Opinião|Há muitos embustes no pop mundial. Bruno Mars não é um deles; veja como foi o show de SP


Cantor repetiu show aclamado no The Town, incluiu novo hit, se divertiu e viu Morumbis ter noite equivalente à final de campeonato. E ainda teve Raça Negra

Por Danilo Casaletti
Atualização:

Se o Brasil já havia caído de amores por Bruno Mars quando ele foi a grande estrela do festival The Town, em setembro do ano passado, nesta noite de sexta-feira, 4, no Estádio do Morumbis, o País casou definitivamente com o astro pop havaiano.

Quarenta minutos antes do show começar, as arquibancadas já estavam agitadas. Até um simples merchandising nos telões já era motivo de gritaria.

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Bruninho, como é conhecido por aqui, deu início a série de 14 apresentações que fará em solo brasileiro. Seis só em São Paulo. Ele se apresenta acompanhado por sua banda - oito integrantes da competente The Hooligans.

O roteiro de 2024 foi bem parecido com o de 2023. Chuva de hits. O cantor não é dado a riscos. Em dez anos de carreira, lançou três álbuns solo de estúdio - o último, 24K Magic, há oito anos - e um punhado de singles. Embora esteja sempre presente com singles, em termos de novo trabalho, daqueles com um conceito embutido, é eternidade em tempos de uma indústria musical faminta por novidades. Não se expor (muito) talvez um de seus segredos para o sucesso.

Bruno Mars fez show aclamado no Estádio do Morumbis em São Paulo Foto: Daniel Ramos
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Mars abre o show com o explosivo funk 24 k. A música tem todos os elementos do gênero. Uma letra ostentação - o clipe, idem. Para por aí. Os fãs de Mars sabem exatamente aonde ele quer e pode chegar. Um lugar confortável. Todos sentem-se à vontade e seguros em ver e ouvir seu ídolo. O tipo de show em que os pais ou responsáveis deixam seus filhos menores de idade frequentar.

“Bruninho, voltou, São Paulo. Bruninho, voltou, porra!”, saudou o cantor, antes de pedir para o público dançar ao som de Finesse e Treasure. Ele seguiu incendiando o público com Liquor Store Blues / Billionaire, já no reggae.

Musicalmente, Mars busca inspiração no que foi feito de melhor nos anos 1970: o soul, o R&B, rock and roll, reggae e disco music. Mars teve ídolos. E melhor: os absorveu para o bem. Quem há de negar que o canto dele tem muito de Michael Jackson, o maior astro pop de todos os tempo?

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A ambição de Mars está em ser tão bom quanto os caras que ele ouviu a vida toda. Se Travis Scott, para ficar em outro exemplo caro à juventude e que tocou no País recentemente, faz o estilo proibidão, Mars é o boa praça que aprendeu meia dúzia de frases em português, vai a um barzinho na Vila Madalena e gosta de chuchar coxinha no creme de milho.

“Eu quero você, gostosa! Gatinha, Gatinha!”, diz quando atende sua ligação no telefone dourado entre a balada Calling All My Lovelies. Pede para ser chamado de Brunão. Ele sabe fazer seu show.

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Ele ri quando o público grita seu nome. Marca o tempo da música em uma coreografia com os companheiros de banda. Em nenhum momento descuida dos vocais, como demonstra, por exemplo, em Versace On The Floor, com direito a improviso com o verbo beijar.

Há no pop mundial grandes embustes - alguns passaram pelo palco do Rock in Rio. Mars, definitivamente, não está entre eles. Nem mesmo quando soa mais banal, como na canção Marry You.

Na sequência, em Run Away, Mars é James Brown, dançando no palco e rasgando a voz no vocal - outra evidente influência.

