Luísa Sonza não vai entrar para a história com o show que fez no palco Samsung Galaxy do Lollapalooza 2024 na tarde desta sexta, 22, mas entregou uma apresentação digna do tamanho do festival.
Desde sua participação no The Town, em setembro de 2023, no mesmo Autódromo de Interlagos, a cantora está em turnê pelo Brasil com as músicas do disco Escândalo Íntimo. Na ocasião, tinha um show bom, competente e recebeu elogios. No Lolla, decidiu não fazer um “copia e cola”, mas a base está lá, para quem quiser ver: no cenário, no setlist (que mudou de ordem, mas teve poucas novidades) e até nos melhores momentos – que foram parecidos.
No The Town, Luísa vivia um período de ouro: Escândalo Íntimo havia feito uma estreia impressionante no streaming, com mais de 8 milhões de reproduções em apenas 13 horas, a cantora estava “nas nuvens” em um relacionamento bastante público com o influenciador Chico Moedas e a canção “Chico”, em homenagem ao namorado, era a mais ouvido no Brasil.
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Seis meses e uma carta aberta sobre traição no programa Mais Você depois, ela vive um período diferente: talvez, musicalmente, não tenha muito a provar neste momento.
Escândalo Íntimo é um disco sólido, bem feito e bem produzido, que consegue carregar um show quase inteiro. Mas há quem diga que a opinião pública sobre ela caiu, seja por sua vida pessoal que ela escolhe manter pública - vide um documentário na Netflix - ou a demora por um posicionamento no caso de racismo que foi acusada em 2023.
O Lollapalooza, com exibição na TV e no streaming, era uma ótima chance de dar o recado: estou aqui porque sou artista e sou boa no que faço. Isso fica claro para quem assiste Luísa de mente aberta, mas ela ainda não consegue se desvencilhar das polêmicas (é provável que talvez nem queira) - antes de subir ao palco, alfinetou um repórter que a havia criticado.
Show demorou a crescer
Luísa subiu ao palco usando um chapéu de cowboy, cropped e calças jeans. Acompanhada de banda, cantoras de apoio e dançarinas, começou chamando o público: “Hoje eu quero ouvir o grito de vocês”. No entanto, isso demorou um pouco para acontecer.
Os fãs mais fiéis, mais próximos ao palco, estavam animados, claro. Mas fazia frio no Autódromo e o público geral parecia engessado, precisando de um calor para conseguir pular e cantar. Ela abriu com “Não Sou Demais”, seguida por “Modo Turbo”, Campo de Morango e Luísa Manequim.
As cantoras de apoio e a banda ajudaram a dar corpo pro show, mas por vezes, como em Mulher do Ano, atrapalharam e o som acabou sobrepondo a voz de Luísa. Uma pena porque canções como “Principalmente Me Sinto Arrasada” e “Surreal” (parceria com Beco Exu do Blues) mostram como a artista é boa vocalista. Não por mostrarem potencial vocal (como faz “Penhasco”), mas por revelaram sua habilidade em traduzir a emoção da letra com a voz.
Um destaque veio pouco depois, quando Luísa cantou versos de “Folhetim”, de Chico Buarque eternizada na voz de Gal Gosta. Uma homenagem discreta, mas que ajudou a dar novidade e emoção pro show. Logo emendou no hit “Chico” – e surpreendeu por não cantar a nova versão, em inglês, lançada recentemente.
O público, que ainda estava morno, foi mais fisgado nesse momento. A cantora seguiu com “Penhasco” e “Penhasco2″, mandou um beijo pra Demi Lovato, que faz participação na canção. Assim como no The Town, homenageou Marília Mendonça antes de “Melhor Sozinha”, música que fizeram juntas.
Foi com a sequência final que Luísa pareceu conquistar o público. Tocou “Anaconda”, “Café da Manhã” (música com Ludmilla) e “Sou Musa do Verão” (novidade no setlist, parceria com o Marshmello, DJ americano de sucesso) e, aí sim, com músicas mais animadas, conseguiu fazer a plateia sair do chão.
Para atestar a comparação, encerrou com “Lança Perfume”. Da mesma forma que há seis meses, colocou Rita Lee no telão, subiu no ombro de um segurança e “foi para a galera”. Talvez o frio tenha atrapalhado, ou quem sabe foi a falta de novidade, mas, ao menos, Luísa conseguiu fazer um show competente e divertido, como ela sabe entregar.