O mistério que ronda o fim da banda brasiliense Raimundos começa, aos poucos, a ser solucionado. Hoje, o vocalista Rodolfo, que há cinco meses se converteu à igreja evangélica Sara Nossa Terra e na semana passada anunciou sua saída da banda, concedeu entrevista ao site do fã-clube oficial (www.raimundoswfc.com). Valeu-se do espaço para defender que sua opção religiosa não influenciou na decisão de abandonar a banda. "Não pensem que eu vou cantar louvando ao Senhor, ser cantor gospel, não é isso. A minha religião nada tem a ver com a minha decisão, o meu descontentamento, que já vinha de anos", afirmou. "Não é vergonha nenhuma para mim falar que Jesus me salvou, muito pelo contrário. Vergonha eu tinha quando lia as minhas entrevistas, quando ouvia a minha música no rádio. Eu desligava." Pelo que disse, o ex-vocalista dos Raimundos quer retomar, no que vier a fazer, o discurso social que pregava em sua banda anterior, chamada Royal Street Flesh. "Agora quero compor letras que passem uma mensagem positiva para as pessoas", disse, constatando que "o microfone é umas das armas mais poderosas que existem, e eu nunca o usei para passar um mensagem consciente para o meu público". Dois foram os fatores alegados por Rodolfo para deixar os vocais do grupo de maior vendagem dos anos 90: a pressão da gravadora para que mantivessem a linha "engraçadinha", responsável pelos principais hits do conjunto, e o desgaste do relacionamento entre ele e seus companheiros, com os quais voltou a conversar recentemente, por conta de sua saída. Sobre o primeiro fator, afirmou: "Raimundos era para ser uma banda contra o sistema, hardcore. Não para falar besteira, para ser igual letra de funk e só mudar o ritmo". Sobre o segundo, disse: "A gente só se falava no palco, fora dele era cada no seu canto." Rodolfo pretende lançar um novo trabalho ainda este ano. "Eu sou roqueiro, sou do hardcore", disse, ressalvando que está disposto a inovar nos quesitos ritmo e harmonia. O site oficial da banda (www.raimundos.org) informa que nesta quinta-feira os quatro integrantes da extinta banda irão se reunir com a gravadora Warner para resolver questões burocráticas. Depois da conversa, é possível que Rodolfo, Fred, Canisso e Digão concedam entrevista coletiva à imprensa.
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