McFly explica (ou tenta explicar) como se sente como uma banda de rock, pop ou ambos


Grupo inglês volta ao Brasil depois de dois anos, com shows em São Paulo e Rio de Janeiro, explica a relação única com o público brasileiro e ainda faz uma autoanálise sobre o rótulo de boyband recebido no início da carreira

Por Dora Guerra
Atualização:

Para a banda McFly, visitar o Brasil em turnê “tem uma sensação de liberdade”.

Prestes a fazer mais uma passagem pelo País, a banda inglesa tem duas apresentações marcadas em São Paulo (nos dias 2 e 3 de maio, no Espaço Unimed) e uma no Rio de Janeiro (dia 5 de maio, no Qualistage). Mas apesar de ser uma agenda de trabalho, os músicos afirmam que vir ao Brasil é “como tirar férias”.

McFly se apresenta no Brasil Foto: Divulgação/Haris Nukem/McFly
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“Estamos muito animados [para ir ao Brasil]”, diz o baterista Harry Judd. “Quando tocamos no Reino Unido, tem uma sensação de coisas diárias que temos que fazer, coisas sobre família que ficam no fundo da mente. Amamos nossa família [risos], mas no Brasil, nos sentimos livres”.

Na verdade, eles sentiram essa liberdade há pouco tempo. Em 2022, a banda fez seis shows pelo País, incluindo cidades como Porto Alegre, Ribeirão Preto e Belo Horizonte. E contaram com convidados especiais: além da cantora Manu Gavassi, o grupo levou a brasileira Fresno para o palco.

“McFresno” deu tão certo que rendeu música (Broken For You) e, segundo um anúncio feito na última sexta-feira, 26, vai acontecer de novo nos shows em São Paulo.

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O grupo, que diz amar a “paixão dos fãs brasileiros”, foi desenvolvendo uma relação de carinho com o Brasil. Mas quando questionados sobre a sua melhor memória aqui, a resposta do McFly é típica de turistas.

“[Em 2022], ficamos mais cinco dias e fizemos todo o roteiro do Cristo Redentor, pegamos um barco... Fomos de bondinho ao Pão de Açúcar. Ah, e fomos ao Aquário”, conta Danny Jones, repetindo a palavra “aquário” em um português de boas intenções, mas nem tão boa execução.

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Os músicos são genuinamente britânicos: polidos, sarcásticos, mas sempre com senso de humor. Falar com a imprensa já é perfeitamente natural para a banda londrina, que lançou seu primeiro disco em 2004. Tom Fletcher, Danny Jones, Harry Judd e Dougie Poynter não só se tornaram adultos ao mesmo tempo; eles também aprenderam, juntos, a ser figuras públicas.

Prestes a desembarcar no Brasil, a banda – agora veterana – falou ao Estadão sobre quem é o McFly, vinte anos depois de seu primeiro álbum. Veja:

Shows no Brasil e no mundo marcaram novo momento

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O disco mais recente do grupo, Power To Play (2023), foi gravado após a última leva de shows da banda, incluindo a passagem pelo Brasil. E para Judd, foi exatamente esse período que colocou o grupo de volta no eixo.

“[Esses shows] nos lembraram quem somos como banda”, diz o baterista. “Acho que não tínhamos tocado juntos por uns três anos, de 2016 a 2019, então o Covid aconteceu. E então, de repente, estávamos de volta à estrada. E eu acho que sim, de repente nós nos lembramos por que estamos aqui”.

Acima de tudo, eles começaram a imaginar o álbum que representaria sua energia em cima dos palcos. “Algumas pessoas nos veem ao vivo e dizem: ‘Eu não gosto do disco, mas gostei do show’. E se você vem e nos vê ao vivo, é assim que gostaríamos de ser vistos. E é isso que tentamos levar para o nosso último álbum”.

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“Nós achamos que o show tem que ser ‘descarado’ e gostamos de impacto, gostamos de entretenimento e diversão. E então acho que sempre devemos lembrar disso e tentar traduzir isso através de nossos discos”, reflete Judd.

Como fizeram muitas bandas que se consolidaram nos anos 2000, o McFly tinha um caminho óbvio possível: o de voltar para as suas raízes, revisitando o tipo de som que os consagrou. No caso dos londrinos, seria o pop rock inspirado pelos anos 60, Beatles e Beach Boys. Mas Power to Play recusou a autorreferência e, na verdade, buscou inspiração nos anos 80.

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“Nós percebemos que os anos 80 era uma época que tinha, basicamente, música pop com guitarras”, conta Jones. “Temos esses vídeos com o Bon Jovi e todas essas bandas incríveis. Era música pop, mas tinha guitarras. Percebemos isso e pensamos: ‘Talvez haja um espaço para nós aqui’”.

