Mercado global de música cresce em 2015 e receitas digitais passam as vendas físicas pela primeira vez


Relatórios anuais da IFPI e da Associação Brasileira dos Produtores de Discos demonstram otimismo quanto ao futuro digital da música

Por Guilherme Sobota, João Paulo Carvalho e Pedro Antunes

Kanye West garantiu o lugar do seu novo disco, The Life of Pablo, no topo da parada norte-americana com a força do streaming. As cifras arrecadadas nos serviços de música online foram maiores do que as vendas físicas. Na mesma semana, a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês) anunciou que o fenômeno que ocorreu com o rapper não estava sozinho: as receitas globais com música digital ultrapassaram pela primeira vez as vendas físicas em 2015. São os novos tempos. Pela primeira vez em duas décadas, o mercado global de música cresceu de um ano para outro – foram 3,2%. No Brasil, as receitas do mercado subiram 10,6%. Em 2015, o mercado digital (downloads, streaming e telefonia móvel) cresceu 45%, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), também divulgados na terça, 12.

O número que mais chama atenção é o crescimento nas receitas provenientes das assinaturas de serviços de música por assinatura: 192%. Os usuários que pagam mensalidades para uma plataforma (como o Spotify, Apple Music ou Deezer) praticamente triplicaram de um ano para outro.

Para Paulo Rosa, presidente da ABPD, o crescimento só agora ocorre por aqui pela chegada tardia de plataformas que oferecem o streaming. “O potencial do mercado brasileiro para consumir música digital é enorme, temos mais telefones celulares do que habitantes.” 

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Pela primeira vez, as receitas globais com a música digital superaram as receitas com vendas físicas Foto: REUTERS/Lucas Jackson

O principal desafio da indústria fonográfica a partir deste momento, de acordo com o relatório da IFPI, é o chamado “value gap”, o descompasso entre a arrecadação proveniente dos serviços de streaming por assinatura (68 milhões de usuários e US$ 2 bilhões em receitas) e a arrecadação proveniente dos serviços sustentados por publicidade (900 milhões de usuários e US$ 680 milhões em receitas). Esse descompasso é injusto com artistas, produtores e investidores, segundo a Federação.

Para ilustrar, a IFPI compara dados públicos (nesse caso, portanto, não exatamente precisos) dos dois representantes líderes desses dois tipos de serviço, Spotify e YouTube. O primeiro renderia US$ 18 por usuário em 2014 para as gravadoras, enquanto que o YouTube, em um ano, renderia menos de US$ 1.

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A solução que a IFPI sugere, em nível global, são ajustes na legislação europeia e norte-americana que garantem o “safe harbour” para plataformas como o YouTube, que não é responsável pelo conteúdo gerado pelos usuários, pelo menos até receber uma notificação sobre direitos. “Os titulares, sejam artistas ou gravadoras, preferem monetizar a entrar num jogo que é inglório. Uma operação como o YouTube não é neutra, independentemente do conteúdo ser gerado por terceiros. Eles têm um faturamento expressivo, mas são os que menos pagam, proporcional e nominalmente”, diz Rosa. Em contato com a reportagem, a assessoria de imprensa do YouTube emitiu a seguinte resposta: “Até hoje, o Google pagou mais de 3 bilhões de dólares ao mercado fonográfico – e esse número cresce significantemente ano a ano. Apenas 20% das pessoas estão dispostas a pagar por música e o YouTube está ajudando artistas e gravadoras a monetizar os outros 80%.” 

Esse paradoxo no relatório – grande crescimento e volume de consumo do streaming, mas pagamento menor do que o ideal – é destacado por Fábio Silveira, professor do curso de música e negócios da PUC-Rio e label manager da Altafonte. “Os números mostram que o streaming é realmente o modelo de negócio.” Ele chama a atenção para uma concentração “preocupante” que ocorre globalmente, quando dois gigantes – YouTube e Spotify – lideram de maneira tão ampla.

O produtor e diretor do selo stereomono, do Skol Music, Carlos Eduardo Miranda, por outro lado, acredita que, assim como outros, o formato do streaming vai passar. “É um primeiro passo. Logo mais, o artista não vai mais precisar de atravessadores. Tocou a música? O dinheiro entra. O streaming é um passo para mostrar que o poder está indo cada vez mais para a mão do artista”, opina. 

