Lollapalooza 2024 busca ‘superar expectativas’ após cancelamentos; veja novidades e o que esperar


Troca de produtora, mudanças no lineup e autódromo reformado marcam festival, que será realizado entre sexta, 22, e domingo, 24, em São Paulo, com Blink-182, Titãs e SZA

Por Dora Guerra
Atualização:

O Lollapalooza 2024 será realizado entre sexta, 22, e domingo, 24, no Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo. Uma espécie de veterano entre os festivais brasileiros, o evento se consolidou na agenda cultural do estado e do País.

Apesar de existir há mais de uma década, o Lollapalooza São Paulo nem sempre foi como é hoje. O festival, que nasceu nos Estados Unidos em 1991 e chegou ao Brasil em 2012, recebeu 60 mil pessoas em sua primeira edição brasileira. Na época, o evento focava em nomes alternativos ao circuito pop, geralmente de gêneros como indie, rock e eletrônica (a primeira edição contou com Foo Fighters, Arctic Monkeys, Skrillex e Calvin Harris).

Hoje, ele é quase outro festival: uma versão inflada, mega patrocinada e menos alternativa do que se viu 12 anos atrás. Mas se recebe 100 mil pessoas anualmente - e, desta vez, esgotou os ingressos Pass (válido para todos os dias) - é porque o Lollapalooza caiu no gosto de muitos.

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Lollapalooza. Foto: Serjão Carvalho/ Estadão

Essa edição de 2024, por exemplo, terá atrações muito esperadas. Tem um line-up tão ‘inovador’ quanto se propunha? Não exatamente. Mas surpreendeu ao anunciar a aguardada cantora americana SZA, grande nome do R&B que virá pela primeira vez ao Brasil. E renovou a fé dos fãs ao confirmar a banda Blink-182, que cancelou sua vinda em 2023 e prometeu vir neste ano. De maneira geral, há todos os dias um show que pode agradar diferentes gostos.

Mas para se manter querido entre os fãs, o Lollapalooza precisa provar que sustentou bem as mudanças de 2024 – da recente troca nos bastidores à frustração pelos cancelamentos. Só neste ano, quatro artistas desistiram de vir, entre eles, a aguardada banda americana de rock Paramore.

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Entenda o que está por trás dessa edição do Lollapalooza

1. Nova gestão e ‘novo’ Autódromo

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Nos bastidores do festival, a grande novidade desta edição é a mudança de gestão. Em 2023, depois de 10 anos e oito edições à frente do evento, a Time4Fun informou que não cuidaria mais do Lollapalooza. A operação, agora, está inteiramente nas mãos da empresa Live Nation, que já era sócia do festival.

Leca Guimarães, diretora mundial do festival, insiste que pouco vai mudar. “A chegada de um novo produtor não altera a base de um dos festivais mais tradicionais de São Paulo”, afirma. “Vamos continuar trabalhando constantemente para levar ao público line-ups diversificados, buscando trazer artistas influentes e representativos de uma variedade de gêneros musicais.”

“A organização do Lollapalooza busca sempre superar as expectativas dos fãs”, garante.

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Lollapalooza em 2023 Foto: Taba Benedicto/Estadão

Além disso, desta vez, o Lollapalooza receberá um “novo Autódromo”. Repaginado para o The Town, ocorrido em setembro de 2023, o espaço agora está mais plano (mas os “morrinhos” em frente ao Palco Budweiser, pontos mais altos que fãs usavam para assistir ao show, seguem lá). Segundo a organização, o evento também ganhou melhorias na infraestrutura, na logística e até nos banheiros.

2. Line-up ‘surpresa’

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Para muitos fãs do festival, há um assunto inevitável: os cancelamentos. Ao longo dos últimos anos, descobrir que os artistas saíram do line-up ficou cada vez mais comum, gerando um desgaste para a imagem do festival.

Em 2022, três artistas cancelaram sua vinda. Em 2023, atrações como Blink-182, Dominic Fike, Willow e 100 Gecs desistiram de suas apresentações meses antes do festival. O canadense Drake, que era headliner confirmado até o final de semana do evento no ano passado, desistiu de última hora.

Em 2024, o festival não escapou à maldição, com quatro cancelamentos até a publicação desta matéria (Jaden, Rina Sawayama, Dove Cameron e Paramore). Ainda que cada caso tenha seus motivos específicos, a frequência com que os cancelamentos ocorrem no Lollapalooza chama a atenção do público.

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No mês passado, a diretora mundial do festival comentou essa questão em entrevista ao UOL e explicou que não existe uma “cláusula de cancelamento” nos contratos. Isso não é uma exclusividade do Lollapalooza Brasil – em 2020, a Billboard americana noticiou que a própria Live Nation tentou mudar as regras de cancelamento para que artistas também arcassem com os prejuízos causados. No entanto, a medida não foi para frente.

Naquela entrevista, Leca Guimarães comentou que o cancelamento também é problemático para o festival. “Ter que sair correndo para achar uma atração disponível em tão pouco tempo é complicado. Tem que acionar os contatos, quase pedir favor. E normalmente sai caro”, disse. “Imprevistos acontecem, mas isso é tão difícil para nós quanto para o público”, finalizou.

Para o público, além da frustração, nem sempre é possível receber o dinheiro de volta. Quando um headliner cancela, o festival costuma oferecer reembolso; no entanto, se há o cancelamento de artistas menores, os fãs não conseguem o estorno. Além disso, há os fãs que moram fora da cidade e já gastaram em transporte e hospedagem.

