Fundador do Roxette ouve versões sertanejas e tecnobregas da banda; veja o que ele achou


A pedido do Estadão, o sueco Per Gessle ouviu Gusttavo Lima, Pabllo Vittar, Marília Mendonça & Maiara e Maraisa e Gaby Amarantos, revelou sua nova paixão por Mutantes e disse que tem gostado do som de Anavitoria; veja a reação em vídeo

Por Damy Coelho
Atualização:

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Per Gessle ouviu versões de Gusttavo Lima, Pabllo Vittar, Marília Mendonça & Maiara e Maraisa e Gaby Amarantos de músicas do Roxette e conta o que achou

Em um fenômeno recente - e curioso - as rádios do Brasil foram tomadas por versões ensolaradas do Roxette.

O duo sueco formado por Per Gessle e Marie Fredriksson, que emplacou sucessos entre os anos 1980 e 1990 como It Must Have Been Love e Listen to Your Heart, inspira nossa música popular, em versões que vão do sertanejo radiofônico ao tecnobrega das aparelhagens.

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Entre as diversas versões brasileiras encontradas no YouTube, o Estadão escolheu quatro para Per Gessle reagir: Desejo Imortal (versão de It Must Have Been Love), de Gusttavo Lima, seguida por Uma Vida a Mais, de Marilia Mendonça e Maiara & Maraisa (de Listen to Your Heart), Não Vou Te Deixar, de Gaby Amarantos (de I Don’t Want to Get Hurt) e, por fim, Pede Pra Eu ficar (também de Listen to Your Heart), de Pabllo Vittar.

O resultado é uma honraria para os fãs do Brasil - e mais ainda para aqueles que cantam hits do Roxette temperados com nosso romantismo musical.

Per Gessle, do Roxette, reage a versões brasileiras da banda Foto: Reprodução de vídeo / Estadão
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Na conversa com o Estadão por videochamada, Per fala de sua casa, direto de uma Suécia que vive o auge do inverno. Parecia animado para ouvir versões de sua banda que fazem sucesso do lado de cá do oceano.

Ele não demora a entrar no clima: coloca seu fone e dá play em cada uma, mostrando gostar do que escutava. Às vezes, até arriscando uma dança (veja o vídeo acima). “Estou amando!”.

Roxette (versão sofrência sertaneja)

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Duas das versões escolhidas pelo Estadão têm raízes sertanejas, mas flertarem com outros estilos. Desejo Imortal, de Gusttavo Lima, segue pelo romantismo de uma bachata dançante, enquanto Uma Vida a Mais, do projeto As Patroas, ganha instrumentos como o saxofone.

Per se mostra impressionado com o clipe de Gusttavo Lima, filmado em um show no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.

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No vídeo, Gusttavo Lima sorri com seus óculos escuros, abre os braços, chama o público para cantar - tudo devidamente capturado pelas diversas câmeras em drones que sobrevoam o palco.

“Tem muita gente aí!, observa Per, enquanto balança a cabeça acompanhando o ritmo da música. “Eu lembro de ter ouvido essa antes, porque ele chama o público para cantar exatamente na mesma parte onde Marie [Fredriksson] fazia isso!”, revela.

“Acho uma ótima versão, é lindo que ele tenha essa comunicação com o público”.

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Eu não entendo o que ele canta, mas parece bom!

Já na versão de Marilia Mendonça e Maiara e Maraisa, Per confessa que o ritmo poderia estar mais acelerado. “Está lento, fica difícil para elas cantarem... Mas acho lindo, as três têm vozes ótimas e são maravilhosas”, diz.

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O que há de mais novo no pop

“Foi a versão que eu mais gostei!”, confessa Per. Ele está ouvindo Não Vou Te Deixar, lançada em 2003 pela banda de Gaby Amarantos, TecnoShow, e regravada pela cantora em 2022.

Ao contrário das outras versões, Gaby - que é fã confessa do duo - escolheu um lado B do Roxette, I Don’t Want to Get Hurt, lançada na compilação Don’t Bore Us, Get to the Chorus!, de 1995.

Per se mostrou surpreso: “Oh, eu não sabia que alguém ouviu essa! Não é uma música tão conhecida, foi lançada como extra de uma coletânea do Roxette”, explica.

Na versão de Gaby, o teclado é acelerado, deixando a música dançante - bem diferente da balada original. “Ela fez um trabalho maravilhoso. E tem uma voz linda”, diz.

O batidão e o tecnobrega do norte do País, que Gaby exalta em sua música e Pabllo homenageia em sua discografia, parecem animar ainda mais o fundador do Roxette.

O clima das batidas eletrônicas em BPMs (batidas por minuto) acelerados remete a Per outro estilo musical também ensolarado, que ele busca como referência.

Não é reggae, mas tem essa batida... [diz, simulando tocar uma guitarra]. Eu amei.

A última versão que Per escuta é a mais recente. O batidão Pede pra eu ficar, lançado por Pabllo Vittar em janeiro deste ano, é a única das versões que inclui o título da original, Listen to Your Heart.

A faixa começa com uma atmosfera parecida com aquela feita pelo Roxette - os teclados com o clima oitentista estão ali - mas ganha nova roupagem com a batida eletrônica.

Per se entusiasma: para ele, é o que parece existir de mais novo na música pop. “Se essa música fosse feita hoje, provavelmente seria produzida desse jeito. Porque é como um pop clássico, mas com elementos modernos. Ótima sonoridade, voz... Adorei de imediato!”, diz.

Versão brasileira

Ao ouvir as versões - todas devidamente autorizadas, vale considerar - Per mostra um olhar generoso para quem transforma sua obra, seja atualizando-a ou aplicando uma sonoridade local, uma linguagem que ele não conhece. Afinal, os brasileiros também aprenderam a amar as canções dos suecos, ainda que fossem cantadas em outra língua.

O que nos conecta, no fim das contas, é a música e os sentimentos que ela evoca. Isso também comprova - caso alguém tivesse dúvidas - o caráter atemporal dos hits do Roxette, que se reinventam a cada versão.

O que explica o fenômeno Roxette no Brasil?

Músicas do Roxette embalam cenas de casais apaixonados na teledramaturgia e no cinema - vale lembrar do final de Uma Linda Mulher, de 1990, com It Must Have Been Love tocando por quase um minuto enquanto Julia Roberts aparece em uma limusine pensando em Richard Gere.

Ou Spending My Time tocando nas cenas da mocinha Cidinha (Vera Fisher) em Perigosas Peruas, de 1992.

Para além do imaginário popular - graças, é claro, à distribuição radiofônica de músicas estrangeiras no Brasil -, o que explica essa invasão de músicas do Roxette por aqui é o romantismo que elas evocam (leia mais), com seus teclados intensos e refrões apaixonados.

Em um país que teve como base cultural o romantismo, da poesia aos folhetins, passando pelo drama dos mocinhos da novela às canções açucaradas, a idealização, o sofrimento amoroso e a melancolia são temas em constante renovação.

Da sofrência à música “brega”, o romantismo é preferência nacional.

O duo Roxette no Brasil, em 1992 

Memórias do Brasil

No momento em que fizemos a videochamada, Per falava direto de uma Suécia no auge do inverno, onde as temperaturas chegam a 4 graus negativos neste período do ano. Bastante diferente do clima brasileiro.