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Priscila Alcântara, de 49 anos, e as filhas, a Vitória Bias, de 24 anos, e Monise Bias, de 16 anos, vendendo fotos polaroid na fila para o show do Bruno Mars no Estádio do MorumBIS, em São Paulo, em 4 de outubro de 2024. Foto: Sabrina Legramandi/Estadão

No piano, faz o conhecido medley Fuck You / Young, Wild and Free / Grenade / Talking to the Moon / Nothin’ on You / Leave the Door Open / Die With a Smile. Mais uma vez, a qualidade vocal de Mars prevalece. Nem ele mesmo se aguenta quando diz que canta a sequência para as solteiras. “Estou chegando”, diz, em português, entre risos.

A novidade foi Die With a Smile, single com Lady Gaga lançado em agosto de 2024. Balada potente, já estava na boca do público. Bruninho já tem um novo hit para chamar de seu.

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Só não teve Evidências. Se no The Town o tecladista John Fossit tocou o “hino sertanejo” em uma das saídas de Mars do palco, desta vez, ele atacou de Cheia de Manias, hit atemporal do Raça Negra. Ficou algo entre samba e forró eletrônico, e empolgou o público.

O final matador, com direito a muita pirotecnia, seguiu com Locked Out of Heaven, Just The Way You Are e Uptown Funk.

Entre tantas virtudes de Mars, está a de se divertir no palco como um brasileiro. Agradece colocando a bandeira do País no telão e a esticando no fim do bis.

Aliás, foi Mars, com um vídeo de agradecimento ao Brasil no ano passado, que resgatou a camisa da seleção brasileira do sequestro para fins políticos.

Bruninho, venha ao Brasil quando quiser.

Se o Brasil já havia caído de amores por Bruno Mars quando ele foi a grande estrela do festival The Town, em setembro do ano passado, nesta noite de sexta-feira, 4, no Estádio do Morumbis, o País casou definitivamente com o astro pop havaiano.

Quarenta minutos antes do show começar, as arquibancadas já estavam agitadas. Até um simples merchandising nos telões já era motivo de gritaria.

Bruninho, como é conhecido por aqui, deu início a série de 14 apresentações que fará em solo brasileiro. Seis só em São Paulo. Ele se apresenta acompanhado por sua banda - oito integrantes da competente The Hooligans.

O roteiro de 2024 foi bem parecido com o de 2023. Chuva de hits. O cantor não é dado a riscos. Em dez anos de carreira, lançou três álbuns solo de estúdio - o último, 24K Magic, há oito anos - e um punhado de singles. Embora esteja sempre presente com singles, em termos de novo trabalho, daqueles com um conceito embutido, é eternidade em tempos de uma indústria musical faminta por novidades. Não se expor (muito) talvez um de seus segredos para o sucesso.

Bruno Mars fez show aclamado no Estádio do Morumbis em São Paulo Foto: Daniel Ramos

Mars abre o show com o explosivo funk 24 k. A música tem todos os elementos do gênero. Uma letra ostentação - o clipe, idem. Para por aí. Os fãs de Mars sabem exatamente aonde ele quer e pode chegar. Um lugar confortável. Todos sentem-se à vontade e seguros em ver e ouvir seu ídolo. O tipo de show em que os pais ou responsáveis deixam seus filhos menores de idade frequentar.

“Bruninho, voltou, São Paulo. Bruninho, voltou, porra!”, saudou o cantor, antes de pedir para o público dançar ao som de Finesse e Treasure. Ele seguiu incendiando o público com Liquor Store Blues / Billionaire, já no reggae.

Musicalmente, Mars busca inspiração no que foi feito de melhor nos anos 1970: o soul, o R&B, rock and roll, reggae e disco music. Mars teve ídolos. E melhor: os absorveu para o bem. Quem há de negar que o canto dele tem muito de Michael Jackson, o maior astro pop de todos os tempo?

A ambição de Mars está em ser tão bom quanto os caras que ele ouviu a vida toda. Se Travis Scott, para ficar em outro exemplo caro à juventude e que tocou no País recentemente, faz o estilo proibidão, Mars é o boa praça que aprendeu meia dúzia de frases em português, vai a um barzinho na Vila Madalena e gosta de chuchar coxinha no creme de milho.