Larissa Stocco, redatora, social media e fã da banda Paramore, conta que o cancelamento do grupo afetou vários fãs que ela conhece. “Sei de outras pessoas que foram lesadas em questão de passagem aérea, hotel...”, diz.

Larissa, que não mora em São Paulo e também ia ao festival pelo Paramore, teria direito ao reembolso. No entanto, ela comprou o ingresso pela bilheteria e não conseguiu a devolução pelo formulário online.

A experiência foi marcante. “Eu ficaria com um pouco de medo de comprar nos próximos anos, sim, principalmente depois que mais artistas cancelaram. A sensação é de que o line-up não é tão garantido”, disse. “Fica uma certa apreensão até o artista pisar aqui na América do Sul.”

O que resta é confiar na marca Lollapalooza, que ainda carrega uma reputação. “Algumas substituições foram até positivas pra mim pessoalmente”, conta Lucas Brasil, DJ e publicitário. “Fico triste pelos fãs, mas o Skrillex substituir o Drake, pra mim, foi um sonho”, diz ele sobre as mudanças em 2023.

“Apesar da desconfiança de agora, sempre gostei muito do festival como um todo e a curadoria costuma me agradar bastante. Na maioria das vezes, compro antes do anúncio do line-up porque confio que vai ter artista que sou fã, ou serei apresentado a novos que vou virar fã”, completa o DJ.

3. Segurança e infraestrutura

A segurança dos frequentadores de festivais nunca foi uma pauta tão urgente. Nos últimos seis meses, duas tragédias relacionadas a shows ocorreram no Brasil: a morte de Ana Clara Benevides no show de Taylor Swift, pelo calor extremo, no Rio de Janeiro, e do jovem João Vinícius Ferreira Simões, que recebeu uma descarga elétrica após encostar em um food truck, no festival I Wanna Be Tour, também no Rio.

No próprio Lollapalooza, em 2022, um jovem foi atingido por uma estrutura de metal em uma tempestade. Ele foi prontamente socorrido mas, segundo o G1, chegou a ficar seis meses sem andar.

Portanto, a edição de 2024 terá que redobrar os cuidados e se provar um festival mais organizado e confiável – um lugar para onde as pessoas possam ir sem medo.

Lollapalooza São Paulo Foto: TABA BENEDICTO / ESTADÃO

Segundo a organização do evento, haverão oito estações de água potável espalhadas pelo local, onde o público poderá abastecer suas garrafas. Está permitida a entrada de garrafas transparentes, rótulo e sem tampa. Além disso, serão distribuídos squeezes para quem precisar.

O festival também disse que vai distribuir água para os “fãs das grades” - pessoas que eventualmente não vão arriscar perder o lugar estratégico para se hidratar.

E, no caso de calor extremo, ainda de acordo com a organização, será realizado um “processo de nebulização de água” - com mangueiras.

O Lolla ressalta ainda que o festival também está preparado para casos de tempestades ou ventos fortes.

Além disso, segundo Leca Guimarães, o Lollapalooza possui um Centro de Operações que monitora tudo que acontece dentro do Autódromo e trabalha em parceria com órgãos públicos para que o mesmo aconteça no entorno. “Qualquer ocorrência é atendida prontamente pelos seguranças do evento”, garantiu ao Estadão.

Neste ano, uma novidade já tranquiliza os frequentadores: o funcionamento 24h dos metrôs e dos trens até as 2h. É a primeira vez que isso ocorrerá durante o festival. Assim, a tradicionalmente caótica – e corrida – saída do evento pode ser muito mais tranquila.

“Fico muito mais aliviado de não precisar mais ir embora correndo, assim que acaba o último show”, declara Lucas, sobre o fato de ter que correr para pegar o transporte público. “Espero que assim a saída e o caminho até a estação não fiquem mais tão caóticos.”

Show da banda Interpol, durante o Lollapalooza de 2019. Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Ainda é o Lollapalooza

Apesar das mudanças e desafios, este ainda é o Lollapalooza: uma franquia global que, aqui no Brasil, tem anos de existência e segue alinhada às suas outras versões latino-americanas (Chile e Argentina). Um evento que, geralmente, já sabe oferecer a “experiência festival” – e cuja marca, mesmo com desgastes, segue firme no Brasil.

“O Lollapalooza já era”, dizem alguns comentários no perfil do evento. Será? Por um lado, o festival que conhecemos em 2012, 2014 ou 2017 mudou quase inteiramente. Mas, por outro, ele ainda é um mega festival, e, para que uma edição realmente “dê errado”, é preciso muito mais do que uma troca de gestão ou atrações canceladas.

Se não houver nenhum grande problema, tudo se resumirá aos shows: quando os ídolos subirem ao palco, será o evento preferido de muitos neste final de semana, e venderá vários ingressos no ano seguinte.

O que esperar dos principais shows

  • Na sexta-feira, 22, o festival terá atrações nacionais de peso, como Marcelo D2, Baianasystem e Luísa Sonza. Também vale a pena conferir o show do Jungle, banda inglesa de soul em ascensão. Para os fãs de pop punk, esse é o dia: o grupo The Offspring e a banda Blink-182, sucesso dos anos 90/2000, prometem agradar fãs saudosos. LEIA AQUI ENTREVISTA COM NOODLES, DO OFFSPRING
  • No sábado, 23, a programação contará com mais atrações de rock alternativo, como Kings of Leon, King Gizzard & The Lizzard Wizard e Thirty Seconds to Mars. O grupo Limp Bizkit trará um som mais agitado para os palcos, e o dia se encerra com Titãs Encontro, emblemático show que reúne Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto.
  • Já no domingo, 24, há mais atrações pop e R&B, como os headliners SZA e Sam Smith. O brasileiro Gilberto Gil também se apresentará no fim da tarde. Por fim, a banda de hard rock Greta Van Fleet promete um show eletrizante, que encerra a programação.

