‘Não sou fã do pop moderno’, diz fundador do Duran Duran


Roger Taylor, baterista da emblemática banda inglesa dos anos 80, de hits como ‘A View To a Kill’ e ‘Save a Prayer’, fala ao ‘Estadão’ sobre o lançamento mais recente do grupo, a versão expandida do álbum ‘Danse Macabre’, e opina sobre o momento atual da música

Por Gabriel Zorzetto
Atualização:
Foto: Reprodução/Duran Duran via Facebook
Entrevista comRoger TaylorBaterista do Duran Duran

Quem viveu os anos 80 tem noção do impacto do Duran Duran na cultura pop. A banda formada em Birmingham, na Inglaterra, foi pioneira ao misturar, com sofisticação, o vigor do rock a grooves dançantes e elementos eletrônicos num caldo musical que rendeu sucessos como Girls On Film, Save a Prayer, Hungry Like The Wolf, entre outros.

Referências no mundo fashion – com vestimentas e penteados que influenciaram a moda naquela década – Simon Le Bon (vocais), Nick Rhodes (teclados), John Taylor (baixo), Andy Taylor (guitarra) e Roger Taylor (bateria; não confundir com seu xará do Queen) também souberam explorar o potencial da MTV com videoclipes de estética glamorosa e cinematográfica.

43 anos depois do lançamento do autointitulado disco de estreia, o grupo continua ativo e se reinventando. No ano passado, eles abraçaram a temática do Halloween em Danse Macabre, álbum que acaba de ser expandido para uma versão de luxo repleta de faixas inéditas. Uma delas é o cover de Evil Woman, clássico da Electric Light Orchestra, que ganhou até um remix do DJ e produtor brasileiro Bruno Martini.

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A relação dos britânicos com o Brasil, aliás, vem de longe. O hit Rio, do álbum homônimo de 1982, tem uma influência “subconsciente” da música brasileira, segundo explica o baterista do emblemático conjunto ao Estadão, em entrevista por telefone.

Na conversa, o músico de 64 anos falou sobre sua curiosa trajetória que quase o levou ao futebol, valorizou a década de maior êxito do Duran Duran, e relembrou a concepção de A View To a Kill, música tema de 007 - Na Mira dos Assassinos (1985), entre outros assuntos, além de opinar sobre o pop moderno.

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A banda Duran Duran reinou nos anos 80 com hits como 'A View To Kill' e 'Girls On Film'; na foto (da esquerda para a direita): Nick Rhodes, Simon Le Bon, John Taylor, Andy Taylor e Roger Taylor Foto: Reprodução/Duran Duran via Facebook

O senhor tem o mesmo nome que outra lenda da bateria, Roger Taylor, do Queen. Isso te causou alguma confusão no show business?

Na verdade, não. Quer dizer, isso é bastante notável. Nós estávamos na mesma gravadora, EMI. Nós dois estávamos, por um tempo, praticamente atuando ao mesmo tempo. E eu encontrei o Roger uma vez. Ele disse: ‘quando você vai se aposentar?!’ (risos)... Porque havia uma competição entre nós dois. Mas ele estava só brincando, é uma competição muito saudável.

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É verdade que o senhor tentou ser jogador de futebol antes de entrar no mundo da música?

Vocês [do Brasil] são os reis do futebol. Venho de uma área muito industrial, uma cidade automobilística onde praticamente todo mundo trabalhava na indústria automotiva, incluindo meu pai. E as únicas maneiras que existiam para ter sucesso eram por meio do futebol ou da música. Eu não era ótimo no futebol, tenho que admitir. Sim, eu tentei essa possibilidade, mas acabei optando pela música, que era a outra maneira de sair dessa cidade cinzenta como era nos anos 70. E por sorte, eu fui um dos que tiveram sucesso. Todos os meus amigos na escola queriam ser músicos. Naquela época, todo mundo queria fazer isso. Acho que nós não tínhamos as distrações que as crianças têm hoje, como TikTok, YouTube shorts, videogames ou o que quer que seja.

O grupo inglês Duran Duran se apresenta no Festival Lollapalooza, em São Paulo, em 2017 Foto: Sergio Castro/Estadão
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Poucas bandas representam os anos 80 tão bem quanto o Duran Duran. O que tinha de tão especial naquela década que as pessoas sentem tanta falta?

O grande lance daquela época era a atitude das bandas. Todo mundo acreditava que podia fazer por si mesmo. Eles acreditavam que podiam compor músicas, produzir sua própria música, criar seu próprio estilo. Então, havia uma ótima atitude de faça você mesmo sobre os anos 80. Isso gerou uma música incrivelmente energizada que as pessoas ainda ouvem até hoje. Havia tantas bandas ótimas. Tivemos tantos competidores excelentes nos anos 80 que realmente tivemos que elevar nosso nível para nos destacar. Foi um período tão criativo com a moda, arte e música. Foi incrível. Quer dizer, eu também amo os anos 90, por sinal, e amo os anos 2000. Não estou preso apenas àquela década, mas acho que foi uma década particularmente inovadora.

E da música pop atual, gosta?

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Tenho que dizer que não sou grande fã da música pop moderna. Não quero parecer um velho ranzinza, mas muita coisa é liderada por produtores em detrimento da banda. Não gosto tanto disso, tenho que admitir. Eu adorava mais quando as bandas criavam por si mesmas em vez de depender de produtores para criar a paisagem sonora.

