Oasis lança CD duplo e prepara turnê mundial


Por Agencia Estado

Depois de uma quase ruptura traumática entre os irmãos Gallagher (Liam, o vocalista, e Noel, o guitarrista), o Oasis está de volta com gás total. A banda britânica começa sua primeira turnê mundial do novo século justamente pelo Brasil, pelo Rock in Rio. E acaba de lançar no mercado nacional seu disco duplo ao vivo, Familiar to Millions (Sony Music). Engraçado notar, neste limiar de década, que o Oasis já legou hits e riffs e bordões suficientes para inscrever-se no panteão das grandes bandas da história do rock. E ainda avisam: não coloquem suas vidas nas mãos de uma banda de rock. Pretensiosos e vulgares, ignorantes e marqueteiros, os irmãos Gallagher demonstram também uma rara química e energia no gênero. Familiar to Millions é a prova disso. Foi gravado durante duas apresentações em 21 de julho deste ano no estádio de Wembley, em Londres - à exceção de uma cover, Helter Skelter, dos Beatles, que foi gravada no Riverside Theatre de Milwaukee, Estados Unidos, em abril. Cerca de 140 mil pessoas viram as apresentações do Oasis em Londres. Interessante observar como Liam anuncia à platéia a outra das duas covers que cantam no disco, Hey Hey, My My, de Neil Young. Ele o faz como se falasse de um velho hit de um velho astro aposentado, e provavelmente é assim que o seu público vê Young - ou não vê, já que a maioria nem sequer o conhece. Mas a versão do Oasis para Neil Young, mesmo assim, é arrepiante. Liam canta "rock-n´-roll will never die" com a voz cada vez mais curtida pelos excessos e impulsionada pela guitarra do irmão, sempre no limite entre o melodioso e o barulhento, entre o riff preciso e ordeiro e o solo sujo e dissonante. Com a arrogância típica de quem sabe que é bom e faz questão de exibir isso, eles empilham ao longo dos shows sucessos de seus cinco discos - Standing on the Shoulder of Giants (2000), The Masterplan (1998), Be here now (1997), What´s the Story Morning Glory? (1995) e Definitely Maybe (1994). "O rock-n´-roll não anda como um relógio", disse recentemente Noel Gallagher em entrevista à revista Rolling Stone, que abandonou a banda em Paris no início do ano, durante turnê, e depois se reincorporou. "Nós não somos animais sociáveis", ele brincou. No palco, no entanto, o Oasis funciona como um relógio suíço. É perfeito no timing e na condução de um espetáculo que querem que seja britânico até o osso, mas também "familiar para milhões". A platéia corresponde à altura, cantando tão alto quanto Liam ou Noel os refrões mais célebres, como "Don´t look back in anger". É incrível também como, após uma reformulação do grupo, eles estão soando ainda melhor que antes. No ano passado, os membros fundadores do grupo, Paul "Bonehead" Arthurs e Paul "Guigsy" McGuigan deixaram o grupo para "ficar mais tempo em casa, com suas famílias". Os irmãos Gallagher recrutaram o guitarrista Gem Archer (do Heavy Stereo) e o baixista Andy Bell (do Ride) para o grupo e isso trouxe ainda mais peso. Eles abrem o disco 1 com as canções pseudo-psicodélicas de Standing on the Shoulder of Giants, como Fuckin´ in the Bushes, Go Let It out e Gas Panic!. Antes de Fuckin´in the Bushes, há aquele pequeno intróito do documentário Message to Love - Isle of Wight 1970, de Murray Lerner, que entra em forma de um sampler. Depois, no disco 2, segue-se uma simbiose rara entre platéia e banda, que canta os refrões dos grandes hits da banda, como Wonderwall, Supersonic, Champagne Supernova. Em Live Forever, Liam surge com seu estilo fanfarrão de sempre, ameaçando parar com tudo. "Esta é a última canção que iremos tocar... Bem, tem sido um ano um pouco esquisito", vai