Evandro Mesquita sobre a Blitz: ‘Somos meio dinossauros na loja de cristais’


Aos 71 anos, vocalista do grupo que apareceu quando tudo era mato no pop rock brasileiro fala sobre novo álbum com 14 músicas e participações de nomes como Frejat, Fagner e ConeCrewDiretoria

Por Danilo Casaletti

Quando a Blitz chegou, tudo era mato no pop rock brasileiro. Quem viveu o início dos anos 1980 sabe bem disso. Até o single de Você Não Soube Me Amar invadir as rádios e os palcos sagrados da chamada MPB - e sair do circuito underground meio hippie chique da zona sul carioca - não havia nada parecido com o grupo liderado por Evandro Mesquita na música popular brasileira. Foram eles, com a mistura de rock e teatro, que abriram o caminho para o que ficou conhecido como BRock.

Evandro Mesquita (ao centro) em meio à atual formação da Blitz Foto: Arthur Berbat

Entre idas e vindas - e muitas trocas de integrantes - a Blitz segue viva quatro décadas depois. E com álbum novo: Supernova, que chegou recentemente às plataformas digitais com regravações e músicas inéditas, tem o vocalista Evandro Mesquita e o tecladista Billy Forghieri - dois integrantes, digamos, clássicos - à frente dos trabalhos.

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Gravado entre 2018 e 2023, o disco atravessou a pandemia de coronavírus. Para a banda, se tornou um antídoto às enfadonhas lives que marcaram o período de plateias vazias - e que nada tinham a ver com a Blitz, nascida sob a lona do Circo Voador, derivada do grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, e que colocava carro, dublês e trapezistas no palco. Uma verdadeira festa para um Brasil que começava a sair de anos bastante sombrios - seja em 1982 ou 2022.

“Eu e Billy mergulhamos nesses projetos para não pirarmos”, diz Mesquita, 71 anos. Uma das canções toca de leve nesse período. A balada Agora É a Hora, parceria de Mesquita com Frejat - o ex-Barão participa da gravação tocando guitarra. “Nas ruas do Rio de Janeiro não vejo mais nossas pegadas / Tempos normais pelo avesso”, diz o trecho inicial da letra.

A letra, escrita por Mesquita, além do susto com aquele novo normal, tem algo de saudosismo.

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‘Andando de Copacabana ao Leblon, entrava no Arpoador e não reconhecia ninguém num lugar onde passei minha infância, adolescência e berço da Blitz e Barão Vermelho. Como estava de máscara as pessoas também não me reconheciam e eu seguia tentando encontrar referências nos bares esquinas onde cresci e ‘tropeçava’ em Vinicius (de Moraes), Chico (Buarque), Tom (Jobim), Leila Diniz, o pessoal do Cinema Novo, entre outros cariocas ilustres e outros nem tanto”, diz Mesquita ao Estadão.

Viemos com uma roupagem sonora forte, resultado de influências daqui e de fora, mas que soava com personalidade própria

Evandro Mesquita

Os personagens menos afamados aos quais o músico se refere nunca foram desprezados pela Blitz. Pelo contrário. Estão, por exemplo, em Greg e Sua Gangue, música de 1986, regravada agora com adesão da ConeCrewDiretoria e o hitmaker do trap Papatinho. Prova que a Blitz sempre deu voz a figuras urbanas. A ponte com o rap, o trap e o funk soa, então, perfeita.

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“Entramos com tudo resgatando o humor que sempre existiu (Noel Rosa, Adoniran Barbosa, Moreira da Silva, Jackson do Pandeiro, Gonzagão, entre outros) - e viemos com uma roupagem sonora forte resultado de influências daqui e de fora, mas que soava com personalidade própria”, diz Mesquita, ainda sobre o legado da banda - e sobre como tudo é cíclico na música.

Outro regaste em Supernova, mas, esse, ainda inédito no som da Blitz, é a engajada Somos Todos Índios, parceria de Mesquita e Vinicius Cantuária que abriu o disco de Fagner em 1991 - e abafada pelo estrondoso sucesso da maliciosa Borbulhas de Amor.