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O produtor musical Marco Mazzola criou o DMX - Digital Music Experience, encontro anual da música digital no Brasil, e diz que os dados não surpreendem. “Esse dado, para mim, não é surpreendente. Sinto que as pessoas precisam dar mais atenção à música digital. Os autores gostariam de receber mais e isso não acontece da forma mais justa”, diz Mazzola.

 

Kanye West garantiu o lugar do seu novo disco, The Life of Pablo, no topo da parada norte-americana com a força do streaming. As cifras arrecadadas nos serviços de música online foram maiores do que as vendas físicas. Na mesma semana, a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês) anunciou que o fenômeno que ocorreu com o rapper não estava sozinho: as receitas globais com música digital ultrapassaram pela primeira vez as vendas físicas em 2015. São os novos tempos. Pela primeira vez em duas décadas, o mercado global de música cresceu de um ano para outro – foram 3,2%. No Brasil, as receitas do mercado subiram 10,6%. Em 2015, o mercado digital (downloads, streaming e telefonia móvel) cresceu 45%, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), também divulgados na terça, 12.

O número que mais chama atenção é o crescimento nas receitas provenientes das assinaturas de serviços de música por assinatura: 192%. Os usuários que pagam mensalidades para uma plataforma (como o Spotify, Apple Music ou Deezer) praticamente triplicaram de um ano para outro.

Para Paulo Rosa, presidente da ABPD, o crescimento só agora ocorre por aqui pela chegada tardia de plataformas que oferecem o streaming. “O potencial do mercado brasileiro para consumir música digital é enorme, temos mais telefones celulares do que habitantes.” 

Pela primeira vez, as receitas globais com a música digital superaram as receitas com vendas físicas Foto: REUTERS/Lucas Jackson

O principal desafio da indústria fonográfica a partir deste momento, de acordo com o relatório da IFPI, é o chamado “value gap”, o descompasso entre a arrecadação proveniente dos serviços de streaming por assinatura (68 milhões de usuários e US$ 2 bilhões em receitas) e a arrecadação proveniente dos serviços sustentados por publicidade (900 milhões de usuários e US$ 680 milhões em receitas). Esse descompasso é injusto com artistas, produtores e investidores, segundo a Federação.

Para ilustrar, a IFPI compara dados públicos (nesse caso, portanto, não exatamente precisos) dos dois representantes líderes desses dois tipos de serviço, Spotify e YouTube. O primeiro renderia US$ 18 por usuário em 2014 para as gravadoras, enquanto que o YouTube, em um ano, renderia menos de US$ 1.

A solução que a IFPI sugere, em nível global, são ajustes na legislação europeia e norte-americana que garantem o “safe harbour” para plataformas como o YouTube, que não é responsável pelo conteúdo gerado pelos usuários, pelo menos até receber uma notificação sobre direitos. “Os titulares, sejam artistas ou gravadoras, preferem monetizar a entrar num jogo que é inglório. Uma operação como o YouTube não é neutra, independentemente do conteúdo ser gerado por terceiros. Eles têm um faturamento expressivo, mas são os que menos pagam, proporcional e nominalmente”, diz Rosa. Em contato com a reportagem, a assessoria de imprensa do YouTube emitiu a seguinte resposta: “Até hoje, o Google pagou mais de 3 bilhões de dólares ao mercado fonográfico – e esse número cresce significantemente ano a ano. Apenas 20% das pessoas estão dispostas a pagar por música e o YouTube está ajudando artistas e gravadoras a monetizar os outros 80%.” 

Esse paradoxo no relatório – grande crescimento e volume de consumo do streaming, mas pagamento menor do que o ideal – é destacado por Fábio Silveira, professor do curso de música e negócios da PUC-Rio e label manager da Altafonte. “Os números mostram que o streaming é realmente o modelo de negócio.” Ele chama a atenção para uma concentração “preocupante” que ocorre globalmente, quando dois gigantes – YouTube e Spotify – lideram de maneira tão ampla.

O produtor e diretor do selo stereomono, do Skol Music, Carlos Eduardo Miranda, por outro lado, acredita que, assim como outros, o formato do streaming vai passar. “É um primeiro passo. Logo mais, o artista não vai mais precisar de atravessadores. Tocou a música? O dinheiro entra. O streaming é um passo para mostrar que o poder está indo cada vez mais para a mão do artista”, opina. 

O produtor musical Marco Mazzola criou o DMX - Digital Music Experience, encontro anual da música digital no Brasil, e diz que os dados não surpreendem. “Esse dado, para mim, não é surpreendente. Sinto que as pessoas precisam dar mais atenção à música digital. Os autores gostariam de receber mais e isso não acontece da forma mais justa”, diz Mazzola.