O Lollapalooza 2024 será realizado entre sexta, 22, e domingo, 24, no Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo. Uma espécie de veterano entre os festivais brasileiros, o evento se consolidou na agenda cultural do estado e do País.

Apesar de existir há mais de uma década, o Lollapalooza São Paulo nem sempre foi como é hoje. O festival, que nasceu nos Estados Unidos em 1991 e chegou ao Brasil em 2012, recebeu 60 mil pessoas em sua primeira edição brasileira. Na época, o evento focava em nomes alternativos ao circuito pop, geralmente de gêneros como indie, rock e eletrônica (a primeira edição contou com Foo Fighters, Arctic Monkeys, Skrillex e Calvin Harris).

Hoje, ele é quase outro festival: uma versão inflada, mega patrocinada e menos alternativa do que se viu 12 anos atrás. Mas se recebe 100 mil pessoas anualmente - e, desta vez, esgotou os ingressos Pass (válido para todos os dias) - é porque o Lollapalooza caiu no gosto de muitos.

Lollapalooza. Foto: Serjão Carvalho/ Estadão

Essa edição de 2024, por exemplo, terá atrações muito esperadas. Tem um line-up tão ‘inovador’ quanto se propunha? Não exatamente. Mas surpreendeu ao anunciar a aguardada cantora americana SZA, grande nome do R&B que virá pela primeira vez ao Brasil. E renovou a fé dos fãs ao confirmar a banda Blink-182, que cancelou sua vinda em 2023 e prometeu vir neste ano. De maneira geral, há todos os dias um show que pode agradar diferentes gostos.

Mas para se manter querido entre os fãs, o Lollapalooza precisa provar que sustentou bem as mudanças de 2024 – da recente troca nos bastidores à frustração pelos cancelamentos. Só neste ano, quatro artistas desistiram de vir, entre eles, a aguardada banda americana de rock Paramore.

Entenda o que está por trás dessa edição do Lollapalooza

1. Nova gestão e ‘novo’ Autódromo

Nos bastidores do festival, a grande novidade desta edição é a mudança de gestão. Em 2023, depois de 10 anos e oito edições à frente do evento, a Time4Fun informou que não cuidaria mais do Lollapalooza. A operação, agora, está inteiramente nas mãos da empresa Live Nation, que já era sócia do festival.

Leca Guimarães, diretora mundial do festival, insiste que pouco vai mudar. “A chegada de um novo produtor não altera a base de um dos festivais mais tradicionais de São Paulo”, afirma. “Vamos continuar trabalhando constantemente para levar ao público line-ups diversificados, buscando trazer artistas influentes e representativos de uma variedade de gêneros musicais.”

“A organização do Lollapalooza busca sempre superar as expectativas dos fãs”, garante.

Lollapalooza em 2023 Foto: Taba Benedicto/Estadão

Além disso, desta vez, o Lollapalooza receberá um “novo Autódromo”. Repaginado para o The Town, ocorrido em setembro de 2023, o espaço agora está mais plano (mas os “morrinhos” em frente ao Palco Budweiser, pontos mais altos que fãs usavam para assistir ao show, seguem lá). Segundo a organização, o evento também ganhou melhorias na infraestrutura, na logística e até nos banheiros.

2. Line-up ‘surpresa’

Para muitos fãs do festival, há um assunto inevitável: os cancelamentos. Ao longo dos últimos anos, descobrir que os artistas saíram do line-up ficou cada vez mais comum, gerando um desgaste para a imagem do festival.

Em 2022, três artistas cancelaram sua vinda. Em 2023, atrações como Blink-182, Dominic Fike, Willow e 100 Gecs desistiram de suas apresentações meses antes do festival. O canadense Drake, que era headliner confirmado até o final de semana do evento no ano passado, desistiu de última hora.

Em 2024, o festival não escapou à maldição, com quatro cancelamentos até a publicação desta matéria (Jaden, Rina Sawayama, Dove Cameron e Paramore). Ainda que cada caso tenha seus motivos específicos, a frequência com que os cancelamentos ocorrem no Lollapalooza chama a atenção do público.

No mês passado, a diretora mundial do festival comentou essa questão em entrevista ao UOL e explicou que não existe uma “cláusula de cancelamento” nos contratos. Isso não é uma exclusividade do Lollapalooza Brasil – em 2020, a Billboard americana noticiou que a própria Live Nation tentou mudar as regras de cancelamento para que artistas também arcassem com os prejuízos causados. No entanto, a medida não foi para frente.

Naquela entrevista, Leca Guimarães comentou que o cancelamento também é problemático para o festival. “Ter que sair correndo para achar uma atração disponível em tão pouco tempo é complicado. Tem que acionar os contatos, quase pedir favor. E normalmente sai caro”, disse. “Imprevistos acontecem, mas isso é tão difícil para nós quanto para o público”, finalizou.

Para o público, além da frustração, nem sempre é possível receber o dinheiro de volta. Quando um headliner cancela, o festival costuma oferecer reembolso; no entanto, se há o cancelamento de artistas menores, os fãs não conseguem o estorno. Além disso, há os fãs que moram fora da cidade e já gastaram em transporte e hospedagem.

Larissa Stocco, redatora, social media e fã da banda Paramore, conta que o cancelamento do grupo afetou vários fãs que ela conhece. “Sei de outras pessoas que foram lesadas em questão de passagem aérea, hotel...”, diz.

