Nelson Freire comanda um concerto impecável


Nem com uma corda a menos no piano Steinway, que arrebentou durante a apresentação, artista deixou de se mostrar em estado de graça

Por João Marcos Coelho
Atualização:

Incidentes em concertos são mais ou menos raros. Tudo é tão rigorosamente checado e rechecado previamente que é quase impossível a aparição extemporânea da Lei de Murphy – aquela segundo a qual se algo pode dar errado, vai dar mesmo errado. Uma corda do reluzente Steinway de concerto da Sala São Paulo arrebentou em plena execução do primeiro movimento do concerto em lá menor de Schumann – que nasceu como fantasia isolada para piano e orquestra e é o mais encorpado da obra, equivalendo aos dois subsequentes juntos.

O fato mal foi percebido pela plateia (tive de checar com pianistas presentes para ter certeza do ocorrido). Nelson olhou discretamente para as cordas, e depois, no final do movimento, para o regente Lionel Bringuier; decidiram continuar a performance. Ótimo. Porque soou perfeito o adocicado e camerístico lied que ocupa o lugar do segundo movimento, um delicado Intermezzo.

O toque de Nelson está cada vez mais aveludado nos momentos mais românticos; e sem prejuízo do virtuosismo no Allegro vivace final. Deu até para ele tocar o coral da Cantata 147 de Bach, “Jesus, alegria dos homens”, no bis solitário, provavelmente por causa do estado do piano.

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O melhor ficou para a segunda parte. “O deslizar da águia nos céus”, do húngaro Peter Eotvos, 72 anos, nos deixa mesmo voar sobre o País Basco (ele a compôs para marcar os 30 anos da Orquestra Nacional Basca, em 212).

Outra raridade: Eotvos usa o “tamburo basco”, mas evita embriagar-se pelo exotismo; em vez disso, integra-o ao tecido sinfônico. Eotvos quase nunca é tocado no Brasil – por nossas orquestras, nunca. Deveria. Também compõe óperas, igualmente ignoradas por aqui.

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No voo da águia de Eotvos, já se percebera o som diferenciado da Tonhalle. Uma marca que saltou à vista e aos ouvidos na Sexta Sinfonia de Shostakovich, aquela chamada pelo regime soviético de “sem cabeça”, porque, em vez da formatação tradicional, traz um imenso, mórbido e sombrio Adagio, de quase 20 minutos, contrastando com um Allegro e um Presto frenético que não ultrapassam juntos os 13 minutos.

Flautim, corne-inglês, flauta e oboé brilharam no Adagio, com destaque ainda maior para a falta, que ocupou um espaço ainda maior como solista. Metais e madeiras de primeira qualidade, à europeia, aveludadas, de som acobreado. E cordas magníficas. Tudo regado à regência segura de Bringuier, que soube criar a tensão nervosa do Adagio e depois imprimir o tom exato ao allegro e ao presto, cheios de ironia e sarcasmo.

Uma grande noite de música sinfônica. E com Nelson Freire em estado de graça. Tudo seria perfeito, não fosse a bendita corda. Hoje, às 21h, Nelson volta à Sala São Paulo para tocar o concerto de Schumann. Pela lei das probabilidades, com o piano inteiro.

Incidentes em concertos são mais ou menos raros. Tudo é tão rigorosamente checado e rechecado previamente que é quase impossível a aparição extemporânea da Lei de Murphy – aquela segundo a qual se algo pode dar errado, vai dar mesmo errado. Uma corda do reluzente Steinway de concerto da Sala São Paulo arrebentou em plena execução do primeiro movimento do concerto em lá menor de Schumann – que nasceu como fantasia isolada para piano e orquestra e é o mais encorpado da obra, equivalendo aos dois subsequentes juntos.

O fato mal foi percebido pela plateia (tive de checar com pianistas presentes para ter certeza do ocorrido). Nelson olhou discretamente para as cordas, e depois, no final do movimento, para o regente Lionel Bringuier; decidiram continuar a performance. Ótimo. Porque soou perfeito o adocicado e camerístico lied que ocupa o lugar do segundo movimento, um delicado Intermezzo.

O toque de Nelson está cada vez mais aveludado nos momentos mais românticos; e sem prejuízo do virtuosismo no Allegro vivace final. Deu até para ele tocar o coral da Cantata 147 de Bach, “Jesus, alegria dos homens”, no bis solitário, provavelmente por causa do estado do piano.

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O melhor ficou para a segunda parte. “O deslizar da águia nos céus”, do húngaro Peter Eotvos, 72 anos, nos deixa mesmo voar sobre o País Basco (ele a compôs para marcar os 30 anos da Orquestra Nacional Basca, em 212).

Outra raridade: Eotvos usa o “tamburo basco”, mas evita embriagar-se pelo exotismo; em vez disso, integra-o ao tecido sinfônico. Eotvos quase nunca é tocado no Brasil – por nossas orquestras, nunca. Deveria. Também compõe óperas, igualmente ignoradas por aqui.

