Ex-Rouge, Karin Hils lança singles e se prepara para viver Alcione em musical


Consagrada como uma das Donna Summer em espetáculo dirigido por Miguel Falabella, Karin volta à música pop enquanto ensaia para estrear musical sobre a Marrom

Por Julio Maria

Havia uma “verdade tão verdadeira” na fala e nos gestos de Karin Hils vivendo Donna Summer que aquele espanto só poderia ser ou fruto de um talento cênico fora da curva ou a vida real se cruzando com as falas da personagem do musical dirigido por Miguel Falabella. Eram as duas coisas. Karin, de 45 anos, 20 de palco, 25 de música, tem horas de fala e de canto o suficiente que justificam a solidez com a qual interpretou Donna Summer na fase do pós-50 anos de idade da estrela americana. As outras eras de Donna foram defendidas, também com muito talento, pelas atrizes Jeniffer Nascimento e Amanda Souza. 

Karin Hils em São Paulo Foto: Taba Benedicto

Só que, sobre Karin, havia mais. O texto que ela havia interiorizado com as falas da Rainha da Disco Music passou a ser seu também por uma razão recorrente, sobretudo na história das mulheres negras em busca de sonhos: Karin, assim como Donna, precisava ser ela mesma, decidir seus passos, conduzir o próprio destino.

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Menina de Paracambi, cidade com pouco mais de 50 mil habitantes na região metropolitana do Rio, Karin passou boa parte de sua carreira mais visível sendo dirigida passo a passo desde o estouro do grupo Rouge, o primeiro e único girl group de sucesso no País, entre 2002 e 2006, com um breve retorno em 2017. A mina de ouro de 6 milhões de discos vendidos, com tubarões do SBT, da Disney Channel e da Sony Music por trás, havia sido levantada com integrantes escolhidas entre 30 mil candidatas. 

PÓS-ERA ROUGE. Quando a era Rouge terminou, vieram os musicais, e Karin, mais uma vez, foi a melhor que poderia ser em produções como Hair, de 2010, e Mudança de Hábito, de 2015. “Eu não consigo mergulhar no raso”, disse a atriz, em entrevista ao Estadão. Karin salta agora em dois lagos ao mesmo tempo. Um deles contradiz um pouco sua determinação de passar a dirigir-se mais e ser dirigida menos, mas por um motivo daqueles que nem se trata mais de uma escolha. Ela é uma das atrizes que estarão no musical sobre Alcione, que terá 12 mulheres e nove homens prestando homenagens à Marrom, com estreia prevista para 25 de agosto no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. Marrom, O Musical será mais uma produção com direção, e agora texto também, de Miguel Falabella. “Estou descobrindo um pouco mais a cultura do meu País”, diz a atriz. “Alcione é o Brasil, uma mulher que sempre foi referência pra mim. E agora vai me ver no palco!” O outro reabre uma frente ainda a ser consolidada. Karin está de volta à música, lançando singles desde 2020. O mais recente deles é Alô, de 2022, apresentado por um vídeo bem produzido e dirigido por Dona Isa.

Alô não aponta para nenhuma ruptura com o pop pelo qual Karin se tornou conhecida já no Rouge, mas seu retorno, desde Fogo, de 2020, passando por Sente a Pressão, de 2021, tem mais força rítmica, mais gás e libera sua voz para, enfim, ser mais sua. Não há nenhuma investida poética que pudesse tirá-la do radar de fãs que não procuram profundidade nas letras. Tudo é muito direto. “Só atende e diz alô / Só atende e diz alô / Sabe quanto tempo eu passei / Questionando aonde foi que errei / Será que falei algo e machuquei / Me manda um sinal porque agora eu não sei”, dizem os primeiros versos de Alô. Eles ameaçam uma subserviência old fashion que não caberia mais no pop de atitude feminista de 2022, mas as coisas tomam outro rumo nos versos seguintes. “Nossa ligação tá complicada /E eu tô muito ocupada pra esperar / Essa é a minha última chamada / E se ligar de madrugada não vai me encontrar.”

