O que Amy Winehouse tinha de tão especial que a transformou em uma diva insubstituível?


A cinebiografia em cartaz não consegue dimensionar o impacto que a cantora causou na música do início do século 21; entenda como a mistura de talento, carisma e popularidade garantiram a Amy seu lugar na história

Por Sérgio Martins

Em cartaz desde quinta nos cinemas brasileiros, Back to Black (Inglaterra, 2024) é uma biografia romanceada – e bota romanceada nisso – de Amy Winehouse (1983-2011). Produzido pelo espólio da cantora, suaviza alguns dos eventos mais turbulentos de sua existência e passa pano para dois personagens complexos: o ex-marido, Blake Fielder-Civil, que a teria transformado numa junkie, e o pai, Mitch, que ignorou todos os avisos de que sua filha precisava se internar numa clínica de reabilitação. E embora a beleza de suas composições estejam presentes, Back to Black não consegue dimensionar o impacto que a intérprete causou na música do início do século 21.

A morte de Amy, em julho de 2011, comoveu as intérpretes do universo pop. Lady Gaga escreveu que Amy “mudou a cara da música para sempre”; Adele – que então saboreava o sucesso do álbum 21 –, agradeceu a autora de Rehab por ter “pavimentado o caminho” para artistas como ela e ter feito o público se interessar novamente pela música produzida no Reino Unido. Passados 13 anos, a esperança do surgimento de uma safra de novas estrelas ainda não se confirmou.

E mesmo Lady Gaga e Adele se distanciaram de suas propostas musicais iniciais. Gaga saracoteou pelo universo do jazz e do cinema (muito bem, diga-se), mas perdeu a popularidade. Chromatica (2020), seu último lançamento, passou só uma semana no topo da parada dos Estados Unidos e foi incapaz de produzir um single memorável. Já Adele passou de uma promessa do pop soul para uma irritante crooner de baladas. As gerações posteriores causam desapontamento, ainda que Raye – uma das atrações da noite de sábado do C6 Fest, em São Paulo – seja uma boa promessa.

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Mas, afinal, o que Amy Winehouse tinha de tão especial que a credenciou como diva?

Amy Winehouse em janeiro de 2011, durante show no Rio Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

Primeiramente, as referências. Amy veio de uma família de fãs de música – a avó chegou a cantar profissionalmente – e foi impactada por Dinah Washington, Ella Fitzgerald e Aretha Franklin, ou seja, o que há de melhor no jazz e no soul. O mergulho no jazz, aliás, fez com que ela colocasse o exercício da improvisação em ação. É fato que Amy não tinha uma voz de longo alcance, mas utilizou de todos os recursos que lhe eram permitidos. Fazendo uma comparação mais simplificada, ela se assemelhava àquele guitarrista que usa todos os pedais de efeito que tem à sua disposição. Amy brincava com o andamento das músicas, alternava sua interpretação do tom grave para o anasalado e utilizava todas possibilidades de articulação. Isso fica evidente em faixas como Know You Now e I Heard Love is Blind, presentes em Frank, seu disco de estreia, lançado em 2003.

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A soul music deu o tom no disco seguinte, Back to Black, lançado três anos depois da estreia da cantora. Com a produção de Mark Ronson e a participação dos Dap-Kings (grupo de soul revisionista que acompanhou a também cantora Sharon Jones), ele traz Amy passeando por tons mais baixos, em canções inspiradas no repertório de gravadoras americanas, como Motown (casa de Marvin Gaye e Stevie Wonder) e Stax (que abrigou Isaac Hayes e Otis Redding, que faziam um contraponto à doçura do cast da Motown).

Outro fator importante na concepção musical de Amy Winehouse está nas letras, que são puramente confessionais. Bill Flanagan, escritor e jornalista musical americano, cunhou o termo “penitentes de espírito” para classificar os autores que criaram letras magníficas a partir de suas experiências pessoais. Amy Winehouse não apenas se encaixa nessa definição como interpreta os versos como eles estivessem cravados em sua própria carne. Frank, gravado antes dela se enrabichar com Blake Fielder-Civil, é um trabalho com letras solares, cheias de esperança com a vida. Back to Black é seu oposto: destrincha o relacionamento fracassado com Civil. Aqui, o tom jovial é trocado por tons mais soturnos, onde percebe-se a dor em cada sílaba – a faixa-título e Love is a Losing Game são ótimos exemplos. Além, claro, de Rehab, onde ela escancara seus problemas com o álcool e deixa claro que não tinha a intenção de largar o vício.