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A banda convidou Fagner para cantar na gravação. “Resolvemos dar uma cara Blitz pra ela numa época em que queremos juntar nossas vozes à causa e a favor dos povos originários”. diz Mesquita.

Com o paulistano João Suplicy, Mesquita escreveu duas faixas: Sumiu na Fumaça e Terror da Vizinhança. Elas falam de amor, sentimento que sempre guiou a produção da Blitz. Suplicy toca e faz vocais em ambas.

Outra convidada é a cantora baiana Coral, que Mesquita conheceu assistindo a uma live. Ela quis gravar com a banda. Ele, por sua vez, propôs uma parceria. Nasceu, assim, o reggae Ser Tão Imenso. Aqui há uma particularidade que cabe só à Blitz: Coral participa ‘apenas’ como backing vocal da faixa. No entanto, na Blitz, as backing vocals jamais foram meras coadjuvantes no palco.

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É muito bonito ver a galera levando os filhos para curtir uma banda que trouxe e traz belas memórias e continua produzindo coisas novas

Supernova, o primeiro álbum majoritariamente inédito da Blitz desde Aventuras II, lançado em 2017, traz 14 canções. Quase um lançamento duplo, em tempos de singles e EPs. Mesquita explica:

“Somos meio dinossauros na loja de cristais tentando entender esses novos tempos. Mas continuamos fazendo disco físico (vinil e CD) e lançando nas tais plataformas”, diz.

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Questionado se, com Supernova, a Turnê Sem Fim da Blitz chega ao fim, Mesquita, até hoje reconhecido nas ruas como o hilário Paulão do seriado A Grande Família, lança mão de seu lendário slogan: “Enquanto houver bambu…Tem flecha”.

“É muito bonito ver a galera levando os filhos para curtir uma banda que trouxe e traz belas memórias e continua produzindo coisas novas sem virar cover de si mesmo”, diz o músico. O espírito da Blitz resiste.

Quando a Blitz chegou, tudo era mato no pop rock brasileiro. Quem viveu o início dos anos 1980 sabe bem disso. Até o single de Você Não Soube Me Amar invadir as rádios e os palcos sagrados da chamada MPB - e sair do circuito underground meio hippie chique da zona sul carioca - não havia nada parecido com o grupo liderado por Evandro Mesquita na música popular brasileira. Foram eles, com a mistura de rock e teatro, que abriram o caminho para o que ficou conhecido como BRock.

Evandro Mesquita (ao centro) em meio à atual formação da Blitz Foto: Arthur Berbat

Entre idas e vindas - e muitas trocas de integrantes - a Blitz segue viva quatro décadas depois. E com álbum novo: Supernova, que chegou recentemente às plataformas digitais com regravações e músicas inéditas, tem o vocalista Evandro Mesquita e o tecladista Billy Forghieri - dois integrantes, digamos, clássicos - à frente dos trabalhos.

Gravado entre 2018 e 2023, o disco atravessou a pandemia de coronavírus. Para a banda, se tornou um antídoto às enfadonhas lives que marcaram o período de plateias vazias - e que nada tinham a ver com a Blitz, nascida sob a lona do Circo Voador, derivada do grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, e que colocava carro, dublês e trapezistas no palco. Uma verdadeira festa para um Brasil que começava a sair de anos bastante sombrios - seja em 1982 ou 2022.

“Eu e Billy mergulhamos nesses projetos para não pirarmos”, diz Mesquita, 71 anos. Uma das canções toca de leve nesse período. A balada Agora É a Hora, parceria de Mesquita com Frejat - o ex-Barão participa da gravação tocando guitarra. “Nas ruas do Rio de Janeiro não vejo mais nossas pegadas / Tempos normais pelo avesso”, diz o trecho inicial da letra.

A letra, escrita por Mesquita, além do susto com aquele novo normal, tem algo de saudosismo.

