‘Gal Costa era uma garota incrível com voz de anjo’, diz Dionne Warwick


Cantora norte-americana fala ao Estadão sobre suas memórias de Elis, Gal, Brasil e do show que fará em São Paulo, dia 28 de maio

Por Julio Maria
Atualização:

Das grandes damas vivas da música norte-americana, Dionne Warwick é, certamente, a que mais conhece o Brasil – e a música brasileira. Como ela mesma conta nesta entrevista ao Estadão, suas visitas ao país iniciaram no final dos anos 60, quando ela viu Elis Regina no palco pela primeira vez. Sua intenção, agora, aos 82 anos, é voltar para morar em Salvador, Bahia, assim que conseguir diminuir a frequência de shows. One Last Time é o nome do que deve ser sua última turnê, embora ela contradiga a própria produção dizendo que não, não vai abandonar os palcos. O show em São Paulo será em 28 de maio, no Espaço Unimed, e os ingressos já estão sendo vendidos pelo site da casa.

Dionne Warwick em Toronto, Canad=a, em 2021 Foto: MARK BLINCH / REUTERS

De uma linhagem genética privilegiada – ela é prima de Whitney Houston, irmã de Dee Dee Warwick e sobrinha de Cissy Houston – Dionne esteve em cenas históricas da música pop. Duas delas foram no mesmo ano de 1985: a gravação do clipe de We Are The World, da campanha USA for África, a maior reunião de astros já realizada no planeta, e a segunda, o encontro com Stevie Wonder, Elton John e Gladys Knight para cantarem That’s What Friends Are For. “Isso define o que era a nossa amizade”, ela diz.

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Madame Dionne, o que é música para a senhora?

É a vida, felicidade. É inspiração. Acho que são todas essas coisas maravilhosas. Música cura, e eu não poderia imaginar o mundo sem música.

Existem cantoras e cantores que são artistas, mas muitos que não são. Assim como há músicos que são apenas músicos e outros que são, ao mesmo tempo, músicos e artistas. Qual é a definição de um artista?

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Artista é alguém que sabe o que está fazendo sem considerar o que é. Se você ama o que está fazendo, você é o melhor artista que pode existir.

Como é estar no palco para fazer as apresentações finais de sua carreira?

Não serão minhas últimas performances, e eu gostaria de esclarecer isso. Quando você ouve a palavra despedida, significa me despedir da quantidade de turnês. Eu ainda farei turnês, ainda cantarei enquanto tiver habilidade para isso, mas não farei mais isso tão frequentemente quanto tenho feito nos últimos anos.

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A senhora conhecia Elis Regina e Gal Costa? O que pode dizer sobre elas?

Sim, conhecia Elis. Tive o prazer de conhecê-la na minha primeira viagem ao Brasil, no início dos anos 60. Fui ao show dela e foi fenomenal. Uma mulher incrivelmente talentosa. Já Gal era uma amiga querida. Uma garota maravilhosa que tinha uma voz de anjo. Toda vez que ela vinha a Nova York eu a via, e cheguei a me apresentar com ela no Brasil, o que foi uma alegria também. Muito triste sua transição, mas aparentemente ela completou sua jornada que aquele cara (Deus) deu a ela. Vou sentir falta de Gal. De vê-la, conversar com ela. Cantar com ela de novo. Gal foi e ainda é muito, muito, muito especial.

E sobre a música brasileira de hoje? Conhece algo?

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Não, realmente não. Eu ainda tenho aquela coisa de ouvir os que eu conheço. Ouço Nana Caymmi, Chico Buarque, Milton, Simone, Jorge Ben, pessoas que conheço e que tenho ouvido por anos, que me deram o amor pela música brasileira, me apresentaram a ela e me mantiveram envolvida. A música brasileira sempre terá o meu amor.

Você ainda quer morar no Brasil depois que parar de cantar?

Claro que sim, e irei!

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Era perceptível, em seu show mais recente em São Paulo, como seus músicos tocavam com volumes muito baixos. Como o volume deve ser usado na música, na sua opinião?