Assim, o McFly aumentou o volume e mirou no hard rock, com riffs marcantes e refrões chiclete. “Voltamos às boas melodias, mas tocando como uma banda e nos certificando de que as guitarras estejam ‘na sua cara’”, completa Jones.

No meio da entrevista, até então conduzida com Danny Jones e Harry Judd, os outros dois membros da banda invadem a sala. De repente, na câmera, surgem Tom Fletcher e Dougie Poynter. “Estavam conversando com alguém menos legal”, brinca Judd. “Na verdade, somos a equipe de Relações Públicas do McFly. Pule essa pergunta, está deixando meu cliente desconfortável”, diz Poynter.

‘Uma banda de rock que é bem pop’

Seja em entrevistas ou nas próprias músicas, o McFly não se leva a sério demais. Para uma banda que lutava com a própria imagem, talvez seja uma estratégia de sobrevivência.

Em 2004, em seu primeiro disco, o McFly se tornou o grupo mais jovem a ter um álbum de estreia em primeiro lugar no Reino Unido – feito que, na época, quebrou o recorde dos Beatles. Catapultados à fama, os quatro jovens receberam uma série de rótulos que não pediram.

“Nós não tivemos tempo para nos desenvolver e evoluir como banda. De repente, estávamos lançando músicas aos 18, com uma grande gravadora. Foi ótimo, mas sim, nós nos sentíamos um pouco restringidos”, conta Judd.

Ao conquistar milhares de fãs em todo o mundo (geralmente meninas), o McFly foi rapidamente rotulado como boyband pela mídia. Hoje, o título não é bem-visto pela banda, que sentiu uma pressão para conquistar o respeito da imprensa. “Estávamos sempre tentando entrar nas rádios inglesas e tocar aqui, mas querendo ser respeitados”, reflete Judd.

Para ele, “definitivamente” há espaço para questionar “a percepção que as pessoas têm” do grupo. “Mas acho que agora onde estamos podemos olhar para trás e entender por que houve essas percepções. É por isso que é bastante revigorante para nós quando estamos no Brasil, porque não acho que houve esse tipo de preconceito na primeira vez [que viemos]”, diz.

McFly vem ao Brasil neste mês de maio Foto: Divulgação/Derek Bremmer/McFly

Ao contrário de muitos músicos que se identificam com o rock, o quarteto diz não ter problema nenhum com o rótulo “pop”. “Nossas melodias são pop e isso é muito bom. Mesmo as bandas de metal e rock de maior sucesso têm melodias pop e outras coisas”, acrescenta Harry.

Quem é, afinal, o McFly? Com duas décadas de carreira, eles estão chegando perto da resposta. “[Nos últimos 20 anos], houve uma jornada constante de exploração e descoberta. Você fica tentando descobrir o que ou quem você é a todo momento. Mas eu acho que nós nos vemos como uma banda única. Uma banda de rock, que também é bem pop”.

Para a banda McFly, visitar o Brasil em turnê “tem uma sensação de liberdade”.

Prestes a fazer mais uma passagem pelo País, a banda inglesa tem duas apresentações marcadas em São Paulo (nos dias 2 e 3 de maio, no Espaço Unimed) e uma no Rio de Janeiro (dia 5 de maio, no Qualistage). Mas apesar de ser uma agenda de trabalho, os músicos afirmam que vir ao Brasil é “como tirar férias”.

McFly se apresenta no Brasil Foto: Divulgação/Haris Nukem/McFly

“Estamos muito animados [para ir ao Brasil]”, diz o baterista Harry Judd. “Quando tocamos no Reino Unido, tem uma sensação de coisas diárias que temos que fazer, coisas sobre família que ficam no fundo da mente. Amamos nossa família [risos], mas no Brasil, nos sentimos livres”.

Na verdade, eles sentiram essa liberdade há pouco tempo. Em 2022, a banda fez seis shows pelo País, incluindo cidades como Porto Alegre, Ribeirão Preto e Belo Horizonte. E contaram com convidados especiais: além da cantora Manu Gavassi, o grupo levou a brasileira Fresno para o palco.

“McFresno” deu tão certo que rendeu música (Broken For You) e, segundo um anúncio feito na última sexta-feira, 26, vai acontecer de novo nos shows em São Paulo.

O grupo, que diz amar a “paixão dos fãs brasileiros”, foi desenvolvendo uma relação de carinho com o Brasil. Mas quando questionados sobre a sua melhor memória aqui, a resposta do McFly é típica de turistas.