dizendo. Ouve-se então o irmão dele, Noel, ao fundo, atônito. "Ele disse que essa é a última?" Em janeiro, no Rock in Rio, todos teremos a certeza de que aquela não seria nem uma das últimas, porque eles estão de novo em cena. Liam estará de novo cantando com o microfone acima da cabeça, olhando para o alto como uma estátua, com as mãos para trás, e o rock virará mais uma etapa intacto, forte e presunçoso. E com algumas canções novas na bagagem, já que Noel diz ter composto pelo menos mais uma meia dúzia. "Bem, nós não somos experimentalistas", ele afirmou recentemente. "Quero dizer, nunca vamos fazer um disco experimental ou eletrônico porque nós gostamos de tocar (guitarras) Les Pauls com amplicadores barulhentos - isso é rock & roll music, cara, isso é o que nós fazemos." O que incomoda nos irmãos Gallagher é que eles parecem não ter o menor respeito pela história pregressa do rock. Mas isso é só pose. Sabem muito bem. Na semana passada, por exemplo, o guitarrista Noel Gallagher, cérebro da coisa toda, estava nas primeiras filas do show de encerramento da turnê do The Who (ao lado de gente como Eddie Vedder, do Pearl Jam, e Kelly Jones, do Stereophonics). Todos estavam lá para ver um sujeito em especial: Pete Towshend, o guitarrista mítico de uma banda que deu régua e compasso para muitos deles. Gallagher incluído. O resto é jogo de cena. Como o tiroteio entre os irmãos Gallagher, transposto para o disco pelas ordens espertas de algum grande empresário do rock - ou da própria dupla. "Nós somos duas pessoas muito independentes e sarcásticas e não há nada que gostemos mais do que jogar tênis verbal, mas isso não quer dizer nada", afirmou Noel. "Eu não subiria ao palco com ele esta noite se eu não o achasse um p... grande parceiro." Familiar to Millions - CD duplo da banda Oasis. Sony Music. Preço médio do CD: R$ 25,00. Nas lojas.

Depois de uma quase ruptura traumática entre os irmãos Gallagher (Liam, o vocalista, e Noel, o guitarrista), o Oasis está de volta com gás total. A banda britânica começa sua primeira turnê mundial do novo século justamente pelo Brasil, pelo Rock in Rio. E acaba de lançar no mercado nacional seu disco duplo ao vivo, Familiar to Millions (Sony Music). Engraçado notar, neste limiar de década, que o Oasis já legou hits e riffs e bordões suficientes para inscrever-se no panteão das grandes bandas da história do rock. E ainda avisam: não coloquem suas vidas nas mãos de uma banda de rock. Pretensiosos e vulgares, ignorantes e marqueteiros, os irmãos Gallagher demonstram também uma rara química e energia no gênero. Familiar to Millions é a prova disso. Foi gravado durante duas apresentações em 21 de julho deste ano no estádio de Wembley, em Londres - à exceção de uma cover, Helter Skelter, dos Beatles, que foi gravada no Riverside Theatre de Milwaukee, Estados Unidos, em abril. Cerca de 140 mil pessoas viram as apresentações do Oasis em Londres. Interessante observar como Liam anuncia à platéia a outra das duas covers que cantam no disco, Hey Hey, My My, de Neil Young. Ele o faz como se falasse de um velho hit de um velho astro aposentado, e provavelmente é assim que o seu público vê Young - ou não vê, já que a maioria nem sequer o conhece. Mas a versão do Oasis para Neil Young, mesmo assim, é arrepiante. Liam canta "rock-n´-roll will never die" com a voz cada vez mais curtida pelos excessos e impulsionada pela guitarra do irmão, sempre no limite entre o melodioso e o barulhento, entre o riff preciso e ordeiro e o solo sujo e dissonante. Com a arrogância típica de quem sabe que é bom e faz questão de exibir isso, eles empilham ao longo dos shows sucessos de seus cinco discos - Standing on the Shoulder of Giants (2000), The Masterplan (1998), Be here now (1997), What´s the Story Morning Glory? (1995) e Definitely Maybe (1994). "O rock-n´-roll não anda como um relógio", disse recentemente Noel Gallagher em entrevista à revista Rolling Stone, que abandonou a banda em Paris no início do ano, durante turnê, e depois se reincorporou. "Nós não somos animais sociáveis", ele brincou. No palco, no entanto, o Oasis funciona como um relógio suíço. É perfeito no timing e na condução de um espetáculo que querem que seja britânico até o osso, mas também "familiar para milhões". A platéia corresponde à altura, cantando tão alto quanto Liam ou Noel os refrões mais célebres, como "Don´t look back in anger". É incrível também como, após uma reformulação do grupo, eles estão soando ainda melhor que antes. No ano passado, os membros fundadores do grupo, Paul "Bonehead" Arthurs e Paul "Guigsy" McGuigan deixaram o grupo para "ficar mais tempo em casa, com suas famílias". Os irmãos Gallagher recrutaram o guitarrista Gem Archer (do Heavy Stereo) e o baixista Andy Bell (do Ride) para o grupo e isso trouxe ainda mais peso. Eles abrem o disco 1 com as canções pseudo-psicodélicas de Standing on the Shoulder of Giants, como Fuckin´ in the Bushes, Go Let It out e Gas Panic!. Antes de Fuckin´in the Bushes, há aquele pequeno intróito do documentário Message to Love - Isle of Wight 1970, de Murray Lerner, que entra em forma de um sampler. Depois, no disco 2, segue-se uma simbiose rara entre platéia e banda, que canta os refrões dos grandes hits da banda, como Wonderwall, Supersonic, Champagne Supernova. Em Live Forever, Liam surge com seu estilo fanfarrão de sempre, ameaçando parar com tudo. "Esta é a última canção que iremos tocar... Bem, tem sido um ano um pouco esquisito", vai dizendo. Ouve-se então o irmão dele, Noel, ao fundo, atônito. "Ele disse que essa é a última?" Em janeiro, no Rock in Rio, todos teremos a certeza de que aquela não seria nem uma das últimas, porque eles estão de novo em cena. Liam estará de novo cantando com o microfone acima da cabeça, olhando para o alto como uma estátua, com as mãos para trás, e o rock virará mais uma etapa intacto, forte e presunçoso. E com algumas canções novas na bagagem, já que Noel diz ter composto pelo menos mais uma meia dúzia. "Bem, nós não somos experimentalistas", ele afirmou recentemente. "Quero dizer, nunca vamos fazer um disco experimental ou eletrônico porque nós gostamos de tocar (guitarras) Les Pauls com amplicadores barulhentos - isso é rock & roll music, cara, isso é o que nós fazemos." O que incomoda nos irmãos Gallagher é que eles parecem não ter o menor respeito pela história pregressa do rock. Mas isso é só pose. Sabem muito bem. Na semana passada, por exemplo, o guitarrista Noel Gallagher, cérebro da coisa toda, estava nas primeiras filas do show de encerramento da turnê do The Who (ao lado de gente como Eddie Vedder, do Pearl Jam, e Kelly Jones, do Stereophonics). Todos estavam lá para ver um sujeito em especial: Pete Towshend, o guitarrista mítico de uma banda que deu régua e compasso para muitos deles. Gallagher incluído. O resto é jogo de cena. Como o tiroteio entre os irmãos Gallagher, transposto para o disco pelas ordens espertas de algum grande empresário do rock - ou da própria dupla. "Nós somos duas pessoas muito independentes e sarcásticas e não há nada que gostemos mais do que jogar tênis verbal, mas isso não quer dizer nada", afirmou Noel. "Eu não subiria ao palco com ele esta noite se eu não o achasse um p... grande parceiro." Familiar to Millions - CD duplo da banda Oasis. Sony Music. Preço médio do CD: R$ 25,00. Nas lojas.

