Ne-Yo mostra a força de seu bailão neo-flashback no The Town


Símbolo de uma nostalgia pelos anos 2000 (sim, isso já existe), cantor tenta se refazer no palco das besteiras que tem falado fora dele

Por Julio Maria
Atualização:

As pessoas de 40 anos ou mais podem se assustar quando alguém de 25 ou menos disser que Ne-Yo é nostálgico, que Ne-Yo faz lembrar a infância, que Ne-Yo é tiozinho. Essa espécie de neo-nostalgia ou pós-flashback, uma saudade que se tem não de artistas dos anos 70 ou 80, como nos acostumamos a sentir, mas de sons dos anos 2000, é o flagrante de algo inegociável: o tempo passa e a indiferença de uns pode se tornar a mais afetiva nostalgia de outros.

Se Ne-Yo será apagado pelos anos ou por aquilo que tem dito fora dos palcos, não sabemos. Seu show no The One desta quinta, 7, levou muitos jovens de 25 anos ou menos a se emocionarem com Miss Independent, She Knows e, sobretudo, So Sick, as mais novas velhas canções do pop.

Ne-Yo no The Town Foto: Taba Benedicto/Estadão
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Ele é um artista que explode desde o início e coloca a plateia nas mãos já na primeira música. O som do The One chegava com uns graves de tremer o peito e as torres de áudio avançadas de Roberto Medina mostravam serviço. Mesmo quem estava bem longe ouvia um som limpo, como se estivesse ao lado do artista.

Mas a pista do The One tem uma falha desagradável. A enorme house mix (espaço onde ficam os técnicos de som, da luz e os cinegrafistas da Globo) foi armada bem no centro da plateia, de uma forma que cria um grande ponto cego. São pelo menos 300 pessoas sem visão do palco em todos os shows para que os telespectadores que não pagaram ingresso possam ver pela TV.

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O bailão de nostalgia de Ne-Yo, o tempo todo rodeado por três exuberantes bailarinas, chega a uma espécie de auge com Miss Independent. E, a partir de então, é só ladeira acima. She Knows, um rap soul, parece preparar o R&B Sexy Love (seria sua Let’s Get It On?) e tudo cresce até que chega So Sick, faixa que ele mesmo chama de clássica.

De fato, é a música mais importante de sua vida, e de muitas vidas ali. So Sick estava em seu primeiro disco, lançado em 2006, quando ele tinha 27 anos e queria provar que poderia ser mais do que um colaborador para outras carreiras. O que fez depois foi explorar bem o universo do rap, do R&B e do soul (tudo com um neo na frente, o que nos impede de pensar em Run-DMC, Otis Redding ou Wilson Picket, nada disso faz parte do neo-flashback).

So Sick é estranha e corajosamente usada no meio do show, o que faz pensar que há outras apostas maiores até o fim. Mas ele não muda de rota e, claro, chama meninas brasileiras da plateia para dançar a seu lado depois de dizerem os respectivos nomes e de quais cidades vieram.

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Ne-Yo no The Town Foto: Taba Benedicto/Estadão

Começa então um concurso de dança deixando cada uma fazer um solo para depois submetê-las à votação popular. A número 3 vence. Tudo certo, faz parte do espetáculo. E assim Ne-Yo segue, convicto de seu lugar dentre os “clássicos”, como ele volta a dizer.

De uns tempos para cá, Ne-Yo tem falado coisas estranhas. Ao participar de um podcast, se posicionou a respeito da sexualidade alheia. “Você pode se identificar como um peixinho dourado se quiser, não me importo. Isso não é da minha conta. Torna-se da minha conta quando você tenta me fazer jogar o jogo com você. Não vou te chamar de peixinho dourado”. Sua fala pegou mal e ele se desculpou. Se não preservar a memória afetiva que começa a criar no coração de seus fãs, ela pode se tornar trauma.

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As pessoas de 40 anos ou mais podem se assustar quando alguém de 25 ou menos disser que Ne-Yo é nostálgico, que Ne-Yo faz lembrar a infância, que Ne-Yo é tiozinho. Essa espécie de neo-nostalgia ou pós-flashback, uma saudade que se tem não de artistas dos anos 70 ou 80, como nos acostumamos a sentir, mas de sons dos anos 2000, é o flagrante de algo inegociável: o tempo passa e a indiferença de uns pode se tornar a mais afetiva nostalgia de outros.

Se Ne-Yo será apagado pelos anos ou por aquilo que tem dito fora dos palcos, não sabemos. Seu show no The One desta quinta, 7, levou muitos jovens de 25 anos ou menos a se emocionarem com Miss Independent, She Knows e, sobretudo, So Sick, as mais novas velhas canções do pop.

Ne-Yo no The Town Foto: Taba Benedicto/Estadão

Ele é um artista que explode desde o início e coloca a plateia nas mãos já na primeira música. O som do The One chegava com uns graves de tremer o peito e as torres de áudio avançadas de Roberto Medina mostravam serviço. Mesmo quem estava bem longe ouvia um som limpo, como se estivesse ao lado do artista.

Mas a pista do The One tem uma falha desagradável. A enorme house mix (espaço onde ficam os técnicos de som, da luz e os cinegrafistas da Globo) foi armada bem no centro da plateia, de uma forma que cria um grande ponto cego. São pelo menos 300 pessoas sem visão do palco em todos os shows para que os telespectadores que não pagaram ingresso possam ver pela TV.