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A própria Amy contribuiu para a diminuição de seu legado. Em 2011, fazia anos que ela não lançava um novo disco, as apresentações ao vivo eram erráticas. O que poderia ser um sopro de vitalidade no universo do pop britânico se tornou um único momento, um retrato de um gênero de sucesso fugaz.

Um dos méritos de Back to Black, contudo, é justamente reavivar o público para a obra de Amy Winehouse. E um desses méritos está na escalação de Marisa Abela como Amy. Ela não apenas passou distante da caricatura, como ainda se encarregou de todos os vocais – sim, o que se escuta ali é 100% Marisa. No final das contas, o filme cumpre a missão de (re)apresentar Amy para o grande público. Mas dificilmente a indústria vai produzir uma artista que se equipare a ela em talento, carisma, interpretação e popularidade.

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Veja o trailer de Back to Black

Em cartaz desde quinta nos cinemas brasileiros, Back to Black (Inglaterra, 2024) é uma biografia romanceada – e bota romanceada nisso – de Amy Winehouse (1983-2011). Produzido pelo espólio da cantora, suaviza alguns dos eventos mais turbulentos de sua existência e passa pano para dois personagens complexos: o ex-marido, Blake Fielder-Civil, que a teria transformado numa junkie, e o pai, Mitch, que ignorou todos os avisos de que sua filha precisava se internar numa clínica de reabilitação. E embora a beleza de suas composições estejam presentes, Back to Black não consegue dimensionar o impacto que a intérprete causou na música do início do século 21.

A morte de Amy, em julho de 2011, comoveu as intérpretes do universo pop. Lady Gaga escreveu que Amy “mudou a cara da música para sempre”; Adele – que então saboreava o sucesso do álbum 21 –, agradeceu a autora de Rehab por ter “pavimentado o caminho” para artistas como ela e ter feito o público se interessar novamente pela música produzida no Reino Unido. Passados 13 anos, a esperança do surgimento de uma safra de novas estrelas ainda não se confirmou.

E mesmo Lady Gaga e Adele se distanciaram de suas propostas musicais iniciais. Gaga saracoteou pelo universo do jazz e do cinema (muito bem, diga-se), mas perdeu a popularidade. Chromatica (2020), seu último lançamento, passou só uma semana no topo da parada dos Estados Unidos e foi incapaz de produzir um single memorável. Já Adele passou de uma promessa do pop soul para uma irritante crooner de baladas. As gerações posteriores causam desapontamento, ainda que Raye – uma das atrações da noite de sábado do C6 Fest, em São Paulo – seja uma boa promessa.

Mas, afinal, o que Amy Winehouse tinha de tão especial que a credenciou como diva?

Amy Winehouse em janeiro de 2011, durante show no Rio Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

Primeiramente, as referências. Amy veio de uma família de fãs de música – a avó chegou a cantar profissionalmente – e foi impactada por Dinah Washington, Ella Fitzgerald e Aretha Franklin, ou seja, o que há de melhor no jazz e no soul. O mergulho no jazz, aliás, fez com que ela colocasse o exercício da improvisação em ação. É fato que Amy não tinha uma voz de longo alcance, mas utilizou de todos os recursos que lhe eram permitidos. Fazendo uma comparação mais simplificada, ela se assemelhava àquele guitarrista que usa todos os pedais de efeito que tem à sua disposição. Amy brincava com o andamento das músicas, alternava sua interpretação do tom grave para o anasalado e utilizava todas possibilidades de articulação. Isso fica evidente em faixas como Know You Now e I Heard Love is Blind, presentes em Frank, seu disco de estreia, lançado em 2003.