Não posso falar por ninguém, mas meus músicos entendem que não precisam tocar alto mesmo. Não é o tipo de música que deva ter grandes volumes. Então, não posso dar a definição de como alguém deveria tocar, mas apenas o jeito que nós sentimos.

O clipe de That’s What Friends Are For é uma das coisas mais lindas daquela década de 80. Como foi participar daquele momento com Elton John, Stevie Wonder e Gladis Knight?

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Uma absoluta alegria. Todos os três são queridos amigos por tantos anos, e foi tão maravilhoso quando responderam à minha ligação pedindo que fizessem parte do projeto... Esta canção define o que é a nossa amizade e, aparentemente, definiu a amizade de muitas pessoas. Eu concordo totalmente que se trata de uma das mais bonitas canções que poderiam ser cantadas naquela época. Ela não é usada somente para amizades, mas também para aniversários, casamentos, nascimentos, graduações...

Outro grande momento deve ter sido sua participação no clipe de We Are the World. Você tem lembranças desse dia?

Sem dúvida. São tantas histórias daquela gravação... E foi importante ver tantas pessoas que eu não via há anos, a menos que cruzássemos uns com outros no aeroporto (risos). Foi uma alegria poder fazer alguma coisa para trazer felicidade e alívio às pessoas na África. Elas são a única razão pela qual gravamos a canção. Eu estava só fazendo algo que é parte de quem eu sou (Dione foi embaixadora de Alimentos e Agricultura Mundial pela ONU).

Sente alguma tristeza ou outro sentimento ao se lembrar de Withney Houston, sua prima, morta em 2012?

Claro, ela era um membro da família, mas também sei que Withney está em um lugar melhor. Provavelmente mais feliz do que jamais esteve. Ela está segura, olhando para baixo e dizendo: ‘Oi, vocês todos têm que ficar aí embaixo e eu não hey hey hey’.

Existe alguma música brasileira que você gostaria de cantar, mas nunca cantou?

Certamente, há muitas. Mas, como eu disse mais cedo, até eu aprender o português não vou fazer nada para ninguém dizer por aí: ‘Que música ridícula’ (risos). l

Das grandes damas vivas da música norte-americana, Dionne Warwick é, certamente, a que mais conhece o Brasil – e a música brasileira. Como ela mesma conta nesta entrevista ao Estadão, suas visitas ao país iniciaram no final dos anos 60, quando ela viu Elis Regina no palco pela primeira vez. Sua intenção, agora, aos 82 anos, é voltar para morar em Salvador, Bahia, assim que conseguir diminuir a frequência de shows. One Last Time é o nome do que deve ser sua última turnê, embora ela contradiga a própria produção dizendo que não, não vai abandonar os palcos. O show em São Paulo será em 28 de maio, no Espaço Unimed, e os ingressos já estão sendo vendidos pelo site da casa.

Dionne Warwick em Toronto, Canad=a, em 2021 Foto: MARK BLINCH / REUTERS

De uma linhagem genética privilegiada – ela é prima de Whitney Houston, irmã de Dee Dee Warwick e sobrinha de Cissy Houston – Dionne esteve em cenas históricas da música pop. Duas delas foram no mesmo ano de 1985: a gravação do clipe de We Are The World, da campanha USA for África, a maior reunião de astros já realizada no planeta, e a segunda, o encontro com Stevie Wonder, Elton John e Gladys Knight para cantarem That’s What Friends Are For. “Isso define o que era a nossa amizade”, ela diz.

Madame Dionne, o que é música para a senhora?

É a vida, felicidade. É inspiração. Acho que são todas essas coisas maravilhosas. Música cura, e eu não poderia imaginar o mundo sem música.

Existem cantoras e cantores que são artistas, mas muitos que não são. Assim como há músicos que são apenas músicos e outros que são, ao mesmo tempo, músicos e artistas. Qual é a definição de um artista?