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DAR UM TEMPO. “A música é a minha vida”, diz Karin. E, por mais direcionamentos que haja neste meio, ele não tem tantos filtros quanto a produção de um musical. “Eu estou querendo dar um tempo de teatro musical”, admite com franqueza. “Aprendi muito, conheci muito, mas a demanda é muito grande. Não quero depender de uma produtora para pegar ou não um papel.” Se ela tem saudades do Rouge, a resposta vem pronta. “O Rouge não existe mais. E hoje tenho 45 anos. Onde ficaria a Ragatanga?”, fala rindo, referindo-se ao maior sucesso do grupo, Ragatanga, ou Asereje

A história de Karin Hils começa antes do projeto do SBT. Suas primeiras experiências como cantora foram fazendo backing vocal para o sambista Netinho de Paula e cantando para vender aparelhos de karaokê em frente a lojas como Casas Bahia. O fenômeno Rouge a fez viver as últimas empolgações corporativas da era do CD antes que o streaming viesse anunciar uma libertação que, de fato, não aconteceu. Se antes eram as gravadoras que dirigiam o destino dos artistas, agora são os algoritmos das plataformas de streaming. Nenhum produtor de um artista pop que almeja o topo aperta um botão sem saber o que está dando certo na vida dos vizinhos. E isso passa por batidas (e explica por que tantos usam as mesmas derivações do reggaeton), por letras de música e por arranjos. A nova prisão seria essa? Há como não cair nesse conceito previsível de fazer música de massa?

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Karin diz estar atenta e um tanto rebelde com relação às convenções do meio artístico, mas confessa que não está por dentro das novas regras do sucesso pós-streaming. “Fiquei longe da música por muito tempo e acabei não vendo essa evolução. O Rouge acabou fazendo sucesso justamente na transição do CD para o digital.” Não importa tanto uma vez que ela diz que tem feito a música em que acredita. Karin, validada por musicais bem-sucedidos, volta com o poder de definir o que quer fazer da vida. Experiência e talento para não cair em mãos caça-níqueis ela tem. 

Havia uma “verdade tão verdadeira” na fala e nos gestos de Karin Hils vivendo Donna Summer que aquele espanto só poderia ser ou fruto de um talento cênico fora da curva ou a vida real se cruzando com as falas da personagem do musical dirigido por Miguel Falabella. Eram as duas coisas. Karin, de 45 anos, 20 de palco, 25 de música, tem horas de fala e de canto o suficiente que justificam a solidez com a qual interpretou Donna Summer na fase do pós-50 anos de idade da estrela americana. As outras eras de Donna foram defendidas, também com muito talento, pelas atrizes Jeniffer Nascimento e Amanda Souza. 

Karin Hils em São Paulo Foto: Taba Benedicto

Só que, sobre Karin, havia mais. O texto que ela havia interiorizado com as falas da Rainha da Disco Music passou a ser seu também por uma razão recorrente, sobretudo na história das mulheres negras em busca de sonhos: Karin, assim como Donna, precisava ser ela mesma, decidir seus passos, conduzir o próprio destino.

Menina de Paracambi, cidade com pouco mais de 50 mil habitantes na região metropolitana do Rio, Karin passou boa parte de sua carreira mais visível sendo dirigida passo a passo desde o estouro do grupo Rouge, o primeiro e único girl group de sucesso no País, entre 2002 e 2006, com um breve retorno em 2017. A mina de ouro de 6 milhões de discos vendidos, com tubarões do SBT, da Disney Channel e da Sony Music por trás, havia sido levantada com integrantes escolhidas entre 30 mil candidatas. 

PÓS-ERA ROUGE. Quando a era Rouge terminou, vieram os musicais, e Karin, mais uma vez, foi a melhor que poderia ser em produções como Hair, de 2010, e Mudança de Hábito, de 2015. “Eu não consigo mergulhar no raso”, disse a atriz, em entrevista ao Estadão. Karin salta agora em dois lagos ao mesmo tempo. Um deles contradiz um pouco sua determinação de passar a dirigir-se mais e ser dirigida menos, mas por um motivo daqueles que nem se trata mais de uma escolha. Ela é uma das atrizes que estarão no musical sobre Alcione, que terá 12 mulheres e nove homens prestando homenagens à Marrom, com estreia prevista para 25 de agosto no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. Marrom, O Musical será mais uma produção com direção, e agora texto também, de Miguel Falabella. “Estou descobrindo um pouco mais a cultura do meu País”, diz a atriz. “Alcione é o Brasil, uma mulher que sempre foi referência pra mim. E agora vai me ver no palco!” O outro reabre uma frente ainda a ser consolidada. Karin está de volta à música, lançando singles desde 2020. O mais recente deles é Alô, de 2022, apresentado por um vídeo bem produzido e dirigido por Dona Isa.