A soul music deu o tom no disco seguinte, Back to Black, lançado três anos depois da estreia da cantora. Com a produção de Mark Ronson e a participação dos Dap-Kings (grupo de soul revisionista que acompanhou a também cantora Sharon Jones), ele traz Amy passeando por tons mais baixos, em canções inspiradas no repertório de gravadoras americanas, como Motown (casa de Marvin Gaye e Stevie Wonder) e Stax (que abrigou Isaac Hayes e Otis Redding, que faziam um contraponto à doçura do cast da Motown).

Outro fator importante na concepção musical de Amy Winehouse está nas letras, que são puramente confessionais. Bill Flanagan, escritor e jornalista musical americano, cunhou o termo “penitentes de espírito” para classificar os autores que criaram letras magníficas a partir de suas experiências pessoais. Amy Winehouse não apenas se encaixa nessa definição como interpreta os versos como eles estivessem cravados em sua própria carne. Frank, gravado antes dela se enrabichar com Blake Fielder-Civil, é um trabalho com letras solares, cheias de esperança com a vida. Back to Black é seu oposto: destrincha o relacionamento fracassado com Civil. Aqui, o tom jovial é trocado por tons mais soturnos, onde percebe-se a dor em cada sílaba – a faixa-título e Love is a Losing Game são ótimos exemplos. Além, claro, de Rehab, onde ela escancara seus problemas com o álcool e deixa claro que não tinha a intenção de largar o vício.

A própria Amy contribuiu para a diminuição de seu legado. Em 2011, fazia anos que ela não lançava um novo disco, as apresentações ao vivo eram erráticas. O que poderia ser um sopro de vitalidade no universo do pop britânico se tornou um único momento, um retrato de um gênero de sucesso fugaz.

Um dos méritos de Back to Black, contudo, é justamente reavivar o público para a obra de Amy Winehouse. E um desses méritos está na escalação de Marisa Abela como Amy. Ela não apenas passou distante da caricatura, como ainda se encarregou de todos os vocais – sim, o que se escuta ali é 100% Marisa. No final das contas, o filme cumpre a missão de (re)apresentar Amy para o grande público. Mas dificilmente a indústria vai produzir uma artista que se equipare a ela em talento, carisma, interpretação e popularidade.

Veja o trailer de Back to Black

Em cartaz desde quinta nos cinemas brasileiros, Back to Black (Inglaterra, 2024) é uma biografia romanceada – e bota romanceada nisso – de Amy Winehouse (1983-2011). Produzido pelo espólio da cantora, suaviza alguns dos eventos mais turbulentos de sua existência e passa pano para dois personagens complexos: o ex-marido, Blake Fielder-Civil, que a teria transformado numa junkie, e o pai, Mitch, que ignorou todos os avisos de que sua filha precisava se internar numa clínica de reabilitação. E embora a beleza de suas composições estejam presentes, Back to Black não consegue dimensionar o impacto que a intérprete causou na música do início do século 21.

A morte de Amy, em julho de 2011, comoveu as intérpretes do universo pop. Lady Gaga escreveu que Amy “mudou a cara da música para sempre”; Adele – que então saboreava o sucesso do álbum 21 –, agradeceu a autora de Rehab por ter “pavimentado o caminho” para artistas como ela e ter feito o público se interessar novamente pela música produzida no Reino Unido. Passados 13 anos, a esperança do surgimento de uma safra de novas estrelas ainda não se confirmou.

E mesmo Lady Gaga e Adele se distanciaram de suas propostas musicais iniciais. Gaga saracoteou pelo universo do jazz e do cinema (muito bem, diga-se), mas perdeu a popularidade. Chromatica (2020), seu último lançamento, passou só uma semana no topo da parada dos Estados Unidos e foi incapaz de produzir um single memorável. Já Adele passou de uma promessa do pop soul para uma irritante crooner de baladas. As gerações posteriores causam desapontamento, ainda que Raye – uma das atrações da noite de sábado do C6 Fest, em São Paulo – seja uma boa promessa.

Mas, afinal, o que Amy Winehouse tinha de tão especial que a credenciou como diva?

