A cantora Marina Lima opinou sobre a ausência de artistas no Dia Brasil, dedicado exclusivamente a atrações nacionais, no Rock in Rio. A artista respondeu a uma postagem de Gaby Amarantos, que havia criticado, ao lado de Fafá de Belém, a falta de representação do Norte no festival nesta terça-feira, 30.
À época da crítica de Fafá, o Estadão entrou em contato com o festival, que disse estar em negociação com artistas de outras regiões do País, incluindo a Norte. “O line-up [...] ainda está em construção e em formação”, afirmou. Leia mais abaixo.
“Queridas, eu nunca sequer fui convidada para cantar lá. Que se f*** eles”, escreveu Marina no X, antigo Twitter. Gaby respondeu à postagem dizendo que “o festival leva o nome do segmento que Marina faz parte e que vários artistas do segmento dela sempre estiveram lá”.
“Não é sobre um indivíduo, e sim sobre toda uma região que sempre é invisibilizada. O nome disso é xenofobia e o buraco é mais embaixo”, completou ela, que recebeu o apoio da colega. “É sobre a falta de sensibilidade, principalmente, com vocês e trabalhos não óbvios”, disse Marina.
Na terça, Fafá de Belém fez uma publicação no Instagram criticando a ausência da região Norte no Dia Brasil, anunciado pelo festival nesta segunda-feira, 29. A data, marcada para 21 de setembro, terá 73 atrações de 14 gêneros musicais ou estilos, mas deixou artistas da região de fora.
“A Amazônia não faz parte do Brasil? A cultura amazônica, nortista, não é parte deste país?”, questionou Fafá. Ela citou nomes que poderiam estar no line-up do evento, como Dona Onete, Gaby Amarantos, Joelma e Aíla.
A artista lamentou que o maior festival de música do Brasil tenha um dia dedicado à música brasileira que “nos coloca [artistas do Norte] da porta para fora”. “Mais uma vez, nos provam que o Norte continua sendo um artigo folclórico usado como e quando querem, para uma imagem ‘cool’. Pertencimento é muito diferente do uso por conveniência. Nós aprendemos isso a duras penas, e exigimos respeito”, disse.
O Dia Brasil foi anunciado durante evento para a imprensa na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro. Cada ritmo ou estilo terá, no total, aproximadamente uma hora e meia de shows, e cada atração vai cantar cerca de três músicas, segundo a organização.
Respostas do Rock in Rio
O festival enviou duas notas ao Estadão pare responder aos questionamentos de Fafá de Belém e ao comentário de Marina Lima.
Em ambos os casos, a organização do festival explica que apesar de já ter sido divulgado na segunda-feira, dia 29, a escalação dos artistas para o dia 21 de setembro ainda está em construção.
“O line-up do dia 21 de setembro, como anunciado durante coletiva de imprensa na tarde de segunda-feira(29), apesar de divulgado ainda está em construção e em formação. O Brasil é plural e tem inúmeras vozes e talentos. A cada edição novos artistas passam a fazer parte do evento, mas infelizmente torna-se inviável ter todos os nomes que a organização gostaria de receber em seus palcos”, diz o texto.
A respeito do questionamento da ausência de artistas do norte do País, a organização afirmou ainda que “artistas de outras regiões do país, entre elas a Norte, estão em negociação com a organização, que, como reforçou, trará novidades e surpresas até o dia da apresentação”, afirma a nota.
O texto segue: “O Dia Brasil propõe um grande movimento social, de união e respeito de todos, com engajamento e direitos da música Deixa o Coração Falar, revertidos para duas causas sociais, e em parceria com o Ação da Cidadania e a Gerando Facões. O formato único dos shows deste dia, que envolve diversas colaborações inéditas entre os artistas, traz com ele desafios artísticos e logísticos significativos. Importante destacar que o Rock in Rio olha para a diversidade como um todo no line-up de todos os palcos e um exemplo disso foi o Show Para Pop, já realizado no Palco Susnet, capitaneado por Fafá de Belém com grandes nomes do Pará, e que se tornou um dos shows mais emblemáticos da história deste palco.”