 

Kanye West garantiu o lugar do seu novo disco, The Life of Pablo, no topo da parada norte-americana com a força do streaming. As cifras arrecadadas nos serviços de música online foram maiores do que as vendas físicas. Na mesma semana, a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI, na sigla em inglês) anunciou que o fenômeno que ocorreu com o rapper não estava sozinho: as receitas globais com música digital ultrapassaram pela primeira vez as vendas físicas em 2015. São os novos tempos. Pela primeira vez em duas décadas, o mercado global de música cresceu de um ano para outro – foram 3,2%. No Brasil, as receitas do mercado subiram 10,6%. Em 2015, o mercado digital (downloads, streaming e telefonia móvel) cresceu 45%, segundo dados da Associação Brasileira dos Produtores de Discos (ABPD), também divulgados na terça, 12.

O número que mais chama atenção é o crescimento nas receitas provenientes das assinaturas de serviços de música por assinatura: 192%. Os usuários que pagam mensalidades para uma plataforma (como o Spotify, Apple Music ou Deezer) praticamente triplicaram de um ano para outro.

Para Paulo Rosa, presidente da ABPD, o crescimento só agora ocorre por aqui pela chegada tardia de plataformas que oferecem o streaming. “O potencial do mercado brasileiro para consumir música digital é enorme, temos mais telefones celulares do que habitantes.” 

Pela primeira vez, as receitas globais com a música digital superaram as receitas com vendas físicas Foto: REUTERS/Lucas Jackson

O principal desafio da indústria fonográfica a partir deste momento, de acordo com o relatório da IFPI, é o chamado “value gap”, o descompasso entre a arrecadação proveniente dos serviços de streaming por assinatura (68 milhões de usuários e US$ 2 bilhões em receitas) e a arrecadação proveniente dos serviços sustentados por publicidade (900 milhões de usuários e US$ 680 milhões em receitas). Esse descompasso é injusto com artistas, produtores e investidores, segundo a Federação.

Para ilustrar, a IFPI compara dados públicos (nesse caso, portanto, não exatamente precisos) dos dois representantes líderes desses dois tipos de serviço, Spotify e YouTube. O primeiro renderia US$ 18 por usuário em 2014 para as gravadoras, enquanto que o YouTube, em um ano, renderia menos de US$ 1.

A solução que a IFPI sugere, em nível global, são ajustes na legislação europeia e norte-americana que garantem o “safe harbour” para plataformas como o YouTube, que não é responsável pelo conteúdo gerado pelos usuários, pelo menos até receber uma notificação sobre direitos. “Os titulares, sejam artistas ou gravadoras, preferem monetizar a entrar num jogo que é inglório. Uma operação como o YouTube não é neutra, independentemente do conteúdo ser gerado por terceiros. Eles têm um faturamento expressivo, mas são os que menos pagam, proporcional e nominalmente”, diz Rosa. Em contato com a reportagem, a assessoria de imprensa do YouTube emitiu a seguinte resposta: “Até hoje, o Google pagou mais de 3 bilhões de dólares ao mercado fonográfico – e esse número cresce significantemente ano a ano. Apenas 20% das pessoas estão dispostas a pagar por música e o YouTube está ajudando artistas e gravadoras a monetizar os outros 80%.” 

Esse paradoxo no relatório – grande crescimento e volume de consumo do streaming, mas pagamento menor do que o ideal – é destacado por Fábio Silveira, professor do curso de música e negócios da PUC-Rio e label manager da Altafonte. “Os números mostram que o streaming é realmente o modelo de negócio.” Ele chama a atenção para uma concentração “preocupante” que ocorre globalmente, quando dois gigantes – YouTube e Spotify – lideram de maneira tão ampla.

O produtor e diretor do selo stereomono, do Skol Music, Carlos Eduardo Miranda, por outro lado, acredita que, assim como outros, o formato do streaming vai passar. “É um primeiro passo. Logo mais, o artista não vai mais precisar de atravessadores. Tocou a música? O dinheiro entra. O streaming é um passo para mostrar que o poder está indo cada vez mais para a mão do artista”, opina. 

O produtor musical Marco Mazzola criou o DMX - Digital Music Experience, encontro anual da música digital no Brasil, e diz que os dados não surpreendem. “Esse dado, para mim, não é surpreendente. Sinto que as pessoas precisam dar mais atenção à música digital. Os autores gostariam de receber mais e isso não acontece da forma mais justa”, diz Mazzola.

 

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