No voo da águia de Eotvos, já se percebera o som diferenciado da Tonhalle. Uma marca que saltou à vista e aos ouvidos na Sexta Sinfonia de Shostakovich, aquela chamada pelo regime soviético de “sem cabeça”, porque, em vez da formatação tradicional, traz um imenso, mórbido e sombrio Adagio, de quase 20 minutos, contrastando com um Allegro e um Presto frenético que não ultrapassam juntos os 13 minutos.

Flautim, corne-inglês, flauta e oboé brilharam no Adagio, com destaque ainda maior para a falta, que ocupou um espaço ainda maior como solista. Metais e madeiras de primeira qualidade, à europeia, aveludadas, de som acobreado. E cordas magníficas. Tudo regado à regência segura de Bringuier, que soube criar a tensão nervosa do Adagio e depois imprimir o tom exato ao allegro e ao presto, cheios de ironia e sarcasmo.

Uma grande noite de música sinfônica. E com Nelson Freire em estado de graça. Tudo seria perfeito, não fosse a bendita corda. Hoje, às 21h, Nelson volta à Sala São Paulo para tocar o concerto de Schumann. Pela lei das probabilidades, com o piano inteiro.

Incidentes em concertos são mais ou menos raros. Tudo é tão rigorosamente checado e rechecado previamente que é quase impossível a aparição extemporânea da Lei de Murphy – aquela segundo a qual se algo pode dar errado, vai dar mesmo errado. Uma corda do reluzente Steinway de concerto da Sala São Paulo arrebentou em plena execução do primeiro movimento do concerto em lá menor de Schumann – que nasceu como fantasia isolada para piano e orquestra e é o mais encorpado da obra, equivalendo aos dois subsequentes juntos.

O fato mal foi percebido pela plateia (tive de checar com pianistas presentes para ter certeza do ocorrido). Nelson olhou discretamente para as cordas, e depois, no final do movimento, para o regente Lionel Bringuier; decidiram continuar a performance. Ótimo. Porque soou perfeito o adocicado e camerístico lied que ocupa o lugar do segundo movimento, um delicado Intermezzo.

O toque de Nelson está cada vez mais aveludado nos momentos mais românticos; e sem prejuízo do virtuosismo no Allegro vivace final. Deu até para ele tocar o coral da Cantata 147 de Bach, “Jesus, alegria dos homens”, no bis solitário, provavelmente por causa do estado do piano.

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O melhor ficou para a segunda parte. “O deslizar da águia nos céus”, do húngaro Peter Eotvos, 72 anos, nos deixa mesmo voar sobre o País Basco (ele a compôs para marcar os 30 anos da Orquestra Nacional Basca, em 212).

Outra raridade: Eotvos usa o “tamburo basco”, mas evita embriagar-se pelo exotismo; em vez disso, integra-o ao tecido sinfônico. Eotvos quase nunca é tocado no Brasil – por nossas orquestras, nunca. Deveria. Também compõe óperas, igualmente ignoradas por aqui.

No voo da águia de Eotvos, já se percebera o som diferenciado da Tonhalle. Uma marca que saltou à vista e aos ouvidos na Sexta Sinfonia de Shostakovich, aquela chamada pelo regime soviético de “sem cabeça”, porque, em vez da formatação tradicional, traz um imenso, mórbido e sombrio Adagio, de quase 20 minutos, contrastando com um Allegro e um Presto frenético que não ultrapassam juntos os 13 minutos.

Flautim, corne-inglês, flauta e oboé brilharam no Adagio, com destaque ainda maior para a falta, que ocupou um espaço ainda maior como solista. Metais e madeiras de primeira qualidade, à europeia, aveludadas, de som acobreado. E cordas magníficas. Tudo regado à regência segura de Bringuier, que soube criar a tensão nervosa do Adagio e depois imprimir o tom exato ao allegro e ao presto, cheios de ironia e sarcasmo.

Uma grande noite de música sinfônica. E com Nelson Freire em estado de graça. Tudo seria perfeito, não fosse a bendita corda. Hoje, às 21h, Nelson volta à Sala São Paulo para tocar o concerto de Schumann. Pela lei das probabilidades, com o piano inteiro.

Incidentes em concertos são mais ou menos raros. Tudo é tão rigorosamente checado e rechecado previamente que é quase impossível a aparição extemporânea da Lei de Murphy – aquela segundo a qual se algo pode dar errado, vai dar mesmo errado. Uma corda do reluzente Steinway de concerto da Sala São Paulo arrebentou em plena execução do primeiro movimento do concerto em lá menor de Schumann – que nasceu como fantasia isolada para piano e orquestra e é o mais encorpado da obra, equivalendo aos dois subsequentes juntos.

O fato mal foi percebido pela plateia (tive de checar com pianistas presentes para ter certeza do ocorrido). Nelson olhou discretamente para as cordas, e depois, no final do movimento, para o regente Lionel Bringuier; decidiram continuar a performance. Ótimo. Porque soou perfeito o adocicado e camerístico lied que ocupa o lugar do segundo movimento, um delicado Intermezzo.