O maior destaque dessa nova versão de ‘Danse Macabre’ é o cover de ‘Evil Woman’. Como surgiu a ideia de regravar esse hit da ELO?

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Para este álbum, nós estávamos interessados em músicas que tínhamos ouvido ao longo dos anos que tinham um lado mais obscuro, uma vibe meio Halloween. E uma das músicas que surgiu foi Evil Woman, de que sempre gostamos muito. E, claro, eles [ELO] são de Birmingham, da mesma cidade que nós. Então, pensamos que valeria a pena tentar. Quando fizemos a gravação inicial em Los Angeles, a voz do Simon simplesmente se encaixou perfeitamente na música. Então, imediatamente foi uma ótima escolha para nós.

Seu estilo de tocar é muito marcante, porque a bateria é protagonista em muitas gravações do Duran Duran. Como você desenvolveu esse som tão poderoso?

Eu tenho que atribuir isso inicialmente às minhas influências, porque eu sempre fui um grande fã de David Bowie, Roxy Music, Chic, Rolling Stones. E todos tinham ótimos bateristas que sabiam estabelecer um groove. Eles davam à música um groove em vez de ser tudo sobre o quão habilidoso o baterista era. Era sobre servir à música e criar ótimos grooves. Então, eu tenho que atribuir isso aos meus ídolos da bateria. Depois, quando entrei no Duran Duran, o sentimento era que a seção rítmica deveria ser uma grande parte da dinâmica. Era uma época em que todos estavam tentando fazer discos dançantes. Então, isso ia ser parte do DNA do Duran Duran, que você pudesse dançar com a música. Claro, também tivemos um ótimo produtor, Colin Thurston, que produziu os dois primeiros discos e que realmente sabia como obter um ótimo som de bateria.

O que o senhor lembra da gravação de ‘A View To a Kill’? Como se envolveram com a franquia de James Bond?

Claro, crescemos como crianças loucas por Bond. Quero dizer, essa era a outra forma de escapismo, assistir a um filme de Bond e aspirar aquele estilo de vida. O envolvimento inicial realmente aconteceu do nada. John estava em uma festa, conheceu um dos produtores dos filmes de Bond e disse: ‘se vocês precisarem de uma banda para fazer o próximo tema, somos a banda’. E, milagrosamente, ele disse: ‘ok, mande-me a música ou algumas ideias’. E então nos tornamos a banda que escreveu A View To a Kill. Foi feito muito rapidamente, a propósito. Tudo que tínhamos para trabalhar era o título. Tivemos uma semana para escrever e entregar essa música. Nós literalmente entramos no estúdio, em Londres, na segunda-feira e até a sexta-feira já tínhamos preparado para mixagem.

Falando um pouco sobre a relação do Duran Duran com o Brasil, quanto da música brasileira influenciou o álbum ‘Rio’?

Acho que foi definitivamente um influência subconsciente. Não posso dizer que algum de nós seja um especialista em música brasileira, mas sempre foi algo que estava lá. Quando crescemos, estávamos obviamente muito cientes do carnaval e da energia que a música brasileira possui, particularmente em termos rítmicos. E quando escrevemos a música Rio, o título veio primeiro, a propósito, e pensamos que gostaríamos de ter algum tipo de influência do Brasil nisso. Você pode ouvir isso particularmente na parte do arpejo do Nick. Isso tem um verdadeiro som de carnaval brasileiro para mim.

Podemos esperar a banda no Brasil em 2025?

Ainda não temos certeza do que vai acontecer no próximo ano, mas adoramos ir ao Brasil. E sim, esperançosamente estará na próxima agenda. Adoraríamos voltar.

Quem viveu os anos 80 tem noção do impacto do Duran Duran na cultura pop. A banda formada em Birmingham, na Inglaterra, foi pioneira ao misturar, com sofisticação, o vigor do rock a grooves dançantes e elementos eletrônicos num caldo musical que rendeu sucessos como Girls On Film, Save a Prayer, Hungry Like The Wolf, entre outros.

Referências no mundo fashion – com vestimentas e penteados que influenciaram a moda naquela década – Simon Le Bon (vocais), Nick Rhodes (teclados), John Taylor (baixo), Andy Taylor (guitarra) e Roger Taylor (bateria; não confundir com seu xará do Queen) também souberam explorar o potencial da MTV com videoclipes de estética glamorosa e cinematográfica.

43 anos depois do lançamento do autointitulado disco de estreia, o grupo continua ativo e se reinventando. No ano passado, eles abraçaram a temática do Halloween em Danse Macabre, álbum que acaba de ser expandido para uma versão de luxo repleta de faixas inéditas. Uma delas é o cover de Evil Woman, clássico da Electric Light Orchestra, que ganhou até um remix do DJ e produtor brasileiro Bruno Martini.

A relação dos britânicos com o Brasil, aliás, vem de longe. O hit Rio, do álbum homônimo de 1982, tem uma influência “subconsciente” da música brasileira, segundo explica o baterista do emblemático conjunto ao Estadão, em entrevista por telefone.

Na conversa, o músico de 64 anos falou sobre sua curiosa trajetória que quase o levou ao futebol, valorizou a década de maior êxito do Duran Duran, e relembrou a concepção de A View To a Kill, música tema de 007 - Na Mira dos Assassinos (1985), entre outros assuntos, além de opinar sobre o pop moderno.