“[Em 2022], ficamos mais cinco dias e fizemos todo o roteiro do Cristo Redentor, pegamos um barco... Fomos de bondinho ao Pão de Açúcar. Ah, e fomos ao Aquário”, conta Danny Jones, repetindo a palavra “aquário” em um português de boas intenções, mas nem tão boa execução.

Os músicos são genuinamente britânicos: polidos, sarcásticos, mas sempre com senso de humor. Falar com a imprensa já é perfeitamente natural para a banda londrina, que lançou seu primeiro disco em 2004. Tom Fletcher, Danny Jones, Harry Judd e Dougie Poynter não só se tornaram adultos ao mesmo tempo; eles também aprenderam, juntos, a ser figuras públicas.

Prestes a desembarcar no Brasil, a banda – agora veterana – falou ao Estadão sobre quem é o McFly, vinte anos depois de seu primeiro álbum. Veja:

Shows no Brasil e no mundo marcaram novo momento

O disco mais recente do grupo, Power To Play (2023), foi gravado após a última leva de shows da banda, incluindo a passagem pelo Brasil. E para Judd, foi exatamente esse período que colocou o grupo de volta no eixo.

“[Esses shows] nos lembraram quem somos como banda”, diz o baterista. “Acho que não tínhamos tocado juntos por uns três anos, de 2016 a 2019, então o Covid aconteceu. E então, de repente, estávamos de volta à estrada. E eu acho que sim, de repente nós nos lembramos por que estamos aqui”.

Acima de tudo, eles começaram a imaginar o álbum que representaria sua energia em cima dos palcos. “Algumas pessoas nos veem ao vivo e dizem: ‘Eu não gosto do disco, mas gostei do show’. E se você vem e nos vê ao vivo, é assim que gostaríamos de ser vistos. E é isso que tentamos levar para o nosso último álbum”.

“Nós achamos que o show tem que ser ‘descarado’ e gostamos de impacto, gostamos de entretenimento e diversão. E então acho que sempre devemos lembrar disso e tentar traduzir isso através de nossos discos”, reflete Judd.

Como fizeram muitas bandas que se consolidaram nos anos 2000, o McFly tinha um caminho óbvio possível: o de voltar para as suas raízes, revisitando o tipo de som que os consagrou. No caso dos londrinos, seria o pop rock inspirado pelos anos 60, Beatles e Beach Boys. Mas Power to Play recusou a autorreferência e, na verdade, buscou inspiração nos anos 80.

“Nós percebemos que os anos 80 era uma época que tinha, basicamente, música pop com guitarras”, conta Jones. “Temos esses vídeos com o Bon Jovi e todas essas bandas incríveis. Era música pop, mas tinha guitarras. Percebemos isso e pensamos: ‘Talvez haja um espaço para nós aqui’”.

Assim, o McFly aumentou o volume e mirou no hard rock, com riffs marcantes e refrões chiclete. “Voltamos às boas melodias, mas tocando como uma banda e nos certificando de que as guitarras estejam ‘na sua cara’”, completa Jones.

No meio da entrevista, até então conduzida com Danny Jones e Harry Judd, os outros dois membros da banda invadem a sala. De repente, na câmera, surgem Tom Fletcher e Dougie Poynter. “Estavam conversando com alguém menos legal”, brinca Judd. “Na verdade, somos a equipe de Relações Públicas do McFly. Pule essa pergunta, está deixando meu cliente desconfortável”, diz Poynter.

‘Uma banda de rock que é bem pop’

Seja em entrevistas ou nas próprias músicas, o McFly não se leva a sério demais. Para uma banda que lutava com a própria imagem, talvez seja uma estratégia de sobrevivência.

Em 2004, em seu primeiro disco, o McFly se tornou o grupo mais jovem a ter um álbum de estreia em primeiro lugar no Reino Unido – feito que, na época, quebrou o recorde dos Beatles. Catapultados à fama, os quatro jovens receberam uma série de rótulos que não pediram.

“Nós não tivemos tempo para nos desenvolver e evoluir como banda. De repente, estávamos lançando músicas aos 18, com uma grande gravadora. Foi ótimo, mas sim, nós nos sentíamos um pouco restringidos”, conta Judd.

Ao conquistar milhares de fãs em todo o mundo (geralmente meninas), o McFly foi rapidamente rotulado como boyband pela mídia. Hoje, o título não é bem-visto pela banda, que sentiu uma pressão para conquistar o respeito da imprensa. “Estávamos sempre tentando entrar nas rádios inglesas e tocar aqui, mas querendo ser respeitados”, reflete Judd.