Depois de uma quase ruptura traumática entre os irmãos Gallagher (Liam, o vocalista, e Noel, o guitarrista), o Oasis está de volta com gás total. A banda britânica começa sua primeira turnê mundial do novo século justamente pelo Brasil, pelo Rock in Rio. E acaba de lançar no mercado nacional seu disco duplo ao vivo, Familiar to Millions (Sony Music). Engraçado notar, neste limiar de década, que o Oasis já legou hits e riffs e bordões suficientes para inscrever-se no panteão das grandes bandas da história do rock. E ainda avisam: não coloquem suas vidas nas mãos de uma banda de rock. Pretensiosos e vulgares, ignorantes e marqueteiros, os irmãos Gallagher demonstram também uma rara química e energia no gênero. Familiar to Millions é a prova disso. Foi gravado durante duas apresentações em 21 de julho deste ano no estádio de Wembley, em Londres - à exceção de uma cover, Helter Skelter, dos Beatles, que foi gravada no Riverside Theatre de Milwaukee, Estados Unidos, em abril. Cerca de 140 mil pessoas viram as apresentações do Oasis em Londres. Interessante observar como Liam anuncia à platéia a outra das duas covers que cantam no disco, Hey Hey, My My, de Neil Young. Ele o faz como se falasse de um velho hit de um velho astro aposentado, e provavelmente é assim que o seu público vê Young - ou não vê, já que a maioria nem sequer o conhece. Mas a versão do Oasis para Neil Young, mesmo assim, é arrepiante. Liam canta "rock-n´-roll will never die" com a voz cada vez mais curtida pelos excessos e impulsionada pela guitarra do irmão, sempre no limite entre o melodioso e o barulhento, entre o riff preciso e ordeiro e o solo sujo e dissonante. Com a arrogância típica de quem sabe que é bom e faz questão de exibir isso, eles empilham ao longo dos shows sucessos de seus cinco discos - Standing on the Shoulder of Giants (2000), The Masterplan (1998), Be here now (1997), What´s the Story Morning Glory? (1995) e Definitely Maybe (1994). "O rock-n´-roll não anda como um relógio", disse recentemente Noel Gallagher em entrevista à revista Rolling Stone, que abandonou a banda em Paris no início do ano, durante turnê, e depois se reincorporou. "Nós não somos animais sociáveis", ele brincou. No palco, no entanto, o Oasis funciona como um relógio suíço. É perfeito no timing e na condução de um espetáculo que querem que seja britânico até o osso, mas também "familiar para milhões". A platéia corresponde à altura, cantando tão alto quanto Liam ou Noel os refrões mais célebres, como "Don´t look back in anger". É incrível também como, após uma reformulação do grupo, eles estão soando ainda melhor que antes. No ano passado, os membros fundadores do grupo, Paul "Bonehead" Arthurs e Paul "Guigsy" McGuigan deixaram o grupo para "ficar mais tempo em casa, com suas famílias". Os irmãos Gallagher recrutaram o guitarrista Gem Archer (do Heavy Stereo) e o baixista Andy Bell (do Ride) para o grupo e isso trouxe ainda mais peso. Eles abrem o disco 1 com as canções pseudo-psicodélicas de Standing on the Shoulder of Giants, como Fuckin´ in the Bushes, Go Let It out e Gas Panic!. Antes de Fuckin´in the Bushes, há aquele pequeno intróito do documentário Message to Love - Isle of Wight 1970, de Murray Lerner, que entra em forma de um sampler. Depois, no disco 2, segue-se uma simbiose rara entre platéia e banda, que canta os refrões dos grandes hits da banda, como Wonderwall, Supersonic, Champagne Supernova. Em Live Forever, Liam surge com seu estilo fanfarrão de sempre, ameaçando parar com tudo. "Esta é a última canção que iremos tocar... Bem, tem sido um ano um pouco esquisito", vai dizendo. Ouve-se então o irmão dele, Noel, ao fundo, atônito. "Ele