Fióti lança primeiro disco sem seguir as fórmulas do rap


Irmão de Emicida mostra canções de EP em show único neste sábado, dia 10, no Sesc Pompeia

Por Julio Maria

Evandro Fióti, irmão mais novo do rapper Emicida, sai com o primeiro EP, um álbum de seis músicas, chamado Gente Bonita, driblando um destino que o universo ao seu redor dava como certo. Sua música não atende às exigências formais do rap, seu discurso não sustenta posturas apocalípticas e ele não vende a imagem clássica de um manifestante das ruas em tempos de ódio armado.

Fióti: tom de festa marca seu primeiro EP Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Fióti é reconhecido até então pelo protagonismo definitivo na criação de um novo modelo econômico para viabilizar a carreira do irmão. Sua produtora, Laboratório Fantasma, um ‘case’ estudado por especialistas em economia criativa, profissionalizou a então indomável independência de um gênero surgido nas ruas. Agora, Fióti salta para o outro lado do balcão.

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A essência de Gente Bonita é a autoafirmação que por vezes fica mais contundente, mas que jamais descamba para a pregação antissistema, um discurso tão necessário quanto desgastado. Não há raps, mas os acentos de protesto estão lá, como se levantados na pista de uma festa. Sua escola primária, diz, não são as músicas dos Racionais MCs, que chegariam depois, mas as faces do samba e da música popular brasileira que viriam principalmente pelos discos da mãe. Entre os álbuns mais importantes de sua vida, ele cita o primeiro de Djavan (A Voz, o Violão, A Música de Djavan, de 1976); e Cinema Transcendental, de Caetano Veloso (1979). Cartola, Adoniran Barbosa e Jorge Ben, antes de ser Jor, foram criando uma personalidade que só encontraria o discurso do rap mais tarde.

Se fosse definir então Gente Bonita, ele estaria mais inclinado ao samba. Samba de partido, samba de gafieira, samba rock, samba de terreiro. Ao mesmo tempo em que Pitada de Amor é para dançar ao som de uma declamação descompromissada (“Falta uma pitada de amor no lance / Só um pouco pra ser romance / E eu ando louco atrás da chance / De chegar e dizer: Oi!”), o samba afoxé Gente Bonita lembra que “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose que se usa” depois de começar com os versos de Darcy Ribeiro declamados por Caetano Veloso (versos que a ex-presidente Dilma Rousseff citaria em seu discurso de despedida): “Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”).

O partido Vacilão tem letra do rapper Ogi, com participação de Juçara Marçal e produção de Rodrigo Campos. “É vacilão / quis passar a perna em mim / apunhala o próprio irmão / será que vai rir no fim?”. Sua estratégia é interessante. Ao andar do limiar de dois gêneros cronistas e urbanos, o rap e o samba, o primeiro colabora com potência narrativa e o segundo empresta independência melódica. Fióti dá assim uma dimensão nova aos compositores do rap, que raramente são gravados em outros contextos. “Creio que, com esse disco, seja a primeira vez que MC’s do rap entrem no cancioneiro como compositores de música popular brasileira. E essa maturidade que eles trazem nas letras faz muita falta hoje à música brasileira.”

Evandro Fióti, irmão mais novo do rapper Emicida, sai com o primeiro EP, um álbum de seis músicas, chamado Gente Bonita, driblando um destino que o universo ao seu redor dava como certo. Sua música não atende às exigências formais do rap, seu discurso não sustenta posturas apocalípticas e ele não vende a imagem clássica de um manifestante das ruas em tempos de ódio armado.

Fióti: tom de festa marca seu primeiro EP Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Fióti é reconhecido até então pelo protagonismo definitivo na criação de um novo modelo econômico para viabilizar a carreira do irmão. Sua produtora, Laboratório Fantasma, um ‘case’ estudado por especialistas em economia criativa, profissionalizou a então indomável independência de um gênero surgido nas ruas. Agora, Fióti salta para o outro lado do balcão.