A banda Duran Duran reinou nos anos 80 com hits como 'A View To Kill' e 'Girls On Film'; na foto (da esquerda para a direita): Nick Rhodes, Simon Le Bon, John Taylor, Andy Taylor e Roger Taylor Foto: Reprodução/Duran Duran via Facebook

O senhor tem o mesmo nome que outra lenda da bateria, Roger Taylor, do Queen. Isso te causou alguma confusão no show business?

Na verdade, não. Quer dizer, isso é bastante notável. Nós estávamos na mesma gravadora, EMI. Nós dois estávamos, por um tempo, praticamente atuando ao mesmo tempo. E eu encontrei o Roger uma vez. Ele disse: ‘quando você vai se aposentar?!’ (risos)... Porque havia uma competição entre nós dois. Mas ele estava só brincando, é uma competição muito saudável.

É verdade que o senhor tentou ser jogador de futebol antes de entrar no mundo da música?

Vocês [do Brasil] são os reis do futebol. Venho de uma área muito industrial, uma cidade automobilística onde praticamente todo mundo trabalhava na indústria automotiva, incluindo meu pai. E as únicas maneiras que existiam para ter sucesso eram por meio do futebol ou da música. Eu não era ótimo no futebol, tenho que admitir. Sim, eu tentei essa possibilidade, mas acabei optando pela música, que era a outra maneira de sair dessa cidade cinzenta como era nos anos 70. E por sorte, eu fui um dos que tiveram sucesso. Todos os meus amigos na escola queriam ser músicos. Naquela época, todo mundo queria fazer isso. Acho que nós não tínhamos as distrações que as crianças têm hoje, como TikTok, YouTube shorts, videogames ou o que quer que seja.

O grupo inglês Duran Duran se apresenta no Festival Lollapalooza, em São Paulo, em 2017 Foto: Sergio Castro/Estadão

Poucas bandas representam os anos 80 tão bem quanto o Duran Duran. O que tinha de tão especial naquela década que as pessoas sentem tanta falta?

O grande lance daquela época era a atitude das bandas. Todo mundo acreditava que podia fazer por si mesmo. Eles acreditavam que podiam compor músicas, produzir sua própria música, criar seu próprio estilo. Então, havia uma ótima atitude de faça você mesmo sobre os anos 80. Isso gerou uma música incrivelmente energizada que as pessoas ainda ouvem até hoje. Havia tantas bandas ótimas. Tivemos tantos competidores excelentes nos anos 80 que realmente tivemos que elevar nosso nível para nos destacar. Foi um período tão criativo com a moda, arte e música. Foi incrível. Quer dizer, eu também amo os anos 90, por sinal, e amo os anos 2000. Não estou preso apenas àquela década, mas acho que foi uma década particularmente inovadora.

E da música pop atual, gosta?

Tenho que dizer que não sou grande fã da música pop moderna. Não quero parecer um velho ranzinza, mas muita coisa é liderada por produtores em detrimento da banda. Não gosto tanto disso, tenho que admitir. Eu adorava mais quando as bandas criavam por si mesmas em vez de depender de produtores para criar a paisagem sonora.

O maior destaque dessa nova versão de ‘Danse Macabre’ é o cover de ‘Evil Woman’. Como surgiu a ideia de regravar esse hit da ELO?

Para este álbum, nós estávamos interessados em músicas que tínhamos ouvido ao longo dos anos que tinham um lado mais obscuro, uma vibe meio Halloween. E uma das músicas que surgiu foi Evil Woman, de que sempre gostamos muito. E, claro, eles [ELO] são de Birmingham, da mesma cidade que nós. Então, pensamos que valeria a pena tentar. Quando fizemos a gravação inicial em Los Angeles, a voz do Simon simplesmente se encaixou perfeitamente na música. Então, imediatamente foi uma ótima escolha para nós.

Seu estilo de tocar é muito marcante, porque a bateria é protagonista em muitas gravações do Duran Duran. Como você desenvolveu esse som tão poderoso?

Eu tenho que atribuir isso inicialmente às minhas influências, porque eu sempre fui um grande fã de David Bowie, Roxy Music, Chic, Rolling Stones. E todos tinham ótimos bateristas que sabiam estabelecer um groove. Eles davam à música um groove em vez de ser tudo sobre o quão habilidoso o baterista era. Era sobre servir à música e criar ótimos grooves. Então, eu tenho que atribuir isso aos meus ídolos da bateria. Depois, quando entrei no Duran Duran, o sentimento era que a seção rítmica deveria ser uma grande parte da dinâmica. Era uma época em que todos estavam tentando fazer discos dançantes. Então, isso ia ser parte do DNA do Duran Duran, que você pudesse dançar com a música. Claro, também tivemos um ótimo produtor, Colin Thurston, que produziu os dois primeiros discos e que realmente sabia como obter um ótimo som de bateria.

O que o senhor lembra da gravação de ‘A View To a Kill’? Como se envolveram com a franquia de James Bond?