Para ele, “definitivamente” há espaço para questionar “a percepção que as pessoas têm” do grupo. “Mas acho que agora onde estamos podemos olhar para trás e entender por que houve essas percepções. É por isso que é bastante revigorante para nós quando estamos no Brasil, porque não acho que houve esse tipo de preconceito na primeira vez [que viemos]”, diz.

McFly vem ao Brasil neste mês de maio Foto: Divulgação/Derek Bremmer/McFly

Ao contrário de muitos músicos que se identificam com o rock, o quarteto diz não ter problema nenhum com o rótulo “pop”. “Nossas melodias são pop e isso é muito bom. Mesmo as bandas de metal e rock de maior sucesso têm melodias pop e outras coisas”, acrescenta Harry.

Quem é, afinal, o McFly? Com duas décadas de carreira, eles estão chegando perto da resposta. “[Nos últimos 20 anos], houve uma jornada constante de exploração e descoberta. Você fica tentando descobrir o que ou quem você é a todo momento. Mas eu acho que nós nos vemos como uma banda única. Uma banda de rock, que também é bem pop”.

Para a banda McFly, visitar o Brasil em turnê “tem uma sensação de liberdade”.

Prestes a fazer mais uma passagem pelo País, a banda inglesa tem duas apresentações marcadas em São Paulo (nos dias 2 e 3 de maio, no Espaço Unimed) e uma no Rio de Janeiro (dia 5 de maio, no Qualistage). Mas apesar de ser uma agenda de trabalho, os músicos afirmam que vir ao Brasil é “como tirar férias”.

McFly se apresenta no Brasil Foto: Divulgação/Haris Nukem/McFly

“Estamos muito animados [para ir ao Brasil]”, diz o baterista Harry Judd. “Quando tocamos no Reino Unido, tem uma sensação de coisas diárias que temos que fazer, coisas sobre família que ficam no fundo da mente. Amamos nossa família [risos], mas no Brasil, nos sentimos livres”.

Na verdade, eles sentiram essa liberdade há pouco tempo. Em 2022, a banda fez seis shows pelo País, incluindo cidades como Porto Alegre, Ribeirão Preto e Belo Horizonte. E contaram com convidados especiais: além da cantora Manu Gavassi, o grupo levou a brasileira Fresno para o palco.

“McFresno” deu tão certo que rendeu música (Broken For You) e, segundo um anúncio feito na última sexta-feira, 26, vai acontecer de novo nos shows em São Paulo.

O grupo, que diz amar a “paixão dos fãs brasileiros”, foi desenvolvendo uma relação de carinho com o Brasil. Mas quando questionados sobre a sua melhor memória aqui, a resposta do McFly é típica de turistas.

“[Em 2022], ficamos mais cinco dias e fizemos todo o roteiro do Cristo Redentor, pegamos um barco... Fomos de bondinho ao Pão de Açúcar. Ah, e fomos ao Aquário”, conta Danny Jones, repetindo a palavra “aquário” em um português de boas intenções, mas nem tão boa execução.

Os músicos são genuinamente britânicos: polidos, sarcásticos, mas sempre com senso de humor. Falar com a imprensa já é perfeitamente natural para a banda londrina, que lançou seu primeiro disco em 2004. Tom Fletcher, Danny Jones, Harry Judd e Dougie Poynter não só se tornaram adultos ao mesmo tempo; eles também aprenderam, juntos, a ser figuras públicas.

Prestes a desembarcar no Brasil, a banda – agora veterana – falou ao Estadão sobre quem é o McFly, vinte anos depois de seu primeiro álbum. Veja:

Shows no Brasil e no mundo marcaram novo momento

O disco mais recente do grupo, Power To Play (2023), foi gravado após a última leva de shows da banda, incluindo a passagem pelo Brasil. E para Judd, foi exatamente esse período que colocou o grupo de volta no eixo.

“[Esses shows] nos lembraram quem somos como banda”, diz o baterista. “Acho que não tínhamos tocado juntos por uns três anos, de 2016 a 2019, então o Covid aconteceu. E então, de repente, estávamos de volta à estrada. E eu acho que sim, de repente nós nos lembramos por que estamos aqui”.

Acima de tudo, eles começaram a imaginar o álbum que representaria sua energia em cima dos palcos. “Algumas pessoas nos veem ao vivo e dizem: ‘Eu não gosto do disco, mas gostei do show’. E se você vem e nos vê ao vivo, é assim que gostaríamos de ser vistos. E é isso que tentamos levar para o nosso último álbum”.