Artista é alguém que sabe o que está fazendo sem considerar o que é. Se você ama o que está fazendo, você é o melhor artista que pode existir.

Como é estar no palco para fazer as apresentações finais de sua carreira?

Não serão minhas últimas performances, e eu gostaria de esclarecer isso. Quando você ouve a palavra despedida, significa me despedir da quantidade de turnês. Eu ainda farei turnês, ainda cantarei enquanto tiver habilidade para isso, mas não farei mais isso tão frequentemente quanto tenho feito nos últimos anos.

A senhora conhecia Elis Regina e Gal Costa? O que pode dizer sobre elas?

Sim, conhecia Elis. Tive o prazer de conhecê-la na minha primeira viagem ao Brasil, no início dos anos 60. Fui ao show dela e foi fenomenal. Uma mulher incrivelmente talentosa. Já Gal era uma amiga querida. Uma garota maravilhosa que tinha uma voz de anjo. Toda vez que ela vinha a Nova York eu a via, e cheguei a me apresentar com ela no Brasil, o que foi uma alegria também. Muito triste sua transição, mas aparentemente ela completou sua jornada que aquele cara (Deus) deu a ela. Vou sentir falta de Gal. De vê-la, conversar com ela. Cantar com ela de novo. Gal foi e ainda é muito, muito, muito especial.

E sobre a música brasileira de hoje? Conhece algo?

Não, realmente não. Eu ainda tenho aquela coisa de ouvir os que eu conheço. Ouço Nana Caymmi, Chico Buarque, Milton, Simone, Jorge Ben, pessoas que conheço e que tenho ouvido por anos, que me deram o amor pela música brasileira, me apresentaram a ela e me mantiveram envolvida. A música brasileira sempre terá o meu amor.

Você ainda quer morar no Brasil depois que parar de cantar?

Claro que sim, e irei!

Era perceptível, em seu show mais recente em São Paulo, como seus músicos tocavam com volumes muito baixos. Como o volume deve ser usado na música, na sua opinião?

Não posso falar por ninguém, mas meus músicos entendem que não precisam tocar alto mesmo. Não é o tipo de música que deva ter grandes volumes. Então, não posso dar a definição de como alguém deveria tocar, mas apenas o jeito que nós sentimos.

O clipe de That’s What Friends Are For é uma das coisas mais lindas daquela década de 80. Como foi participar daquele momento com Elton John, Stevie Wonder e Gladis Knight?

Uma absoluta alegria. Todos os três são queridos amigos por tantos anos, e foi tão maravilhoso quando responderam à minha ligação pedindo que fizessem parte do projeto... Esta canção define o que é a nossa amizade e, aparentemente, definiu a amizade de muitas pessoas. Eu concordo totalmente que se trata de uma das mais bonitas canções que poderiam ser cantadas naquela época. Ela não é usada somente para amizades, mas também para aniversários, casamentos, nascimentos, graduações...

Outro grande momento deve ter sido sua participação no clipe de We Are the World. Você tem lembranças desse dia?

Sem dúvida. São tantas histórias daquela gravação... E foi importante ver tantas pessoas que eu não via há anos, a menos que cruzássemos uns com outros no aeroporto (risos). Foi uma alegria poder fazer alguma coisa para trazer felicidade e alívio às pessoas na África. Elas são a única razão pela qual gravamos a canção. Eu estava só fazendo algo que é parte de quem eu sou (Dione foi embaixadora de Alimentos e Agricultura Mundial pela ONU).

Sente alguma tristeza ou outro sentimento ao se lembrar de Withney Houston, sua prima, morta em 2012?

Claro, ela era um membro da família, mas também sei que Withney está em um lugar melhor. Provavelmente mais feliz do que jamais esteve. Ela está segura, olhando para baixo e dizendo: ‘Oi, vocês todos têm que ficar aí embaixo e eu não hey hey hey’.

Existe alguma música brasileira que você gostaria de cantar, mas nunca cantou?