Claro, crescemos como crianças loucas por Bond. Quero dizer, essa era a outra forma de escapismo, assistir a um filme de Bond e aspirar aquele estilo de vida. O envolvimento inicial realmente aconteceu do nada. John estava em uma festa, conheceu um dos produtores dos filmes de Bond e disse: ‘se vocês precisarem de uma banda para fazer o próximo tema, somos a banda’. E, milagrosamente, ele disse: ‘ok, mande-me a música ou algumas ideias’. E então nos tornamos a banda que escreveu A View To a Kill. Foi feito muito rapidamente, a propósito. Tudo que tínhamos para trabalhar era o título. Tivemos uma semana para escrever e entregar essa música. Nós literalmente entramos no estúdio, em Londres, na segunda-feira e até a sexta-feira já tínhamos preparado para mixagem.

Falando um pouco sobre a relação do Duran Duran com o Brasil, quanto da música brasileira influenciou o álbum ‘Rio’?

Acho que foi definitivamente um influência subconsciente. Não posso dizer que algum de nós seja um especialista em música brasileira, mas sempre foi algo que estava lá. Quando crescemos, estávamos obviamente muito cientes do carnaval e da energia que a música brasileira possui, particularmente em termos rítmicos. E quando escrevemos a música Rio, o título veio primeiro, a propósito, e pensamos que gostaríamos de ter algum tipo de influência do Brasil nisso. Você pode ouvir isso particularmente na parte do arpejo do Nick. Isso tem um verdadeiro som de carnaval brasileiro para mim.

Podemos esperar a banda no Brasil em 2025?

Ainda não temos certeza do que vai acontecer no próximo ano, mas adoramos ir ao Brasil. E sim, esperançosamente estará na próxima agenda. Adoraríamos voltar.

Quem viveu os anos 80 tem noção do impacto do Duran Duran na cultura pop. A banda formada em Birmingham, na Inglaterra, foi pioneira ao misturar, com sofisticação, o vigor do rock a grooves dançantes e elementos eletrônicos num caldo musical que rendeu sucessos como Girls On Film, Save a Prayer, Hungry Like The Wolf, entre outros.

Referências no mundo fashion – com vestimentas e penteados que influenciaram a moda naquela década – Simon Le Bon (vocais), Nick Rhodes (teclados), John Taylor (baixo), Andy Taylor (guitarra) e Roger Taylor (bateria; não confundir com seu xará do Queen) também souberam explorar o potencial da MTV com videoclipes de estética glamorosa e cinematográfica.

43 anos depois do lançamento do autointitulado disco de estreia, o grupo continua ativo e se reinventando. No ano passado, eles abraçaram a temática do Halloween em Danse Macabre, álbum que acaba de ser expandido para uma versão de luxo repleta de faixas inéditas. Uma delas é o cover de Evil Woman, clássico da Electric Light Orchestra, que ganhou até um remix do DJ e produtor brasileiro Bruno Martini.

A relação dos britânicos com o Brasil, aliás, vem de longe. O hit Rio, do álbum homônimo de 1982, tem uma influência “subconsciente” da música brasileira, segundo explica o baterista do emblemático conjunto ao Estadão, em entrevista por telefone.

Na conversa, o músico de 64 anos falou sobre sua curiosa trajetória que quase o levou ao futebol, valorizou a década de maior êxito do Duran Duran, e relembrou a concepção de A View To a Kill, música tema de 007 - Na Mira dos Assassinos (1985), entre outros assuntos, além de opinar sobre o pop moderno.

A banda Duran Duran reinou nos anos 80 com hits como 'A View To Kill' e 'Girls On Film'; na foto (da esquerda para a direita): Nick Rhodes, Simon Le Bon, John Taylor, Andy Taylor e Roger Taylor Foto: Reprodução/Duran Duran via Facebook

O senhor tem o mesmo nome que outra lenda da bateria, Roger Taylor, do Queen. Isso te causou alguma confusão no show business?

Na verdade, não. Quer dizer, isso é bastante notável. Nós estávamos na mesma gravadora, EMI. Nós dois estávamos, por um tempo, praticamente atuando ao mesmo tempo. E eu encontrei o Roger uma vez. Ele disse: ‘quando você vai se aposentar?!’ (risos)... Porque havia uma competição entre nós dois. Mas ele estava só brincando, é uma competição muito saudável.

É verdade que o senhor tentou ser jogador de futebol antes de entrar no mundo da música?

Vocês [do Brasil] são os reis do futebol. Venho de uma área muito industrial, uma cidade automobilística onde praticamente todo mundo trabalhava na indústria automotiva, incluindo meu pai. E as únicas maneiras que existiam para ter sucesso eram por meio do futebol ou da música. Eu não era ótimo no futebol, tenho que admitir. Sim, eu tentei essa possibilidade, mas acabei optando pela música, que era a outra maneira de sair dessa cidade cinzenta como era nos anos 70. E por sorte, eu fui um dos que tiveram sucesso. Todos os meus amigos na escola queriam ser músicos. Naquela época, todo mundo queria fazer isso. Acho que nós não tínhamos as distrações que as crianças têm hoje, como TikTok, YouTube shorts, videogames ou o que quer que seja.

O grupo inglês Duran Duran se apresenta no Festival Lollapalooza, em São Paulo, em 2017 Foto: Sergio Castro/Estadão

Poucas bandas representam os anos 80 tão bem quanto o Duran Duran. O que tinha de tão especial naquela década que as pessoas sentem tanta falta?

