Luana Carvalho, filha de Beth, une álbuns feitos em fases diferentes de sua vida


'Sul | Branco' é disco de estreia da cantora e compositora

Por Adriana Del Ré

Para a cantora e compositora carioca Luana Carvalho, foi um longo caminho até chegar a seu disco duplo de estreia, Sul | Branco. Nessa travessia, ela foi buscando, no seu tempo, seu lugar no mundo. Cursou Letras na PUC-Rio, mas não se formou; foi aluna da Casa das Artes de Laranjeiras, a CAL; chegou a fazer alguns papéis como atriz na TV e no cinema – o que a ajudava a se sustentar enquanto não começava a cantar. Mas seu caso de amor era com a música. Lapidou seu jeito de compor, criou seu estilo. Crescer cercada por artistas foi um privilégio e também lhe revelou os percalços. Afinal, era bom poder jogar bola com Chico Buarque na infância, mas almoçar com amigos da família, como Paulinho da Viola, Maria Bethânia e tantos outros, lhe mostrou que não era apenas uma mesa que separava ela da excelência conquistada por essas ilustres figuras. “Tem um universo entre nós”, diz Luana, de 35 anos, em entrevista ao Estado, por telefone, do Rio. “Um caminho que parecia tão curto, mas que é tão longo.”

Mas seu maior desafio talvez esteja relacionado a ser filha de quem é. Ter como mãe a grande intérprete Beth Carvalho lhe deu menos direito ao anonimato. Tampouco licença para se lançar crua ou ainda tateante na carreira musical. “Para eu aparecer com as minhas canções, sendo filha de uma pessoa que já tem um trabalho muito conhecido, talvez o mais delicado seja o quanto você precisa chegar com um senso estético já muito bem apurado, com uma proposta um pouco mais concreta, mas afinal são muitas vantagens também.” Como jogar bola com Chico Buarque ou se sentar à mesa com Paulinho da Viola, Maria Bethânia, entre outros momentos preciosos. 

Luana. Estreia com disco duplo, 'Sul' e 'Branco': inéditas e regravações Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO
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Luana Carvalho não nega, claro, a influência musical de Beth desde que estava na barriga da mãe. No entanto, “mesmo o samba sendo uma coisa tão presente nos meus quadris, na minha alma”, como ela própria define, Luana revela que sua origem artística vem muito mais do seu avô, pai de Beth, do que de qualquer outro lugar. Seu avô também funcionou como uma figura paterna em sua vida, depois que seu pai, o jogador Édson de Souza Barbosa, mais conhecido como Édson Cegonha, deixou o Brasil para ser treinador no Qatar quando ela ainda era criança. “Até meus 13 anos, meu pai morava no Qatar, vinha me visitar, mas ele morava fora. Por acaso, logo no início da minha infância, meu avô ficou doente e foi morar com a gente.” 

E, como já fazia antes, ele abastecia sempre a neta com frutas, livros e discos. “Ele era um cara que achava que eu tinha que entender Lupicínio Rodrigues e Ataulfo Alves com 5 anos.” Com o pai, o relacionamento só veio mais tarde, depois que ele retornou ao País. “Eu lembro do meu pai todo dia quando me olho no espelho, porque a gente é igual. Tenho oito irmãos por parte de pai e somos todos idênticos a ele”, ela conta. “Fui conhecer meu pai melhor a partir do meio da minha adolescência. Nunca foi uma relação tão próxima, mas muito amorosa, muito respeitosa.” 

Homenagens. Apesar de se enveredar pelo samba em algumas faixas de seu disco duplo, Sul | Branco, Luana Carvalho afasta quaisquer possibilidades de (inevitáveis) comparações com a obra de Beth Carvalho ao seguir por outros ritmos. E, diferentemente da mãe, Luana é também compositora. Os álbuns Sul e Branco são duas versões da mesma Luana, em dois tempos, dois processos, duas pulsações muito diferentes entre si. 