Certamente, há muitas. Mas, como eu disse mais cedo, até eu aprender o português não vou fazer nada para ninguém dizer por aí: ‘Que música ridícula’ (risos). l

Das grandes damas vivas da música norte-americana, Dionne Warwick é, certamente, a que mais conhece o Brasil – e a música brasileira. Como ela mesma conta nesta entrevista ao Estadão, suas visitas ao país iniciaram no final dos anos 60, quando ela viu Elis Regina no palco pela primeira vez. Sua intenção, agora, aos 82 anos, é voltar para morar em Salvador, Bahia, assim que conseguir diminuir a frequência de shows. One Last Time é o nome do que deve ser sua última turnê, embora ela contradiga a própria produção dizendo que não, não vai abandonar os palcos. O show em São Paulo será em 28 de maio, no Espaço Unimed, e os ingressos já estão sendo vendidos pelo site da casa.

Dionne Warwick em Toronto, Canad=a, em 2021 Foto: MARK BLINCH / REUTERS

De uma linhagem genética privilegiada – ela é prima de Whitney Houston, irmã de Dee Dee Warwick e sobrinha de Cissy Houston – Dionne esteve em cenas históricas da música pop. Duas delas foram no mesmo ano de 1985: a gravação do clipe de We Are The World, da campanha USA for África, a maior reunião de astros já realizada no planeta, e a segunda, o encontro com Stevie Wonder, Elton John e Gladys Knight para cantarem That’s What Friends Are For. “Isso define o que era a nossa amizade”, ela diz.

Madame Dionne, o que é música para a senhora?

É a vida, felicidade. É inspiração. Acho que são todas essas coisas maravilhosas. Música cura, e eu não poderia imaginar o mundo sem música.

Existem cantoras e cantores que são artistas, mas muitos que não são. Assim como há músicos que são apenas músicos e outros que são, ao mesmo tempo, músicos e artistas. Qual é a definição de um artista?

Artista é alguém que sabe o que está fazendo sem considerar o que é. Se você ama o que está fazendo, você é o melhor artista que pode existir.

Como é estar no palco para fazer as apresentações finais de sua carreira?

Não serão minhas últimas performances, e eu gostaria de esclarecer isso. Quando você ouve a palavra despedida, significa me despedir da quantidade de turnês. Eu ainda farei turnês, ainda cantarei enquanto tiver habilidade para isso, mas não farei mais isso tão frequentemente quanto tenho feito nos últimos anos.

A senhora conhecia Elis Regina e Gal Costa? O que pode dizer sobre elas?

Sim, conhecia Elis. Tive o prazer de conhecê-la na minha primeira viagem ao Brasil, no início dos anos 60. Fui ao show dela e foi fenomenal. Uma mulher incrivelmente talentosa. Já Gal era uma amiga querida. Uma garota maravilhosa que tinha uma voz de anjo. Toda vez que ela vinha a Nova York eu a via, e cheguei a me apresentar com ela no Brasil, o que foi uma alegria também. Muito triste sua transição, mas aparentemente ela completou sua jornada que aquele cara (Deus) deu a ela. Vou sentir falta de Gal. De vê-la, conversar com ela. Cantar com ela de novo. Gal foi e ainda é muito, muito, muito especial.

E sobre a música brasileira de hoje? Conhece algo?

Não, realmente não. Eu ainda tenho aquela coisa de ouvir os que eu conheço. Ouço Nana Caymmi, Chico Buarque, Milton, Simone, Jorge Ben, pessoas que conheço e que tenho ouvido por anos, que me deram o amor pela música brasileira, me apresentaram a ela e me mantiveram envolvida. A música brasileira sempre terá o meu amor.

Você ainda quer morar no Brasil depois que parar de cantar?

Claro que sim, e irei!

Era perceptível, em seu show mais recente em São Paulo, como seus músicos tocavam com volumes muito baixos. Como o volume deve ser usado na música, na sua opinião?