O grande lance daquela época era a atitude das bandas. Todo mundo acreditava que podia fazer por si mesmo. Eles acreditavam que podiam compor músicas, produzir sua própria música, criar seu próprio estilo. Então, havia uma ótima atitude de faça você mesmo sobre os anos 80. Isso gerou uma música incrivelmente energizada que as pessoas ainda ouvem até hoje. Havia tantas bandas ótimas. Tivemos tantos competidores excelentes nos anos 80 que realmente tivemos que elevar nosso nível para nos destacar. Foi um período tão criativo com a moda, arte e música. Foi incrível. Quer dizer, eu também amo os anos 90, por sinal, e amo os anos 2000. Não estou preso apenas àquela década, mas acho que foi uma década particularmente inovadora.

E da música pop atual, gosta?

Tenho que dizer que não sou grande fã da música pop moderna. Não quero parecer um velho ranzinza, mas muita coisa é liderada por produtores em detrimento da banda. Não gosto tanto disso, tenho que admitir. Eu adorava mais quando as bandas criavam por si mesmas em vez de depender de produtores para criar a paisagem sonora.

O maior destaque dessa nova versão de ‘Danse Macabre’ é o cover de ‘Evil Woman’. Como surgiu a ideia de regravar esse hit da ELO?

Para este álbum, nós estávamos interessados em músicas que tínhamos ouvido ao longo dos anos que tinham um lado mais obscuro, uma vibe meio Halloween. E uma das músicas que surgiu foi Evil Woman, de que sempre gostamos muito. E, claro, eles [ELO] são de Birmingham, da mesma cidade que nós. Então, pensamos que valeria a pena tentar. Quando fizemos a gravação inicial em Los Angeles, a voz do Simon simplesmente se encaixou perfeitamente na música. Então, imediatamente foi uma ótima escolha para nós.

Seu estilo de tocar é muito marcante, porque a bateria é protagonista em muitas gravações do Duran Duran. Como você desenvolveu esse som tão poderoso?

Eu tenho que atribuir isso inicialmente às minhas influências, porque eu sempre fui um grande fã de David Bowie, Roxy Music, Chic, Rolling Stones. E todos tinham ótimos bateristas que sabiam estabelecer um groove. Eles davam à música um groove em vez de ser tudo sobre o quão habilidoso o baterista era. Era sobre servir à música e criar ótimos grooves. Então, eu tenho que atribuir isso aos meus ídolos da bateria. Depois, quando entrei no Duran Duran, o sentimento era que a seção rítmica deveria ser uma grande parte da dinâmica. Era uma época em que todos estavam tentando fazer discos dançantes. Então, isso ia ser parte do DNA do Duran Duran, que você pudesse dançar com a música. Claro, também tivemos um ótimo produtor, Colin Thurston, que produziu os dois primeiros discos e que realmente sabia como obter um ótimo som de bateria.

O que o senhor lembra da gravação de ‘A View To a Kill’? Como se envolveram com a franquia de James Bond?

Claro, crescemos como crianças loucas por Bond. Quero dizer, essa era a outra forma de escapismo, assistir a um filme de Bond e aspirar aquele estilo de vida. O envolvimento inicial realmente aconteceu do nada. John estava em uma festa, conheceu um dos produtores dos filmes de Bond e disse: ‘se vocês precisarem de uma banda para fazer o próximo tema, somos a banda’. E, milagrosamente, ele disse: ‘ok, mande-me a música ou algumas ideias’. E então nos tornamos a banda que escreveu A View To a Kill. Foi feito muito rapidamente, a propósito. Tudo que tínhamos para trabalhar era o título. Tivemos uma semana para escrever e entregar essa música. Nós literalmente entramos no estúdio, em Londres, na segunda-feira e até a sexta-feira já tínhamos preparado para mixagem.

Falando um pouco sobre a relação do Duran Duran com o Brasil, quanto da música brasileira influenciou o álbum ‘Rio’?

Acho que foi definitivamente um influência subconsciente. Não posso dizer que algum de nós seja um especialista em música brasileira, mas sempre foi algo que estava lá. Quando crescemos, estávamos obviamente muito cientes do carnaval e da energia que a música brasileira possui, particularmente em termos rítmicos. E quando escrevemos a música Rio, o título veio primeiro, a propósito, e pensamos que gostaríamos de ter algum tipo de influência do Brasil nisso. Você pode ouvir isso particularmente na parte do arpejo do Nick. Isso tem um verdadeiro som de carnaval brasileiro para mim.

Podemos esperar a banda no Brasil em 2025?

Ainda não temos certeza do que vai acontecer no próximo ano, mas adoramos ir ao Brasil. E sim, esperançosamente estará na próxima agenda. Adoraríamos voltar.

Quem viveu os anos 80 tem noção do impacto do Duran Duran na cultura pop. A banda formada em Birmingham, na Inglaterra, foi pioneira ao misturar, com sofisticação, o vigor do rock a grooves dançantes e elementos eletrônicos num caldo musical que rendeu sucessos como Girls On Film, Save a Prayer, Hungry Like The Wolf, entre outros.

Referências no mundo fashion – com vestimentas e penteados que influenciaram a moda naquela década – Simon Le Bon (vocais), Nick Rhodes (teclados), John Taylor (baixo), Andy Taylor (guitarra) e Roger Taylor (bateria; não confundir com seu xará do Queen) também souberam explorar o potencial da MTV com videoclipes de estética glamorosa e cinematográfica.