A essência de Gente Bonita é a autoafirmação que por vezes fica mais contundente, mas que jamais descamba para a pregação antissistema, um discurso tão necessário quanto desgastado. Não há raps, mas os acentos de protesto estão lá, como se levantados na pista de uma festa. Sua escola primária, diz, não são as músicas dos Racionais MCs, que chegariam depois, mas as faces do samba e da música popular brasileira que viriam principalmente pelos discos da mãe. Entre os álbuns mais importantes de sua vida, ele cita o primeiro de Djavan (A Voz, o Violão, A Música de Djavan, de 1976); e Cinema Transcendental, de Caetano Veloso (1979). Cartola, Adoniran Barbosa e Jorge Ben, antes de ser Jor, foram criando uma personalidade que só encontraria o discurso do rap mais tarde.

Se fosse definir então Gente Bonita, ele estaria mais inclinado ao samba. Samba de partido, samba de gafieira, samba rock, samba de terreiro. Ao mesmo tempo em que Pitada de Amor é para dançar ao som de uma declamação descompromissada (“Falta uma pitada de amor no lance / Só um pouco pra ser romance / E eu ando louco atrás da chance / De chegar e dizer: Oi!”), o samba afoxé Gente Bonita lembra que “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose que se usa” depois de começar com os versos de Darcy Ribeiro declamados por Caetano Veloso (versos que a ex-presidente Dilma Rousseff citaria em seu discurso de despedida): “Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”).

O partido Vacilão tem letra do rapper Ogi, com participação de Juçara Marçal e produção de Rodrigo Campos. “É vacilão / quis passar a perna em mim / apunhala o próprio irmão / será que vai rir no fim?”. Sua estratégia é interessante. Ao andar do limiar de dois gêneros cronistas e urbanos, o rap e o samba, o primeiro colabora com potência narrativa e o segundo empresta independência melódica. Fióti dá assim uma dimensão nova aos compositores do rap, que raramente são gravados em outros contextos. “Creio que, com esse disco, seja a primeira vez que MC’s do rap entrem no cancioneiro como compositores de música popular brasileira. E essa maturidade que eles trazem nas letras faz muita falta hoje à música brasileira.”

Evandro Fióti, irmão mais novo do rapper Emicida, sai com o primeiro EP, um álbum de seis músicas, chamado Gente Bonita, driblando um destino que o universo ao seu redor dava como certo. Sua música não atende às exigências formais do rap, seu discurso não sustenta posturas apocalípticas e ele não vende a imagem clássica de um manifestante das ruas em tempos de ódio armado.

Fióti: tom de festa marca seu primeiro EP Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Fióti é reconhecido até então pelo protagonismo definitivo na criação de um novo modelo econômico para viabilizar a carreira do irmão. Sua produtora, Laboratório Fantasma, um ‘case’ estudado por especialistas em economia criativa, profissionalizou a então indomável independência de um gênero surgido nas ruas. Agora, Fióti salta para o outro lado do balcão.

A essência de Gente Bonita é a autoafirmação que por vezes fica mais contundente, mas que jamais descamba para a pregação antissistema, um discurso tão necessário quanto desgastado. Não há raps, mas os acentos de protesto estão lá, como se levantados na pista de uma festa. Sua escola primária, diz, não são as músicas dos Racionais MCs, que chegariam depois, mas as faces do samba e da música popular brasileira que viriam principalmente pelos discos da mãe. Entre os álbuns mais importantes de sua vida, ele cita o primeiro de Djavan (A Voz, o Violão, A Música de Djavan, de 1976); e Cinema Transcendental, de Caetano Veloso (1979). Cartola, Adoniran Barbosa e Jorge Ben, antes de ser Jor, foram criando uma personalidade que só encontraria o discurso do rap mais tarde.

Se fosse definir então Gente Bonita, ele estaria mais inclinado ao samba. Samba de partido, samba de gafieira, samba rock, samba de terreiro. Ao mesmo tempo em que Pitada de Amor é para dançar ao som de uma declamação descompromissada (“Falta uma pitada de amor no lance / Só um pouco pra ser romance / E eu ando louco atrás da chance / De chegar e dizer: Oi!”), o samba afoxé Gente Bonita lembra que “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose que se usa” depois de começar com os versos de Darcy Ribeiro declamados por Caetano Veloso (versos que a ex-presidente Dilma Rousseff citaria em seu discurso de despedida): “Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”).