‘Andando de Copacabana ao Leblon, entrava no Arpoador e não reconhecia ninguém num lugar onde passei minha infância, adolescência e berço da Blitz e Barão Vermelho. Como estava de máscara as pessoas também não me reconheciam e eu seguia tentando encontrar referências nos bares esquinas onde cresci e ‘tropeçava’ em Vinicius (de Moraes), Chico (Buarque), Tom (Jobim), Leila Diniz, o pessoal do Cinema Novo, entre outros cariocas ilustres e outros nem tanto”, diz Mesquita ao Estadão.

Viemos com uma roupagem sonora forte, resultado de influências daqui e de fora, mas que soava com personalidade própria

Evandro Mesquita

Os personagens menos afamados aos quais o músico se refere nunca foram desprezados pela Blitz. Pelo contrário. Estão, por exemplo, em Greg e Sua Gangue, música de 1986, regravada agora com adesão da ConeCrewDiretoria e o hitmaker do trap Papatinho. Prova que a Blitz sempre deu voz a figuras urbanas. A ponte com o rap, o trap e o funk soa, então, perfeita.

“Entramos com tudo resgatando o humor que sempre existiu (Noel Rosa, Adoniran Barbosa, Moreira da Silva, Jackson do Pandeiro, Gonzagão, entre outros) - e viemos com uma roupagem sonora forte resultado de influências daqui e de fora, mas que soava com personalidade própria”, diz Mesquita, ainda sobre o legado da banda - e sobre como tudo é cíclico na música.

Outro regaste em Supernova, mas, esse, ainda inédito no som da Blitz, é a engajada Somos Todos Índios, parceria de Mesquita e Vinicius Cantuária que abriu o disco de Fagner em 1991 - e abafada pelo estrondoso sucesso da maliciosa Borbulhas de Amor.

A banda convidou Fagner para cantar na gravação. “Resolvemos dar uma cara Blitz pra ela numa época em que queremos juntar nossas vozes à causa e a favor dos povos originários”. diz Mesquita.

Com o paulistano João Suplicy, Mesquita escreveu duas faixas: Sumiu na Fumaça e Terror da Vizinhança. Elas falam de amor, sentimento que sempre guiou a produção da Blitz. Suplicy toca e faz vocais em ambas.

Outra convidada é a cantora baiana Coral, que Mesquita conheceu assistindo a uma live. Ela quis gravar com a banda. Ele, por sua vez, propôs uma parceria. Nasceu, assim, o reggae Ser Tão Imenso. Aqui há uma particularidade que cabe só à Blitz: Coral participa ‘apenas’ como backing vocal da faixa. No entanto, na Blitz, as backing vocals jamais foram meras coadjuvantes no palco.

É muito bonito ver a galera levando os filhos para curtir uma banda que trouxe e traz belas memórias e continua produzindo coisas novas

Supernova, o primeiro álbum majoritariamente inédito da Blitz desde Aventuras II, lançado em 2017, traz 14 canções. Quase um lançamento duplo, em tempos de singles e EPs. Mesquita explica:

“Somos meio dinossauros na loja de cristais tentando entender esses novos tempos. Mas continuamos fazendo disco físico (vinil e CD) e lançando nas tais plataformas”, diz.

Questionado se, com Supernova, a Turnê Sem Fim da Blitz chega ao fim, Mesquita, até hoje reconhecido nas ruas como o hilário Paulão do seriado A Grande Família, lança mão de seu lendário slogan: “Enquanto houver bambu…Tem flecha”.

“É muito bonito ver a galera levando os filhos para curtir uma banda que trouxe e traz belas memórias e continua produzindo coisas novas sem virar cover de si mesmo”, diz o músico. O espírito da Blitz resiste.

Quando a Blitz chegou, tudo era mato no pop rock brasileiro. Quem viveu o início dos anos 1980 sabe bem disso. Até o single de Você Não Soube Me Amar invadir as rádios e os palcos sagrados da chamada MPB - e sair do circuito underground meio hippie chique da zona sul carioca - não havia nada parecido com o grupo liderado por Evandro Mesquita na música popular brasileira. Foram eles, com a mistura de rock e teatro, que abriram o caminho para o que ficou conhecido como BRock.