“Nós achamos que o show tem que ser ‘descarado’ e gostamos de impacto, gostamos de entretenimento e diversão. E então acho que sempre devemos lembrar disso e tentar traduzir isso através de nossos discos”, reflete Judd.

Como fizeram muitas bandas que se consolidaram nos anos 2000, o McFly tinha um caminho óbvio possível: o de voltar para as suas raízes, revisitando o tipo de som que os consagrou. No caso dos londrinos, seria o pop rock inspirado pelos anos 60, Beatles e Beach Boys. Mas Power to Play recusou a autorreferência e, na verdade, buscou inspiração nos anos 80.

“Nós percebemos que os anos 80 era uma época que tinha, basicamente, música pop com guitarras”, conta Jones. “Temos esses vídeos com o Bon Jovi e todas essas bandas incríveis. Era música pop, mas tinha guitarras. Percebemos isso e pensamos: ‘Talvez haja um espaço para nós aqui’”.

Assim, o McFly aumentou o volume e mirou no hard rock, com riffs marcantes e refrões chiclete. “Voltamos às boas melodias, mas tocando como uma banda e nos certificando de que as guitarras estejam ‘na sua cara’”, completa Jones.

No meio da entrevista, até então conduzida com Danny Jones e Harry Judd, os outros dois membros da banda invadem a sala. De repente, na câmera, surgem Tom Fletcher e Dougie Poynter. “Estavam conversando com alguém menos legal”, brinca Judd. “Na verdade, somos a equipe de Relações Públicas do McFly. Pule essa pergunta, está deixando meu cliente desconfortável”, diz Poynter.

‘Uma banda de rock que é bem pop’

Seja em entrevistas ou nas próprias músicas, o McFly não se leva a sério demais. Para uma banda que lutava com a própria imagem, talvez seja uma estratégia de sobrevivência.

Em 2004, em seu primeiro disco, o McFly se tornou o grupo mais jovem a ter um álbum de estreia em primeiro lugar no Reino Unido – feito que, na época, quebrou o recorde dos Beatles. Catapultados à fama, os quatro jovens receberam uma série de rótulos que não pediram.

“Nós não tivemos tempo para nos desenvolver e evoluir como banda. De repente, estávamos lançando músicas aos 18, com uma grande gravadora. Foi ótimo, mas sim, nós nos sentíamos um pouco restringidos”, conta Judd.

Ao conquistar milhares de fãs em todo o mundo (geralmente meninas), o McFly foi rapidamente rotulado como boyband pela mídia. Hoje, o título não é bem-visto pela banda, que sentiu uma pressão para conquistar o respeito da imprensa. “Estávamos sempre tentando entrar nas rádios inglesas e tocar aqui, mas querendo ser respeitados”, reflete Judd.

Para ele, “definitivamente” há espaço para questionar “a percepção que as pessoas têm” do grupo. “Mas acho que agora onde estamos podemos olhar para trás e entender por que houve essas percepções. É por isso que é bastante revigorante para nós quando estamos no Brasil, porque não acho que houve esse tipo de preconceito na primeira vez [que viemos]”, diz.

McFly vem ao Brasil neste mês de maio Foto: Divulgação/Derek Bremmer/McFly

Ao contrário de muitos músicos que se identificam com o rock, o quarteto diz não ter problema nenhum com o rótulo “pop”. “Nossas melodias são pop e isso é muito bom. Mesmo as bandas de metal e rock de maior sucesso têm melodias pop e outras coisas”, acrescenta Harry.

Quem é, afinal, o McFly? Com duas décadas de carreira, eles estão chegando perto da resposta. “[Nos últimos 20 anos], houve uma jornada constante de exploração e descoberta. Você fica tentando descobrir o que ou quem você é a todo momento. Mas eu acho que nós nos vemos como uma banda única. Uma banda de rock, que também é bem pop”.

Para a banda McFly, visitar o Brasil em turnê “tem uma sensação de liberdade”.

Prestes a fazer mais uma passagem pelo País, a banda inglesa tem duas apresentações marcadas em São Paulo (nos dias 2 e 3 de maio, no Espaço Unimed) e uma no Rio de Janeiro (dia 5 de maio, no Qualistage). Mas apesar de ser uma agenda de trabalho, os músicos afirmam que vir ao Brasil é “como tirar férias”.

McFly se apresenta no Brasil Foto: Divulgação/Haris Nukem/McFly

“Estamos muito animados [para ir ao Brasil]”, diz o baterista Harry Judd. “Quando tocamos no Reino Unido, tem uma sensação de coisas diárias que temos que fazer, coisas sobre família que ficam no fundo da mente. Amamos nossa família [risos], mas no Brasil, nos sentimos livres”.