O bailão de nostalgia de Ne-Yo, o tempo todo rodeado por três exuberantes bailarinas, chega a uma espécie de auge com Miss Independent. E, a partir de então, é só ladeira acima. She Knows, um rap soul, parece preparar o R&B Sexy Love (seria sua Let’s Get It On?) e tudo cresce até que chega So Sick, faixa que ele mesmo chama de clássica.

De fato, é a música mais importante de sua vida, e de muitas vidas ali. So Sick estava em seu primeiro disco, lançado em 2006, quando ele tinha 27 anos e queria provar que poderia ser mais do que um colaborador para outras carreiras. O que fez depois foi explorar bem o universo do rap, do R&B e do soul (tudo com um neo na frente, o que nos impede de pensar em Run-DMC, Otis Redding ou Wilson Picket, nada disso faz parte do neo-flashback).

So Sick é estranha e corajosamente usada no meio do show, o que faz pensar que há outras apostas maiores até o fim. Mas ele não muda de rota e, claro, chama meninas brasileiras da plateia para dançar a seu lado depois de dizerem os respectivos nomes e de quais cidades vieram.

Ne-Yo no The Town Foto: Taba Benedicto/Estadão

Começa então um concurso de dança deixando cada uma fazer um solo para depois submetê-las à votação popular. A número 3 vence. Tudo certo, faz parte do espetáculo. E assim Ne-Yo segue, convicto de seu lugar dentre os “clássicos”, como ele volta a dizer.

De uns tempos para cá, Ne-Yo tem falado coisas estranhas. Ao participar de um podcast, se posicionou a respeito da sexualidade alheia. “Você pode se identificar como um peixinho dourado se quiser, não me importo. Isso não é da minha conta. Torna-se da minha conta quando você tenta me fazer jogar o jogo com você. Não vou te chamar de peixinho dourado”. Sua fala pegou mal e ele se desculpou. Se não preservar a memória afetiva que começa a criar no coração de seus fãs, ela pode se tornar trauma.

As pessoas de 40 anos ou mais podem se assustar quando alguém de 25 ou menos disser que Ne-Yo é nostálgico, que Ne-Yo faz lembrar a infância, que Ne-Yo é tiozinho. Essa espécie de neo-nostalgia ou pós-flashback, uma saudade que se tem não de artistas dos anos 70 ou 80, como nos acostumamos a sentir, mas de sons dos anos 2000, é o flagrante de algo inegociável: o tempo passa e a indiferença de uns pode se tornar a mais afetiva nostalgia de outros.

Se Ne-Yo será apagado pelos anos ou por aquilo que tem dito fora dos palcos, não sabemos. Seu show no The One desta quinta, 7, levou muitos jovens de 25 anos ou menos a se emocionarem com Miss Independent, She Knows e, sobretudo, So Sick, as mais novas velhas canções do pop.

Ne-Yo no The Town Foto: Taba Benedicto/Estadão

Ele é um artista que explode desde o início e coloca a plateia nas mãos já na primeira música. O som do The One chegava com uns graves de tremer o peito e as torres de áudio avançadas de Roberto Medina mostravam serviço. Mesmo quem estava bem longe ouvia um som limpo, como se estivesse ao lado do artista.

Mas a pista do The One tem uma falha desagradável. A enorme house mix (espaço onde ficam os técnicos de som, da luz e os cinegrafistas da Globo) foi armada bem no centro da plateia, de uma forma que cria um grande ponto cego. São pelo menos 300 pessoas sem visão do palco em todos os shows para que os telespectadores que não pagaram ingresso possam ver pela TV.

O bailão de nostalgia de Ne-Yo, o tempo todo rodeado por três exuberantes bailarinas, chega a uma espécie de auge com Miss Independent. E, a partir de então, é só ladeira acima. She Knows, um rap soul, parece preparar o R&B Sexy Love (seria sua Let’s Get It On?) e tudo cresce até que chega So Sick, faixa que ele mesmo chama de clássica.

De fato, é a música mais importante de sua vida, e de muitas vidas ali. So Sick estava em seu primeiro disco, lançado em 2006, quando ele tinha 27 anos e queria provar que poderia ser mais do que um colaborador para outras carreiras. O que fez depois foi explorar bem o universo do rap, do R&B e do soul (tudo com um neo na frente, o que nos impede de pensar em Run-DMC, Otis Redding ou Wilson Picket, nada disso faz parte do neo-flashback).

So Sick é estranha e corajosamente usada no meio do show, o que faz pensar que há outras apostas maiores até o fim. Mas ele não muda de rota e, claro, chama meninas brasileiras da plateia para dançar a seu lado depois de dizerem os respectivos nomes e de quais cidades vieram.

Ne-Yo no The Town Foto: Taba Benedicto/Estadão

Começa então um concurso de dança deixando cada uma fazer um solo para depois submetê-las à votação popular. A número 3 vence. Tudo certo, faz parte do espetáculo. E assim Ne-Yo segue, convicto de seu lugar dentre os “clássicos”, como ele volta a dizer.

De uns tempos para cá, Ne-Yo tem falado coisas estranhas. Ao participar de um podcast, se posicionou a respeito da sexualidade alheia. “Você pode se identificar como um peixinho dourado se quiser, não me importo. Isso não é da minha conta. Torna-se da minha conta quando você tenta me fazer jogar o jogo com você. Não vou te chamar de peixinho dourado”. Sua fala pegou mal e ele se desculpou. Se não preservar a memória afetiva que começa a criar no coração de seus fãs, ela pode se tornar trauma.

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