Não posso falar por ninguém, mas meus músicos entendem que não precisam tocar alto mesmo. Não é o tipo de música que deva ter grandes volumes. Então, não posso dar a definição de como alguém deveria tocar, mas apenas o jeito que nós sentimos.

O clipe de That’s What Friends Are For é uma das coisas mais lindas daquela década de 80. Como foi participar daquele momento com Elton John, Stevie Wonder e Gladis Knight?

Uma absoluta alegria. Todos os três são queridos amigos por tantos anos, e foi tão maravilhoso quando responderam à minha ligação pedindo que fizessem parte do projeto... Esta canção define o que é a nossa amizade e, aparentemente, definiu a amizade de muitas pessoas. Eu concordo totalmente que se trata de uma das mais bonitas canções que poderiam ser cantadas naquela época. Ela não é usada somente para amizades, mas também para aniversários, casamentos, nascimentos, graduações...

Outro grande momento deve ter sido sua participação no clipe de We Are the World. Você tem lembranças desse dia?

Sem dúvida. São tantas histórias daquela gravação... E foi importante ver tantas pessoas que eu não via há anos, a menos que cruzássemos uns com outros no aeroporto (risos). Foi uma alegria poder fazer alguma coisa para trazer felicidade e alívio às pessoas na África. Elas são a única razão pela qual gravamos a canção. Eu estava só fazendo algo que é parte de quem eu sou (Dione foi embaixadora de Alimentos e Agricultura Mundial pela ONU).

Sente alguma tristeza ou outro sentimento ao se lembrar de Withney Houston, sua prima, morta em 2012?

Claro, ela era um membro da família, mas também sei que Withney está em um lugar melhor. Provavelmente mais feliz do que jamais esteve. Ela está segura, olhando para baixo e dizendo: ‘Oi, vocês todos têm que ficar aí embaixo e eu não hey hey hey’.

Existe alguma música brasileira que você gostaria de cantar, mas nunca cantou?

Certamente, há muitas. Mas, como eu disse mais cedo, até eu aprender o português não vou fazer nada para ninguém dizer por aí: ‘Que música ridícula’ (risos). l

Das grandes damas vivas da música norte-americana, Dionne Warwick é, certamente, a que mais conhece o Brasil – e a música brasileira. Como ela mesma conta nesta entrevista ao Estadão, suas visitas ao país iniciaram no final dos anos 60, quando ela viu Elis Regina no palco pela primeira vez. Sua intenção, agora, aos 82 anos, é voltar para morar em Salvador, Bahia, assim que conseguir diminuir a frequência de shows. One Last Time é o nome do que deve ser sua última turnê, embora ela contradiga a própria produção dizendo que não, não vai abandonar os palcos. O show em São Paulo será em 28 de maio, no Espaço Unimed, e os ingressos já estão sendo vendidos pelo site da casa.

Dionne Warwick em Toronto, Canad=a, em 2021 Foto: MARK BLINCH / REUTERS

De uma linhagem genética privilegiada – ela é prima de Whitney Houston, irmã de Dee Dee Warwick e sobrinha de Cissy Houston – Dionne esteve em cenas históricas da música pop. Duas delas foram no mesmo ano de 1985: a gravação do clipe de We Are The World, da campanha USA for África, a maior reunião de astros já realizada no planeta, e a segunda, o encontro com Stevie Wonder, Elton John e Gladys Knight para cantarem That’s What Friends Are For. “Isso define o que era a nossa amizade”, ela diz.

Madame Dionne, o que é música para a senhora?

É a vida, felicidade. É inspiração. Acho que são todas essas coisas maravilhosas. Música cura, e eu não poderia imaginar o mundo sem música.

Existem cantoras e cantores que são artistas, mas muitos que não são. Assim como há músicos que são apenas músicos e outros que são, ao mesmo tempo, músicos e artistas. Qual é a definição de um artista?

Artista é alguém que sabe o que está fazendo sem considerar o que é. Se você ama o que está fazendo, você é o melhor artista que pode existir.