Pergunto sobre as turnês do Roxette no Brasil e ele rapidamente puxa pela memória: “A primeira vez que estivemos aí foi em 1992, na Joyride Tour. Passamos por São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre”, conta, com pronúncia cuidadosa ao citar cada cidade.

“A turnê da América do Sul foi enorme. Tocamos em grandes estádios. Em São Paulo, foram 60 mil pessoas!”, lembra.

“Era tanta gente… eu queria que tivéssemos celulares naquela época, porque era tão complicado filmar”, diz, indo na contramão de outros músicos que se incomodam com shows tomados por smartphones na plateia.

Nova música popular

Sem se atracar à nostalgia, Per se mostra conectado com o que há de mais novo, inclusive os ritmos que ressoam no Brasil atualmente. É o caso do pop folk feito pelo dupla Anavitória.

“Dei uma pesquisada e as encontrei”, conta. “Eu adorei, ouvi várias músicas. Minhas favoritas da cena atual daí.”

Anavitoria no Lollapalooza, em 2023  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Nova banda favorita

Antes de ouvir as versões, Per diz que comentou com um amigo sobre nossa entrevista. A primeira coisa que ele respondeu ao músico foi: “Você já ouviu Mutantes?”.

Per não conhecia - e amou. “Tem uma sonoridade muito diferente. Eles são maravilhosos. É minha nova banda favorita.”

Arnaldo Batista, Rita Lee e Sérgio Dias, integrantes originais do grupo Os Mutantes, durante entrevista ao Estadão em 1970 Foto: Lucrécio Jr./Estadão

Essa bossa

Apesar das novas descobertas, a conexão de Per com a música brasileira começa nas memórias da infância. Ele se lembra, por exemplo, do impacto ao assistir Astrud Gilberto interpretando Girl From Ipanema.

E não é para menos: além de ser conhecida internacionalmente por interpretar a versão mais famosa da (ainda hoje) mais famosa canção brasileira, Astrud foi a primeira mulher a vencer um Grammy de Melhor Gravação do ano, em 1965, marcando presença nas TVs internacionais. Per se recorda dessa época: “Eu amo a voz dela”, conta.

Assim como fãs brasileiros que cresceram ouvindo Roxette, Per confessa que ritmos como a bossa nova e a MPB de Gilberto Gil fizeram parte também de sua formação.

“Foi uma época em que a música brasileira atravessou fronteiras. Essas canções fizeram parte do que eu ouvia no início da adolescência”, conta.

Para sempre, Roxette

Ainda que siga celebrando o legado de sua parceria musical com Marie Fredriksson - vocalista do Roxette que morreu de câncer em 2019 - já se vão quase 10 anos que ele não se apresenta ao vivo com o projeto. O último show do Roxette com a formação clássica foi em 2016, quando Marie precisou se retirar das turnês para se dedicar ao tratamento.

“É uma tristeza enorme que a Marie não esteja mais conosco”, diz. A perda precoce da amiga, que conviveu por 17 anos com a doença, faz com que ele mantenha vivo o legado dessa parceria.

Per conta que se emociona quando toca uma música do Roxette em algum show de seu projeto solo. “As pessoas ficam felizes, cantam junto, vibram, porque foram canções que fizeram parte da história delas, que elas cresceram ouvindo. Isso me deixa muito feliz.”

Diz, ainda, que gostaria de reencontrar com fãs do Roxette ao redor do mundo.

Às vezes, penso que podemos voltar a tocar canções do Roxette, antes que seja tarde... São músicas tão especiais pra mim, que eu escrevi… São como meus bebês.

Per também segue lançando novos álbuns - o mais recente é Pop Up Dynamo, de 2022. “Eu queria criar algo que soasse como o Roxette, e trabalhar com pessoas que foram nossas parceiras na época de banda”, explica.

“Quis fazer algo que soasse como uma transição entre [os álbuns] Look Sharp! e o Joyride, com aquela sonoridade dos anos 80 e tudo. Então, chamei as cantoras [Helena Josefsson e Dea Norberg] para me ajudarem com as canções. O resultado ficou bem legal. Tenho muito orgulho desse projeto.”

Saudades do verão

Durante o bate-papo, Per conta que está nevando do lado de fora de sua casa - o que parece surreal se pensar que ele passou os últimos minutos ouvindo o que há de mais solar na música brasileira atual.

“Vocês estão no verão aí, né?”, me pergunta, quando já estávamos nos despedindo. “É um clima maravilhoso. Você devia ver aqui pela janela. Só tem neve e ela está na fase em que congela, então… é terrível.”

Per confessa que tem muita vontade de voltar a tocar Brasil. “Estou tentando uma forma voltar aí… espero que aconteça”. Se depender do público brasileiro, que ainda hoje segue entoando suas canções, esse reencontro deve acontecer logo.

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Per Gessle ouviu versões de Gusttavo Lima, Pabllo Vittar, Marília Mendonça & Maiara e Maraisa e Gaby Amarantos de músicas do Roxette e conta o que achou

Em um fenômeno recente - e curioso - as rádios do Brasil foram tomadas por versões ensolaradas do Roxette.

O duo sueco formado por Per Gessle e Marie Fredriksson, que emplacou sucessos entre os anos 1980 e 1990 como It Must Have Been Love e Listen to Your Heart, inspira nossa música popular, em versões que vão do sertanejo radiofônico ao tecnobrega das aparelhagens.

Entre as diversas versões brasileiras encontradas no YouTube, o Estadão escolheu quatro para Per Gessle reagir: Desejo Imortal (versão de It Must Have Been Love), de Gusttavo Lima, seguida por Uma Vida a Mais, de Marilia Mendonça e Maiara & Maraisa (de Listen to Your Heart), Não Vou Te Deixar, de Gaby Amarantos (de I Don’t Want to Get Hurt) e, por fim, Pede Pra Eu ficar (também de Listen to Your Heart), de Pabllo Vittar.

O resultado é uma honraria para os fãs do Brasil - e mais ainda para aqueles que cantam hits do Roxette temperados com nosso romantismo musical.

Per Gessle, do Roxette, reage a versões brasileiras da banda Foto: Reprodução de vídeo / Estadão

Na conversa com o Estadão por videochamada, Per fala de sua casa, direto de uma Suécia que vive o auge do inverno. Parecia animado para ouvir versões de sua banda que fazem sucesso do lado de cá do oceano.

Ele não demora a entrar no clima: coloca seu fone e dá play em cada uma, mostrando gostar do que escutava. Às vezes, até arriscando uma dança (veja o vídeo acima). “Estou amando!”.

Roxette (versão sofrência sertaneja)

Duas das versões escolhidas pelo Estadão têm raízes sertanejas, mas flertarem com outros estilos. Desejo Imortal, de Gusttavo Lima, segue pelo romantismo de uma bachata dançante, enquanto Uma Vida a Mais, do projeto As Patroas, ganha instrumentos como o saxofone.

Per se mostra impressionado com o clipe de Gusttavo Lima, filmado em um show no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.

No vídeo, Gusttavo Lima sorri com seus óculos escuros, abre os braços, chama o público para cantar - tudo devidamente capturado pelas diversas câmeras em drones que sobrevoam o palco.

“Tem muita gente aí!, observa Per, enquanto balança a cabeça acompanhando o ritmo da música. “Eu lembro de ter ouvido essa antes, porque ele chama o público para cantar exatamente na mesma parte onde Marie [Fredriksson] fazia isso!”, revela.