Larissa, que não mora em São Paulo e também ia ao festival pelo Paramore, teria direito ao reembolso. No entanto, ela comprou o ingresso pela bilheteria e não conseguiu a devolução pelo formulário online.

A experiência foi marcante. “Eu ficaria com um pouco de medo de comprar nos próximos anos, sim, principalmente depois que mais artistas cancelaram. A sensação é de que o line-up não é tão garantido”, disse. “Fica uma certa apreensão até o artista pisar aqui na América do Sul.”

O que resta é confiar na marca Lollapalooza, que ainda carrega uma reputação. “Algumas substituições foram até positivas pra mim pessoalmente”, conta Lucas Brasil, DJ e publicitário. “Fico triste pelos fãs, mas o Skrillex substituir o Drake, pra mim, foi um sonho”, diz ele sobre as mudanças em 2023.

“Apesar da desconfiança de agora, sempre gostei muito do festival como um todo e a curadoria costuma me agradar bastante. Na maioria das vezes, compro antes do anúncio do line-up porque confio que vai ter artista que sou fã, ou serei apresentado a novos que vou virar fã”, completa o DJ.

3. Segurança e infraestrutura

A segurança dos frequentadores de festivais nunca foi uma pauta tão urgente. Nos últimos seis meses, duas tragédias relacionadas a shows ocorreram no Brasil: a morte de Ana Clara Benevides no show de Taylor Swift, pelo calor extremo, no Rio de Janeiro, e do jovem João Vinícius Ferreira Simões, que recebeu uma descarga elétrica após encostar em um food truck, no festival I Wanna Be Tour, também no Rio.

No próprio Lollapalooza, em 2022, um jovem foi atingido por uma estrutura de metal em uma tempestade. Ele foi prontamente socorrido mas, segundo o G1, chegou a ficar seis meses sem andar.

Portanto, a edição de 2024 terá que redobrar os cuidados e se provar um festival mais organizado e confiável – um lugar para onde as pessoas possam ir sem medo.

Lollapalooza São Paulo Foto: TABA BENEDICTO / ESTADÃO

Segundo a organização do evento, haverão oito estações de água potável espalhadas pelo local, onde o público poderá abastecer suas garrafas. Está permitida a entrada de garrafas transparentes, rótulo e sem tampa. Além disso, serão distribuídos squeezes para quem precisar.

O festival também disse que vai distribuir água para os “fãs das grades” - pessoas que eventualmente não vão arriscar perder o lugar estratégico para se hidratar.

E, no caso de calor extremo, ainda de acordo com a organização, será realizado um “processo de nebulização de água” - com mangueiras.

O Lolla ressalta ainda que o festival também está preparado para casos de tempestades ou ventos fortes.

Além disso, segundo Leca Guimarães, o Lollapalooza possui um Centro de Operações que monitora tudo que acontece dentro do Autódromo e trabalha em parceria com órgãos públicos para que o mesmo aconteça no entorno. “Qualquer ocorrência é atendida prontamente pelos seguranças do evento”, garantiu ao Estadão.

Neste ano, uma novidade já tranquiliza os frequentadores: o funcionamento 24h dos metrôs e dos trens até as 2h. É a primeira vez que isso ocorrerá durante o festival. Assim, a tradicionalmente caótica – e corrida – saída do evento pode ser muito mais tranquila.

“Fico muito mais aliviado de não precisar mais ir embora correndo, assim que acaba o último show”, declara Lucas, sobre o fato de ter que correr para pegar o transporte público. “Espero que assim a saída e o caminho até a estação não fiquem mais tão caóticos.”

Show da banda Interpol, durante o Lollapalooza de 2019. Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Ainda é o Lollapalooza

Apesar das mudanças e desafios, este ainda é o Lollapalooza: uma franquia global que, aqui no Brasil, tem anos de existência e segue alinhada às suas outras versões latino-americanas (Chile e Argentina). Um evento que, geralmente, já sabe oferecer a “experiência festival” – e cuja marca, mesmo com desgastes, segue firme no Brasil.

“O Lollapalooza já era”, dizem alguns comentários no perfil do evento. Será? Por um lado, o festival que conhecemos em 2012, 2014 ou 2017 mudou quase inteiramente. Mas, por outro, ele ainda é um mega festival, e, para que uma edição realmente “dê errado”, é preciso muito mais do que uma troca de gestão ou atrações canceladas.

Se não houver nenhum grande problema, tudo se resumirá aos shows: quando os ídolos subirem ao palco, será o evento preferido de muitos neste final de semana, e venderá vários ingressos no ano seguinte.

O que esperar dos principais shows

  • Na sexta-feira, 22, o festival terá atrações nacionais de peso, como Marcelo D2, Baianasystem e Luísa Sonza. Também vale a pena conferir o show do Jungle, banda inglesa de soul em ascensão. Para os fãs de pop punk, esse é o dia: o grupo The Offspring e a banda Blink-182, sucesso dos anos 90/2000, prometem agradar fãs saudosos. LEIA AQUI ENTREVISTA COM NOODLES, DO OFFSPRING
  • No sábado, 23, a programação contará com mais atrações de rock alternativo, como Kings of Leon, King Gizzard & The Lizzard Wizard e Thirty Seconds to Mars. O grupo Limp Bizkit trará um som mais agitado para os palcos, e o dia se encerra com Titãs Encontro, emblemático show que reúne Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto.
  • Já no domingo, 24, há mais atrações pop e R&B, como os headliners SZA e Sam Smith. O brasileiro Gilberto Gil também se apresentará no fim da tarde. Por fim, a banda de hard rock Greta Van Fleet promete um show eletrizante, que encerra a programação.