Alô não aponta para nenhuma ruptura com o pop pelo qual Karin se tornou conhecida já no Rouge, mas seu retorno, desde Fogo, de 2020, passando por Sente a Pressão, de 2021, tem mais força rítmica, mais gás e libera sua voz para, enfim, ser mais sua. Não há nenhuma investida poética que pudesse tirá-la do radar de fãs que não procuram profundidade nas letras. Tudo é muito direto. “Só atende e diz alô / Só atende e diz alô / Sabe quanto tempo eu passei / Questionando aonde foi que errei / Será que falei algo e machuquei / Me manda um sinal porque agora eu não sei”, dizem os primeiros versos de Alô. Eles ameaçam uma subserviência old fashion que não caberia mais no pop de atitude feminista de 2022, mas as coisas tomam outro rumo nos versos seguintes. “Nossa ligação tá complicada /E eu tô muito ocupada pra esperar / Essa é a minha última chamada / E se ligar de madrugada não vai me encontrar.”

DAR UM TEMPO. “A música é a minha vida”, diz Karin. E, por mais direcionamentos que haja neste meio, ele não tem tantos filtros quanto a produção de um musical. “Eu estou querendo dar um tempo de teatro musical”, admite com franqueza. “Aprendi muito, conheci muito, mas a demanda é muito grande. Não quero depender de uma produtora para pegar ou não um papel.” Se ela tem saudades do Rouge, a resposta vem pronta. “O Rouge não existe mais. E hoje tenho 45 anos. Onde ficaria a Ragatanga?”, fala rindo, referindo-se ao maior sucesso do grupo, Ragatanga, ou Asereje

A história de Karin Hils começa antes do projeto do SBT. Suas primeiras experiências como cantora foram fazendo backing vocal para o sambista Netinho de Paula e cantando para vender aparelhos de karaokê em frente a lojas como Casas Bahia. O fenômeno Rouge a fez viver as últimas empolgações corporativas da era do CD antes que o streaming viesse anunciar uma libertação que, de fato, não aconteceu. Se antes eram as gravadoras que dirigiam o destino dos artistas, agora são os algoritmos das plataformas de streaming. Nenhum produtor de um artista pop que almeja o topo aperta um botão sem saber o que está dando certo na vida dos vizinhos. E isso passa por batidas (e explica por que tantos usam as mesmas derivações do reggaeton), por letras de música e por arranjos. A nova prisão seria essa? Há como não cair nesse conceito previsível de fazer música de massa?

Karin diz estar atenta e um tanto rebelde com relação às convenções do meio artístico, mas confessa que não está por dentro das novas regras do sucesso pós-streaming. “Fiquei longe da música por muito tempo e acabei não vendo essa evolução. O Rouge acabou fazendo sucesso justamente na transição do CD para o digital.” Não importa tanto uma vez que ela diz que tem feito a música em que acredita. Karin, validada por musicais bem-sucedidos, volta com o poder de definir o que quer fazer da vida. Experiência e talento para não cair em mãos caça-níqueis ela tem. 

Havia uma “verdade tão verdadeira” na fala e nos gestos de Karin Hils vivendo Donna Summer que aquele espanto só poderia ser ou fruto de um talento cênico fora da curva ou a vida real se cruzando com as falas da personagem do musical dirigido por Miguel Falabella. Eram as duas coisas. Karin, de 45 anos, 20 de palco, 25 de música, tem horas de fala e de canto o suficiente que justificam a solidez com a qual interpretou Donna Summer na fase do pós-50 anos de idade da estrela americana. As outras eras de Donna foram defendidas, também com muito talento, pelas atrizes Jeniffer Nascimento e Amanda Souza. 

Karin Hils em São Paulo Foto: Taba Benedicto

Só que, sobre Karin, havia mais. O texto que ela havia interiorizado com as falas da Rainha da Disco Music passou a ser seu também por uma razão recorrente, sobretudo na história das mulheres negras em busca de sonhos: Karin, assim como Donna, precisava ser ela mesma, decidir seus passos, conduzir o próprio destino.

Menina de Paracambi, cidade com pouco mais de 50 mil habitantes na região metropolitana do Rio, Karin passou boa parte de sua carreira mais visível sendo dirigida passo a passo desde o estouro do grupo Rouge, o primeiro e único girl group de sucesso no País, entre 2002 e 2006, com um breve retorno em 2017. A mina de ouro de 6 milhões de discos vendidos, com tubarões do SBT, da Disney Channel e da Sony Music por trás, havia sido levantada com integrantes escolhidas entre 30 mil candidatas. 