Amy Winehouse em janeiro de 2011, durante show no Rio Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

Primeiramente, as referências. Amy veio de uma família de fãs de música – a avó chegou a cantar profissionalmente – e foi impactada por Dinah Washington, Ella Fitzgerald e Aretha Franklin, ou seja, o que há de melhor no jazz e no soul. O mergulho no jazz, aliás, fez com que ela colocasse o exercício da improvisação em ação. É fato que Amy não tinha uma voz de longo alcance, mas utilizou de todos os recursos que lhe eram permitidos. Fazendo uma comparação mais simplificada, ela se assemelhava àquele guitarrista que usa todos os pedais de efeito que tem à sua disposição. Amy brincava com o andamento das músicas, alternava sua interpretação do tom grave para o anasalado e utilizava todas possibilidades de articulação. Isso fica evidente em faixas como Know You Now e I Heard Love is Blind, presentes em Frank, seu disco de estreia, lançado em 2003.

A soul music deu o tom no disco seguinte, Back to Black, lançado três anos depois da estreia da cantora. Com a produção de Mark Ronson e a participação dos Dap-Kings (grupo de soul revisionista que acompanhou a também cantora Sharon Jones), ele traz Amy passeando por tons mais baixos, em canções inspiradas no repertório de gravadoras americanas, como Motown (casa de Marvin Gaye e Stevie Wonder) e Stax (que abrigou Isaac Hayes e Otis Redding, que faziam um contraponto à doçura do cast da Motown).

Outro fator importante na concepção musical de Amy Winehouse está nas letras, que são puramente confessionais. Bill Flanagan, escritor e jornalista musical americano, cunhou o termo “penitentes de espírito” para classificar os autores que criaram letras magníficas a partir de suas experiências pessoais. Amy Winehouse não apenas se encaixa nessa definição como interpreta os versos como eles estivessem cravados em sua própria carne. Frank, gravado antes dela se enrabichar com Blake Fielder-Civil, é um trabalho com letras solares, cheias de esperança com a vida. Back to Black é seu oposto: destrincha o relacionamento fracassado com Civil. Aqui, o tom jovial é trocado por tons mais soturnos, onde percebe-se a dor em cada sílaba – a faixa-título e Love is a Losing Game são ótimos exemplos. Além, claro, de Rehab, onde ela escancara seus problemas com o álcool e deixa claro que não tinha a intenção de largar o vício.

A própria Amy contribuiu para a diminuição de seu legado. Em 2011, fazia anos que ela não lançava um novo disco, as apresentações ao vivo eram erráticas. O que poderia ser um sopro de vitalidade no universo do pop britânico se tornou um único momento, um retrato de um gênero de sucesso fugaz.

Um dos méritos de Back to Black, contudo, é justamente reavivar o público para a obra de Amy Winehouse. E um desses méritos está na escalação de Marisa Abela como Amy. Ela não apenas passou distante da caricatura, como ainda se encarregou de todos os vocais – sim, o que se escuta ali é 100% Marisa. No final das contas, o filme cumpre a missão de (re)apresentar Amy para o grande público. Mas dificilmente a indústria vai produzir uma artista que se equipare a ela em talento, carisma, interpretação e popularidade.

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Em cartaz desde quinta nos cinemas brasileiros, Back to Black (Inglaterra, 2024) é uma biografia romanceada – e bota romanceada nisso – de Amy Winehouse (1983-2011). Produzido pelo espólio da cantora, suaviza alguns dos eventos mais turbulentos de sua existência e passa pano para dois personagens complexos: o ex-marido, Blake Fielder-Civil, que a teria transformado numa junkie, e o pai, Mitch, que ignorou todos os avisos de que sua filha precisava se internar numa clínica de reabilitação. E embora a beleza de suas composições estejam presentes, Back to Black não consegue dimensionar o impacto que a intérprete causou na música do início do século 21.

A morte de Amy, em julho de 2011, comoveu as intérpretes do universo pop. Lady Gaga escreveu que Amy “mudou a cara da música para sempre”; Adele – que então saboreava o sucesso do álbum 21 –, agradeceu a autora de Rehab por ter “pavimentado o caminho” para artistas como ela e ter feito o público se interessar novamente pela música produzida no Reino Unido. Passados 13 anos, a esperança do surgimento de uma safra de novas estrelas ainda não se confirmou.

