‘Não sabíamos que éramos psicodélicos. Éramos caretas’, diz Sérgio Dias, d'Os Mutantes


Banda é considerada a principal referência dos novos grupos psicodélicos do Brasil

Por Pedro Antunes

Se existe hoje uma psicodelia brasileira, com impacto inclusive no exterior, a culpa é quase toda de Rita Lee e os irmãos Sérgio Dias e Arnaldo Baptista. O grupo, ainda em atividade graças ao esforço de Sérgio Dias, foi citado como uma influência direta ou indireta pelas novas bandas do gênero entrevistadas pelo Estado, ajudou a fundar um gênero que caminhou à margem da música brasileira, mas que ganhou reconhecimento por uma geração surgida pós-anos 2000. Em entrevista por telefone, da Itália, prestes a embarcar em uma turnê pela Europa, Sérgio Dias se diz surpreso com essa redescoberta. Confira:

Os Mutantes foram citados como grande influência por novas bandas de rock psicodélico. Naquela época, vocês sabiam que o som que faziam era psicodelia?

Não existia o termo de psicodelia. Não sabíamos que éramos assim. Éramos caretas. Não usávamos drogas.

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  Foto: AE

Se não havia referência de psicodelia, onde vocês buscaram inspiração para aquelas canções?

Acho que tem a ver com se permitir. Se permitir ouvir estilos diferentes. Estar sempre ligado. As coisas nasciam das nossas loucuras internas, entende? Da nossa, sei lá, irreverência juvenil. E, ao mesmo tempo, da nossa enorme capacidade musical, a qual conquistamos ao trabalhar arduamente.

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Músicas como Panis et Circencis nasceram dessas experiências de estúdio?

Essa, por exemplo, é um exemplo. Tem aquele trecho que digo: ‘Passe a salada’, no fim, e tem aquela coisa toda. O que ocorreu foi que, quando acabamos de gravar a música, deixei meu equipamento ligado. E ele captou aquele som. Os técnicos foram inteligentes e não pararam de gravar. Perceberam que aquilo era genial. É impressionante a qualidade do áudio que entrou ali, né?

Jornais como The New York Times e Guardian comparam essas novas bandas a Os Mutantes. A abertura para elas hoje também existia na época de vocês?

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Não existia. A América era impenetrável. Depois que conseguimos entrar e lançamos nossos discos, essas barreiras linguísticas e étnicas caíram por terra. Isso é algo que a música fez e foi genial.

Se sente responsável por essa nova leva de bandas?

A banda tem que ser muito boa. Eles precisam trabalhar a sério. Não dá para desafinar, tocar mal. Eles precisam ser ótimos. Se podemos pedir um favor para eles, seria: “Toquem bem, por favor”.

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E a caixa com a discografia da banda, lançada pela Polysom, já estava nos planos?

Nem a pau! Acha que a (gravadora) Polygram (hoje Universal) lançaria algo? Não! A Polysom ligou, disse que queria lançar uma caixa e eu autorizei. Os outros também. 

Se existe hoje uma psicodelia brasileira, com impacto inclusive no exterior, a culpa é quase toda de Rita Lee e os irmãos Sérgio Dias e Arnaldo Baptista. O grupo, ainda em atividade graças ao esforço de Sérgio Dias, foi citado como uma influência direta ou indireta pelas novas bandas do gênero entrevistadas pelo Estado, ajudou a fundar um gênero que caminhou à margem da música brasileira, mas que ganhou reconhecimento por uma geração surgida pós-anos 2000. Em entrevista por telefone, da Itália, prestes a embarcar em uma turnê pela Europa, Sérgio Dias se diz surpreso com essa redescoberta. Confira:

Os Mutantes foram citados como grande influência por novas bandas de rock psicodélico. Naquela época, vocês sabiam que o som que faziam era psicodelia?

Não existia o termo de psicodelia. Não sabíamos que éramos assim. Éramos caretas. Não usávamos drogas.

  Foto: AE

Se não havia referência de psicodelia, onde vocês buscaram inspiração para aquelas canções?

Acho que tem a ver com se permitir. Se permitir ouvir estilos diferentes. Estar sempre ligado. As coisas nasciam das nossas loucuras internas, entende? Da nossa, sei lá, irreverência juvenil. E, ao mesmo tempo, da nossa enorme capacidade musical, a qual conquistamos ao trabalhar arduamente.

Músicas como Panis et Circencis nasceram dessas experiências de estúdio?

Essa, por exemplo, é um exemplo. Tem aquele trecho que digo: ‘Passe a salada’, no fim, e tem aquela coisa toda. O que ocorreu foi que, quando acabamos de gravar a música, deixei meu equipamento ligado. E ele captou aquele som. Os técnicos foram inteligentes e não pararam de gravar. Perceberam que aquilo era genial. É impressionante a qualidade do áudio que entrou ali, né?

Jornais como The New York Times e Guardian comparam essas novas bandas a Os Mutantes. A abertura para elas hoje também existia na época de vocês?

Não existia. A América era impenetrável. Depois que conseguimos entrar e lançamos nossos discos, essas barreiras linguísticas e étnicas caíram por terra. Isso é algo que a música fez e foi genial.

Se sente responsável por essa nova leva de bandas?

A banda tem que ser muito boa. Eles precisam trabalhar a sério. Não dá para desafinar, tocar mal. Eles precisam ser ótimos. Se podemos pedir um favor para eles, seria: “Toquem bem, por favor”.

E a caixa com a discografia da banda, lançada pela Polysom, já estava nos planos?