“Acho uma ótima versão, é lindo que ele tenha essa comunicação com o público”.

Eu não entendo o que ele canta, mas parece bom!

Já na versão de Marilia Mendonça e Maiara e Maraisa, Per confessa que o ritmo poderia estar mais acelerado. “Está lento, fica difícil para elas cantarem... Mas acho lindo, as três têm vozes ótimas e são maravilhosas”, diz.

O que há de mais novo no pop

“Foi a versão que eu mais gostei!”, confessa Per. Ele está ouvindo Não Vou Te Deixar, lançada em 2003 pela banda de Gaby Amarantos, TecnoShow, e regravada pela cantora em 2022.

Ao contrário das outras versões, Gaby - que é fã confessa do duo - escolheu um lado B do Roxette, I Don’t Want to Get Hurt, lançada na compilação Don’t Bore Us, Get to the Chorus!, de 1995.

Per se mostrou surpreso: “Oh, eu não sabia que alguém ouviu essa! Não é uma música tão conhecida, foi lançada como extra de uma coletânea do Roxette”, explica.

Na versão de Gaby, o teclado é acelerado, deixando a música dançante - bem diferente da balada original. “Ela fez um trabalho maravilhoso. E tem uma voz linda”, diz.

O batidão e o tecnobrega do norte do País, que Gaby exalta em sua música e Pabllo homenageia em sua discografia, parecem animar ainda mais o fundador do Roxette.

O clima das batidas eletrônicas em BPMs (batidas por minuto) acelerados remete a Per outro estilo musical também ensolarado, que ele busca como referência.

Não é reggae, mas tem essa batida... [diz, simulando tocar uma guitarra]. Eu amei.

A última versão que Per escuta é a mais recente. O batidão Pede pra eu ficar, lançado por Pabllo Vittar em janeiro deste ano, é a única das versões que inclui o título da original, Listen to Your Heart.

A faixa começa com uma atmosfera parecida com aquela feita pelo Roxette - os teclados com o clima oitentista estão ali - mas ganha nova roupagem com a batida eletrônica.

Per se entusiasma: para ele, é o que parece existir de mais novo na música pop. “Se essa música fosse feita hoje, provavelmente seria produzida desse jeito. Porque é como um pop clássico, mas com elementos modernos. Ótima sonoridade, voz... Adorei de imediato!”, diz.

Versão brasileira

Ao ouvir as versões - todas devidamente autorizadas, vale considerar - Per mostra um olhar generoso para quem transforma sua obra, seja atualizando-a ou aplicando uma sonoridade local, uma linguagem que ele não conhece. Afinal, os brasileiros também aprenderam a amar as canções dos suecos, ainda que fossem cantadas em outra língua.

O que nos conecta, no fim das contas, é a música e os sentimentos que ela evoca. Isso também comprova - caso alguém tivesse dúvidas - o caráter atemporal dos hits do Roxette, que se reinventam a cada versão.

O que explica o fenômeno Roxette no Brasil?

Músicas do Roxette embalam cenas de casais apaixonados na teledramaturgia e no cinema - vale lembrar do final de Uma Linda Mulher, de 1990, com It Must Have Been Love tocando por quase um minuto enquanto Julia Roberts aparece em uma limusine pensando em Richard Gere.

Ou Spending My Time tocando nas cenas da mocinha Cidinha (Vera Fisher) em Perigosas Peruas, de 1992.

Para além do imaginário popular - graças, é claro, à distribuição radiofônica de músicas estrangeiras no Brasil -, o que explica essa invasão de músicas do Roxette por aqui é o romantismo que elas evocam (leia mais), com seus teclados intensos e refrões apaixonados.

Em um país que teve como base cultural o romantismo, da poesia aos folhetins, passando pelo drama dos mocinhos da novela às canções açucaradas, a idealização, o sofrimento amoroso e a melancolia são temas em constante renovação.

Da sofrência à música “brega”, o romantismo é preferência nacional.

O duo Roxette no Brasil, em 1992 

Memórias do Brasil

No momento em que fizemos a videochamada, Per falava direto de uma Suécia no auge do inverno, onde as temperaturas chegam a 4 graus negativos neste período do ano. Bastante diferente do clima brasileiro.

Pergunto sobre as turnês do Roxette no Brasil e ele rapidamente puxa pela memória: “A primeira vez que estivemos aí foi em 1992, na Joyride Tour. Passamos por São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre”, conta, com pronúncia cuidadosa ao citar cada cidade.

“A turnê da América do Sul foi enorme. Tocamos em grandes estádios. Em São Paulo, foram 60 mil pessoas!”, lembra.

“Era tanta gente… eu queria que tivéssemos celulares naquela época, porque era tão complicado filmar”, diz, indo na contramão de outros músicos que se incomodam com shows tomados por smartphones na plateia.

Nova música popular

Sem se atracar à nostalgia, Per se mostra conectado com o que há de mais novo, inclusive os ritmos que ressoam no Brasil atualmente. É o caso do pop folk feito pelo dupla Anavitória.

“Dei uma pesquisada e as encontrei”, conta. “Eu adorei, ouvi várias músicas. Minhas favoritas da cena atual daí.”

Anavitoria no Lollapalooza, em 2023  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Nova banda favorita

Antes de ouvir as versões, Per diz que comentou com um amigo sobre nossa entrevista. A primeira coisa que ele respondeu ao músico foi: “Você já ouviu Mutantes?”.

Per não conhecia - e amou. “Tem uma sonoridade muito diferente. Eles são maravilhosos. É minha nova banda favorita.”

Arnaldo Batista, Rita Lee e Sérgio Dias, integrantes originais do grupo Os Mutantes, durante entrevista ao Estadão em 1970 Foto: Lucrécio Jr./Estadão

Essa bossa

Apesar das novas descobertas, a conexão de Per com a música brasileira começa nas memórias da infância. Ele se lembra, por exemplo, do impacto ao assistir Astrud Gilberto interpretando Girl From Ipanema.

E não é para menos: além de ser conhecida internacionalmente por interpretar a versão mais famosa da (ainda hoje) mais famosa canção brasileira, Astrud foi a primeira mulher a vencer um Grammy de Melhor Gravação do ano, em 1965, marcando presença nas TVs internacionais. Per se recorda dessa época: “Eu amo a voz dela”, conta.

Assim como fãs brasileiros que cresceram ouvindo Roxette, Per confessa que ritmos como a bossa nova e a MPB de Gilberto Gil fizeram parte também de sua formação.

“Foi uma época em que a música brasileira atravessou fronteiras. Essas canções fizeram parte do que eu ouvia no início da adolescência”, conta.

Para sempre, Roxette

Ainda que siga celebrando o legado de sua parceria musical com Marie Fredriksson - vocalista do Roxette que morreu de câncer em 2019 - já se vão quase 10 anos que ele não se apresenta ao vivo com o projeto. O último show do Roxette com a formação clássica foi em 2016, quando Marie precisou se retirar das turnês para se dedicar ao tratamento.

“É uma tristeza enorme que a Marie não esteja mais conosco”, diz. A perda precoce da amiga, que conviveu por 17 anos com a doença, faz com que ele mantenha vivo o legado dessa parceria.