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Com produção de Moreno Veloso, Branco foi gravado antes, levou mais tempo para ser feito, reúne 11 faixas e investe em uma sonoridade de banda, a cargo de um time de músicos de primeira linha, incluindo nomes como Pedro Sá, Domenico Lancellotti, Alberto Continentino, Davi Moraes e Pedro Luís. É um disco autoral, mas que também abre espaço para inéditas de outros autores e também regravações. Assim, além de canções suas, como as boas Garupa (com Lucas Castello Branco) e Eu Só, há a inédita Luz do Âmbar, de Pedro Luís, que a compôs sob encomenda de Luana em homenagem a Lisboa, cidade com a qual ela e Pedro mantêm uma estreita conexão. Entre as regravações, destaque para o samba Força da Imaginação, de Caetano Veloso e Dona Ivone Lara, que foi composto a pedido de Beth Carvalho para seu disco Traço de União (1982). Nessa faixa, Luana conta com a participação afetiva da própria Dona Ivone Lara – e acabou homenageando Caetano, Dona Ivone e a mãe. 

Sul, feito apenas por Luana, Moreno Veloso, Domenico Lancellotti e Pedro Sá, traz a faceta mais intimista da compositora – e sete faixas assinadas só por ela. No álbum, Luana ainda toca violão em todas as faixas. Sul foi elaborado enquanto eles esperavam Branco ser lançado. “Os dois discos têm o mesmo produtor, que é o Moreno, os músicos do Sul estão todos no Branco, tem um caminho que junta os dois. Mas são discos diferentes, poderiam existir sozinhos.”

reference
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Presença. Mas o processo de composição tornou Sul urgente para Luana. “Fui morar no Jardim Botânico, as canções foram todas compostas ali. Uma delas, Oito Navios, eu compus no dia em que eu ouvi o Branco, quase como se fosse uma música que celebrasse minha audição solitária, eu e meu chimarrão, na minha casa. Dali para frente, fui fazendo essas canções. Como o Branco estava demorando por questões burocráticas para sair, sabia que eu queria que aquelas sete canções do Sul fossem as canções que me apresentassem”, explica Luana. “Isso precisava fazer parte de um primeiro trabalho, porque o Sul sou eu profundamente hoje, foi tudo de mais íntimo que aconteceu comigo no último ano. Eu não ia mudar o Branco, porque ele já estava pronto, era outro organismo pronto.” Ela decidiu que iria gravar Sul, nem que fosse só para sair na versão digital. Moreno e companhia, que ela imaginava que iriam demovê-la da ideia – afinal, Branco nem tinha saído ainda na época –, toparam na hora.

No projeto, Beth Carvalho surge como homenageada, mas não faz participação efetiva. Foi pensado assim desde o começo? “Ela está literalmente (nesse trabalho), é quem facilitou a minha vida, para que eu pudesse investir nisso. Mais físico do que ela ali não existe, e acho bonito que seja assim para começar”, responde Luana. “O fato de minha mãe ter colocado minha música (‘Arrasta Sandália’, que foi indicada para o Prêmio da Música Brasileira 2012) num disco dela (Nosso Samba Tá Na Rua) – e jamais seria por uma questão de filha – é uma forma de estar comigo na minha estreia, porque foi a minha primeira canção gravada.”

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Para a cantora e compositora carioca Luana Carvalho, foi um longo caminho até chegar a seu disco duplo de estreia, Sul | Branco. Nessa travessia, ela foi buscando, no seu tempo, seu lugar no mundo. Cursou Letras na PUC-Rio, mas não se formou; foi aluna da Casa das Artes de Laranjeiras, a CAL; chegou a fazer alguns papéis como atriz na TV e no cinema – o que a ajudava a se sustentar enquanto não começava a cantar. Mas seu caso de amor era com a música. Lapidou seu jeito de compor, criou seu estilo. Crescer cercada por artistas foi um privilégio e também lhe revelou os percalços. Afinal, era bom poder jogar bola com Chico Buarque na infância, mas almoçar com amigos da família, como Paulinho da Viola, Maria Bethânia e tantos outros, lhe mostrou que não era apenas uma mesa que separava ela da excelência conquistada por essas ilustres figuras. “Tem um universo entre nós”, diz Luana, de 35 anos, em entrevista ao Estado, por telefone, do Rio. “Um caminho que parecia tão curto, mas que é tão longo.”