43 anos depois do lançamento do autointitulado disco de estreia, o grupo continua ativo e se reinventando. No ano passado, eles abraçaram a temática do Halloween em Danse Macabre, álbum que acaba de ser expandido para uma versão de luxo repleta de faixas inéditas. Uma delas é o cover de Evil Woman, clássico da Electric Light Orchestra, que ganhou até um remix do DJ e produtor brasileiro Bruno Martini.

A relação dos britânicos com o Brasil, aliás, vem de longe. O hit Rio, do álbum homônimo de 1982, tem uma influência “subconsciente” da música brasileira, segundo explica o baterista do emblemático conjunto ao Estadão, em entrevista por telefone.

Na conversa, o músico de 64 anos falou sobre sua curiosa trajetória que quase o levou ao futebol, valorizou a década de maior êxito do Duran Duran, e relembrou a concepção de A View To a Kill, música tema de 007 - Na Mira dos Assassinos (1985), entre outros assuntos, além de opinar sobre o pop moderno.

A banda Duran Duran reinou nos anos 80 com hits como 'A View To Kill' e 'Girls On Film'; na foto (da esquerda para a direita): Nick Rhodes, Simon Le Bon, John Taylor, Andy Taylor e Roger Taylor Foto: Reprodução/Duran Duran via Facebook

O senhor tem o mesmo nome que outra lenda da bateria, Roger Taylor, do Queen. Isso te causou alguma confusão no show business?

Na verdade, não. Quer dizer, isso é bastante notável. Nós estávamos na mesma gravadora, EMI. Nós dois estávamos, por um tempo, praticamente atuando ao mesmo tempo. E eu encontrei o Roger uma vez. Ele disse: ‘quando você vai se aposentar?!’ (risos)... Porque havia uma competição entre nós dois. Mas ele estava só brincando, é uma competição muito saudável.

É verdade que o senhor tentou ser jogador de futebol antes de entrar no mundo da música?

Vocês [do Brasil] são os reis do futebol. Venho de uma área muito industrial, uma cidade automobilística onde praticamente todo mundo trabalhava na indústria automotiva, incluindo meu pai. E as únicas maneiras que existiam para ter sucesso eram por meio do futebol ou da música. Eu não era ótimo no futebol, tenho que admitir. Sim, eu tentei essa possibilidade, mas acabei optando pela música, que era a outra maneira de sair dessa cidade cinzenta como era nos anos 70. E por sorte, eu fui um dos que tiveram sucesso. Todos os meus amigos na escola queriam ser músicos. Naquela época, todo mundo queria fazer isso. Acho que nós não tínhamos as distrações que as crianças têm hoje, como TikTok, YouTube shorts, videogames ou o que quer que seja.

O grupo inglês Duran Duran se apresenta no Festival Lollapalooza, em São Paulo, em 2017 Foto: Sergio Castro/Estadão

Poucas bandas representam os anos 80 tão bem quanto o Duran Duran. O que tinha de tão especial naquela década que as pessoas sentem tanta falta?

O grande lance daquela época era a atitude das bandas. Todo mundo acreditava que podia fazer por si mesmo. Eles acreditavam que podiam compor músicas, produzir sua própria música, criar seu próprio estilo. Então, havia uma ótima atitude de faça você mesmo sobre os anos 80. Isso gerou uma música incrivelmente energizada que as pessoas ainda ouvem até hoje. Havia tantas bandas ótimas. Tivemos tantos competidores excelentes nos anos 80 que realmente tivemos que elevar nosso nível para nos destacar. Foi um período tão criativo com a moda, arte e música. Foi incrível. Quer dizer, eu também amo os anos 90, por sinal, e amo os anos 2000. Não estou preso apenas àquela década, mas acho que foi uma década particularmente inovadora.

E da música pop atual, gosta?

Tenho que dizer que não sou grande fã da música pop moderna. Não quero parecer um velho ranzinza, mas muita coisa é liderada por produtores em detrimento da banda. Não gosto tanto disso, tenho que admitir. Eu adorava mais quando as bandas criavam por si mesmas em vez de depender de produtores para criar a paisagem sonora.

O maior destaque dessa nova versão de ‘Danse Macabre’ é o cover de ‘Evil Woman’. Como surgiu a ideia de regravar esse hit da ELO?

Para este álbum, nós estávamos interessados em músicas que tínhamos ouvido ao longo dos anos que tinham um lado mais obscuro, uma vibe meio Halloween. E uma das músicas que surgiu foi Evil Woman, de que sempre gostamos muito. E, claro, eles [ELO] são de Birmingham, da mesma cidade que nós. Então, pensamos que valeria a pena tentar. Quando fizemos a gravação inicial em Los Angeles, a voz do Simon simplesmente se encaixou perfeitamente na música. Então, imediatamente foi uma ótima escolha para nós.

Seu estilo de tocar é muito marcante, porque a bateria é protagonista em muitas gravações do Duran Duran. Como você desenvolveu esse som tão poderoso?

Eu tenho que atribuir isso inicialmente às minhas influências, porque eu sempre fui um grande fã de David Bowie, Roxy Music, Chic, Rolling Stones. E todos tinham ótimos bateristas que sabiam estabelecer um groove. Eles davam à música um groove em vez de ser tudo sobre o quão habilidoso o baterista era. Era sobre servir à música e criar ótimos grooves. Então, eu tenho que atribuir isso aos meus ídolos da bateria. Depois, quando entrei no Duran Duran, o sentimento era que a seção rítmica deveria ser uma grande parte da dinâmica. Era uma época em que todos estavam tentando fazer discos dançantes. Então, isso ia ser parte do DNA do Duran Duran, que você pudesse dançar com a música. Claro, também tivemos um ótimo produtor, Colin Thurston, que produziu os dois primeiros discos e que realmente sabia como obter um ótimo som de bateria.