Per conta que se emociona quando toca uma música do Roxette em algum show de seu projeto solo. “As pessoas ficam felizes, cantam junto, vibram, porque foram canções que fizeram parte da história delas, que elas cresceram ouvindo. Isso me deixa muito feliz.”

Diz, ainda, que gostaria de reencontrar com fãs do Roxette ao redor do mundo.

Às vezes, penso que podemos voltar a tocar canções do Roxette, antes que seja tarde... São músicas tão especiais pra mim, que eu escrevi… São como meus bebês.

Per também segue lançando novos álbuns - o mais recente é Pop Up Dynamo, de 2022. “Eu queria criar algo que soasse como o Roxette, e trabalhar com pessoas que foram nossas parceiras na época de banda”, explica.

“Quis fazer algo que soasse como uma transição entre [os álbuns] Look Sharp! e o Joyride, com aquela sonoridade dos anos 80 e tudo. Então, chamei as cantoras [Helena Josefsson e Dea Norberg] para me ajudarem com as canções. O resultado ficou bem legal. Tenho muito orgulho desse projeto.”

Saudades do verão

Durante o bate-papo, Per conta que está nevando do lado de fora de sua casa - o que parece surreal se pensar que ele passou os últimos minutos ouvindo o que há de mais solar na música brasileira atual.

“Vocês estão no verão aí, né?”, me pergunta, quando já estávamos nos despedindo. “É um clima maravilhoso. Você devia ver aqui pela janela. Só tem neve e ela está na fase em que congela, então… é terrível.”

Per confessa que tem muita vontade de voltar a tocar Brasil. “Estou tentando uma forma voltar aí… espero que aconteça”. Se depender do público brasileiro, que ainda hoje segue entoando suas canções, esse reencontro deve acontecer logo.

Seu navegador não suporta esse video.

Per Gessle ouviu versões de Gusttavo Lima, Pabllo Vittar, Marília Mendonça & Maiara e Maraisa e Gaby Amarantos de músicas do Roxette e conta o que achou

Em um fenômeno recente - e curioso - as rádios do Brasil foram tomadas por versões ensolaradas do Roxette.

O duo sueco formado por Per Gessle e Marie Fredriksson, que emplacou sucessos entre os anos 1980 e 1990 como It Must Have Been Love e Listen to Your Heart, inspira nossa música popular, em versões que vão do sertanejo radiofônico ao tecnobrega das aparelhagens.

Entre as diversas versões brasileiras encontradas no YouTube, o Estadão escolheu quatro para Per Gessle reagir: Desejo Imortal (versão de It Must Have Been Love), de Gusttavo Lima, seguida por Uma Vida a Mais, de Marilia Mendonça e Maiara & Maraisa (de Listen to Your Heart), Não Vou Te Deixar, de Gaby Amarantos (de I Don’t Want to Get Hurt) e, por fim, Pede Pra Eu ficar (também de Listen to Your Heart), de Pabllo Vittar.

O resultado é uma honraria para os fãs do Brasil - e mais ainda para aqueles que cantam hits do Roxette temperados com nosso romantismo musical.

Per Gessle, do Roxette, reage a versões brasileiras da banda Foto: Reprodução de vídeo / Estadão

Na conversa com o Estadão por videochamada, Per fala de sua casa, direto de uma Suécia que vive o auge do inverno. Parecia animado para ouvir versões de sua banda que fazem sucesso do lado de cá do oceano.

Ele não demora a entrar no clima: coloca seu fone e dá play em cada uma, mostrando gostar do que escutava. Às vezes, até arriscando uma dança (veja o vídeo acima). “Estou amando!”.

Roxette (versão sofrência sertaneja)

Duas das versões escolhidas pelo Estadão têm raízes sertanejas, mas flertarem com outros estilos. Desejo Imortal, de Gusttavo Lima, segue pelo romantismo de uma bachata dançante, enquanto Uma Vida a Mais, do projeto As Patroas, ganha instrumentos como o saxofone.

Per se mostra impressionado com o clipe de Gusttavo Lima, filmado em um show no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.

No vídeo, Gusttavo Lima sorri com seus óculos escuros, abre os braços, chama o público para cantar - tudo devidamente capturado pelas diversas câmeras em drones que sobrevoam o palco.

“Tem muita gente aí!, observa Per, enquanto balança a cabeça acompanhando o ritmo da música. “Eu lembro de ter ouvido essa antes, porque ele chama o público para cantar exatamente na mesma parte onde Marie [Fredriksson] fazia isso!”, revela.

“Acho uma ótima versão, é lindo que ele tenha essa comunicação com o público”.

Eu não entendo o que ele canta, mas parece bom!

Já na versão de Marilia Mendonça e Maiara e Maraisa, Per confessa que o ritmo poderia estar mais acelerado. “Está lento, fica difícil para elas cantarem... Mas acho lindo, as três têm vozes ótimas e são maravilhosas”, diz.

O que há de mais novo no pop

“Foi a versão que eu mais gostei!”, confessa Per. Ele está ouvindo Não Vou Te Deixar, lançada em 2003 pela banda de Gaby Amarantos, TecnoShow, e regravada pela cantora em 2022.

Ao contrário das outras versões, Gaby - que é fã confessa do duo - escolheu um lado B do Roxette, I Don’t Want to Get Hurt, lançada na compilação Don’t Bore Us, Get to the Chorus!, de 1995.

Per se mostrou surpreso: “Oh, eu não sabia que alguém ouviu essa! Não é uma música tão conhecida, foi lançada como extra de uma coletânea do Roxette”, explica.

Na versão de Gaby, o teclado é acelerado, deixando a música dançante - bem diferente da balada original. “Ela fez um trabalho maravilhoso. E tem uma voz linda”, diz.

O batidão e o tecnobrega do norte do País, que Gaby exalta em sua música e Pabllo homenageia em sua discografia, parecem animar ainda mais o fundador do Roxette.

O clima das batidas eletrônicas em BPMs (batidas por minuto) acelerados remete a Per outro estilo musical também ensolarado, que ele busca como referência.

Não é reggae, mas tem essa batida... [diz, simulando tocar uma guitarra]. Eu amei.

A última versão que Per escuta é a mais recente. O batidão Pede pra eu ficar, lançado por Pabllo Vittar em janeiro deste ano, é a única das versões que inclui o título da original, Listen to Your Heart.

A faixa começa com uma atmosfera parecida com aquela feita pelo Roxette - os teclados com o clima oitentista estão ali - mas ganha nova roupagem com a batida eletrônica.

Per se entusiasma: para ele, é o que parece existir de mais novo na música pop. “Se essa música fosse feita hoje, provavelmente seria produzida desse jeito. Porque é como um pop clássico, mas com elementos modernos. Ótima sonoridade, voz... Adorei de imediato!”, diz.

Versão brasileira

Ao ouvir as versões - todas devidamente autorizadas, vale considerar - Per mostra um olhar generoso para quem transforma sua obra, seja atualizando-a ou aplicando uma sonoridade local, uma linguagem que ele não conhece. Afinal, os brasileiros também aprenderam a amar as canções dos suecos, ainda que fossem cantadas em outra língua.

O que nos conecta, no fim das contas, é a música e os sentimentos que ela evoca. Isso também comprova - caso alguém tivesse dúvidas - o caráter atemporal dos hits do Roxette, que se reinventam a cada versão.

O que explica o fenômeno Roxette no Brasil?