Na verdade, eles sentiram essa liberdade há pouco tempo. Em 2022, a banda fez seis shows pelo País, incluindo cidades como Porto Alegre, Ribeirão Preto e Belo Horizonte. E contaram com convidados especiais: além da cantora Manu Gavassi, o grupo levou a brasileira Fresno para o palco.

“McFresno” deu tão certo que rendeu música (Broken For You) e, segundo um anúncio feito na última sexta-feira, 26, vai acontecer de novo nos shows em São Paulo.

O grupo, que diz amar a “paixão dos fãs brasileiros”, foi desenvolvendo uma relação de carinho com o Brasil. Mas quando questionados sobre a sua melhor memória aqui, a resposta do McFly é típica de turistas.

“[Em 2022], ficamos mais cinco dias e fizemos todo o roteiro do Cristo Redentor, pegamos um barco... Fomos de bondinho ao Pão de Açúcar. Ah, e fomos ao Aquário”, conta Danny Jones, repetindo a palavra “aquário” em um português de boas intenções, mas nem tão boa execução.

Os músicos são genuinamente britânicos: polidos, sarcásticos, mas sempre com senso de humor. Falar com a imprensa já é perfeitamente natural para a banda londrina, que lançou seu primeiro disco em 2004. Tom Fletcher, Danny Jones, Harry Judd e Dougie Poynter não só se tornaram adultos ao mesmo tempo; eles também aprenderam, juntos, a ser figuras públicas.

Prestes a desembarcar no Brasil, a banda – agora veterana – falou ao Estadão sobre quem é o McFly, vinte anos depois de seu primeiro álbum. Veja:

Shows no Brasil e no mundo marcaram novo momento

O disco mais recente do grupo, Power To Play (2023), foi gravado após a última leva de shows da banda, incluindo a passagem pelo Brasil. E para Judd, foi exatamente esse período que colocou o grupo de volta no eixo.

“[Esses shows] nos lembraram quem somos como banda”, diz o baterista. “Acho que não tínhamos tocado juntos por uns três anos, de 2016 a 2019, então o Covid aconteceu. E então, de repente, estávamos de volta à estrada. E eu acho que sim, de repente nós nos lembramos por que estamos aqui”.

Acima de tudo, eles começaram a imaginar o álbum que representaria sua energia em cima dos palcos. “Algumas pessoas nos veem ao vivo e dizem: ‘Eu não gosto do disco, mas gostei do show’. E se você vem e nos vê ao vivo, é assim que gostaríamos de ser vistos. E é isso que tentamos levar para o nosso último álbum”.

“Nós achamos que o show tem que ser ‘descarado’ e gostamos de impacto, gostamos de entretenimento e diversão. E então acho que sempre devemos lembrar disso e tentar traduzir isso através de nossos discos”, reflete Judd.

Como fizeram muitas bandas que se consolidaram nos anos 2000, o McFly tinha um caminho óbvio possível: o de voltar para as suas raízes, revisitando o tipo de som que os consagrou. No caso dos londrinos, seria o pop rock inspirado pelos anos 60, Beatles e Beach Boys. Mas Power to Play recusou a autorreferência e, na verdade, buscou inspiração nos anos 80.

“Nós percebemos que os anos 80 era uma época que tinha, basicamente, música pop com guitarras”, conta Jones. “Temos esses vídeos com o Bon Jovi e todas essas bandas incríveis. Era música pop, mas tinha guitarras. Percebemos isso e pensamos: ‘Talvez haja um espaço para nós aqui’”.

Assim, o McFly aumentou o volume e mirou no hard rock, com riffs marcantes e refrões chiclete. “Voltamos às boas melodias, mas tocando como uma banda e nos certificando de que as guitarras estejam ‘na sua cara’”, completa Jones.

No meio da entrevista, até então conduzida com Danny Jones e Harry Judd, os outros dois membros da banda invadem a sala. De repente, na câmera, surgem Tom Fletcher e Dougie Poynter. “Estavam conversando com alguém menos legal”, brinca Judd. “Na verdade, somos a equipe de Relações Públicas do McFly. Pule essa pergunta, está deixando meu cliente desconfortável”, diz Poynter.

‘Uma banda de rock que é bem pop’

Seja em entrevistas ou nas próprias músicas, o McFly não se leva a sério demais. Para uma banda que lutava com a própria imagem, talvez seja uma estratégia de sobrevivência.