E mesmo Lady Gaga e Adele se distanciaram de suas propostas musicais iniciais. Gaga saracoteou pelo universo do jazz e do cinema (muito bem, diga-se), mas perdeu a popularidade. Chromatica (2020), seu último lançamento, passou só uma semana no topo da parada dos Estados Unidos e foi incapaz de produzir um single memorável. Já Adele passou de uma promessa do pop soul para uma irritante crooner de baladas. As gerações posteriores causam desapontamento, ainda que Raye – uma das atrações da noite de sábado do C6 Fest, em São Paulo – seja uma boa promessa.

Mas, afinal, o que Amy Winehouse tinha de tão especial que a credenciou como diva?

Amy Winehouse em janeiro de 2011, durante show no Rio Foto: Marcos Arcoverde/Estadão

Primeiramente, as referências. Amy veio de uma família de fãs de música – a avó chegou a cantar profissionalmente – e foi impactada por Dinah Washington, Ella Fitzgerald e Aretha Franklin, ou seja, o que há de melhor no jazz e no soul. O mergulho no jazz, aliás, fez com que ela colocasse o exercício da improvisação em ação. É fato que Amy não tinha uma voz de longo alcance, mas utilizou de todos os recursos que lhe eram permitidos. Fazendo uma comparação mais simplificada, ela se assemelhava àquele guitarrista que usa todos os pedais de efeito que tem à sua disposição. Amy brincava com o andamento das músicas, alternava sua interpretação do tom grave para o anasalado e utilizava todas possibilidades de articulação. Isso fica evidente em faixas como Know You Now e I Heard Love is Blind, presentes em Frank, seu disco de estreia, lançado em 2003.

A soul music deu o tom no disco seguinte, Back to Black, lançado três anos depois da estreia da cantora. Com a produção de Mark Ronson e a participação dos Dap-Kings (grupo de soul revisionista que acompanhou a também cantora Sharon Jones), ele traz Amy passeando por tons mais baixos, em canções inspiradas no repertório de gravadoras americanas, como Motown (casa de Marvin Gaye e Stevie Wonder) e Stax (que abrigou Isaac Hayes e Otis Redding, que faziam um contraponto à doçura do cast da Motown).

Outro fator importante na concepção musical de Amy Winehouse está nas letras, que são puramente confessionais. Bill Flanagan, escritor e jornalista musical americano, cunhou o termo “penitentes de espírito” para classificar os autores que criaram letras magníficas a partir de suas experiências pessoais. Amy Winehouse não apenas se encaixa nessa definição como interpreta os versos como eles estivessem cravados em sua própria carne. Frank, gravado antes dela se enrabichar com Blake Fielder-Civil, é um trabalho com letras solares, cheias de esperança com a vida. Back to Black é seu oposto: destrincha o relacionamento fracassado com Civil. Aqui, o tom jovial é trocado por tons mais soturnos, onde percebe-se a dor em cada sílaba – a faixa-título e Love is a Losing Game são ótimos exemplos. Além, claro, de Rehab, onde ela escancara seus problemas com o álcool e deixa claro que não tinha a intenção de largar o vício.

A própria Amy contribuiu para a diminuição de seu legado. Em 2011, fazia anos que ela não lançava um novo disco, as apresentações ao vivo eram erráticas. O que poderia ser um sopro de vitalidade no universo do pop britânico se tornou um único momento, um retrato de um gênero de sucesso fugaz.

Um dos méritos de Back to Black, contudo, é justamente reavivar o público para a obra de Amy Winehouse. E um desses méritos está na escalação de Marisa Abela como Amy. Ela não apenas passou distante da caricatura, como ainda se encarregou de todos os vocais – sim, o que se escuta ali é 100% Marisa. No final das contas, o filme cumpre a missão de (re)apresentar Amy para o grande público. Mas dificilmente a indústria vai produzir uma artista que se equipare a ela em talento, carisma, interpretação e popularidade.

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