Músicas do Roxette embalam cenas de casais apaixonados na teledramaturgia e no cinema - vale lembrar do final de Uma Linda Mulher, de 1990, com It Must Have Been Love tocando por quase um minuto enquanto Julia Roberts aparece em uma limusine pensando em Richard Gere.

Ou Spending My Time tocando nas cenas da mocinha Cidinha (Vera Fisher) em Perigosas Peruas, de 1992.

Para além do imaginário popular - graças, é claro, à distribuição radiofônica de músicas estrangeiras no Brasil -, o que explica essa invasão de músicas do Roxette por aqui é o romantismo que elas evocam (leia mais), com seus teclados intensos e refrões apaixonados.

Em um país que teve como base cultural o romantismo, da poesia aos folhetins, passando pelo drama dos mocinhos da novela às canções açucaradas, a idealização, o sofrimento amoroso e a melancolia são temas em constante renovação.

Da sofrência à música “brega”, o romantismo é preferência nacional.

O duo Roxette no Brasil, em 1992 

Memórias do Brasil

No momento em que fizemos a videochamada, Per falava direto de uma Suécia no auge do inverno, onde as temperaturas chegam a 4 graus negativos neste período do ano. Bastante diferente do clima brasileiro.

Pergunto sobre as turnês do Roxette no Brasil e ele rapidamente puxa pela memória: “A primeira vez que estivemos aí foi em 1992, na Joyride Tour. Passamos por São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre”, conta, com pronúncia cuidadosa ao citar cada cidade.

“A turnê da América do Sul foi enorme. Tocamos em grandes estádios. Em São Paulo, foram 60 mil pessoas!”, lembra.

“Era tanta gente… eu queria que tivéssemos celulares naquela época, porque era tão complicado filmar”, diz, indo na contramão de outros músicos que se incomodam com shows tomados por smartphones na plateia.

Nova música popular

Sem se atracar à nostalgia, Per se mostra conectado com o que há de mais novo, inclusive os ritmos que ressoam no Brasil atualmente. É o caso do pop folk feito pelo dupla Anavitória.

“Dei uma pesquisada e as encontrei”, conta. “Eu adorei, ouvi várias músicas. Minhas favoritas da cena atual daí.”

Anavitoria no Lollapalooza, em 2023  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Nova banda favorita

Antes de ouvir as versões, Per diz que comentou com um amigo sobre nossa entrevista. A primeira coisa que ele respondeu ao músico foi: “Você já ouviu Mutantes?”.

Per não conhecia - e amou. “Tem uma sonoridade muito diferente. Eles são maravilhosos. É minha nova banda favorita.”

Arnaldo Batista, Rita Lee e Sérgio Dias, integrantes originais do grupo Os Mutantes, durante entrevista ao Estadão em 1970 Foto: Lucrécio Jr./Estadão

Essa bossa

Apesar das novas descobertas, a conexão de Per com a música brasileira começa nas memórias da infância. Ele se lembra, por exemplo, do impacto ao assistir Astrud Gilberto interpretando Girl From Ipanema.

E não é para menos: além de ser conhecida internacionalmente por interpretar a versão mais famosa da (ainda hoje) mais famosa canção brasileira, Astrud foi a primeira mulher a vencer um Grammy de Melhor Gravação do ano, em 1965, marcando presença nas TVs internacionais. Per se recorda dessa época: “Eu amo a voz dela”, conta.

Assim como fãs brasileiros que cresceram ouvindo Roxette, Per confessa que ritmos como a bossa nova e a MPB de Gilberto Gil fizeram parte também de sua formação.

“Foi uma época em que a música brasileira atravessou fronteiras. Essas canções fizeram parte do que eu ouvia no início da adolescência”, conta.

Para sempre, Roxette

Ainda que siga celebrando o legado de sua parceria musical com Marie Fredriksson - vocalista do Roxette que morreu de câncer em 2019 - já se vão quase 10 anos que ele não se apresenta ao vivo com o projeto. O último show do Roxette com a formação clássica foi em 2016, quando Marie precisou se retirar das turnês para se dedicar ao tratamento.

“É uma tristeza enorme que a Marie não esteja mais conosco”, diz. A perda precoce da amiga, que conviveu por 17 anos com a doença, faz com que ele mantenha vivo o legado dessa parceria.

Per conta que se emociona quando toca uma música do Roxette em algum show de seu projeto solo. “As pessoas ficam felizes, cantam junto, vibram, porque foram canções que fizeram parte da história delas, que elas cresceram ouvindo. Isso me deixa muito feliz.”

Diz, ainda, que gostaria de reencontrar com fãs do Roxette ao redor do mundo.

Às vezes, penso que podemos voltar a tocar canções do Roxette, antes que seja tarde... São músicas tão especiais pra mim, que eu escrevi… São como meus bebês.

Per também segue lançando novos álbuns - o mais recente é Pop Up Dynamo, de 2022. “Eu queria criar algo que soasse como o Roxette, e trabalhar com pessoas que foram nossas parceiras na época de banda”, explica.

“Quis fazer algo que soasse como uma transição entre [os álbuns] Look Sharp! e o Joyride, com aquela sonoridade dos anos 80 e tudo. Então, chamei as cantoras [Helena Josefsson e Dea Norberg] para me ajudarem com as canções. O resultado ficou bem legal. Tenho muito orgulho desse projeto.”

Saudades do verão

Durante o bate-papo, Per conta que está nevando do lado de fora de sua casa - o que parece surreal se pensar que ele passou os últimos minutos ouvindo o que há de mais solar na música brasileira atual.

“Vocês estão no verão aí, né?”, me pergunta, quando já estávamos nos despedindo. “É um clima maravilhoso. Você devia ver aqui pela janela. Só tem neve e ela está na fase em que congela, então… é terrível.”

Per confessa que tem muita vontade de voltar a tocar Brasil. “Estou tentando uma forma voltar aí… espero que aconteça”. Se depender do público brasileiro, que ainda hoje segue entoando suas canções, esse reencontro deve acontecer logo.

Seu navegador não suporta esse video.

Per Gessle ouviu versões de Gusttavo Lima, Pabllo Vittar, Marília Mendonça & Maiara e Maraisa e Gaby Amarantos de músicas do Roxette e conta o que achou

Em um fenômeno recente - e curioso - as rádios do Brasil foram tomadas por versões ensolaradas do Roxette.

O duo sueco formado por Per Gessle e Marie Fredriksson, que emplacou sucessos entre os anos 1980 e 1990 como It Must Have Been Love e Listen to Your Heart, inspira nossa música popular, em versões que vão do sertanejo radiofônico ao tecnobrega das aparelhagens.

Entre as diversas versões brasileiras encontradas no YouTube, o Estadão escolheu quatro para Per Gessle reagir: Desejo Imortal (versão de It Must Have Been Love), de Gusttavo Lima, seguida por Uma Vida a Mais, de Marilia Mendonça e Maiara & Maraisa (de Listen to Your Heart), Não Vou Te Deixar, de Gaby Amarantos (de I Don’t Want to Get Hurt) e, por fim, Pede Pra Eu ficar (também de Listen to Your Heart), de Pabllo Vittar.

O resultado é uma honraria para os fãs do Brasil - e mais ainda para aqueles que cantam hits do Roxette temperados com nosso romantismo musical.