disse que essa é a última?" Em janeiro, no Rock in Rio, todos teremos a certeza de que aquela não seria nem uma das últimas, porque eles estão de novo em cena. Liam estará de novo cantando com o microfone acima da cabeça, olhando para o alto como uma estátua, com as mãos para trás, e o rock virará mais uma etapa intacto, forte e presunçoso. E com algumas canções novas na bagagem, já que Noel diz ter composto pelo menos mais uma meia dúzia. "Bem, nós não somos experimentalistas", ele afirmou recentemente. "Quero dizer, nunca vamos fazer um disco experimental ou eletrônico porque nós gostamos de tocar (guitarras) Les Pauls com amplicadores barulhentos - isso é rock & roll music, cara, isso é o que nós fazemos." O que incomoda nos irmãos Gallagher é que eles parecem não ter o menor respeito pela história pregressa do rock. Mas isso é só pose. Sabem muito bem. Na semana passada, por exemplo, o guitarrista Noel Gallagher, cérebro da coisa toda, estava nas primeiras filas do show de encerramento da turnê do The Who (ao lado de gente como Eddie Vedder, do Pearl Jam, e Kelly Jones, do Stereophonics). Todos estavam lá para ver um sujeito em especial: Pete Towshend, o guitarrista mítico de uma banda que deu régua e compasso para muitos deles. Gallagher incluído. O resto é jogo de cena. Como o tiroteio entre os irmãos Gallagher, transposto para o disco pelas ordens espertas de algum grande empresário do rock - ou da própria dupla. "Nós somos duas pessoas muito independentes e sarcásticas e não há nada que gostemos mais do que jogar tênis verbal, mas isso não quer dizer nada", afirmou Noel. "Eu não subiria ao palco com ele esta noite se eu não o achasse um p... grande parceiro." Familiar to Millions - CD duplo da banda Oasis. Sony Music. Preço médio do CD: R$ 25,00. Nas lojas.

Depois de uma quase ruptura traumática entre os irmãos Gallagher (Liam, o vocalista, e Noel, o guitarrista), o Oasis está de volta com gás total. A banda britânica começa sua primeira turnê mundial do novo século justamente pelo Brasil, pelo Rock in Rio. E acaba de lançar no mercado nacional seu disco duplo ao vivo, Familiar to Millions (Sony Music). Engraçado notar, neste limiar de década, que o Oasis já legou hits e riffs e bordões suficientes para inscrever-se no panteão das grandes bandas da história do rock. E ainda avisam: não coloquem suas vidas nas mãos de uma banda de rock. Pretensiosos e vulgares, ignorantes e marqueteiros, os irmãos Gallagher demonstram também uma rara química e energia no gênero. Familiar to Millions é a prova disso. Foi gravado durante duas apresentações em 21 de julho deste ano no estádio de Wembley, em Londres - à exceção de uma cover, Helter Skelter, dos Beatles, que foi gravada no Riverside Theatre de Milwaukee, Estados Unidos, em abril. Cerca de 140 mil pessoas viram as apresentações do Oasis em Londres. Interessante observar como Liam anuncia à platéia a outra das duas covers que cantam no disco, Hey Hey, My My, de Neil Young. Ele o faz como se falasse de um velho hit de um velho astro aposentado, e provavelmente é assim que o seu público vê Young - ou não vê, já que a maioria nem sequer o conhece. Mas a versão do Oasis para Neil Young, mesmo assim, é arrepiante. Liam canta "rock-n´-roll will never die" com a voz cada vez mais curtida pelos excessos e impulsionada pela guitarra do irmão, sempre no limite entre o melodioso e o barulhento, entre o riff preciso e ordeiro e o solo sujo e dissonante. Com a arrogância típica de quem sabe que é bom e faz questão de exibir isso, eles empilham ao longo dos shows sucessos de seus cinco discos - Standing on the Shoulder of Giants (2000), The Masterplan (1998), Be here now (1997), What´s the Story Morning Glory? (1995) e Definitely Maybe (1994). "O rock-n´-roll não anda como um relógio", disse recentemente Noel Gallagher em entrevista à revista Rolling Stone, que abandonou a banda em Paris no início do ano, durante turnê, e depois se reincorporou. "Nós não somos animais sociáveis", ele brincou. No palco, no entanto, o Oasis funciona como um relógio suíço. É perfeito no timing e na condução de um espetáculo que querem que seja britânico até o osso, mas também "familiar para milhões". A platéia corresponde à altura, cantando tão alto quanto Liam ou Noel os refrões mais célebres, como "Don´t look back in anger". É incrível também como, após uma reformulação do grupo, eles estão soando ainda melhor que antes. No ano passado, os membros fundadores do grupo, Paul "Bonehead" Arthurs e Paul "Guigsy" McGuigan deixaram o grupo para "ficar mais tempo em casa, com suas famílias". Os irmãos Gallagher recrutaram o guitarrista Gem Archer (do Heavy Stereo) e o baixista Andy Bell (do Ride) para o grupo e isso trouxe ainda mais peso. Eles abrem o disco 1 com as canções pseudo-psicodélicas de Standing on the Shoulder of Giants, como Fuckin´ in the Bushes, Go Let It out e Gas Panic!. Antes de Fuckin´in the Bushes, há aquele pequeno intróito do documentário Message to Love - Isle of Wight 1970, de Murray Lerner, que entra em forma de um sampler. Depois, no disco 2, segue-se uma simbiose rara entre platéia e banda, que canta os refrões dos grandes hits da banda, como Wonderwall, Supersonic, Champagne Supernova. Em Live Forever, Liam surge com seu estilo fanfarrão de sempre, ameaçando parar com tudo. "Esta é a última canção que iremos tocar... Bem, tem sido um ano um pouco esquisito", vai dizendo. Ouve-se então o irmão dele, Noel, ao fundo, atônito. "Ele disse que essa é a última?" Em janeiro, no Rock in Rio, todos teremos a certeza de que aquela não seria nem uma das últimas, porque eles estão de novo em cena. Liam estará de novo cantando com o microfone acima da cabeça, olhando para o alto como uma estátua, com as mãos para trás, e o rock virará mais uma etapa intacto, forte e presunçoso. E com algumas canções novas na bagagem, já que Noel diz ter composto pelo menos mais uma meia dúzia. "Bem, nós não somos experimentalistas", ele afirmou recentemente. "Quero dizer, nunca vamos fazer um disco experimental ou eletrônico porque nós gostamos de tocar (guitarras) Les Pauls com amplicadores barulhentos - isso é rock & roll music, cara, isso é o que nós fazemos." O que incomoda nos irmãos Gallagher é que eles parecem não ter o menor respeito pela história pregressa do rock. Mas isso é só pose. Sabem muito bem. Na semana passada, por exemplo, o guitarrista Noel Gallagher, cérebro da coisa toda, estava nas primeiras filas do show de encerramento da turnê do The Who (ao lado de gente como Eddie Vedder, do Pearl Jam, e Kelly Jones, do Stereophonics). Todos estavam lá para ver um sujeito em especial: Pete Towshend, o guitarrista mítico de uma banda que deu régua e compasso para muitos deles. Gallagher incluído. O resto é jogo de cena. Como o tiroteio entre os irmãos Gallagher, transposto para o disco pelas ordens espertas de algum grande empresário do rock - ou da própria dupla. "Nós somos duas pessoas muito independentes e sarcásticas e não há nada que gostemos mais do que jogar tênis verbal, mas isso não quer dizer nada", afirmou Noel. "Eu não subiria ao palco com ele esta noite se eu não o achasse um p... grande parceiro." Familiar to Millions - CD duplo da banda Oasis. Sony Music. Preço médio do CD: R$ 25,00. Nas lojas.

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