Mas seu maior desafio talvez esteja relacionado a ser filha de quem é. Ter como mãe a grande intérprete Beth Carvalho lhe deu menos direito ao anonimato. Tampouco licença para se lançar crua ou ainda tateante na carreira musical. “Para eu aparecer com as minhas canções, sendo filha de uma pessoa que já tem um trabalho muito conhecido, talvez o mais delicado seja o quanto você precisa chegar com um senso estético já muito bem apurado, com uma proposta um pouco mais concreta, mas afinal são muitas vantagens também.” Como jogar bola com Chico Buarque ou se sentar à mesa com Paulinho da Viola, Maria Bethânia, entre outros momentos preciosos. 

Luana. Estreia com disco duplo, 'Sul' e 'Branco': inéditas e regravações Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO

Luana Carvalho não nega, claro, a influência musical de Beth desde que estava na barriga da mãe. No entanto, “mesmo o samba sendo uma coisa tão presente nos meus quadris, na minha alma”, como ela própria define, Luana revela que sua origem artística vem muito mais do seu avô, pai de Beth, do que de qualquer outro lugar. Seu avô também funcionou como uma figura paterna em sua vida, depois que seu pai, o jogador Édson de Souza Barbosa, mais conhecido como Édson Cegonha, deixou o Brasil para ser treinador no Qatar quando ela ainda era criança. “Até meus 13 anos, meu pai morava no Qatar, vinha me visitar, mas ele morava fora. Por acaso, logo no início da minha infância, meu avô ficou doente e foi morar com a gente.” 

E, como já fazia antes, ele abastecia sempre a neta com frutas, livros e discos. “Ele era um cara que achava que eu tinha que entender Lupicínio Rodrigues e Ataulfo Alves com 5 anos.” Com o pai, o relacionamento só veio mais tarde, depois que ele retornou ao País. “Eu lembro do meu pai todo dia quando me olho no espelho, porque a gente é igual. Tenho oito irmãos por parte de pai e somos todos idênticos a ele”, ela conta. “Fui conhecer meu pai melhor a partir do meio da minha adolescência. Nunca foi uma relação tão próxima, mas muito amorosa, muito respeitosa.” 

Homenagens. Apesar de se enveredar pelo samba em algumas faixas de seu disco duplo, Sul | Branco, Luana Carvalho afasta quaisquer possibilidades de (inevitáveis) comparações com a obra de Beth Carvalho ao seguir por outros ritmos. E, diferentemente da mãe, Luana é também compositora. Os álbuns Sul e Branco são duas versões da mesma Luana, em dois tempos, dois processos, duas pulsações muito diferentes entre si. 

Com produção de Moreno Veloso, Branco foi gravado antes, levou mais tempo para ser feito, reúne 11 faixas e investe em uma sonoridade de banda, a cargo de um time de músicos de primeira linha, incluindo nomes como Pedro Sá, Domenico Lancellotti, Alberto Continentino, Davi Moraes e Pedro Luís. É um disco autoral, mas que também abre espaço para inéditas de outros autores e também regravações. Assim, além de canções suas, como as boas Garupa (com Lucas Castello Branco) e Eu Só, há a inédita Luz do Âmbar, de Pedro Luís, que a compôs sob encomenda de Luana em homenagem a Lisboa, cidade com a qual ela e Pedro mantêm uma estreita conexão. Entre as regravações, destaque para o samba Força da Imaginação, de Caetano Veloso e Dona Ivone Lara, que foi composto a pedido de Beth Carvalho para seu disco Traço de União (1982). Nessa faixa, Luana conta com a participação afetiva da própria Dona Ivone Lara – e acabou homenageando Caetano, Dona Ivone e a mãe. 

Sul, feito apenas por Luana, Moreno Veloso, Domenico Lancellotti e Pedro Sá, traz a faceta mais intimista da compositora – e sete faixas assinadas só por ela. No álbum, Luana ainda toca violão em todas as faixas. Sul foi elaborado enquanto eles esperavam Branco ser lançado. “Os dois discos têm o mesmo produtor, que é o Moreno, os músicos do Sul estão todos no Branco, tem um caminho que junta os dois. Mas são discos diferentes, poderiam existir sozinhos.”