O toque de Nelson está cada vez mais aveludado nos momentos mais românticos; e sem prejuízo do virtuosismo no Allegro vivace final. Deu até para ele tocar o coral da Cantata 147 de Bach, “Jesus, alegria dos homens”, no bis solitário, provavelmente por causa do estado do piano.

reference

O melhor ficou para a segunda parte. “O deslizar da águia nos céus”, do húngaro Peter Eotvos, 72 anos, nos deixa mesmo voar sobre o País Basco (ele a compôs para marcar os 30 anos da Orquestra Nacional Basca, em 212).

Outra raridade: Eotvos usa o “tamburo basco”, mas evita embriagar-se pelo exotismo; em vez disso, integra-o ao tecido sinfônico. Eotvos quase nunca é tocado no Brasil – por nossas orquestras, nunca. Deveria. Também compõe óperas, igualmente ignoradas por aqui.

No voo da águia de Eotvos, já se percebera o som diferenciado da Tonhalle. Uma marca que saltou à vista e aos ouvidos na Sexta Sinfonia de Shostakovich, aquela chamada pelo regime soviético de “sem cabeça”, porque, em vez da formatação tradicional, traz um imenso, mórbido e sombrio Adagio, de quase 20 minutos, contrastando com um Allegro e um Presto frenético que não ultrapassam juntos os 13 minutos.

Flautim, corne-inglês, flauta e oboé brilharam no Adagio, com destaque ainda maior para a falta, que ocupou um espaço ainda maior como solista. Metais e madeiras de primeira qualidade, à europeia, aveludadas, de som acobreado. E cordas magníficas. Tudo regado à regência segura de Bringuier, que soube criar a tensão nervosa do Adagio e depois imprimir o tom exato ao allegro e ao presto, cheios de ironia e sarcasmo.

Uma grande noite de música sinfônica. E com Nelson Freire em estado de graça. Tudo seria perfeito, não fosse a bendita corda. Hoje, às 21h, Nelson volta à Sala São Paulo para tocar o concerto de Schumann. Pela lei das probabilidades, com o piano inteiro.

Incidentes em concertos são mais ou menos raros. Tudo é tão rigorosamente checado e rechecado previamente que é quase impossível a aparição extemporânea da Lei de Murphy – aquela segundo a qual se algo pode dar errado, vai dar mesmo errado. Uma corda do reluzente Steinway de concerto da Sala São Paulo arrebentou em plena execução do primeiro movimento do concerto em lá menor de Schumann – que nasceu como fantasia isolada para piano e orquestra e é o mais encorpado da obra, equivalendo aos dois subsequentes juntos.

O fato mal foi percebido pela plateia (tive de checar com pianistas presentes para ter certeza do ocorrido). Nelson olhou discretamente para as cordas, e depois, no final do movimento, para o regente Lionel Bringuier; decidiram continuar a performance. Ótimo. Porque soou perfeito o adocicado e camerístico lied que ocupa o lugar do segundo movimento, um delicado Intermezzo.

O toque de Nelson está cada vez mais aveludado nos momentos mais românticos; e sem prejuízo do virtuosismo no Allegro vivace final. Deu até para ele tocar o coral da Cantata 147 de Bach, “Jesus, alegria dos homens”, no bis solitário, provavelmente por causa do estado do piano.

reference

O melhor ficou para a segunda parte. “O deslizar da águia nos céus”, do húngaro Peter Eotvos, 72 anos, nos deixa mesmo voar sobre o País Basco (ele a compôs para marcar os 30 anos da Orquestra Nacional Basca, em 212).

Outra raridade: Eotvos usa o “tamburo basco”, mas evita embriagar-se pelo exotismo; em vez disso, integra-o ao tecido sinfônico. Eotvos quase nunca é tocado no Brasil – por nossas orquestras, nunca. Deveria. Também compõe óperas, igualmente ignoradas por aqui.

No voo da águia de Eotvos, já se percebera o som diferenciado da Tonhalle. Uma marca que saltou à vista e aos ouvidos na Sexta Sinfonia de Shostakovich, aquela chamada pelo regime soviético de “sem cabeça”, porque, em vez da formatação tradicional, traz um imenso, mórbido e sombrio Adagio, de quase 20 minutos, contrastando com um Allegro e um Presto frenético que não ultrapassam juntos os 13 minutos.

Flautim, corne-inglês, flauta e oboé brilharam no Adagio, com destaque ainda maior para a falta, que ocupou um espaço ainda maior como solista. Metais e madeiras de primeira qualidade, à europeia, aveludadas, de som acobreado. E cordas magníficas. Tudo regado à regência segura de Bringuier, que soube criar a tensão nervosa do Adagio e depois imprimir o tom exato ao allegro e ao presto, cheios de ironia e sarcasmo.

Uma grande noite de música sinfônica. E com Nelson Freire em estado de graça. Tudo seria perfeito, não fosse a bendita corda. Hoje, às 21h, Nelson volta à Sala São Paulo para tocar o concerto de Schumann. Pela lei das probabilidades, com o piano inteiro.

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