Evandro Mesquita (ao centro) em meio à atual formação da Blitz Foto: Arthur Berbat

Entre idas e vindas - e muitas trocas de integrantes - a Blitz segue viva quatro décadas depois. E com álbum novo: Supernova, que chegou recentemente às plataformas digitais com regravações e músicas inéditas, tem o vocalista Evandro Mesquita e o tecladista Billy Forghieri - dois integrantes, digamos, clássicos - à frente dos trabalhos.

Gravado entre 2018 e 2023, o disco atravessou a pandemia de coronavírus. Para a banda, se tornou um antídoto às enfadonhas lives que marcaram o período de plateias vazias - e que nada tinham a ver com a Blitz, nascida sob a lona do Circo Voador, derivada do grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, e que colocava carro, dublês e trapezistas no palco. Uma verdadeira festa para um Brasil que começava a sair de anos bastante sombrios - seja em 1982 ou 2022.

“Eu e Billy mergulhamos nesses projetos para não pirarmos”, diz Mesquita, 71 anos. Uma das canções toca de leve nesse período. A balada Agora É a Hora, parceria de Mesquita com Frejat - o ex-Barão participa da gravação tocando guitarra. “Nas ruas do Rio de Janeiro não vejo mais nossas pegadas / Tempos normais pelo avesso”, diz o trecho inicial da letra.

A letra, escrita por Mesquita, além do susto com aquele novo normal, tem algo de saudosismo.

‘Andando de Copacabana ao Leblon, entrava no Arpoador e não reconhecia ninguém num lugar onde passei minha infância, adolescência e berço da Blitz e Barão Vermelho. Como estava de máscara as pessoas também não me reconheciam e eu seguia tentando encontrar referências nos bares esquinas onde cresci e ‘tropeçava’ em Vinicius (de Moraes), Chico (Buarque), Tom (Jobim), Leila Diniz, o pessoal do Cinema Novo, entre outros cariocas ilustres e outros nem tanto”, diz Mesquita ao Estadão.

Viemos com uma roupagem sonora forte, resultado de influências daqui e de fora, mas que soava com personalidade própria

Evandro Mesquita

Os personagens menos afamados aos quais o músico se refere nunca foram desprezados pela Blitz. Pelo contrário. Estão, por exemplo, em Greg e Sua Gangue, música de 1986, regravada agora com adesão da ConeCrewDiretoria e o hitmaker do trap Papatinho. Prova que a Blitz sempre deu voz a figuras urbanas. A ponte com o rap, o trap e o funk soa, então, perfeita.

“Entramos com tudo resgatando o humor que sempre existiu (Noel Rosa, Adoniran Barbosa, Moreira da Silva, Jackson do Pandeiro, Gonzagão, entre outros) - e viemos com uma roupagem sonora forte resultado de influências daqui e de fora, mas que soava com personalidade própria”, diz Mesquita, ainda sobre o legado da banda - e sobre como tudo é cíclico na música.

Outro regaste em Supernova, mas, esse, ainda inédito no som da Blitz, é a engajada Somos Todos Índios, parceria de Mesquita e Vinicius Cantuária que abriu o disco de Fagner em 1991 - e abafada pelo estrondoso sucesso da maliciosa Borbulhas de Amor.

A banda convidou Fagner para cantar na gravação. “Resolvemos dar uma cara Blitz pra ela numa época em que queremos juntar nossas vozes à causa e a favor dos povos originários”. diz Mesquita.

Com o paulistano João Suplicy, Mesquita escreveu duas faixas: Sumiu na Fumaça e Terror da Vizinhança. Elas falam de amor, sentimento que sempre guiou a produção da Blitz. Suplicy toca e faz vocais em ambas.

Outra convidada é a cantora baiana Coral, que Mesquita conheceu assistindo a uma live. Ela quis gravar com a banda. Ele, por sua vez, propôs uma parceria. Nasceu, assim, o reggae Ser Tão Imenso. Aqui há uma particularidade que cabe só à Blitz: Coral participa ‘apenas’ como backing vocal da faixa. No entanto, na Blitz, as backing vocals jamais foram meras coadjuvantes no palco.