Per Gessle, do Roxette, reage a versões brasileiras da banda Foto: Reprodução de vídeo / Estadão

Na conversa com o Estadão por videochamada, Per fala de sua casa, direto de uma Suécia que vive o auge do inverno. Parecia animado para ouvir versões de sua banda que fazem sucesso do lado de cá do oceano.

Ele não demora a entrar no clima: coloca seu fone e dá play em cada uma, mostrando gostar do que escutava. Às vezes, até arriscando uma dança (veja o vídeo acima). “Estou amando!”.

Roxette (versão sofrência sertaneja)

Duas das versões escolhidas pelo Estadão têm raízes sertanejas, mas flertarem com outros estilos. Desejo Imortal, de Gusttavo Lima, segue pelo romantismo de uma bachata dançante, enquanto Uma Vida a Mais, do projeto As Patroas, ganha instrumentos como o saxofone.

Per se mostra impressionado com o clipe de Gusttavo Lima, filmado em um show no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.

No vídeo, Gusttavo Lima sorri com seus óculos escuros, abre os braços, chama o público para cantar - tudo devidamente capturado pelas diversas câmeras em drones que sobrevoam o palco.

“Tem muita gente aí!, observa Per, enquanto balança a cabeça acompanhando o ritmo da música. “Eu lembro de ter ouvido essa antes, porque ele chama o público para cantar exatamente na mesma parte onde Marie [Fredriksson] fazia isso!”, revela.

“Acho uma ótima versão, é lindo que ele tenha essa comunicação com o público”.

Eu não entendo o que ele canta, mas parece bom!

Já na versão de Marilia Mendonça e Maiara e Maraisa, Per confessa que o ritmo poderia estar mais acelerado. “Está lento, fica difícil para elas cantarem... Mas acho lindo, as três têm vozes ótimas e são maravilhosas”, diz.

O que há de mais novo no pop

“Foi a versão que eu mais gostei!”, confessa Per. Ele está ouvindo Não Vou Te Deixar, lançada em 2003 pela banda de Gaby Amarantos, TecnoShow, e regravada pela cantora em 2022.

Ao contrário das outras versões, Gaby - que é fã confessa do duo - escolheu um lado B do Roxette, I Don’t Want to Get Hurt, lançada na compilação Don’t Bore Us, Get to the Chorus!, de 1995.

Per se mostrou surpreso: “Oh, eu não sabia que alguém ouviu essa! Não é uma música tão conhecida, foi lançada como extra de uma coletânea do Roxette”, explica.

Na versão de Gaby, o teclado é acelerado, deixando a música dançante - bem diferente da balada original. “Ela fez um trabalho maravilhoso. E tem uma voz linda”, diz.

O batidão e o tecnobrega do norte do País, que Gaby exalta em sua música e Pabllo homenageia em sua discografia, parecem animar ainda mais o fundador do Roxette.

O clima das batidas eletrônicas em BPMs (batidas por minuto) acelerados remete a Per outro estilo musical também ensolarado, que ele busca como referência.

Não é reggae, mas tem essa batida... [diz, simulando tocar uma guitarra]. Eu amei.

A última versão que Per escuta é a mais recente. O batidão Pede pra eu ficar, lançado por Pabllo Vittar em janeiro deste ano, é a única das versões que inclui o título da original, Listen to Your Heart.

A faixa começa com uma atmosfera parecida com aquela feita pelo Roxette - os teclados com o clima oitentista estão ali - mas ganha nova roupagem com a batida eletrônica.

Per se entusiasma: para ele, é o que parece existir de mais novo na música pop. “Se essa música fosse feita hoje, provavelmente seria produzida desse jeito. Porque é como um pop clássico, mas com elementos modernos. Ótima sonoridade, voz... Adorei de imediato!”, diz.

Versão brasileira

Ao ouvir as versões - todas devidamente autorizadas, vale considerar - Per mostra um olhar generoso para quem transforma sua obra, seja atualizando-a ou aplicando uma sonoridade local, uma linguagem que ele não conhece. Afinal, os brasileiros também aprenderam a amar as canções dos suecos, ainda que fossem cantadas em outra língua.

O que nos conecta, no fim das contas, é a música e os sentimentos que ela evoca. Isso também comprova - caso alguém tivesse dúvidas - o caráter atemporal dos hits do Roxette, que se reinventam a cada versão.

O que explica o fenômeno Roxette no Brasil?

Músicas do Roxette embalam cenas de casais apaixonados na teledramaturgia e no cinema - vale lembrar do final de Uma Linda Mulher, de 1990, com It Must Have Been Love tocando por quase um minuto enquanto Julia Roberts aparece em uma limusine pensando em Richard Gere.

Ou Spending My Time tocando nas cenas da mocinha Cidinha (Vera Fisher) em Perigosas Peruas, de 1992.

Para além do imaginário popular - graças, é claro, à distribuição radiofônica de músicas estrangeiras no Brasil -, o que explica essa invasão de músicas do Roxette por aqui é o romantismo que elas evocam (leia mais), com seus teclados intensos e refrões apaixonados.

Em um país que teve como base cultural o romantismo, da poesia aos folhetins, passando pelo drama dos mocinhos da novela às canções açucaradas, a idealização, o sofrimento amoroso e a melancolia são temas em constante renovação.

Da sofrência à música “brega”, o romantismo é preferência nacional.

O duo Roxette no Brasil, em 1992 

Memórias do Brasil

No momento em que fizemos a videochamada, Per falava direto de uma Suécia no auge do inverno, onde as temperaturas chegam a 4 graus negativos neste período do ano. Bastante diferente do clima brasileiro.

Pergunto sobre as turnês do Roxette no Brasil e ele rapidamente puxa pela memória: “A primeira vez que estivemos aí foi em 1992, na Joyride Tour. Passamos por São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre”, conta, com pronúncia cuidadosa ao citar cada cidade.

“A turnê da América do Sul foi enorme. Tocamos em grandes estádios. Em São Paulo, foram 60 mil pessoas!”, lembra.

“Era tanta gente… eu queria que tivéssemos celulares naquela época, porque era tão complicado filmar”, diz, indo na contramão de outros músicos que se incomodam com shows tomados por smartphones na plateia.

Nova música popular

Sem se atracar à nostalgia, Per se mostra conectado com o que há de mais novo, inclusive os ritmos que ressoam no Brasil atualmente. É o caso do pop folk feito pelo dupla Anavitória.

“Dei uma pesquisada e as encontrei”, conta. “Eu adorei, ouvi várias músicas. Minhas favoritas da cena atual daí.”

Anavitoria no Lollapalooza, em 2023  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Nova banda favorita

Antes de ouvir as versões, Per diz que comentou com um amigo sobre nossa entrevista. A primeira coisa que ele respondeu ao músico foi: “Você já ouviu Mutantes?”.

Per não conhecia - e amou. “Tem uma sonoridade muito diferente. Eles são maravilhosos. É minha nova banda favorita.”

Arnaldo Batista, Rita Lee e Sérgio Dias, integrantes originais do grupo Os Mutantes, durante entrevista ao Estadão em 1970 Foto: Lucrécio Jr./Estadão

Essa bossa

Apesar das novas descobertas, a conexão de Per com a música brasileira começa nas memórias da infância. Ele se lembra, por exemplo, do impacto ao assistir Astrud Gilberto interpretando Girl From Ipanema.

