Osesp celebra a obra do compositor austríaco Arnold Schoenberg


‘Gurre-Lieder’, com regência de Isaac Karabtchevsky, abre ciclo

Por João Luiz Sampaio

Uma orquestra expandida, três corais, um time de seis solistas. É com a monumental Gurre-Lieder que a Osesp abre nesta quinta (17) um ciclo dedicado à obra de um dos mais importantes autores do século 20, Quem Tem Medo de Schoenberg?. “É como galgar o Himalaia”, brinca o maestro Isaac Karabtchevsky, que escolheu a peça, que ele nunca havia regido nem havia sido apresentada no Brasil, para comemorar com a Osesp os seus 80 anos.

Ao longo de seis dias, o ciclo terá seis palestras e seis concertos dedicados ao autor. Nesta quinta, 17, Karabtchevsky conversa sobre Gurre-Lieder com o público às 20 horas, antes da apresentação. Na sexta-feira, 18, o professor Jorge de Almeida faz palestra, no mesmo horário, sobre o Quarteto nº 2, que será interpretado em seguida pelo Quarteto Osesp e a soprano Manuela Freua, com repetição na terça, no Masp. No sábado, 19, mais Gurre-Lieder, precedido, às 15h30, de conversa do público com Almeida (palestra e concerto serão repetidos na noite de segunda-feira). A atração de domingo, 20, com músicos da Osesp, da Academia da Osesp e Manuela Freua regidos por Emmanuele Baldini, é o Pierrot Lunaire, ao lado de Noite Transfigurada (também com palestra de Almeida antes do concerto).

Ensaio dos músicos que participarão do Festival Quem Tem Medo de Schoenberg nesta manhã de (quarta-feira,16), na Sala São Paulo. FOTO: WERTHER SANTANA/ESTADÃO Foto: Ensaio dos músicos que participarão do Festival Quem Tem Medo de Schoenberg nesta manhã de (quarta-feira,16), na Sala São Paulo. FOTO: WERTHER SANTANA/ESTADÃO
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“Para mim, é algo estarrecedor que o Gurre-Lieder seja feito no Brasil pela primeira vez mais de cem anos depois de sua estreia”, diz Karabtchevsky ao Estado, após o ensaio da tarde de terça-feira. A peça foi escrita nos primeiros anos do século 20, mas só estreou em 1913 e, como ressalta o maestro, ainda não pertence à fase dodecafônica do autor. Baseadas em texto de Jens Peter Jacobsen, as “canções de Gurre” narram a história da paixão do rei Valdemar por sua amante, que acaba assassinada pela rainha Helvig. 

“O grande desafio não é apenas controlar tantos músicos, mas é também encontrar o equilíbrio nas passagens quase camerísticas que a peça tem, reprimir essa enorme massa sonora quando a partitura torna isso necessário”, afirma o maestro, que é diretor da Sinfônica Heliópolis e convidou músicos do grupo para se juntar à Osesp na interpretação da peça.

Decadência. “Este ciclo, para mim, é experimentar um diálogo íntimo, materializado por meio da música, de Schoenberg com seu tempo, com os tormentos da decadência de uma época, de uma civilização, de um império”, diz o violinista Emmanuele Baldini, spalla da Osesp, que, além de tocar no Gurre-Lieder, vai interpretar o Quarteto nº 2 e reger o Pierrot Lunaire. “No começo, Schoenberg se deixa inspirar bastante por Brahms e Wagner mas, depois, enfrenta o desafio de quebrar as regras preexistentes e criar um novo mundo musical, um novo tipo de linguagem. Se o Gurre-Lieder e a Noite Transfigurada ainda estão intimamente ligados a uma herança dos grandes compositores do passado, no Quarteto nº 2 podemos perceber claramente esse processo de ruptura. E o Pierrot Lunaire, por sua vez, já traz uma linguagem nova”, completa.

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Pierrot Lunaire foi estreada em 1912 e tem como base a tradução para o alemão de uma coleção de 21 poemas do escritor belga Albert Giraud, que recriara o personagem clássico da commedia dell’arte à luz das transformações do final do século 19. “O quarteto carrega a sensação de estranhamento perante o mundo, fala de angústia, mas também de esperança. Já o Pierrot é um universo distinto”, explica Manuela Freua. 

“Mesmo do ponto de vista musical, o Pierrot não é uma peça para ser cantada. O que Schoenberg estava buscando era uma linguagem diferente, que não fosse canto nem texto falado. O desafio para o intérprete é encontrar esse caminho, de olho na partitura, claro, mas explorando diversas facetas da voz: o canto lírico, o canto popular, a fala, a música de cabaré, o grito, o sussurro”, completa a soprano.