Como é estar no palco para fazer as apresentações finais de sua carreira?

Não serão minhas últimas performances, e eu gostaria de esclarecer isso. Quando você ouve a palavra despedida, significa me despedir da quantidade de turnês. Eu ainda farei turnês, ainda cantarei enquanto tiver habilidade para isso, mas não farei mais isso tão frequentemente quanto tenho feito nos últimos anos.

A senhora conhecia Elis Regina e Gal Costa? O que pode dizer sobre elas?

Sim, conhecia Elis. Tive o prazer de conhecê-la na minha primeira viagem ao Brasil, no início dos anos 60. Fui ao show dela e foi fenomenal. Uma mulher incrivelmente talentosa. Já Gal era uma amiga querida. Uma garota maravilhosa que tinha uma voz de anjo. Toda vez que ela vinha a Nova York eu a via, e cheguei a me apresentar com ela no Brasil, o que foi uma alegria também. Muito triste sua transição, mas aparentemente ela completou sua jornada que aquele cara (Deus) deu a ela. Vou sentir falta de Gal. De vê-la, conversar com ela. Cantar com ela de novo. Gal foi e ainda é muito, muito, muito especial.

E sobre a música brasileira de hoje? Conhece algo?

Não, realmente não. Eu ainda tenho aquela coisa de ouvir os que eu conheço. Ouço Nana Caymmi, Chico Buarque, Milton, Simone, Jorge Ben, pessoas que conheço e que tenho ouvido por anos, que me deram o amor pela música brasileira, me apresentaram a ela e me mantiveram envolvida. A música brasileira sempre terá o meu amor.

Você ainda quer morar no Brasil depois que parar de cantar?

Claro que sim, e irei!

Era perceptível, em seu show mais recente em São Paulo, como seus músicos tocavam com volumes muito baixos. Como o volume deve ser usado na música, na sua opinião?

Não posso falar por ninguém, mas meus músicos entendem que não precisam tocar alto mesmo. Não é o tipo de música que deva ter grandes volumes. Então, não posso dar a definição de como alguém deveria tocar, mas apenas o jeito que nós sentimos.

O clipe de That’s What Friends Are For é uma das coisas mais lindas daquela década de 80. Como foi participar daquele momento com Elton John, Stevie Wonder e Gladis Knight?

Uma absoluta alegria. Todos os três são queridos amigos por tantos anos, e foi tão maravilhoso quando responderam à minha ligação pedindo que fizessem parte do projeto... Esta canção define o que é a nossa amizade e, aparentemente, definiu a amizade de muitas pessoas. Eu concordo totalmente que se trata de uma das mais bonitas canções que poderiam ser cantadas naquela época. Ela não é usada somente para amizades, mas também para aniversários, casamentos, nascimentos, graduações...

Outro grande momento deve ter sido sua participação no clipe de We Are the World. Você tem lembranças desse dia?

Sem dúvida. São tantas histórias daquela gravação... E foi importante ver tantas pessoas que eu não via há anos, a menos que cruzássemos uns com outros no aeroporto (risos). Foi uma alegria poder fazer alguma coisa para trazer felicidade e alívio às pessoas na África. Elas são a única razão pela qual gravamos a canção. Eu estava só fazendo algo que é parte de quem eu sou (Dione foi embaixadora de Alimentos e Agricultura Mundial pela ONU).

Sente alguma tristeza ou outro sentimento ao se lembrar de Withney Houston, sua prima, morta em 2012?

Claro, ela era um membro da família, mas também sei que Withney está em um lugar melhor. Provavelmente mais feliz do que jamais esteve. Ela está segura, olhando para baixo e dizendo: ‘Oi, vocês todos têm que ficar aí embaixo e eu não hey hey hey’.

Existe alguma música brasileira que você gostaria de cantar, mas nunca cantou?

Certamente, há muitas. Mas, como eu disse mais cedo, até eu aprender o português não vou fazer nada para ninguém dizer por aí: ‘Que música ridícula’ (risos). l

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