O partido Vacilão tem letra do rapper Ogi, com participação de Juçara Marçal e produção de Rodrigo Campos. “É vacilão / quis passar a perna em mim / apunhala o próprio irmão / será que vai rir no fim?”. Sua estratégia é interessante. Ao andar do limiar de dois gêneros cronistas e urbanos, o rap e o samba, o primeiro colabora com potência narrativa e o segundo empresta independência melódica. Fióti dá assim uma dimensão nova aos compositores do rap, que raramente são gravados em outros contextos. “Creio que, com esse disco, seja a primeira vez que MC’s do rap entrem no cancioneiro como compositores de música popular brasileira. E essa maturidade que eles trazem nas letras faz muita falta hoje à música brasileira.”

Evandro Fióti, irmão mais novo do rapper Emicida, sai com o primeiro EP, um álbum de seis músicas, chamado Gente Bonita, driblando um destino que o universo ao seu redor dava como certo. Sua música não atende às exigências formais do rap, seu discurso não sustenta posturas apocalípticas e ele não vende a imagem clássica de um manifestante das ruas em tempos de ódio armado.

Fióti: tom de festa marca seu primeiro EP Foto: ALEX SILVA/ESTADÃO

Fióti é reconhecido até então pelo protagonismo definitivo na criação de um novo modelo econômico para viabilizar a carreira do irmão. Sua produtora, Laboratório Fantasma, um ‘case’ estudado por especialistas em economia criativa, profissionalizou a então indomável independência de um gênero surgido nas ruas. Agora, Fióti salta para o outro lado do balcão.

A essência de Gente Bonita é a autoafirmação que por vezes fica mais contundente, mas que jamais descamba para a pregação antissistema, um discurso tão necessário quanto desgastado. Não há raps, mas os acentos de protesto estão lá, como se levantados na pista de uma festa. Sua escola primária, diz, não são as músicas dos Racionais MCs, que chegariam depois, mas as faces do samba e da música popular brasileira que viriam principalmente pelos discos da mãe. Entre os álbuns mais importantes de sua vida, ele cita o primeiro de Djavan (A Voz, o Violão, A Música de Djavan, de 1976); e Cinema Transcendental, de Caetano Veloso (1979). Cartola, Adoniran Barbosa e Jorge Ben, antes de ser Jor, foram criando uma personalidade que só encontraria o discurso do rap mais tarde.

Se fosse definir então Gente Bonita, ele estaria mais inclinado ao samba. Samba de partido, samba de gafieira, samba rock, samba de terreiro. Ao mesmo tempo em que Pitada de Amor é para dançar ao som de uma declamação descompromissada (“Falta uma pitada de amor no lance / Só um pouco pra ser romance / E eu ando louco atrás da chance / De chegar e dizer: Oi!”), o samba afoxé Gente Bonita lembra que “a diferença entre o remédio e o veneno é a dose que se usa” depois de começar com os versos de Darcy Ribeiro declamados por Caetano Veloso (versos que a ex-presidente Dilma Rousseff citaria em seu discurso de despedida): “Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu”).

O partido Vacilão tem letra do rapper Ogi, com participação de Juçara Marçal e produção de Rodrigo Campos. “É vacilão / quis passar a perna em mim / apunhala o próprio irmão / será que vai rir no fim?”. Sua estratégia é interessante. Ao andar do limiar de dois gêneros cronistas e urbanos, o rap e o samba, o primeiro colabora com potência narrativa e o segundo empresta independência melódica. Fióti dá assim uma dimensão nova aos compositores do rap, que raramente são gravados em outros contextos. “Creio que, com esse disco, seja a primeira vez que MC’s do rap entrem no cancioneiro como compositores de música popular brasileira. E essa maturidade que eles trazem nas letras faz muita falta hoje à música brasileira.”

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