O Lollapalooza 2024 será realizado entre sexta, 22, e domingo, 24, no Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo. Uma espécie de veterano entre os festivais brasileiros, o evento se consolidou na agenda cultural do estado e do País.

Apesar de existir há mais de uma década, o Lollapalooza São Paulo nem sempre foi como é hoje. O festival, que nasceu nos Estados Unidos em 1991 e chegou ao Brasil em 2012, recebeu 60 mil pessoas em sua primeira edição brasileira. Na época, o evento focava em nomes alternativos ao circuito pop, geralmente de gêneros como indie, rock e eletrônica (a primeira edição contou com Foo Fighters, Arctic Monkeys, Skrillex e Calvin Harris).

Hoje, ele é quase outro festival: uma versão inflada, mega patrocinada e menos alternativa do que se viu 12 anos atrás. Mas se recebe 100 mil pessoas anualmente - e, desta vez, esgotou os ingressos Pass (válido para todos os dias) - é porque o Lollapalooza caiu no gosto de muitos.

Lollapalooza. Foto: Serjão Carvalho/ Estadão

Essa edição de 2024, por exemplo, terá atrações muito esperadas. Tem um line-up tão ‘inovador’ quanto se propunha? Não exatamente. Mas surpreendeu ao anunciar a aguardada cantora americana SZA, grande nome do R&B que virá pela primeira vez ao Brasil. E renovou a fé dos fãs ao confirmar a banda Blink-182, que cancelou sua vinda em 2023 e prometeu vir neste ano. De maneira geral, há todos os dias um show que pode agradar diferentes gostos.

Mas para se manter querido entre os fãs, o Lollapalooza precisa provar que sustentou bem as mudanças de 2024 – da recente troca nos bastidores à frustração pelos cancelamentos. Só neste ano, quatro artistas desistiram de vir, entre eles, a aguardada banda americana de rock Paramore.

Entenda o que está por trás dessa edição do Lollapalooza

1. Nova gestão e ‘novo’ Autódromo

Nos bastidores do festival, a grande novidade desta edição é a mudança de gestão. Em 2023, depois de 10 anos e oito edições à frente do evento, a Time4Fun informou que não cuidaria mais do Lollapalooza. A operação, agora, está inteiramente nas mãos da empresa Live Nation, que já era sócia do festival.

Leca Guimarães, diretora mundial do festival, insiste que pouco vai mudar. “A chegada de um novo produtor não altera a base de um dos festivais mais tradicionais de São Paulo”, afirma. “Vamos continuar trabalhando constantemente para levar ao público line-ups diversificados, buscando trazer artistas influentes e representativos de uma variedade de gêneros musicais.”

“A organização do Lollapalooza busca sempre superar as expectativas dos fãs”, garante.

Lollapalooza em 2023 Foto: Taba Benedicto/Estadão

Além disso, desta vez, o Lollapalooza receberá um “novo Autódromo”. Repaginado para o The Town, ocorrido em setembro de 2023, o espaço agora está mais plano (mas os “morrinhos” em frente ao Palco Budweiser, pontos mais altos que fãs usavam para assistir ao show, seguem lá). Segundo a organização, o evento também ganhou melhorias na infraestrutura, na logística e até nos banheiros.

2. Line-up ‘surpresa’

Para muitos fãs do festival, há um assunto inevitável: os cancelamentos. Ao longo dos últimos anos, descobrir que os artistas saíram do line-up ficou cada vez mais comum, gerando um desgaste para a imagem do festival.

Em 2022, três artistas cancelaram sua vinda. Em 2023, atrações como Blink-182, Dominic Fike, Willow e 100 Gecs desistiram de suas apresentações meses antes do festival. O canadense Drake, que era headliner confirmado até o final de semana do evento no ano passado, desistiu de última hora.

Em 2024, o festival não escapou à maldição, com quatro cancelamentos até a publicação desta matéria (Jaden, Rina Sawayama, Dove Cameron e Paramore). Ainda que cada caso tenha seus motivos específicos, a frequência com que os cancelamentos ocorrem no Lollapalooza chama a atenção do público.

No mês passado, a diretora mundial do festival comentou essa questão em entrevista ao UOL e explicou que não existe uma “cláusula de cancelamento” nos contratos. Isso não é uma exclusividade do Lollapalooza Brasil – em 2020, a Billboard americana noticiou que a própria Live Nation tentou mudar as regras de cancelamento para que artistas também arcassem com os prejuízos causados. No entanto, a medida não foi para frente.

Naquela entrevista, Leca Guimarães comentou que o cancelamento também é problemático para o festival. “Ter que sair correndo para achar uma atração disponível em tão pouco tempo é complicado. Tem que acionar os contatos, quase pedir favor. E normalmente sai caro”, disse. “Imprevistos acontecem, mas isso é tão difícil para nós quanto para o público”, finalizou.

Para o público, além da frustração, nem sempre é possível receber o dinheiro de volta. Quando um headliner cancela, o festival costuma oferecer reembolso; no entanto, se há o cancelamento de artistas menores, os fãs não conseguem o estorno. Além disso, há os fãs que moram fora da cidade e já gastaram em transporte e hospedagem.

Larissa Stocco, redatora, social media e fã da banda Paramore, conta que o cancelamento do grupo afetou vários fãs que ela conhece. “Sei de outras pessoas que foram lesadas em questão de passagem aérea, hotel...”, diz.