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Presença. Mas o processo de composição tornou Sul urgente para Luana. “Fui morar no Jardim Botânico, as canções foram todas compostas ali. Uma delas, Oito Navios, eu compus no dia em que eu ouvi o Branco, quase como se fosse uma música que celebrasse minha audição solitária, eu e meu chimarrão, na minha casa. Dali para frente, fui fazendo essas canções. Como o Branco estava demorando por questões burocráticas para sair, sabia que eu queria que aquelas sete canções do Sul fossem as canções que me apresentassem”, explica Luana. “Isso precisava fazer parte de um primeiro trabalho, porque o Sul sou eu profundamente hoje, foi tudo de mais íntimo que aconteceu comigo no último ano. Eu não ia mudar o Branco, porque ele já estava pronto, era outro organismo pronto.” Ela decidiu que iria gravar Sul, nem que fosse só para sair na versão digital. Moreno e companhia, que ela imaginava que iriam demovê-la da ideia – afinal, Branco nem tinha saído ainda na época –, toparam na hora.

No projeto, Beth Carvalho surge como homenageada, mas não faz participação efetiva. Foi pensado assim desde o começo? “Ela está literalmente (nesse trabalho), é quem facilitou a minha vida, para que eu pudesse investir nisso. Mais físico do que ela ali não existe, e acho bonito que seja assim para começar”, responde Luana. “O fato de minha mãe ter colocado minha música (‘Arrasta Sandália’, que foi indicada para o Prêmio da Música Brasileira 2012) num disco dela (Nosso Samba Tá Na Rua) – e jamais seria por uma questão de filha – é uma forma de estar comigo na minha estreia, porque foi a minha primeira canção gravada.”

Para a cantora e compositora carioca Luana Carvalho, foi um longo caminho até chegar a seu disco duplo de estreia, Sul | Branco. Nessa travessia, ela foi buscando, no seu tempo, seu lugar no mundo. Cursou Letras na PUC-Rio, mas não se formou; foi aluna da Casa das Artes de Laranjeiras, a CAL; chegou a fazer alguns papéis como atriz na TV e no cinema – o que a ajudava a se sustentar enquanto não começava a cantar. Mas seu caso de amor era com a música. Lapidou seu jeito de compor, criou seu estilo. Crescer cercada por artistas foi um privilégio e também lhe revelou os percalços. Afinal, era bom poder jogar bola com Chico Buarque na infância, mas almoçar com amigos da família, como Paulinho da Viola, Maria Bethânia e tantos outros, lhe mostrou que não era apenas uma mesa que separava ela da excelência conquistada por essas ilustres figuras. “Tem um universo entre nós”, diz Luana, de 35 anos, em entrevista ao Estado, por telefone, do Rio. “Um caminho que parecia tão curto, mas que é tão longo.”

Mas seu maior desafio talvez esteja relacionado a ser filha de quem é. Ter como mãe a grande intérprete Beth Carvalho lhe deu menos direito ao anonimato. Tampouco licença para se lançar crua ou ainda tateante na carreira musical. “Para eu aparecer com as minhas canções, sendo filha de uma pessoa que já tem um trabalho muito conhecido, talvez o mais delicado seja o quanto você precisa chegar com um senso estético já muito bem apurado, com uma proposta um pouco mais concreta, mas afinal são muitas vantagens também.” Como jogar bola com Chico Buarque ou se sentar à mesa com Paulinho da Viola, Maria Bethânia, entre outros momentos preciosos. 

Luana. Estreia com disco duplo, 'Sul' e 'Branco': inéditas e regravações Foto: FABIO MOTTA/ESTADÃO

Luana Carvalho não nega, claro, a influência musical de Beth desde que estava na barriga da mãe. No entanto, “mesmo o samba sendo uma coisa tão presente nos meus quadris, na minha alma”, como ela própria define, Luana revela que sua origem artística vem muito mais do seu avô, pai de Beth, do que de qualquer outro lugar. Seu avô também funcionou como uma figura paterna em sua vida, depois que seu pai, o jogador Édson de Souza Barbosa, mais conhecido como Édson Cegonha, deixou o Brasil para ser treinador no Qatar quando ela ainda era criança. “Até meus 13 anos, meu pai morava no Qatar, vinha me visitar, mas ele morava fora. Por acaso, logo no início da minha infância, meu avô ficou doente e foi morar com a gente.” 