É muito bonito ver a galera levando os filhos para curtir uma banda que trouxe e traz belas memórias e continua produzindo coisas novas

Supernova, o primeiro álbum majoritariamente inédito da Blitz desde Aventuras II, lançado em 2017, traz 14 canções. Quase um lançamento duplo, em tempos de singles e EPs. Mesquita explica:

“Somos meio dinossauros na loja de cristais tentando entender esses novos tempos. Mas continuamos fazendo disco físico (vinil e CD) e lançando nas tais plataformas”, diz.

Questionado se, com Supernova, a Turnê Sem Fim da Blitz chega ao fim, Mesquita, até hoje reconhecido nas ruas como o hilário Paulão do seriado A Grande Família, lança mão de seu lendário slogan: “Enquanto houver bambu…Tem flecha”.

“É muito bonito ver a galera levando os filhos para curtir uma banda que trouxe e traz belas memórias e continua produzindo coisas novas sem virar cover de si mesmo”, diz o músico. O espírito da Blitz resiste.

Quando a Blitz chegou, tudo era mato no pop rock brasileiro. Quem viveu o início dos anos 1980 sabe bem disso. Até o single de Você Não Soube Me Amar invadir as rádios e os palcos sagrados da chamada MPB - e sair do circuito underground meio hippie chique da zona sul carioca - não havia nada parecido com o grupo liderado por Evandro Mesquita na música popular brasileira. Foram eles, com a mistura de rock e teatro, que abriram o caminho para o que ficou conhecido como BRock.

Evandro Mesquita (ao centro) em meio à atual formação da Blitz Foto: Arthur Berbat

Entre idas e vindas - e muitas trocas de integrantes - a Blitz segue viva quatro décadas depois. E com álbum novo: Supernova, que chegou recentemente às plataformas digitais com regravações e músicas inéditas, tem o vocalista Evandro Mesquita e o tecladista Billy Forghieri - dois integrantes, digamos, clássicos - à frente dos trabalhos.

Gravado entre 2018 e 2023, o disco atravessou a pandemia de coronavírus. Para a banda, se tornou um antídoto às enfadonhas lives que marcaram o período de plateias vazias - e que nada tinham a ver com a Blitz, nascida sob a lona do Circo Voador, derivada do grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, e que colocava carro, dublês e trapezistas no palco. Uma verdadeira festa para um Brasil que começava a sair de anos bastante sombrios - seja em 1982 ou 2022.

“Eu e Billy mergulhamos nesses projetos para não pirarmos”, diz Mesquita, 71 anos. Uma das canções toca de leve nesse período. A balada Agora É a Hora, parceria de Mesquita com Frejat - o ex-Barão participa da gravação tocando guitarra. “Nas ruas do Rio de Janeiro não vejo mais nossas pegadas / Tempos normais pelo avesso”, diz o trecho inicial da letra.

A letra, escrita por Mesquita, além do susto com aquele novo normal, tem algo de saudosismo.

‘Andando de Copacabana ao Leblon, entrava no Arpoador e não reconhecia ninguém num lugar onde passei minha infância, adolescência e berço da Blitz e Barão Vermelho. Como estava de máscara as pessoas também não me reconheciam e eu seguia tentando encontrar referências nos bares esquinas onde cresci e ‘tropeçava’ em Vinicius (de Moraes), Chico (Buarque), Tom (Jobim), Leila Diniz, o pessoal do Cinema Novo, entre outros cariocas ilustres e outros nem tanto”, diz Mesquita ao Estadão.

Viemos com uma roupagem sonora forte, resultado de influências daqui e de fora, mas que soava com personalidade própria

Evandro Mesquita

Os personagens menos afamados aos quais o músico se refere nunca foram desprezados pela Blitz. Pelo contrário. Estão, por exemplo, em Greg e Sua Gangue, música de 1986, regravada agora com adesão da ConeCrewDiretoria e o hitmaker do trap Papatinho. Prova que a Blitz sempre deu voz a figuras urbanas. A ponte com o rap, o trap e o funk soa, então, perfeita.

