Análise|Paul McCartney, aos 82 anos, carrega a tocha dos Beatles em mais um show antológico no Allianz


Lendário cantor e compositor, movido por vitalidade invejável, iniciou sua 11ª passagem pelo Brasil com show de 2h30 para 47 mil pessoas em São Paulo; ‘Now And Then’ foi a principal novidade do repertório

Por Gabriel Zorzetto
Atualização:

É verdade que, desde 2010, Paul McCartney faz praticamente o mesmo show. Para 95% das pessoas, se você viu uma vez, viu todas. Sempre há o coro de Hey Jude; as lanternas de celulares acesas em Let It Be; as pirotecnias de Live And Let Die; as homenagens a John Lennon e George Harrison em Here Today e Something, respectivamente; os soquinhos e chutes coreografados em Band On The Run; a plataforma elevada em Blackbird e o final com The End, arrematado pelos versos atemporais “E no fim, o amor que você dá é igual ao amor que você recebe”.

Mas isso não torna o evento menos fascinante, por mais que você o tenha assistido uma dezena de vezes, como este repórter, ou pela primeira vez. Afinal, não há ninguém no mundo capaz de carregar o legado dos Beatles como McCartney, principal cantor e compositor da banda junto com John Lennon, assassinado em 1980. O roqueiro está com 82 anos, movido por uma vitalidade invejável. Para os fãs, só o fato de ele seguir estar na ativa é motivo para desembolsar qualquer quantia salgada para revê-lo.

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O ex-Beatles Paul McCartney se apresenta no Allianz Parque, em São Paulo, o show da sua turnê "Got Back Tour" Foto: Taba Benedicto/Estadão

Na noite desta terça-feira, 15, Paul começou sua 11ª passagem pelo Brasil, a 7ª por São Paulo. O Allianz Parque virou um destino recorrente do inglês na última década, que inaugurou o local em 2014 e apresentou por lá as turnês Out There!, One On One, Freshen Up e Got Back – esta última repetida em 2024 após o sucesso de 2023. Ao final dessa nova excursão, que também passa por Florianópolis no sábado, 19, serão acumuladas 40 apresentações por aqui.

Em comemoração ao aniversário de 10 anos da arena palmeirense, Paul mais uma vez desfilou seu talento para cerca de 47 mil pessoas, responsáveis por lotar o recinto em pleno dia de semana. O repertório foi o mesmo do ano passado, com exceção de Drive My Car, hit de 1965 inserido no lugar de She’s a Woman, e da adição de Now And Then, a última música dos Beatles, lançada no ano passado e tocada pela primeira vez ao vivo no Brasil – foi o momento mais aguardado da noite, valorizado pelas imagens retrospectivas dos quatro rapazes que mudaram o mundo.

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O show atrasou cerca de 30 minutos até Paul subir ao cenário. Ele vestia um blazer preto, com destaque em azul escuro, e ostentava uma barba grisalha por fazer. “E aí, São Paulo? Boa noite, Brasil!”, saudou em bom português. “O pai tá on!” e “Daora!” foram outras expressões locais ditas pela lenda do rock.

A quase nula variação no setlist é compreensível. Como melhorar um show antológico, à beira da perfeição? O enredo continua poderoso, emocionante e amparado pela produção de alta qualidade. Na crítica de 2023, o Estadão usou o rótulo de ‘o maior espetáculo da Terra’, termo repercutido no site do artista e novamente adequado, simplesmente pelo fato de se tratar do catálogo mais poderoso da música popular, entoado pelo mais importante artista vivo.

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O ex-Beatles Paul McCartney se apresenta no Allianz Parque, em São Paulo, o show da sua turnê "Got Back Tour" Foto: Taba Benedicto/Estadão

É admirável que mais da metade das 37 canções executadas não sejam hits. Mesmo com a morna reação do público, McCartney insiste em temas menos conhecidos de sua carreira solo, como Junior’s Farm, Letting Go e 1985 ou obscuridades dos Fab Four, como Birthday e Being For The Benefit Of Mr. Kite!. No entanto, a apresentação de 2h30 também contempla sucessos dançantes como Lady Madonna, Dance Tonight, Love Me Do e Ob-La-Di, Ob-La-Da. Única faixa realmente dispensável, a recente e bobinha Come On To Me poderia ser substituída por algo de McCartney III (2020).

Houve apenas dois deslizes mais claros. Paul errou a introdução de Getting Better e riu com a situação. No fim da faixa, notou-se ainda uma leve desafinação na guitarra do astro. Depois, ainda teve um errinho no solo de In Spite Of All The Danger, canção pré-Beatles dos anos 1950, mas nada que atrapalhasse a magnitude de um show que rejeita qualquer tipo de playback ou base pré-gravada. “Quem sabe, faz ao vivo”, já diria Fausto Silva.

