaltando os gêneros musicais nordestinos e artistas nascidos na região. Nada disso.

Sem pandeiro, zabumba ou sanfona, Matuê mostrou que o nordeste também é plural. É trap. Música urbana e nordestina. Sem preconceitos. Mas é o que ele viu e vê. Para “deixar a tua cabeça dando um nó”, como ele canta na música Lugar Distante, uma das que estiveram no roteiro.

A certa altura, o também cearense Belchior (1946 - 2017) apareceu em imagem gravada em 1983 para repetir algumas vezes “a nova música do Nordeste”. Belchior, anos antes, já havia sentenciado na canção Velha Roupa Colorida: “o novo sempre vem”.

Esse passeio urbano e diverso pelo nordeste foi conduzido de maneira virtual pela avó do cantor, a advogada e educadora Núbia Brasileiro, que morreu há 10 anos. Na abertura do show, sua voz foi recriada com auxílio da inteligência artificial.

Antes de entrar no palco, Matuê disse ao Multishow que o show “era muito emocional” para ele. “Quem conhece minha caminhada, sabe que ela que me educou, me trouxe as artes”, afirmou, com voz embargada. Foi dona Núbia que um dia disse ao neto: “o nordestino só deu valor à castanha de caju quando ela foi pro nordeste e começou a ser vendida embalada”.

Acompanhado de um DJ, um tecladista e um guitarrista, Matuê cantou músicas como É Sal, Conexões de Máfia, Boomzim e Kenny G. Aliás, essa formação que Matuê leva ao palco – em geral, rappers e trappers se apresentam apenas acompanhados pela música eletrônica conduzida por DJs – é um bom caminho para quem quer conhecer o trap, por ser mais melódico do que as graves batidas que marcam o gênero.

O único porém – e eles sempre existem em festivais – é que, devido a grande quantidade de público que se juntou para ver Matuê, fez com que as pessoas ocupassem cada vez mais, ao longo do show que durou cerca de uma hora, os espaços da Cidade da Música. Isso fez com que elas chegassem cada vez mais perto do palco secundário Factory, atrapalhando a audição de quem estava do lado esquerdo do The One.

O público lotou o palco The One para ver o rapper Matuê Foto: Taba Benedicto/Estadão

A apresentação de Matuê e a resposta da plateia mostram que o rapper poderia estar no palco Skyline, dedicado ao headliners do festival - sua ida ao Rock In Rio 2022 corrobora para isso.

Para isso, a produção do The Town teria que alterar a programação do festival, já que Matuê antecedeu a aguardada apresentação da cantora pop brasileira Luisa Sonza. O que fez parte do público migrar para o palco principal quando o rapper ainda cantava. Até mesmo a transmissão do GloboPlay/Multishow preferiu cortar a apresentação de Matuê quatro músicas antes do final com um ‘impostor’ “esse foi o show de Matuê” para mostrar Luisa se concentrando nos bastidores.

Mas o Nordeste sempre resiste a qualquer embalagem, como disse a avó de Matuê. E, como Matuê falou ao final de sua apresentação: “Quem diria que depois de tanta chuva a gente teria esse dia lindo, um solzão”.

Confira o setlist completo:

  • É Sal
  • Conexões
  • Boomzim
  • De Peça em Peça
  • Antes
  • Lugar Distante
  • Máquina do Tempo
  • Mantém
  • Kenny G
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  • A Morte do Autotune
  • Quem Manda é a 30
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