Larissa, que não mora em São Paulo e também ia ao festival pelo Paramore, teria direito ao reembolso. No entanto, ela comprou o ingresso pela bilheteria e não conseguiu a devolução pelo formulário online.

A experiência foi marcante. “Eu ficaria com um pouco de medo de comprar nos próximos anos, sim, principalmente depois que mais artistas cancelaram. A sensação é de que o line-up não é tão garantido”, disse. “Fica uma certa apreensão até o artista pisar aqui na América do Sul.”

O que resta é confiar na marca Lollapalooza, que ainda carrega uma reputação. “Algumas substituições foram até positivas pra mim pessoalmente”, conta Lucas Brasil, DJ e publicitário. “Fico triste pelos fãs, mas o Skrillex substituir o Drake, pra mim, foi um sonho”, diz ele sobre as mudanças em 2023.

“Apesar da desconfiança de agora, sempre gostei muito do festival como um todo e a curadoria costuma me agradar bastante. Na maioria das vezes, compro antes do anúncio do line-up porque confio que vai ter artista que sou fã, ou serei apresentado a novos que vou virar fã”, completa o DJ.

3. Segurança e infraestrutura

A segurança dos frequentadores de festivais nunca foi uma pauta tão urgente. Nos últimos seis meses, duas tragédias relacionadas a shows ocorreram no Brasil: a morte de Ana Clara Benevides no show de Taylor Swift, pelo calor extremo, no Rio de Janeiro, e do jovem João Vinícius Ferreira Simões, que recebeu uma descarga elétrica após encostar em um food truck, no festival I Wanna Be Tour, também no Rio.

No próprio Lollapalooza, em 2022, um jovem foi atingido por uma estrutura de metal em uma tempestade. Ele foi prontamente socorrido mas, segundo o G1, chegou a ficar seis meses sem andar.

Portanto, a edição de 2024 terá que redobrar os cuidados e se provar um festival mais organizado e confiável – um lugar para onde as pessoas possam ir sem medo.

Lollapalooza São Paulo Foto: TABA BENEDICTO / ESTADÃO

Segundo a organização do evento, haverão oito estações de água potável espalhadas pelo local, onde o público poderá abastecer suas garrafas. Está permitida a entrada de garrafas transparentes, rótulo e sem tampa. Além disso, serão distribuídos squeezes para quem precisar.

O festival também disse que vai distribuir água para os “fãs das grades” - pessoas que eventualmente não vão arriscar perder o lugar estratégico para se hidratar.

E, no caso de calor extremo, ainda de acordo com a organização, será realizado um “processo de nebulização de água” - com mangueiras.

O Lolla ressalta ainda que o festival também está preparado para casos de tempestades ou ventos fortes.

Além disso, segundo Leca Guimarães, o Lollapalooza possui um Centro de Operações que monitora tudo que acontece dentro do Autódromo e trabalha em parceria com órgãos públicos para que o mesmo aconteça no entorno. “Qualquer ocorrência é atendida prontamente pelos seguranças do evento”, garantiu ao Estadão.

Neste ano, uma novidade já tranquiliza os frequentadores: o funcionamento 24h dos metrôs e dos trens até as 2h. É a primeira vez que isso ocorrerá durante o festival. Assim, a tradicionalmente caótica – e corrida – saída do evento pode ser muito mais tranquila.

“Fico muito mais aliviado de não precisar mais ir embora correndo, assim que acaba o último show”, declara Lucas, sobre o fato de ter que correr para pegar o transporte público. “Espero que assim a saída e o caminho até a estação não fiquem mais tão caóticos.”

Show da banda Interpol, durante o Lollapalooza de 2019. Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Ainda é o Lollapalooza

Apesar das mudanças e desafios, este ainda é o Lollapalooza: uma franquia global que, aqui no Brasil, tem anos de existência e segue alinhada às suas outras versões latino-americanas (Chile e Argentina). Um evento que, geralmente, já sabe oferecer a “experiência festival” – e cuja marca, mesmo com desgastes, segue firme no Brasil.

“O Lollapalooza já era”, dizem alguns comentários no perfil do evento. Será? Por um lado, o festival que conhecemos em 2012, 2014 ou 2017 mudou quase inteiramente. Mas, por outro, ele ainda é um mega festival, e, para que uma edição realmente “dê errado”, é preciso muito mais do que uma troca de gestão ou atrações canceladas.

Se não houver nenhum grande problema, tudo se resumirá aos shows: quando os ídolos subirem ao palco, será o evento preferido de muitos neste final de semana, e venderá vários ingressos no ano seguinte.

O que esperar dos principais shows

  • Na sexta-feira, 22, o festival terá atrações nacionais de peso, como Marcelo D2, Baianasystem e Luísa Sonza. Também vale a pena conferir o show do Jungle, banda inglesa de soul em ascensão. Para os fãs de pop punk, esse é o dia: o grupo The Offspring e a banda Blink-182, sucesso dos anos 90/2000, prometem agradar fãs saudosos. LEIA AQUI ENTREVISTA COM NOODLES, DO OFFSPRING
  • No sábado, 23, a programação contará com mais atrações de rock alternativo, como Kings of Leon, King Gizzard & The Lizzard Wizard e Thirty Seconds to Mars. O grupo Limp Bizkit trará um som mais agitado para os palcos, e o dia se encerra com Titãs Encontro, emblemático show que reúne Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto.
  • Já no domingo, 24, há mais atrações pop e R&B, como os headliners SZA e Sam Smith. O brasileiro Gilberto Gil também se apresentará no fim da tarde. Por fim, a banda de hard rock Greta Van Fleet promete um show eletrizante, que encerra a programação.