Em 2004, em seu primeiro disco, o McFly se tornou o grupo mais jovem a ter um álbum de estreia em primeiro lugar no Reino Unido – feito que, na época, quebrou o recorde dos Beatles. Catapultados à fama, os quatro jovens receberam uma série de rótulos que não pediram.

“Nós não tivemos tempo para nos desenvolver e evoluir como banda. De repente, estávamos lançando músicas aos 18, com uma grande gravadora. Foi ótimo, mas sim, nós nos sentíamos um pouco restringidos”, conta Judd.

Ao conquistar milhares de fãs em todo o mundo (geralmente meninas), o McFly foi rapidamente rotulado como boyband pela mídia. Hoje, o título não é bem-visto pela banda, que sentiu uma pressão para conquistar o respeito da imprensa. “Estávamos sempre tentando entrar nas rádios inglesas e tocar aqui, mas querendo ser respeitados”, reflete Judd.

Para ele, “definitivamente” há espaço para questionar “a percepção que as pessoas têm” do grupo. “Mas acho que agora onde estamos podemos olhar para trás e entender por que houve essas percepções. É por isso que é bastante revigorante para nós quando estamos no Brasil, porque não acho que houve esse tipo de preconceito na primeira vez [que viemos]”, diz.

McFly vem ao Brasil neste mês de maio Foto: Divulgação/Derek Bremmer/McFly

Ao contrário de muitos músicos que se identificam com o rock, o quarteto diz não ter problema nenhum com o rótulo “pop”. “Nossas melodias são pop e isso é muito bom. Mesmo as bandas de metal e rock de maior sucesso têm melodias pop e outras coisas”, acrescenta Harry.

Quem é, afinal, o McFly? Com duas décadas de carreira, eles estão chegando perto da resposta. “[Nos últimos 20 anos], houve uma jornada constante de exploração e descoberta. Você fica tentando descobrir o que ou quem você é a todo momento. Mas eu acho que nós nos vemos como uma banda única. Uma banda de rock, que também é bem pop”.

Para a banda McFly, visitar o Brasil em turnê “tem uma sensação de liberdade”.

Prestes a fazer mais uma passagem pelo País, a banda inglesa tem duas apresentações marcadas em São Paulo (nos dias 2 e 3 de maio, no Espaço Unimed) e uma no Rio de Janeiro (dia 5 de maio, no Qualistage). Mas apesar de ser uma agenda de trabalho, os músicos afirmam que vir ao Brasil é “como tirar férias”.

McFly se apresenta no Brasil Foto: Divulgação/Haris Nukem/McFly

“Estamos muito animados [para ir ao Brasil]”, diz o baterista Harry Judd. “Quando tocamos no Reino Unido, tem uma sensação de coisas diárias que temos que fazer, coisas sobre família que ficam no fundo da mente. Amamos nossa família [risos], mas no Brasil, nos sentimos livres”.

Na verdade, eles sentiram essa liberdade há pouco tempo. Em 2022, a banda fez seis shows pelo País, incluindo cidades como Porto Alegre, Ribeirão Preto e Belo Horizonte. E contaram com convidados especiais: além da cantora Manu Gavassi, o grupo levou a brasileira Fresno para o palco.

“McFresno” deu tão certo que rendeu música (Broken For You) e, segundo um anúncio feito na última sexta-feira, 26, vai acontecer de novo nos shows em São Paulo.

O grupo, que diz amar a “paixão dos fãs brasileiros”, foi desenvolvendo uma relação de carinho com o Brasil. Mas quando questionados sobre a sua melhor memória aqui, a resposta do McFly é típica de turistas.

“[Em 2022], ficamos mais cinco dias e fizemos todo o roteiro do Cristo Redentor, pegamos um barco... Fomos de bondinho ao Pão de Açúcar. Ah, e fomos ao Aquário”, conta Danny Jones, repetindo a palavra “aquário” em um português de boas intenções, mas nem tão boa execução.

Os músicos são genuinamente britânicos: polidos, sarcásticos, mas sempre com senso de humor. Falar com a imprensa já é perfeitamente natural para a banda londrina, que lançou seu primeiro disco em 2004. Tom Fletcher, Danny Jones, Harry Judd e Dougie Poynter não só se tornaram adultos ao mesmo tempo; eles também aprenderam, juntos, a ser figuras públicas.

Prestes a desembarcar no Brasil, a banda – agora veterana – falou ao Estadão sobre quem é o McFly, vinte anos depois de seu primeiro álbum. Veja:

Shows no Brasil e no mundo marcaram novo momento

O disco mais recente do grupo, Power To Play (2023), foi gravado após a última leva de shows da banda, incluindo a passagem pelo Brasil. E para Judd, foi exatamente esse período que colocou o grupo de volta no eixo.