GURRE-LIEDER

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Sala São Paulo. Praça Júlio Prestes, 16, Campos Elísios, tel. 3223-3966. 5ª e 2ª, às 20h30; sáb., às 16h30. R$ 45/ R$ 178. 

Uma orquestra expandida, três corais, um time de seis solistas. É com a monumental Gurre-Lieder que a Osesp abre nesta quinta (17) um ciclo dedicado à obra de um dos mais importantes autores do século 20, Quem Tem Medo de Schoenberg?. “É como galgar o Himalaia”, brinca o maestro Isaac Karabtchevsky, que escolheu a peça, que ele nunca havia regido nem havia sido apresentada no Brasil, para comemorar com a Osesp os seus 80 anos.

Ao longo de seis dias, o ciclo terá seis palestras e seis concertos dedicados ao autor. Nesta quinta, 17, Karabtchevsky conversa sobre Gurre-Lieder com o público às 20 horas, antes da apresentação. Na sexta-feira, 18, o professor Jorge de Almeida faz palestra, no mesmo horário, sobre o Quarteto nº 2, que será interpretado em seguida pelo Quarteto Osesp e a soprano Manuela Freua, com repetição na terça, no Masp. No sábado, 19, mais Gurre-Lieder, precedido, às 15h30, de conversa do público com Almeida (palestra e concerto serão repetidos na noite de segunda-feira). A atração de domingo, 20, com músicos da Osesp, da Academia da Osesp e Manuela Freua regidos por Emmanuele Baldini, é o Pierrot Lunaire, ao lado de Noite Transfigurada (também com palestra de Almeida antes do concerto).

Ensaio dos músicos que participarão do Festival Quem Tem Medo de Schoenberg nesta manhã de (quarta-feira,16), na Sala São Paulo. FOTO: WERTHER SANTANA/ESTADÃO Foto: Ensaio dos músicos que participarão do Festival Quem Tem Medo de Schoenberg nesta manhã de (quarta-feira,16), na Sala São Paulo. FOTO: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

“Para mim, é algo estarrecedor que o Gurre-Lieder seja feito no Brasil pela primeira vez mais de cem anos depois de sua estreia”, diz Karabtchevsky ao Estado, após o ensaio da tarde de terça-feira. A peça foi escrita nos primeiros anos do século 20, mas só estreou em 1913 e, como ressalta o maestro, ainda não pertence à fase dodecafônica do autor. Baseadas em texto de Jens Peter Jacobsen, as “canções de Gurre” narram a história da paixão do rei Valdemar por sua amante, que acaba assassinada pela rainha Helvig. 

“O grande desafio não é apenas controlar tantos músicos, mas é também encontrar o equilíbrio nas passagens quase camerísticas que a peça tem, reprimir essa enorme massa sonora quando a partitura torna isso necessário”, afirma o maestro, que é diretor da Sinfônica Heliópolis e convidou músicos do grupo para se juntar à Osesp na interpretação da peça.

Decadência. “Este ciclo, para mim, é experimentar um diálogo íntimo, materializado por meio da música, de Schoenberg com seu tempo, com os tormentos da decadência de uma época, de uma civilização, de um império”, diz o violinista Emmanuele Baldini, spalla da Osesp, que, além de tocar no Gurre-Lieder, vai interpretar o Quarteto nº 2 e reger o Pierrot Lunaire. “No começo, Schoenberg se deixa inspirar bastante por Brahms e Wagner mas, depois, enfrenta o desafio de quebrar as regras preexistentes e criar um novo mundo musical, um novo tipo de linguagem. Se o Gurre-Lieder e a Noite Transfigurada ainda estão intimamente ligados a uma herança dos grandes compositores do passado, no Quarteto nº 2 podemos perceber claramente esse processo de ruptura. E o Pierrot Lunaire, por sua vez, já traz uma linguagem nova”, completa.

Pierrot Lunaire foi estreada em 1912 e tem como base a tradução para o alemão de uma coleção de 21 poemas do escritor belga Albert Giraud, que recriara o personagem clássico da commedia dell’arte à luz das transformações do final do século 19. “O quarteto carrega a sensação de estranhamento perante o mundo, fala de angústia, mas também de esperança. Já o Pierrot é um universo distinto”, explica Manuela Freua. 

“Mesmo do ponto de vista musical, o Pierrot não é uma peça para ser cantada. O que Schoenberg estava buscando era uma linguagem diferente, que não fosse canto nem texto falado. O desafio para o intérprete é encontrar esse caminho, de olho na partitura, claro, mas explorando diversas facetas da voz: o canto lírico, o canto popular, a fala, a música de cabaré, o grito, o sussurro”, completa a soprano.

GURRE-LIEDER

Sala São Paulo. Praça Júlio Prestes, 16, Campos Elísios, tel. 3223-3966. 5ª e 2ª, às 20h30; sáb., às 16h30. R$ 45/ R$ 178. 