O Lollapalooza 2024 será realizado entre sexta, 22, e domingo, 24, no Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo. Uma espécie de veterano entre os festivais brasileiros, o evento se consolidou na agenda cultural do estado e do País.

Apesar de existir há mais de uma década, o Lollapalooza São Paulo nem sempre foi como é hoje. O festival, que nasceu nos Estados Unidos em 1991 e chegou ao Brasil em 2012, recebeu 60 mil pessoas em sua primeira edição brasileira. Na época, o evento focava em nomes alternativos ao circuito pop, geralmente de gêneros como indie, rock e eletrônica (a primeira edição contou com Foo Fighters, Arctic Monkeys, Skrillex e Calvin Harris).

Hoje, ele é quase outro festival: uma versão inflada, mega patrocinada e menos alternativa do que se viu 12 anos atrás. Mas se recebe 100 mil pessoas anualmente - e, desta vez, esgotou os ingressos Pass (válido para todos os dias) - é porque o Lollapalooza caiu no gosto de muitos.

Lollapalooza. Foto: Serjão Carvalho/ Estadão

Essa edição de 2024, por exemplo, terá atrações muito esperadas. Tem um line-up tão ‘inovador’ quanto se propunha? Não exatamente. Mas surpreendeu ao anunciar a aguardada cantora americana SZA, grande nome do R&B que virá pela primeira vez ao Brasil. E renovou a fé dos fãs ao confirmar a banda Blink-182, que cancelou sua vinda em 2023 e prometeu vir neste ano. De maneira geral, há todos os dias um show que pode agradar diferentes gostos.

Mas para se manter querido entre os fãs, o Lollapalooza precisa provar que sustentou bem as mudanças de 2024 – da recente troca nos bastidores à frustração pelos cancelamentos. Só neste ano, quatro artistas desistiram de vir, entre eles, a aguardada banda americana de rock Paramore.

Entenda o que está por trás dessa edição do Lollapalooza

1. Nova gestão e ‘novo’ Autódromo

Nos bastidores do festival, a grande novidade desta edição é a mudança de gestão. Em 2023, depois de 10 anos e oito edições à frente do evento, a Time4Fun informou que não cuidaria mais do Lollapalooza. A operação, agora, está inteiramente nas mãos da empresa Live Nation, que já era sócia do festival.

Leca Guimarães, diretora mundial do festival, insiste que pouco vai mudar. “A chegada de um novo produtor não altera a base de um dos festivais mais tradicionais de São Paulo”, afirma. “Vamos continuar trabalhando constantemente para levar ao público line-ups diversificados, buscando trazer artistas influentes e representativos de uma variedade de gêneros musicais.”

“A organização do Lollapalooza busca sempre superar as expectativas dos fãs”, garante.

Lollapalooza em 2023 Foto: Taba Benedicto/Estadão

Além disso, desta vez, o Lollapalooza receberá um “novo Autódromo”. Repaginado para o The Town, ocorrido em setembro de 2023, o espaço agora está mais plano (mas os “morrinhos” em frente ao Palco Budweiser, pontos mais altos que fãs usavam para assistir ao show, seguem lá). Segundo a organização, o evento também ganhou melhorias na infraestrutura, na logística e até nos banheiros.

2. Line-up ‘surpresa’

Para muitos fãs do festival, há um assunto inevitável: os cancelamentos. Ao longo dos últimos anos, descobrir que os artistas saíram do line-up ficou cada vez mais comum, gerando um desgaste para a imagem do festival.

Em 2022, três artistas cancelaram sua vinda. Em 2023, atrações como Blink-182, Dominic Fike, Willow e 100 Gecs desistiram de suas apresentações meses antes do festival. O canadense Drake, que era headliner confirmado até o final de semana do evento no ano passado, desistiu de última hora.

Em 2024, o festival não escapou à maldição, com quatro cancelamentos até a publicação desta matéria (Jaden, Rina Sawayama, Dove Cameron e Paramore). Ainda que cada caso tenha seus motivos específicos, a frequência com que os cancelamentos ocorrem no Lollapalooza chama a atenção do público.

No mês passado, a diretora mundial do festival comentou essa questão em entrevista ao UOL e explicou que não existe uma “cláusula de cancelamento” nos contratos. Isso não é uma exclusividade do Lollapalooza Brasil – em 2020, a Billboard americana noticiou que a própria Live Nation tentou mudar as regras de cancelamento para que artistas também arcassem com os prejuízos causados. No entanto, a medida não foi para frente.

Naquela entrevista, Leca Guimarães comentou que o cancelamento também é problemático para o festival. “Ter que sair correndo para achar uma atração disponível em tão pouco tempo é complicado. Tem que acionar os contatos, quase pedir favor. E normalmente sai caro”, disse. “Imprevistos acontecem, mas isso é tão difícil para nós quanto para o público”, finalizou.

Para o público, além da frustração, nem sempre é possível receber o dinheiro de volta. Quando um headliner cancela, o festival costuma oferecer reembolso; no entanto, se há o cancelamento de artistas menores, os fãs não conseguem o estorno. Além disso, há os fãs que moram fora da cidade e já gastaram em transporte e hospedagem.

Larissa Stocco, redatora, social media e fã da banda Paramore, conta que o cancelamento do grupo afetou vários fãs que ela conhece. “Sei de outras pessoas que foram lesadas em questão de passagem aérea, hotel...”, diz.