E, como já fazia antes, ele abastecia sempre a neta com frutas, livros e discos. “Ele era um cara que achava que eu tinha que entender Lupicínio Rodrigues e Ataulfo Alves com 5 anos.” Com o pai, o relacionamento só veio mais tarde, depois que ele retornou ao País. “Eu lembro do meu pai todo dia quando me olho no espelho, porque a gente é igual. Tenho oito irmãos por parte de pai e somos todos idênticos a ele”, ela conta. “Fui conhecer meu pai melhor a partir do meio da minha adolescência. Nunca foi uma relação tão próxima, mas muito amorosa, muito respeitosa.” 

Homenagens. Apesar de se enveredar pelo samba em algumas faixas de seu disco duplo, Sul | Branco, Luana Carvalho afasta quaisquer possibilidades de (inevitáveis) comparações com a obra de Beth Carvalho ao seguir por outros ritmos. E, diferentemente da mãe, Luana é também compositora. Os álbuns Sul e Branco são duas versões da mesma Luana, em dois tempos, dois processos, duas pulsações muito diferentes entre si. 

Com produção de Moreno Veloso, Branco foi gravado antes, levou mais tempo para ser feito, reúne 11 faixas e investe em uma sonoridade de banda, a cargo de um time de músicos de primeira linha, incluindo nomes como Pedro Sá, Domenico Lancellotti, Alberto Continentino, Davi Moraes e Pedro Luís. É um disco autoral, mas que também abre espaço para inéditas de outros autores e também regravações. Assim, além de canções suas, como as boas Garupa (com Lucas Castello Branco) e Eu Só, há a inédita Luz do Âmbar, de Pedro Luís, que a compôs sob encomenda de Luana em homenagem a Lisboa, cidade com a qual ela e Pedro mantêm uma estreita conexão. Entre as regravações, destaque para o samba Força da Imaginação, de Caetano Veloso e Dona Ivone Lara, que foi composto a pedido de Beth Carvalho para seu disco Traço de União (1982). Nessa faixa, Luana conta com a participação afetiva da própria Dona Ivone Lara – e acabou homenageando Caetano, Dona Ivone e a mãe. 

Sul, feito apenas por Luana, Moreno Veloso, Domenico Lancellotti e Pedro Sá, traz a faceta mais intimista da compositora – e sete faixas assinadas só por ela. No álbum, Luana ainda toca violão em todas as faixas. Sul foi elaborado enquanto eles esperavam Branco ser lançado. “Os dois discos têm o mesmo produtor, que é o Moreno, os músicos do Sul estão todos no Branco, tem um caminho que junta os dois. Mas são discos diferentes, poderiam existir sozinhos.”

reference

Presença. Mas o processo de composição tornou Sul urgente para Luana. “Fui morar no Jardim Botânico, as canções foram todas compostas ali. Uma delas, Oito Navios, eu compus no dia em que eu ouvi o Branco, quase como se fosse uma música que celebrasse minha audição solitária, eu e meu chimarrão, na minha casa. Dali para frente, fui fazendo essas canções. Como o Branco estava demorando por questões burocráticas para sair, sabia que eu queria que aquelas sete canções do Sul fossem as canções que me apresentassem”, explica Luana. “Isso precisava fazer parte de um primeiro trabalho, porque o Sul sou eu profundamente hoje, foi tudo de mais íntimo que aconteceu comigo no último ano. Eu não ia mudar o Branco, porque ele já estava pronto, era outro organismo pronto.” Ela decidiu que iria gravar Sul, nem que fosse só para sair na versão digital. Moreno e companhia, que ela imaginava que iriam demovê-la da ideia – afinal, Branco nem tinha saído ainda na época –, toparam na hora.

No projeto, Beth Carvalho surge como homenageada, mas não faz participação efetiva. Foi pensado assim desde o começo? “Ela está literalmente (nesse trabalho), é quem facilitou a minha vida, para que eu pudesse investir nisso. Mais físico do que ela ali não existe, e acho bonito que seja assim para começar”, responde Luana. “O fato de minha mãe ter colocado minha música (‘Arrasta Sandália’, que foi indicada para o Prêmio da Música Brasileira 2012) num disco dela (Nosso Samba Tá Na Rua) – e jamais seria por uma questão de filha – é uma forma de estar comigo na minha estreia, porque foi a minha primeira canção gravada.”

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