“Entramos com tudo resgatando o humor que sempre existiu (Noel Rosa, Adoniran Barbosa, Moreira da Silva, Jackson do Pandeiro, Gonzagão, entre outros) - e viemos com uma roupagem sonora forte resultado de influências daqui e de fora, mas que soava com personalidade própria”, diz Mesquita, ainda sobre o legado da banda - e sobre como tudo é cíclico na música.

Outro regaste em Supernova, mas, esse, ainda inédito no som da Blitz, é a engajada Somos Todos Índios, parceria de Mesquita e Vinicius Cantuária que abriu o disco de Fagner em 1991 - e abafada pelo estrondoso sucesso da maliciosa Borbulhas de Amor.

A banda convidou Fagner para cantar na gravação. “Resolvemos dar uma cara Blitz pra ela numa época em que queremos juntar nossas vozes à causa e a favor dos povos originários”. diz Mesquita.

Com o paulistano João Suplicy, Mesquita escreveu duas faixas: Sumiu na Fumaça e Terror da Vizinhança. Elas falam de amor, sentimento que sempre guiou a produção da Blitz. Suplicy toca e faz vocais em ambas.

Outra convidada é a cantora baiana Coral, que Mesquita conheceu assistindo a uma live. Ela quis gravar com a banda. Ele, por sua vez, propôs uma parceria. Nasceu, assim, o reggae Ser Tão Imenso. Aqui há uma particularidade que cabe só à Blitz: Coral participa ‘apenas’ como backing vocal da faixa. No entanto, na Blitz, as backing vocals jamais foram meras coadjuvantes no palco.

É muito bonito ver a galera levando os filhos para curtir uma banda que trouxe e traz belas memórias e continua produzindo coisas novas

Supernova, o primeiro álbum majoritariamente inédito da Blitz desde Aventuras II, lançado em 2017, traz 14 canções. Quase um lançamento duplo, em tempos de singles e EPs. Mesquita explica:

“Somos meio dinossauros na loja de cristais tentando entender esses novos tempos. Mas continuamos fazendo disco físico (vinil e CD) e lançando nas tais plataformas”, diz.

Questionado se, com Supernova, a Turnê Sem Fim da Blitz chega ao fim, Mesquita, até hoje reconhecido nas ruas como o hilário Paulão do seriado A Grande Família, lança mão de seu lendário slogan: “Enquanto houver bambu…Tem flecha”.

“É muito bonito ver a galera levando os filhos para curtir uma banda que trouxe e traz belas memórias e continua produzindo coisas novas sem virar cover de si mesmo”, diz o músico. O espírito da Blitz resiste.

Quando a Blitz chegou, tudo era mato no pop rock brasileiro. Quem viveu o início dos anos 1980 sabe bem disso. Até o single de Você Não Soube Me Amar invadir as rádios e os palcos sagrados da chamada MPB - e sair do circuito underground meio hippie chique da zona sul carioca - não havia nada parecido com o grupo liderado por Evandro Mesquita na música popular brasileira. Foram eles, com a mistura de rock e teatro, que abriram o caminho para o que ficou conhecido como BRock.

Evandro Mesquita (ao centro) em meio à atual formação da Blitz Foto: Arthur Berbat

Entre idas e vindas - e muitas trocas de integrantes - a Blitz segue viva quatro décadas depois. E com álbum novo: Supernova, que chegou recentemente às plataformas digitais com regravações e músicas inéditas, tem o vocalista Evandro Mesquita e o tecladista Billy Forghieri - dois integrantes, digamos, clássicos - à frente dos trabalhos.

Gravado entre 2018 e 2023, o disco atravessou a pandemia de coronavírus. Para a banda, se tornou um antídoto às enfadonhas lives que marcaram o período de plateias vazias - e que nada tinham a ver com a Blitz, nascida sob a lona do Circo Voador, derivada do grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, e que colocava carro, dublês e trapezistas no palco. Uma verdadeira festa para um Brasil que começava a sair de anos bastante sombrios - seja em 1982 ou 2022.