Larissa, que não mora em São Paulo e também ia ao festival pelo Paramore, teria direito ao reembolso. No entanto, ela comprou o ingresso pela bilheteria e não conseguiu a devolução pelo formulário online.

A experiência foi marcante. “Eu ficaria com um pouco de medo de comprar nos próximos anos, sim, principalmente depois que mais artistas cancelaram. A sensação é de que o line-up não é tão garantido”, disse. “Fica uma certa apreensão até o artista pisar aqui na América do Sul.”

O que resta é confiar na marca Lollapalooza, que ainda carrega uma reputação. “Algumas substituições foram até positivas pra mim pessoalmente”, conta Lucas Brasil, DJ e publicitário. “Fico triste pelos fãs, mas o Skrillex substituir o Drake, pra mim, foi um sonho”, diz ele sobre as mudanças em 2023.

“Apesar da desconfiança de agora, sempre gostei muito do festival como um todo e a curadoria costuma me agradar bastante. Na maioria das vezes, compro antes do anúncio do line-up porque confio que vai ter artista que sou fã, ou serei apresentado a novos que vou virar fã”, completa o DJ.

3. Segurança e infraestrutura

A segurança dos frequentadores de festivais nunca foi uma pauta tão urgente. Nos últimos seis meses, duas tragédias relacionadas a shows ocorreram no Brasil: a morte de Ana Clara Benevides no show de Taylor Swift, pelo calor extremo, no Rio de Janeiro, e do jovem João Vinícius Ferreira Simões, que recebeu uma descarga elétrica após encostar em um food truck, no festival I Wanna Be Tour, também no Rio.

No próprio Lollapalooza, em 2022, um jovem foi atingido por uma estrutura de metal em uma tempestade. Ele foi prontamente socorrido mas, segundo o G1, chegou a ficar seis meses sem andar.

Portanto, a edição de 2024 terá que redobrar os cuidados e se provar um festival mais organizado e confiável – um lugar para onde as pessoas possam ir sem medo.

Lollapalooza São Paulo Foto: TABA BENEDICTO / ESTADÃO

Segundo a organização do evento, haverão oito estações de água potável espalhadas pelo local, onde o público poderá abastecer suas garrafas. Está permitida a entrada de garrafas transparentes, rótulo e sem tampa. Além disso, serão distribuídos squeezes para quem precisar.

O festival também disse que vai distribuir água para os “fãs das grades” - pessoas que eventualmente não vão arriscar perder o lugar estratégico para se hidratar.

E, no caso de calor extremo, ainda de acordo com a organização, será realizado um “processo de nebulização de água” - com mangueiras.

O Lolla ressalta ainda que o festival também está preparado para casos de tempestades ou ventos fortes.

Além disso, segundo Leca Guimarães, o Lollapalooza possui um Centro de Operações que monitora tudo que acontece dentro do Autódromo e trabalha em parceria com órgãos públicos para que o mesmo aconteça no entorno. “Qualquer ocorrência é atendida prontamente pelos seguranças do evento”, garantiu ao Estadão.

Neste ano, uma novidade já tranquiliza os frequentadores: o funcionamento 24h dos metrôs e dos trens até as 2h. É a primeira vez que isso ocorrerá durante o festival. Assim, a tradicionalmente caótica – e corrida – saída do evento pode ser muito mais tranquila.

“Fico muito mais aliviado de não precisar mais ir embora correndo, assim que acaba o último show”, declara Lucas, sobre o fato de ter que correr para pegar o transporte público. “Espero que assim a saída e o caminho até a estação não fiquem mais tão caóticos.”

Show da banda Interpol, durante o Lollapalooza de 2019. Foto: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO

Ainda é o Lollapalooza

Apesar das mudanças e desafios, este ainda é o Lollapalooza: uma franquia global que, aqui no Brasil, tem anos de existência e segue alinhada às suas outras versões latino-americanas (Chile e Argentina). Um evento que, geralmente, já sabe oferecer a “experiência festival” – e cuja marca, mesmo com desgastes, segue firme no Brasil.

“O Lollapalooza já era”, dizem alguns comentários no perfil do evento. Será? Por um lado, o festival que conhecemos em 2012, 2014 ou 2017 mudou quase inteiramente. Mas, por outro, ele ainda é um mega festival, e, para que uma edição realmente “dê errado”, é preciso muito mais do que uma troca de gestão ou atrações canceladas.

Se não houver nenhum grande problema, tudo se resumirá aos shows: quando os ídolos subirem ao palco, será o evento preferido de muitos neste final de semana, e venderá vários ingressos no ano seguinte.

O que esperar dos principais shows

  • Na sexta-feira, 22, o festival terá atrações nacionais de peso, como Marcelo D2, Baianasystem e Luísa Sonza. Também vale a pena conferir o show do Jungle, banda inglesa de soul em ascensão. Para os fãs de pop punk, esse é o dia: o grupo The Offspring e a banda Blink-182, sucesso dos anos 90/2000, prometem agradar fãs saudosos. LEIA AQUI ENTREVISTA COM NOODLES, DO OFFSPRING
  • No sábado, 23, a programação contará com mais atrações de rock alternativo, como Kings of Leon, King Gizzard & The Lizzard Wizard e Thirty Seconds to Mars. O grupo Limp Bizkit trará um som mais agitado para os palcos, e o dia se encerra com Titãs Encontro, emblemático show que reúne Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto.
  • Já no domingo, 24, há mais atrações pop e R&B, como os headliners SZA e Sam Smith. O brasileiro Gilberto Gil também se apresentará no fim da tarde. Por fim, a banda de hard rock Greta Van Fleet promete um show eletrizante, que encerra a programação.

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