O que o senhor lembra da gravação de ‘A View To a Kill’? Como se envolveram com a franquia de James Bond?

Claro, crescemos como crianças loucas por Bond. Quero dizer, essa era a outra forma de escapismo, assistir a um filme de Bond e aspirar aquele estilo de vida. O envolvimento inicial realmente aconteceu do nada. John estava em uma festa, conheceu um dos produtores dos filmes de Bond e disse: ‘se vocês precisarem de uma banda para fazer o próximo tema, somos a banda’. E, milagrosamente, ele disse: ‘ok, mande-me a música ou algumas ideias’. E então nos tornamos a banda que escreveu A View To a Kill. Foi feito muito rapidamente, a propósito. Tudo que tínhamos para trabalhar era o título. Tivemos uma semana para escrever e entregar essa música. Nós literalmente entramos no estúdio, em Londres, na segunda-feira e até a sexta-feira já tínhamos preparado para mixagem.

Falando um pouco sobre a relação do Duran Duran com o Brasil, quanto da música brasileira influenciou o álbum ‘Rio’?

Acho que foi definitivamente um influência subconsciente. Não posso dizer que algum de nós seja um especialista em música brasileira, mas sempre foi algo que estava lá. Quando crescemos, estávamos obviamente muito cientes do carnaval e da energia que a música brasileira possui, particularmente em termos rítmicos. E quando escrevemos a música Rio, o título veio primeiro, a propósito, e pensamos que gostaríamos de ter algum tipo de influência do Brasil nisso. Você pode ouvir isso particularmente na parte do arpejo do Nick. Isso tem um verdadeiro som de carnaval brasileiro para mim.

Podemos esperar a banda no Brasil em 2025?

Ainda não temos certeza do que vai acontecer no próximo ano, mas adoramos ir ao Brasil. E sim, esperançosamente estará na próxima agenda. Adoraríamos voltar.

Quem viveu os anos 80 tem noção do impacto do Duran Duran na cultura pop. A banda formada em Birmingham, na Inglaterra, foi pioneira ao misturar, com sofisticação, o vigor do rock a grooves dançantes e elementos eletrônicos num caldo musical que rendeu sucessos como Girls On Film, Save a Prayer, Hungry Like The Wolf, entre outros.

Referências no mundo fashion – com vestimentas e penteados que influenciaram a moda naquela década – Simon Le Bon (vocais), Nick Rhodes (teclados), John Taylor (baixo), Andy Taylor (guitarra) e Roger Taylor (bateria; não confundir com seu xará do Queen) também souberam explorar o potencial da MTV com videoclipes de estética glamorosa e cinematográfica.

43 anos depois do lançamento do autointitulado disco de estreia, o grupo continua ativo e se reinventando. No ano passado, eles abraçaram a temática do Halloween em Danse Macabre, álbum que acaba de ser expandido para uma versão de luxo repleta de faixas inéditas. Uma delas é o cover de Evil Woman, clássico da Electric Light Orchestra, que ganhou até um remix do DJ e produtor brasileiro Bruno Martini.

A relação dos britânicos com o Brasil, aliás, vem de longe. O hit Rio, do álbum homônimo de 1982, tem uma influência “subconsciente” da música brasileira, segundo explica o baterista do emblemático conjunto ao Estadão, em entrevista por telefone.

Na conversa, o músico de 64 anos falou sobre sua curiosa trajetória que quase o levou ao futebol, valorizou a década de maior êxito do Duran Duran, e relembrou a concepção de A View To a Kill, música tema de 007 - Na Mira dos Assassinos (1985), entre outros assuntos, além de opinar sobre o pop moderno.

A banda Duran Duran reinou nos anos 80 com hits como 'A View To Kill' e 'Girls On Film'; na foto (da esquerda para a direita): Nick Rhodes, Simon Le Bon, John Taylor, Andy Taylor e Roger Taylor Foto: Reprodução/Duran Duran via Facebook

O senhor tem o mesmo nome que outra lenda da bateria, Roger Taylor, do Queen. Isso te causou alguma confusão no show business?

Na verdade, não. Quer dizer, isso é bastante notável. Nós estávamos na mesma gravadora, EMI. Nós dois estávamos, por um tempo, praticamente atuando ao mesmo tempo. E eu encontrei o Roger uma vez. Ele disse: ‘quando você vai se aposentar?!’ (risos)... Porque havia uma competição entre nós dois. Mas ele estava só brincando, é uma competição muito saudável.

É verdade que o senhor tentou ser jogador de futebol antes de entrar no mundo da música?

Vocês [do Brasil] são os reis do futebol. Venho de uma área muito industrial, uma cidade automobilística onde praticamente todo mundo trabalhava na indústria automotiva, incluindo meu pai. E as únicas maneiras que existiam para ter sucesso eram por meio do futebol ou da música. Eu não era ótimo no futebol, tenho que admitir. Sim, eu tentei essa possibilidade, mas acabei optando pela música, que era a outra maneira de sair dessa cidade cinzenta como era nos anos 70. E por sorte, eu fui um dos que tiveram sucesso. Todos os meus amigos na escola queriam ser músicos. Naquela época, todo mundo queria fazer isso. Acho que nós não tínhamos as distrações que as crianças têm hoje, como TikTok, YouTube shorts, videogames ou o que quer que seja.