E não é para menos: além de ser conhecida internacionalmente por interpretar a versão mais famosa da (ainda hoje) mais famosa canção brasileira, Astrud foi a primeira mulher a vencer um Grammy de Melhor Gravação do ano, em 1965, marcando presença nas TVs internacionais. Per se recorda dessa época: “Eu amo a voz dela”, conta.

Assim como fãs brasileiros que cresceram ouvindo Roxette, Per confessa que ritmos como a bossa nova e a MPB de Gilberto Gil fizeram parte também de sua formação.

“Foi uma época em que a música brasileira atravessou fronteiras. Essas canções fizeram parte do que eu ouvia no início da adolescência”, conta.

Para sempre, Roxette

Ainda que siga celebrando o legado de sua parceria musical com Marie Fredriksson - vocalista do Roxette que morreu de câncer em 2019 - já se vão quase 10 anos que ele não se apresenta ao vivo com o projeto. O último show do Roxette com a formação clássica foi em 2016, quando Marie precisou se retirar das turnês para se dedicar ao tratamento.

“É uma tristeza enorme que a Marie não esteja mais conosco”, diz. A perda precoce da amiga, que conviveu por 17 anos com a doença, faz com que ele mantenha vivo o legado dessa parceria.

Per conta que se emociona quando toca uma música do Roxette em algum show de seu projeto solo. “As pessoas ficam felizes, cantam junto, vibram, porque foram canções que fizeram parte da história delas, que elas cresceram ouvindo. Isso me deixa muito feliz.”

Diz, ainda, que gostaria de reencontrar com fãs do Roxette ao redor do mundo.

Às vezes, penso que podemos voltar a tocar canções do Roxette, antes que seja tarde... São músicas tão especiais pra mim, que eu escrevi… São como meus bebês.

Per também segue lançando novos álbuns - o mais recente é Pop Up Dynamo, de 2022. “Eu queria criar algo que soasse como o Roxette, e trabalhar com pessoas que foram nossas parceiras na época de banda”, explica.

“Quis fazer algo que soasse como uma transição entre [os álbuns] Look Sharp! e o Joyride, com aquela sonoridade dos anos 80 e tudo. Então, chamei as cantoras [Helena Josefsson e Dea Norberg] para me ajudarem com as canções. O resultado ficou bem legal. Tenho muito orgulho desse projeto.”

Saudades do verão

Durante o bate-papo, Per conta que está nevando do lado de fora de sua casa - o que parece surreal se pensar que ele passou os últimos minutos ouvindo o que há de mais solar na música brasileira atual.

“Vocês estão no verão aí, né?”, me pergunta, quando já estávamos nos despedindo. “É um clima maravilhoso. Você devia ver aqui pela janela. Só tem neve e ela está na fase em que congela, então… é terrível.”

Per confessa que tem muita vontade de voltar a tocar Brasil. “Estou tentando uma forma voltar aí… espero que aconteça”. Se depender do público brasileiro, que ainda hoje segue entoando suas canções, esse reencontro deve acontecer logo.

Seu navegador não suporta esse video.

Per Gessle ouviu versões de Gusttavo Lima, Pabllo Vittar, Marília Mendonça & Maiara e Maraisa e Gaby Amarantos de músicas do Roxette e conta o que achou

Em um fenômeno recente - e curioso - as rádios do Brasil foram tomadas por versões ensolaradas do Roxette.

O duo sueco formado por Per Gessle e Marie Fredriksson, que emplacou sucessos entre os anos 1980 e 1990 como It Must Have Been Love e Listen to Your Heart, inspira nossa música popular, em versões que vão do sertanejo radiofônico ao tecnobrega das aparelhagens.

Entre as diversas versões brasileiras encontradas no YouTube, o Estadão escolheu quatro para Per Gessle reagir: Desejo Imortal (versão de It Must Have Been Love), de Gusttavo Lima, seguida por Uma Vida a Mais, de Marilia Mendonça e Maiara & Maraisa (de Listen to Your Heart), Não Vou Te Deixar, de Gaby Amarantos (de I Don’t Want to Get Hurt) e, por fim, Pede Pra Eu ficar (também de Listen to Your Heart), de Pabllo Vittar.

O resultado é uma honraria para os fãs do Brasil - e mais ainda para aqueles que cantam hits do Roxette temperados com nosso romantismo musical.

Per Gessle, do Roxette, reage a versões brasileiras da banda Foto: Reprodução de vídeo / Estadão

Na conversa com o Estadão por videochamada, Per fala de sua casa, direto de uma Suécia que vive o auge do inverno. Parecia animado para ouvir versões de sua banda que fazem sucesso do lado de cá do oceano.

Ele não demora a entrar no clima: coloca seu fone e dá play em cada uma, mostrando gostar do que escutava. Às vezes, até arriscando uma dança (veja o vídeo acima). “Estou amando!”.

Roxette (versão sofrência sertaneja)

Duas das versões escolhidas pelo Estadão têm raízes sertanejas, mas flertarem com outros estilos. Desejo Imortal, de Gusttavo Lima, segue pelo romantismo de uma bachata dançante, enquanto Uma Vida a Mais, do projeto As Patroas, ganha instrumentos como o saxofone.

Per se mostra impressionado com o clipe de Gusttavo Lima, filmado em um show no estádio do Mineirão, em Belo Horizonte.

No vídeo, Gusttavo Lima sorri com seus óculos escuros, abre os braços, chama o público para cantar - tudo devidamente capturado pelas diversas câmeras em drones que sobrevoam o palco.

“Tem muita gente aí!, observa Per, enquanto balança a cabeça acompanhando o ritmo da música. “Eu lembro de ter ouvido essa antes, porque ele chama o público para cantar exatamente na mesma parte onde Marie [Fredriksson] fazia isso!”, revela.

“Acho uma ótima versão, é lindo que ele tenha essa comunicação com o público”.

Eu não entendo o que ele canta, mas parece bom!

Já na versão de Marilia Mendonça e Maiara e Maraisa, Per confessa que o ritmo poderia estar mais acelerado. “Está lento, fica difícil para elas cantarem... Mas acho lindo, as três têm vozes ótimas e são maravilhosas”, diz.

O que há de mais novo no pop

“Foi a versão que eu mais gostei!”, confessa Per. Ele está ouvindo Não Vou Te Deixar, lançada em 2003 pela banda de Gaby Amarantos, TecnoShow, e regravada pela cantora em 2022.

Ao contrário das outras versões, Gaby - que é fã confessa do duo - escolheu um lado B do Roxette, I Don’t Want to Get Hurt, lançada na compilação Don’t Bore Us, Get to the Chorus!, de 1995.

Per se mostrou surpreso: “Oh, eu não sabia que alguém ouviu essa! Não é uma música tão conhecida, foi lançada como extra de uma coletânea do Roxette”, explica.

Na versão de Gaby, o teclado é acelerado, deixando a música dançante - bem diferente da balada original. “Ela fez um trabalho maravilhoso. E tem uma voz linda”, diz.

O batidão e o tecnobrega do norte do País, que Gaby exalta em sua música e Pabllo homenageia em sua discografia, parecem animar ainda mais o fundador do Roxette.

O clima das batidas eletrônicas em BPMs (batidas por minuto) acelerados remete a Per outro estilo musical também ensolarado, que ele busca como referência.

Não é reggae, mas tem essa batida... [diz, simulando tocar uma guitarra]. Eu amei.

