O músico japonês Ryuichi Sakamoto lotou no final do mês passado o Royal Albert Hall, em Londres, durante a apresentação do CD Casa, gravado ano passado na casa de Tom Jobim, no Rio, e inteiramente baseado em composições do músico e compositor brasileiro. O CD conta com parcerias de Jacques e Paula Morelenbaum, no violoncelo e nos vocais. Após ter transitado pelo tecnopop, a música erudita e world music, Sakamoto explicou o que o fascinou na bossa nova de Tom. "É uma música muito controlada. É calma, tem piano e a paixão está toda escondida. É como um oceano, quase sem ondas, mas com muita coisa acontecendo debaixo d´água. É como o canto de João Gilberto, você pode ouvir a paixão, mas ela está escondida dentro da música", disse ele em entrevista à BBC. Para Sakamoto, é essa paixão escondida que faz com que a bossa nova faça tanto sucesso no Japão. Segundo Jacques Morelenbaum, o romantismo e a delicadeza da bossa nova são capazes de cativar todo o mundo. Ele diz que já ouviu Wave, de Tom Jobim, na China e já a tocou na Estônia, com o mesmo entusiasmo do público. A bossa nova, além de cruzar fronteiras, tem se tornado uma influência forte para muitos músicos do mundo, como é o caso de Sakamoto: "Meu primeiro contato com a música de Jobim aconteceu quando eu tinha 11 ou 12 anos e estava tendo lições de piano. A música de Jobim era diferente de tudo que eu conhecia, como Bach, Beethoveen e até os Beatles. Foi também nessa época que conheci Debussy e Ravel. Desde então eles dois e Jobim são parte de uma mesma família para mim." Sakamoto foi apresentado a Morelenbaum por Caetano Veloso.
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