O grupo inglês Duran Duran se apresenta no Festival Lollapalooza, em São Paulo, em 2017 Foto: Sergio Castro/Estadão

Poucas bandas representam os anos 80 tão bem quanto o Duran Duran. O que tinha de tão especial naquela década que as pessoas sentem tanta falta?

O grande lance daquela época era a atitude das bandas. Todo mundo acreditava que podia fazer por si mesmo. Eles acreditavam que podiam compor músicas, produzir sua própria música, criar seu próprio estilo. Então, havia uma ótima atitude de faça você mesmo sobre os anos 80. Isso gerou uma música incrivelmente energizada que as pessoas ainda ouvem até hoje. Havia tantas bandas ótimas. Tivemos tantos competidores excelentes nos anos 80 que realmente tivemos que elevar nosso nível para nos destacar. Foi um período tão criativo com a moda, arte e música. Foi incrível. Quer dizer, eu também amo os anos 90, por sinal, e amo os anos 2000. Não estou preso apenas àquela década, mas acho que foi uma década particularmente inovadora.

E da música pop atual, gosta?

Tenho que dizer que não sou grande fã da música pop moderna. Não quero parecer um velho ranzinza, mas muita coisa é liderada por produtores em detrimento da banda. Não gosto tanto disso, tenho que admitir. Eu adorava mais quando as bandas criavam por si mesmas em vez de depender de produtores para criar a paisagem sonora.

O maior destaque dessa nova versão de ‘Danse Macabre’ é o cover de ‘Evil Woman’. Como surgiu a ideia de regravar esse hit da ELO?

Para este álbum, nós estávamos interessados em músicas que tínhamos ouvido ao longo dos anos que tinham um lado mais obscuro, uma vibe meio Halloween. E uma das músicas que surgiu foi Evil Woman, de que sempre gostamos muito. E, claro, eles [ELO] são de Birmingham, da mesma cidade que nós. Então, pensamos que valeria a pena tentar. Quando fizemos a gravação inicial em Los Angeles, a voz do Simon simplesmente se encaixou perfeitamente na música. Então, imediatamente foi uma ótima escolha para nós.

Seu estilo de tocar é muito marcante, porque a bateria é protagonista em muitas gravações do Duran Duran. Como você desenvolveu esse som tão poderoso?

Eu tenho que atribuir isso inicialmente às minhas influências, porque eu sempre fui um grande fã de David Bowie, Roxy Music, Chic, Rolling Stones. E todos tinham ótimos bateristas que sabiam estabelecer um groove. Eles davam à música um groove em vez de ser tudo sobre o quão habilidoso o baterista era. Era sobre servir à música e criar ótimos grooves. Então, eu tenho que atribuir isso aos meus ídolos da bateria. Depois, quando entrei no Duran Duran, o sentimento era que a seção rítmica deveria ser uma grande parte da dinâmica. Era uma época em que todos estavam tentando fazer discos dançantes. Então, isso ia ser parte do DNA do Duran Duran, que você pudesse dançar com a música. Claro, também tivemos um ótimo produtor, Colin Thurston, que produziu os dois primeiros discos e que realmente sabia como obter um ótimo som de bateria.

O que o senhor lembra da gravação de ‘A View To a Kill’? Como se envolveram com a franquia de James Bond?

Claro, crescemos como crianças loucas por Bond. Quero dizer, essa era a outra forma de escapismo, assistir a um filme de Bond e aspirar aquele estilo de vida. O envolvimento inicial realmente aconteceu do nada. John estava em uma festa, conheceu um dos produtores dos filmes de Bond e disse: ‘se vocês precisarem de uma banda para fazer o próximo tema, somos a banda’. E, milagrosamente, ele disse: ‘ok, mande-me a música ou algumas ideias’. E então nos tornamos a banda que escreveu A View To a Kill. Foi feito muito rapidamente, a propósito. Tudo que tínhamos para trabalhar era o título. Tivemos uma semana para escrever e entregar essa música. Nós literalmente entramos no estúdio, em Londres, na segunda-feira e até a sexta-feira já tínhamos preparado para mixagem.

Falando um pouco sobre a relação do Duran Duran com o Brasil, quanto da música brasileira influenciou o álbum ‘Rio’?

Acho que foi definitivamente um influência subconsciente. Não posso dizer que algum de nós seja um especialista em música brasileira, mas sempre foi algo que estava lá. Quando crescemos, estávamos obviamente muito cientes do carnaval e da energia que a música brasileira possui, particularmente em termos rítmicos. E quando escrevemos a música Rio, o título veio primeiro, a propósito, e pensamos que gostaríamos de ter algum tipo de influência do Brasil nisso. Você pode ouvir isso particularmente na parte do arpejo do Nick. Isso tem um verdadeiro som de carnaval brasileiro para mim.

Podemos esperar a banda no Brasil em 2025?

Ainda não temos certeza do que vai acontecer no próximo ano, mas adoramos ir ao Brasil. E sim, esperançosamente estará na próxima agenda. Adoraríamos voltar.

Entrevista por Gabriel Zorzetto

Repórter de Cultura do Estadão

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