“Eu quero você, gostosa! Gatinha, Gatinha!”, diz quando atende sua ligação no telefone dourado entre a balada Calling All My Lovelies. Pede para ser chamado de Brunão. Ele sabe fazer seu show.

Ele ri quando o público grita seu nome. Marca o tempo da música em uma coreografia com os companheiros de banda. Em nenhum momento descuida dos vocais, como demonstra, por exemplo, em Versace On The Floor, com direito a improviso com o verbo beijar.

Há no pop mundial grandes embustes - alguns passaram pelo palco do Rock in Rio. Mars, definitivamente, não está entre eles. Nem mesmo quando soa mais banal, como na canção Marry You.

Na sequência, em Run Away, Mars é James Brown, dançando no palco e rasgando a voz no vocal - outra evidente influência.

Priscila Alcântara, de 49 anos, e as filhas, a Vitória Bias, de 24 anos, e Monise Bias, de 16 anos, vendendo fotos polaroid na fila para o show do Bruno Mars no Estádio do MorumBIS, em São Paulo, em 4 de outubro de 2024. Foto: Sabrina Legramandi/Estadão

No piano, faz o conhecido medley Fuck You / Young, Wild and Free / Grenade / Talking to the Moon / Nothin’ on You / Leave the Door Open / Die With a Smile. Mais uma vez, a qualidade vocal de Mars prevalece. Nem ele mesmo se aguenta quando diz que canta a sequência para as solteiras. “Estou chegando”, diz, em português, entre risos.

A novidade foi Die With a Smile, single com Lady Gaga lançado em agosto de 2024. Balada potente, já estava na boca do público. Bruninho já tem um novo hit para chamar de seu.

Só não teve Evidências. Se no The Town o tecladista John Fossit tocou o “hino sertanejo” em uma das saídas de Mars do palco, desta vez, ele atacou de Cheia de Manias, hit atemporal do Raça Negra. Ficou algo entre samba e forró eletrônico, e empolgou o público.

O final matador, com direito a muita pirotecnia, seguiu com Locked Out of Heaven, Just The Way You Are e Uptown Funk.

Entre tantas virtudes de Mars, está a de se divertir no palco como um brasileiro. Agradece colocando a bandeira do País no telão e a esticando no fim do bis.

Aliás, foi Mars, com um vídeo de agradecimento ao Brasil no ano passado, que resgatou a camisa da seleção brasileira do sequestro para fins políticos.

Bruninho, venha ao Brasil quando quiser.

Se o Brasil já havia caído de amores por Bruno Mars quando ele foi a grande estrela do festival The Town, em setembro do ano passado, nesta noite de sexta-feira, 4, no Estádio do Morumbis, o País casou definitivamente com o astro pop havaiano.

Quarenta minutos antes do show começar, as arquibancadas já estavam agitadas. Até um simples merchandising nos telões já era motivo de gritaria.

Bruninho, como é conhecido por aqui, deu início a série de 14 apresentações que fará em solo brasileiro. Seis só em São Paulo. Ele se apresenta acompanhado por sua banda - oito integrantes da competente The Hooligans.

O roteiro de 2024 foi bem parecido com o de 2023. Chuva de hits. O cantor não é dado a riscos. Em dez anos de carreira, lançou três álbuns solo de estúdio - o último, 24K Magic, há oito anos - e um punhado de singles. Embora esteja sempre presente com singles, em termos de novo trabalho, daqueles com um conceito embutido, é eternidade em tempos de uma indústria musical faminta por novidades. Não se expor (muito) talvez um de seus segredos para o sucesso.

