Foi uma morte que passou quase despercebida, também porque o filho do saxofonista Sonny Fortune, Duane, demorou para anunciá-la. Um dos músicos mais completos da história do jazz, Sonny Fortune tocava saxofone, clarinete e flauta, entre outros instrumentos. Fez parte dos grupos de Elvin Jones e Mongo Santamaría, além de ter gravado ao lado de lendas como o pianista e compositor McCoy Tyner, de 80 anos, seu companheiro de geração. Sonny Fortune, morto no último dia 25, aos 79 anos, no Hospital Mount Sinai de Nova York, vítima de um derrame, foi, acima de tudo, um versátil inventor, capaz de transitar entre a jittery funk fusion e a ‘salsa dura’, passando pelas formas clássicas do jazz. Autodidata, ele começou a tocar aos 18 anos e logo foi adotado por John Coltrane, seu mentor.
Aos 28 anos, o músico, nascido na Filadélfia, mudou-se para Nova York e, recomendado por Coltrane, passou a tocar e gravar com o grupo do baterista Elvin Jones, ex-integrante do clássico quarteto de Coltrane. Outro que tocou ao lado dele, o pianista McCoy Tyner, não demorou para adotar o jovem saxofonista, que gravou dois discos antológicos a seu lado, Sahara (1972) e Song For My Lady (1973). Por essa época o trompetista Miles Davis, encantado com a liberdade de Sonny Fortune, convidou-o a gravar com ele. Como resultado dessa união foram registrados dois álbuns “fusion”, entre eles o experimental Agharta (1975), fruto de uma turnê pelo Japão, em 1975, na época recebido com frieza pelos críticos e posteriormente reavaliado com uma obra revolucionária.
Por essa época Sonny Fortune começou sua carreira solo como compositor e arranjador das próprias gravações. Aberto a influências externas, o saxofonista incorporou ao jazz norte-americano ritmos cubanos e percussão africana. Nos anos 1990 ele retomou o caminho do jazz americano mais tradicional. Nascido Cornelius Lawrence Fortune, em 19 de maio de 1939, o músico descendia uma família modesta (o pai era motorista e a mãe, doméstica).