“[Esses shows] nos lembraram quem somos como banda”, diz o baterista. “Acho que não tínhamos tocado juntos por uns três anos, de 2016 a 2019, então o Covid aconteceu. E então, de repente, estávamos de volta à estrada. E eu acho que sim, de repente nós nos lembramos por que estamos aqui”.

Acima de tudo, eles começaram a imaginar o álbum que representaria sua energia em cima dos palcos. “Algumas pessoas nos veem ao vivo e dizem: ‘Eu não gosto do disco, mas gostei do show’. E se você vem e nos vê ao vivo, é assim que gostaríamos de ser vistos. E é isso que tentamos levar para o nosso último álbum”.

“Nós achamos que o show tem que ser ‘descarado’ e gostamos de impacto, gostamos de entretenimento e diversão. E então acho que sempre devemos lembrar disso e tentar traduzir isso através de nossos discos”, reflete Judd.

Como fizeram muitas bandas que se consolidaram nos anos 2000, o McFly tinha um caminho óbvio possível: o de voltar para as suas raízes, revisitando o tipo de som que os consagrou. No caso dos londrinos, seria o pop rock inspirado pelos anos 60, Beatles e Beach Boys. Mas Power to Play recusou a autorreferência e, na verdade, buscou inspiração nos anos 80.

“Nós percebemos que os anos 80 era uma época que tinha, basicamente, música pop com guitarras”, conta Jones. “Temos esses vídeos com o Bon Jovi e todas essas bandas incríveis. Era música pop, mas tinha guitarras. Percebemos isso e pensamos: ‘Talvez haja um espaço para nós aqui’”.

Assim, o McFly aumentou o volume e mirou no hard rock, com riffs marcantes e refrões chiclete. “Voltamos às boas melodias, mas tocando como uma banda e nos certificando de que as guitarras estejam ‘na sua cara’”, completa Jones.

No meio da entrevista, até então conduzida com Danny Jones e Harry Judd, os outros dois membros da banda invadem a sala. De repente, na câmera, surgem Tom Fletcher e Dougie Poynter. “Estavam conversando com alguém menos legal”, brinca Judd. “Na verdade, somos a equipe de Relações Públicas do McFly. Pule essa pergunta, está deixando meu cliente desconfortável”, diz Poynter.

‘Uma banda de rock que é bem pop’

Seja em entrevistas ou nas próprias músicas, o McFly não se leva a sério demais. Para uma banda que lutava com a própria imagem, talvez seja uma estratégia de sobrevivência.

Em 2004, em seu primeiro disco, o McFly se tornou o grupo mais jovem a ter um álbum de estreia em primeiro lugar no Reino Unido – feito que, na época, quebrou o recorde dos Beatles. Catapultados à fama, os quatro jovens receberam uma série de rótulos que não pediram.

“Nós não tivemos tempo para nos desenvolver e evoluir como banda. De repente, estávamos lançando músicas aos 18, com uma grande gravadora. Foi ótimo, mas sim, nós nos sentíamos um pouco restringidos”, conta Judd.

Ao conquistar milhares de fãs em todo o mundo (geralmente meninas), o McFly foi rapidamente rotulado como boyband pela mídia. Hoje, o título não é bem-visto pela banda, que sentiu uma pressão para conquistar o respeito da imprensa. “Estávamos sempre tentando entrar nas rádios inglesas e tocar aqui, mas querendo ser respeitados”, reflete Judd.

Para ele, “definitivamente” há espaço para questionar “a percepção que as pessoas têm” do grupo. “Mas acho que agora onde estamos podemos olhar para trás e entender por que houve essas percepções. É por isso que é bastante revigorante para nós quando estamos no Brasil, porque não acho que houve esse tipo de preconceito na primeira vez [que viemos]”, diz.

McFly vem ao Brasil neste mês de maio Foto: Divulgação/Derek Bremmer/McFly

Ao contrário de muitos músicos que se identificam com o rock, o quarteto diz não ter problema nenhum com o rótulo “pop”. “Nossas melodias são pop e isso é muito bom. Mesmo as bandas de metal e rock de maior sucesso têm melodias pop e outras coisas”, acrescenta Harry.

Quem é, afinal, o McFly? Com duas décadas de carreira, eles estão chegando perto da resposta. “[Nos últimos 20 anos], houve uma jornada constante de exploração e descoberta. Você fica tentando descobrir o que ou quem você é a todo momento. Mas eu acho que nós nos vemos como uma banda única. Uma banda de rock, que também é bem pop”.

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