“Eu e Billy mergulhamos nesses projetos para não pirarmos”, diz Mesquita, 71 anos. Uma das canções toca de leve nesse período. A balada Agora É a Hora, parceria de Mesquita com Frejat - o ex-Barão participa da gravação tocando guitarra. “Nas ruas do Rio de Janeiro não vejo mais nossas pegadas / Tempos normais pelo avesso”, diz o trecho inicial da letra.

A letra, escrita por Mesquita, além do susto com aquele novo normal, tem algo de saudosismo.

‘Andando de Copacabana ao Leblon, entrava no Arpoador e não reconhecia ninguém num lugar onde passei minha infância, adolescência e berço da Blitz e Barão Vermelho. Como estava de máscara as pessoas também não me reconheciam e eu seguia tentando encontrar referências nos bares esquinas onde cresci e ‘tropeçava’ em Vinicius (de Moraes), Chico (Buarque), Tom (Jobim), Leila Diniz, o pessoal do Cinema Novo, entre outros cariocas ilustres e outros nem tanto”, diz Mesquita ao Estadão.

Viemos com uma roupagem sonora forte, resultado de influências daqui e de fora, mas que soava com personalidade própria

Evandro Mesquita

Os personagens menos afamados aos quais o músico se refere nunca foram desprezados pela Blitz. Pelo contrário. Estão, por exemplo, em Greg e Sua Gangue, música de 1986, regravada agora com adesão da ConeCrewDiretoria e o hitmaker do trap Papatinho. Prova que a Blitz sempre deu voz a figuras urbanas. A ponte com o rap, o trap e o funk soa, então, perfeita.

“Entramos com tudo resgatando o humor que sempre existiu (Noel Rosa, Adoniran Barbosa, Moreira da Silva, Jackson do Pandeiro, Gonzagão, entre outros) - e viemos com uma roupagem sonora forte resultado de influências daqui e de fora, mas que soava com personalidade própria”, diz Mesquita, ainda sobre o legado da banda - e sobre como tudo é cíclico na música.

Outro regaste em Supernova, mas, esse, ainda inédito no som da Blitz, é a engajada Somos Todos Índios, parceria de Mesquita e Vinicius Cantuária que abriu o disco de Fagner em 1991 - e abafada pelo estrondoso sucesso da maliciosa Borbulhas de Amor.

A banda convidou Fagner para cantar na gravação. “Resolvemos dar uma cara Blitz pra ela numa época em que queremos juntar nossas vozes à causa e a favor dos povos originários”. diz Mesquita.

Com o paulistano João Suplicy, Mesquita escreveu duas faixas: Sumiu na Fumaça e Terror da Vizinhança. Elas falam de amor, sentimento que sempre guiou a produção da Blitz. Suplicy toca e faz vocais em ambas.

Outra convidada é a cantora baiana Coral, que Mesquita conheceu assistindo a uma live. Ela quis gravar com a banda. Ele, por sua vez, propôs uma parceria. Nasceu, assim, o reggae Ser Tão Imenso. Aqui há uma particularidade que cabe só à Blitz: Coral participa ‘apenas’ como backing vocal da faixa. No entanto, na Blitz, as backing vocals jamais foram meras coadjuvantes no palco.

É muito bonito ver a galera levando os filhos para curtir uma banda que trouxe e traz belas memórias e continua produzindo coisas novas

Supernova, o primeiro álbum majoritariamente inédito da Blitz desde Aventuras II, lançado em 2017, traz 14 canções. Quase um lançamento duplo, em tempos de singles e EPs. Mesquita explica:

“Somos meio dinossauros na loja de cristais tentando entender esses novos tempos. Mas continuamos fazendo disco físico (vinil e CD) e lançando nas tais plataformas”, diz.

Questionado se, com Supernova, a Turnê Sem Fim da Blitz chega ao fim, Mesquita, até hoje reconhecido nas ruas como o hilário Paulão do seriado A Grande Família, lança mão de seu lendário slogan: “Enquanto houver bambu…Tem flecha”.

“É muito bonito ver a galera levando os filhos para curtir uma banda que trouxe e traz belas memórias e continua produzindo coisas novas sem virar cover de si mesmo”, diz o músico. O espírito da Blitz resiste.

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