Uma orquestra expandida, três corais, um time de seis solistas. É com a monumental Gurre-Lieder que a Osesp abre nesta quinta (17) um ciclo dedicado à obra de um dos mais importantes autores do século 20, Quem Tem Medo de Schoenberg?. “É como galgar o Himalaia”, brinca o maestro Isaac Karabtchevsky, que escolheu a peça, que ele nunca havia regido nem havia sido apresentada no Brasil, para comemorar com a Osesp os seus 80 anos.

Ao longo de seis dias, o ciclo terá seis palestras e seis concertos dedicados ao autor. Nesta quinta, 17, Karabtchevsky conversa sobre Gurre-Lieder com o público às 20 horas, antes da apresentação. Na sexta-feira, 18, o professor Jorge de Almeida faz palestra, no mesmo horário, sobre o Quarteto nº 2, que será interpretado em seguida pelo Quarteto Osesp e a soprano Manuela Freua, com repetição na terça, no Masp. No sábado, 19, mais Gurre-Lieder, precedido, às 15h30, de conversa do público com Almeida (palestra e concerto serão repetidos na noite de segunda-feira). A atração de domingo, 20, com músicos da Osesp, da Academia da Osesp e Manuela Freua regidos por Emmanuele Baldini, é o Pierrot Lunaire, ao lado de Noite Transfigurada (também com palestra de Almeida antes do concerto).

Ensaio dos músicos que participarão do Festival Quem Tem Medo de Schoenberg nesta manhã de (quarta-feira,16), na Sala São Paulo. FOTO: WERTHER SANTANA/ESTADÃO Foto: Ensaio dos músicos que participarão do Festival Quem Tem Medo de Schoenberg nesta manhã de (quarta-feira,16), na Sala São Paulo. FOTO: WERTHER SANTANA/ESTADÃO

“Para mim, é algo estarrecedor que o Gurre-Lieder seja feito no Brasil pela primeira vez mais de cem anos depois de sua estreia”, diz Karabtchevsky ao Estado, após o ensaio da tarde de terça-feira. A peça foi escrita nos primeiros anos do século 20, mas só estreou em 1913 e, como ressalta o maestro, ainda não pertence à fase dodecafônica do autor. Baseadas em texto de Jens Peter Jacobsen, as “canções de Gurre” narram a história da paixão do rei Valdemar por sua amante, que acaba assassinada pela rainha Helvig. 

“O grande desafio não é apenas controlar tantos músicos, mas é também encontrar o equilíbrio nas passagens quase camerísticas que a peça tem, reprimir essa enorme massa sonora quando a partitura torna isso necessário”, afirma o maestro, que é diretor da Sinfônica Heliópolis e convidou músicos do grupo para se juntar à Osesp na interpretação da peça.

Decadência. “Este ciclo, para mim, é experimentar um diálogo íntimo, materializado por meio da música, de Schoenberg com seu tempo, com os tormentos da decadência de uma época, de uma civilização, de um império”, diz o violinista Emmanuele Baldini, spalla da Osesp, que, além de tocar no Gurre-Lieder, vai interpretar o Quarteto nº 2 e reger o Pierrot Lunaire. “No começo, Schoenberg se deixa inspirar bastante por Brahms e Wagner mas, depois, enfrenta o desafio de quebrar as regras preexistentes e criar um novo mundo musical, um novo tipo de linguagem. Se o Gurre-Lieder e a Noite Transfigurada ainda estão intimamente ligados a uma herança dos grandes compositores do passado, no Quarteto nº 2 podemos perceber claramente esse processo de ruptura. E o Pierrot Lunaire, por sua vez, já traz uma linguagem nova”, completa.

Pierrot Lunaire foi estreada em 1912 e tem como base a tradução para o alemão de uma coleção de 21 poemas do escritor belga Albert Giraud, que recriara o personagem clássico da commedia dell’arte à luz das transformações do final do século 19. “O quarteto carrega a sensação de estranhamento perante o mundo, fala de angústia, mas também de esperança. Já o Pierrot é um universo distinto”, explica Manuela Freua. 

“Mesmo do ponto de vista musical, o Pierrot não é uma peça para ser cantada. O que Schoenberg estava buscando era uma linguagem diferente, que não fosse canto nem texto falado. O desafio para o intérprete é encontrar esse caminho, de olho na partitura, claro, mas explorando diversas facetas da voz: o canto lírico, o canto popular, a fala, a música de cabaré, o grito, o sussurro”, completa a soprano.

GURRE-LIEDER

Sala São Paulo. Praça Júlio Prestes, 16, Campos Elísios, tel. 3223-3966. 5ª e 2ª, às 20h30; sáb., às 16h30. R$ 45/ R$ 178. 

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