Bruno Mars fez show aclamado no Estádio do Morumbis em São Paulo Foto: Daniel Ramos

Mars abre o show com o explosivo funk 24 k. A música tem todos os elementos do gênero. Uma letra ostentação - o clipe, idem. Para por aí. Os fãs de Mars sabem exatamente aonde ele quer e pode chegar. Um lugar confortável. Todos sentem-se à vontade e seguros em ver e ouvir seu ídolo. O tipo de show em que os pais ou responsáveis deixam seus filhos menores de idade frequentar.

“Bruninho, voltou, São Paulo. Bruninho, voltou, porra!”, saudou o cantor, antes de pedir para o público dançar ao som de Finesse e Treasure. Ele seguiu incendiando o público com Liquor Store Blues / Billionaire, já no reggae.

Musicalmente, Mars busca inspiração no que foi feito de melhor nos anos 1970: o soul, o R&B, rock and roll, reggae e disco music. Mars teve ídolos. E melhor: os absorveu para o bem. Quem há de negar que o canto dele tem muito de Michael Jackson, o maior astro pop de todos os tempo?

A ambição de Mars está em ser tão bom quanto os caras que ele ouviu a vida toda. Se Travis Scott, para ficar em outro exemplo caro à juventude e que tocou no País recentemente, faz o estilo proibidão, Mars é o boa praça que aprendeu meia dúzia de frases em português, vai a um barzinho na Vila Madalena e gosta de chuchar coxinha no creme de milho.

“Eu quero você, gostosa! Gatinha, Gatinha!”, diz quando atende sua ligação no telefone dourado entre a balada Calling All My Lovelies. Pede para ser chamado de Brunão. Ele sabe fazer seu show.

Ele ri quando o público grita seu nome. Marca o tempo da música em uma coreografia com os companheiros de banda. Em nenhum momento descuida dos vocais, como demonstra, por exemplo, em Versace On The Floor, com direito a improviso com o verbo beijar.

Há no pop mundial grandes embustes - alguns passaram pelo palco do Rock in Rio. Mars, definitivamente, não está entre eles. Nem mesmo quando soa mais banal, como na canção Marry You.

Na sequência, em Run Away, Mars é James Brown, dançando no palco e rasgando a voz no vocal - outra evidente influência.

Priscila Alcântara, de 49 anos, e as filhas, a Vitória Bias, de 24 anos, e Monise Bias, de 16 anos, vendendo fotos polaroid na fila para o show do Bruno Mars no Estádio do MorumBIS, em São Paulo, em 4 de outubro de 2024. Foto: Sabrina Legramandi/Estadão

No piano, faz o conhecido medley Fuck You / Young, Wild and Free / Grenade / Talking to the Moon / Nothin’ on You / Leave the Door Open / Die With a Smile. Mais uma vez, a qualidade vocal de Mars prevalece. Nem ele mesmo se aguenta quando diz que canta a sequência para as solteiras. “Estou chegando”, diz, em português, entre risos.

A novidade foi Die With a Smile, single com Lady Gaga lançado em agosto de 2024. Balada potente, já estava na boca do público. Bruninho já tem um novo hit para chamar de seu.

Só não teve Evidências. Se no The Town o tecladista John Fossit tocou o “hino sertanejo” em uma das saídas de Mars do palco, desta vez, ele atacou de Cheia de Manias, hit atemporal do Raça Negra. Ficou algo entre samba e forró eletrônico, e empolgou o público.

O final matador, com direito a muita pirotecnia, seguiu com Locked Out of Heaven, Just The Way You Are e Uptown Funk.

Entre tantas virtudes de Mars, está a de se divertir no palco como um brasileiro. Agradece colocando a bandeira do País no telão e a esticando no fim do bis.

Aliás, foi Mars, com um vídeo de agradecimento ao Brasil no ano passado, que resgatou a camisa da seleção brasileira do sequestro para fins políticos.

Bruninho, venha ao Brasil quando quiser.

Opinião por Danilo Casaletti

Repórter de Cultura do Estadão

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