Nem a pau! Acha que a (gravadora) Polygram (hoje Universal) lançaria algo? Não! A Polysom ligou, disse que queria lançar uma caixa e eu autorizei. Os outros também. 

Se existe hoje uma psicodelia brasileira, com impacto inclusive no exterior, a culpa é quase toda de Rita Lee e os irmãos Sérgio Dias e Arnaldo Baptista. O grupo, ainda em atividade graças ao esforço de Sérgio Dias, foi citado como uma influência direta ou indireta pelas novas bandas do gênero entrevistadas pelo Estado, ajudou a fundar um gênero que caminhou à margem da música brasileira, mas que ganhou reconhecimento por uma geração surgida pós-anos 2000. Em entrevista por telefone, da Itália, prestes a embarcar em uma turnê pela Europa, Sérgio Dias se diz surpreso com essa redescoberta. Confira:

Os Mutantes foram citados como grande influência por novas bandas de rock psicodélico. Naquela época, vocês sabiam que o som que faziam era psicodelia?

Não existia o termo de psicodelia. Não sabíamos que éramos assim. Éramos caretas. Não usávamos drogas.

  Foto: AE

Se não havia referência de psicodelia, onde vocês buscaram inspiração para aquelas canções?

Acho que tem a ver com se permitir. Se permitir ouvir estilos diferentes. Estar sempre ligado. As coisas nasciam das nossas loucuras internas, entende? Da nossa, sei lá, irreverência juvenil. E, ao mesmo tempo, da nossa enorme capacidade musical, a qual conquistamos ao trabalhar arduamente.

Músicas como Panis et Circencis nasceram dessas experiências de estúdio?

Essa, por exemplo, é um exemplo. Tem aquele trecho que digo: ‘Passe a salada’, no fim, e tem aquela coisa toda. O que ocorreu foi que, quando acabamos de gravar a música, deixei meu equipamento ligado. E ele captou aquele som. Os técnicos foram inteligentes e não pararam de gravar. Perceberam que aquilo era genial. É impressionante a qualidade do áudio que entrou ali, né?

Jornais como The New York Times e Guardian comparam essas novas bandas a Os Mutantes. A abertura para elas hoje também existia na época de vocês?

Não existia. A América era impenetrável. Depois que conseguimos entrar e lançamos nossos discos, essas barreiras linguísticas e étnicas caíram por terra. Isso é algo que a música fez e foi genial.

Se sente responsável por essa nova leva de bandas?

A banda tem que ser muito boa. Eles precisam trabalhar a sério. Não dá para desafinar, tocar mal. Eles precisam ser ótimos. Se podemos pedir um favor para eles, seria: “Toquem bem, por favor”.

E a caixa com a discografia da banda, lançada pela Polysom, já estava nos planos?

Nem a pau! Acha que a (gravadora) Polygram (hoje Universal) lançaria algo? Não! A Polysom ligou, disse que queria lançar uma caixa e eu autorizei. Os outros também. 

Se existe hoje uma psicodelia brasileira, com impacto inclusive no exterior, a culpa é quase toda de Rita Lee e os irmãos Sérgio Dias e Arnaldo Baptista. O grupo, ainda em atividade graças ao esforço de Sérgio Dias, foi citado como uma influência direta ou indireta pelas novas bandas do gênero entrevistadas pelo Estado, ajudou a fundar um gênero que caminhou à margem da música brasileira, mas que ganhou reconhecimento por uma geração surgida pós-anos 2000. Em entrevista por telefone, da Itália, prestes a embarcar em uma turnê pela Europa, Sérgio Dias se diz surpreso com essa redescoberta. Confira:

Os Mutantes foram citados como grande influência por novas bandas de rock psicodélico. Naquela época, vocês sabiam que o som que faziam era psicodelia?

Não existia o termo de psicodelia. Não sabíamos que éramos assim. Éramos caretas. Não usávamos drogas.

  Foto: AE

Se não havia referência de psicodelia, onde vocês buscaram inspiração para aquelas canções?

Acho que tem a ver com se permitir. Se permitir ouvir estilos diferentes. Estar sempre ligado. As coisas nasciam das nossas loucuras internas, entende? Da nossa, sei lá, irreverência juvenil. E, ao mesmo tempo, da nossa enorme capacidade musical, a qual conquistamos ao trabalhar arduamente.

Músicas como Panis et Circencis nasceram dessas experiências de estúdio?

Essa, por exemplo, é um exemplo. Tem aquele trecho que digo: ‘Passe a salada’, no fim, e tem aquela coisa toda. O que ocorreu foi que, quando acabamos de gravar a música, deixei meu equipamento ligado. E ele captou aquele som. Os técnicos foram inteligentes e não pararam de gravar. Perceberam que aquilo era genial. É impressionante a qualidade do áudio que entrou ali, né?

Jornais como The New York Times e Guardian comparam essas novas bandas a Os Mutantes. A abertura para elas hoje também existia na época de vocês?

Não existia. A América era impenetrável. Depois que conseguimos entrar e lançamos nossos discos, essas barreiras linguísticas e étnicas caíram por terra. Isso é algo que a música fez e foi genial.

Se sente responsável por essa nova leva de bandas?

A banda tem que ser muito boa. Eles precisam trabalhar a sério. Não dá para desafinar, tocar mal. Eles precisam ser ótimos. Se podemos pedir um favor para eles, seria: “Toquem bem, por favor”.

E a caixa com a discografia da banda, lançada pela Polysom, já estava nos planos?

Nem a pau! Acha que a (gravadora) Polygram (hoje Universal) lançaria algo? Não! A Polysom ligou, disse que queria lançar uma caixa e eu autorizei. Os outros também. 

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