A última versão que Per escuta é a mais recente. O batidão Pede pra eu ficar, lançado por Pabllo Vittar em janeiro deste ano, é a única das versões que inclui o título da original, Listen to Your Heart.

A faixa começa com uma atmosfera parecida com aquela feita pelo Roxette - os teclados com o clima oitentista estão ali - mas ganha nova roupagem com a batida eletrônica.

Per se entusiasma: para ele, é o que parece existir de mais novo na música pop. “Se essa música fosse feita hoje, provavelmente seria produzida desse jeito. Porque é como um pop clássico, mas com elementos modernos. Ótima sonoridade, voz... Adorei de imediato!”, diz.

Versão brasileira

Ao ouvir as versões - todas devidamente autorizadas, vale considerar - Per mostra um olhar generoso para quem transforma sua obra, seja atualizando-a ou aplicando uma sonoridade local, uma linguagem que ele não conhece. Afinal, os brasileiros também aprenderam a amar as canções dos suecos, ainda que fossem cantadas em outra língua.

O que nos conecta, no fim das contas, é a música e os sentimentos que ela evoca. Isso também comprova - caso alguém tivesse dúvidas - o caráter atemporal dos hits do Roxette, que se reinventam a cada versão.

O que explica o fenômeno Roxette no Brasil?

Músicas do Roxette embalam cenas de casais apaixonados na teledramaturgia e no cinema - vale lembrar do final de Uma Linda Mulher, de 1990, com It Must Have Been Love tocando por quase um minuto enquanto Julia Roberts aparece em uma limusine pensando em Richard Gere.

Ou Spending My Time tocando nas cenas da mocinha Cidinha (Vera Fisher) em Perigosas Peruas, de 1992.

Para além do imaginário popular - graças, é claro, à distribuição radiofônica de músicas estrangeiras no Brasil -, o que explica essa invasão de músicas do Roxette por aqui é o romantismo que elas evocam (leia mais), com seus teclados intensos e refrões apaixonados.

Em um país que teve como base cultural o romantismo, da poesia aos folhetins, passando pelo drama dos mocinhos da novela às canções açucaradas, a idealização, o sofrimento amoroso e a melancolia são temas em constante renovação.

Da sofrência à música “brega”, o romantismo é preferência nacional.

O duo Roxette no Brasil, em 1992 

Memórias do Brasil

No momento em que fizemos a videochamada, Per falava direto de uma Suécia no auge do inverno, onde as temperaturas chegam a 4 graus negativos neste período do ano. Bastante diferente do clima brasileiro.

Pergunto sobre as turnês do Roxette no Brasil e ele rapidamente puxa pela memória: “A primeira vez que estivemos aí foi em 1992, na Joyride Tour. Passamos por São Paulo, Belo Horizonte e Porto Alegre”, conta, com pronúncia cuidadosa ao citar cada cidade.

“A turnê da América do Sul foi enorme. Tocamos em grandes estádios. Em São Paulo, foram 60 mil pessoas!”, lembra.

“Era tanta gente… eu queria que tivéssemos celulares naquela época, porque era tão complicado filmar”, diz, indo na contramão de outros músicos que se incomodam com shows tomados por smartphones na plateia.

Nova música popular

Sem se atracar à nostalgia, Per se mostra conectado com o que há de mais novo, inclusive os ritmos que ressoam no Brasil atualmente. É o caso do pop folk feito pelo dupla Anavitória.

“Dei uma pesquisada e as encontrei”, conta. “Eu adorei, ouvi várias músicas. Minhas favoritas da cena atual daí.”

Anavitoria no Lollapalooza, em 2023  Foto: Taba Benedicto/Estadão

Nova banda favorita

Antes de ouvir as versões, Per diz que comentou com um amigo sobre nossa entrevista. A primeira coisa que ele respondeu ao músico foi: “Você já ouviu Mutantes?”.

Per não conhecia - e amou. “Tem uma sonoridade muito diferente. Eles são maravilhosos. É minha nova banda favorita.”

Arnaldo Batista, Rita Lee e Sérgio Dias, integrantes originais do grupo Os Mutantes, durante entrevista ao Estadão em 1970 Foto: Lucrécio Jr./Estadão

Essa bossa

Apesar das novas descobertas, a conexão de Per com a música brasileira começa nas memórias da infância. Ele se lembra, por exemplo, do impacto ao assistir Astrud Gilberto interpretando Girl From Ipanema.

E não é para menos: além de ser conhecida internacionalmente por interpretar a versão mais famosa da (ainda hoje) mais famosa canção brasileira, Astrud foi a primeira mulher a vencer um Grammy de Melhor Gravação do ano, em 1965, marcando presença nas TVs internacionais. Per se recorda dessa época: “Eu amo a voz dela”, conta.

Assim como fãs brasileiros que cresceram ouvindo Roxette, Per confessa que ritmos como a bossa nova e a MPB de Gilberto Gil fizeram parte também de sua formação.

“Foi uma época em que a música brasileira atravessou fronteiras. Essas canções fizeram parte do que eu ouvia no início da adolescência”, conta.

Para sempre, Roxette

Ainda que siga celebrando o legado de sua parceria musical com Marie Fredriksson - vocalista do Roxette que morreu de câncer em 2019 - já se vão quase 10 anos que ele não se apresenta ao vivo com o projeto. O último show do Roxette com a formação clássica foi em 2016, quando Marie precisou se retirar das turnês para se dedicar ao tratamento.

“É uma tristeza enorme que a Marie não esteja mais conosco”, diz. A perda precoce da amiga, que conviveu por 17 anos com a doença, faz com que ele mantenha vivo o legado dessa parceria.

Per conta que se emociona quando toca uma música do Roxette em algum show de seu projeto solo. “As pessoas ficam felizes, cantam junto, vibram, porque foram canções que fizeram parte da história delas, que elas cresceram ouvindo. Isso me deixa muito feliz.”

Diz, ainda, que gostaria de reencontrar com fãs do Roxette ao redor do mundo.

Às vezes, penso que podemos voltar a tocar canções do Roxette, antes que seja tarde... São músicas tão especiais pra mim, que eu escrevi… São como meus bebês.

Per também segue lançando novos álbuns - o mais recente é Pop Up Dynamo, de 2022. “Eu queria criar algo que soasse como o Roxette, e trabalhar com pessoas que foram nossas parceiras na época de banda”, explica.

“Quis fazer algo que soasse como uma transição entre [os álbuns] Look Sharp! e o Joyride, com aquela sonoridade dos anos 80 e tudo. Então, chamei as cantoras [Helena Josefsson e Dea Norberg] para me ajudarem com as canções. O resultado ficou bem legal. Tenho muito orgulho desse projeto.”

Saudades do verão

Durante o bate-papo, Per conta que está nevando do lado de fora de sua casa - o que parece surreal se pensar que ele passou os últimos minutos ouvindo o que há de mais solar na música brasileira atual.

“Vocês estão no verão aí, né?”, me pergunta, quando já estávamos nos despedindo. “É um clima maravilhoso. Você devia ver aqui pela janela. Só tem neve e ela está na fase em que congela, então… é terrível.”

Per confessa que tem muita vontade de voltar a tocar Brasil. “Estou tentando uma forma voltar aí… espero que aconteça”. Se depender do público brasileiro, que ainda hoje segue entoando suas canções, esse reencontro deve acontecer logo.

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