PÓS-ERA ROUGE. Quando a era Rouge terminou, vieram os musicais, e Karin, mais uma vez, foi a melhor que poderia ser em produções como Hair, de 2010, e Mudança de Hábito, de 2015. “Eu não consigo mergulhar no raso”, disse a atriz, em entrevista ao Estadão. Karin salta agora em dois lagos ao mesmo tempo. Um deles contradiz um pouco sua determinação de passar a dirigir-se mais e ser dirigida menos, mas por um motivo daqueles que nem se trata mais de uma escolha. Ela é uma das atrizes que estarão no musical sobre Alcione, que terá 12 mulheres e nove homens prestando homenagens à Marrom, com estreia prevista para 25 de agosto no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo. Marrom, O Musical será mais uma produção com direção, e agora texto também, de Miguel Falabella. “Estou descobrindo um pouco mais a cultura do meu País”, diz a atriz. “Alcione é o Brasil, uma mulher que sempre foi referência pra mim. E agora vai me ver no palco!” O outro reabre uma frente ainda a ser consolidada. Karin está de volta à música, lançando singles desde 2020. O mais recente deles é Alô, de 2022, apresentado por um vídeo bem produzido e dirigido por Dona Isa.

Alô não aponta para nenhuma ruptura com o pop pelo qual Karin se tornou conhecida já no Rouge, mas seu retorno, desde Fogo, de 2020, passando por Sente a Pressão, de 2021, tem mais força rítmica, mais gás e libera sua voz para, enfim, ser mais sua. Não há nenhuma investida poética que pudesse tirá-la do radar de fãs que não procuram profundidade nas letras. Tudo é muito direto. “Só atende e diz alô / Só atende e diz alô / Sabe quanto tempo eu passei / Questionando aonde foi que errei / Será que falei algo e machuquei / Me manda um sinal porque agora eu não sei”, dizem os primeiros versos de Alô. Eles ameaçam uma subserviência old fashion que não caberia mais no pop de atitude feminista de 2022, mas as coisas tomam outro rumo nos versos seguintes. “Nossa ligação tá complicada /E eu tô muito ocupada pra esperar / Essa é a minha última chamada / E se ligar de madrugada não vai me encontrar.”

DAR UM TEMPO. “A música é a minha vida”, diz Karin. E, por mais direcionamentos que haja neste meio, ele não tem tantos filtros quanto a produção de um musical. “Eu estou querendo dar um tempo de teatro musical”, admite com franqueza. “Aprendi muito, conheci muito, mas a demanda é muito grande. Não quero depender de uma produtora para pegar ou não um papel.” Se ela tem saudades do Rouge, a resposta vem pronta. “O Rouge não existe mais. E hoje tenho 45 anos. Onde ficaria a Ragatanga?”, fala rindo, referindo-se ao maior sucesso do grupo, Ragatanga, ou Asereje

A história de Karin Hils começa antes do projeto do SBT. Suas primeiras experiências como cantora foram fazendo backing vocal para o sambista Netinho de Paula e cantando para vender aparelhos de karaokê em frente a lojas como Casas Bahia. O fenômeno Rouge a fez viver as últimas empolgações corporativas da era do CD antes que o streaming viesse anunciar uma libertação que, de fato, não aconteceu. Se antes eram as gravadoras que dirigiam o destino dos artistas, agora são os algoritmos das plataformas de streaming. Nenhum produtor de um artista pop que almeja o topo aperta um botão sem saber o que está dando certo na vida dos vizinhos. E isso passa por batidas (e explica por que tantos usam as mesmas derivações do reggaeton), por letras de música e por arranjos. A nova prisão seria essa? Há como não cair nesse conceito previsível de fazer música de massa?

Karin diz estar atenta e um tanto rebelde com relação às convenções do meio artístico, mas confessa que não está por dentro das novas regras do sucesso pós-streaming. “Fiquei longe da música por muito tempo e acabei não vendo essa evolução. O Rouge acabou fazendo sucesso justamente na transição do CD para o digital.” Não importa tanto uma vez que ela diz que tem feito a música em que acredita. Karin, validada por musicais bem-sucedidos, volta com o poder de definir o que quer fazer da vida. Experiência e talento para não cair em mãos caça-níqueis ela tem. 

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