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O maior triunfo da turnê Got Back, já testemunhado por milhares de brasileiros no ano passado, segue sendo a presença virtual de John na canção I’ve Got a Feeling, clássico do álbum Let It Be (1970), marcado pelas desavenças entre os integrantes da banda. A música é um ótimo exemplo da frutífera colaboração Lennon/McCartney, já que Paul compôs os versos iniciais e os complementou com o trecho final, criado pelo parceiro. Trata-se de um dos raros exemplos dentro da discografia dos Beatles onde os dois cantores se intercalam no vocal principal. Por isso, McCartney contou com a ajuda do diretor Peter Jackson (à frente do maravilhoso documentário Get Back, da Disney+) e da IA para extrair a participação de Lennon no famoso show no telhado da Apple, em 1969, e contextualizá-la no palco. Momento de fazer chorar e que prova: o sonho não acabou.

É verdade que, desde 2010, Paul McCartney faz praticamente o mesmo show. Para 95% das pessoas, se você viu uma vez, viu todas. Sempre há o coro de Hey Jude; as lanternas de celulares acesas em Let It Be; as pirotecnias de Live And Let Die; as homenagens a John Lennon e George Harrison em Here Today e Something, respectivamente; os soquinhos e chutes coreografados em Band On The Run; a plataforma elevada em Blackbird e o final com The End, arrematado pelos versos atemporais “E no fim, o amor que você dá é igual ao amor que você recebe”.

Mas isso não torna o evento menos fascinante, por mais que você o tenha assistido uma dezena de vezes, como este repórter, ou pela primeira vez. Afinal, não há ninguém no mundo capaz de carregar o legado dos Beatles como McCartney, principal cantor e compositor da banda junto com John Lennon, assassinado em 1980. O roqueiro está com 82 anos, movido por uma vitalidade invejável. Para os fãs, só o fato de ele seguir estar na ativa é motivo para desembolsar qualquer quantia salgada para revê-lo.

O ex-Beatles Paul McCartney se apresenta no Allianz Parque, em São Paulo, o show da sua turnê "Got Back Tour" Foto: Taba Benedicto/Estadão

Na noite desta terça-feira, 15, Paul começou sua 11ª passagem pelo Brasil, a 7ª por São Paulo. O Allianz Parque virou um destino recorrente do inglês na última década, que inaugurou o local em 2014 e apresentou por lá as turnês Out There!, One On One, Freshen Up e Got Back – esta última repetida em 2024 após o sucesso de 2023. Ao final dessa nova excursão, que também passa por Florianópolis no sábado, 19, serão acumuladas 40 apresentações por aqui.

Em comemoração ao aniversário de 10 anos da arena palmeirense, Paul mais uma vez desfilou seu talento para cerca de 47 mil pessoas, responsáveis por lotar o recinto em pleno dia de semana. O repertório foi o mesmo do ano passado, com exceção de Drive My Car, hit de 1965 inserido no lugar de She’s a Woman, e da adição de Now And Then, a última música dos Beatles, lançada no ano passado e tocada pela primeira vez ao vivo no Brasil – foi o momento mais aguardado da noite, valorizado pelas imagens retrospectivas dos quatro rapazes que mudaram o mundo.

O show atrasou cerca de 30 minutos até Paul subir ao cenário. Ele vestia um blazer preto, com destaque em azul escuro, e ostentava uma barba grisalha por fazer. “E aí, São Paulo? Boa noite, Brasil!”, saudou em bom português. “O pai tá on!” e “Daora!” foram outras expressões locais ditas pela lenda do rock.

A quase nula variação no setlist é compreensível. Como melhorar um show antológico, à beira da perfeição? O enredo continua poderoso, emocionante e amparado pela produção de alta qualidade. Na crítica de 2023, o Estadão usou o rótulo de ‘o maior espetáculo da Terra’, termo repercutido no site do artista e novamente adequado, simplesmente pelo fato de se tratar do catálogo mais poderoso da música popular, entoado pelo mais importante artista vivo.

O ex-Beatles Paul McCartney se apresenta no Allianz Parque, em São Paulo, o show da sua turnê "Got Back Tour" Foto: Taba Benedicto/Estadão

É admirável que mais da metade das 37 canções executadas não sejam hits. Mesmo com a morna reação do público, McCartney insiste em temas menos conhecidos de sua carreira solo, como Junior’s Farm, Letting Go e 1985 ou obscuridades dos Fab Four, como Birthday e Being For The Benefit Of Mr. Kite!. No entanto, a apresentação de 2h30 também contempla sucessos dançantes como Lady Madonna, Dance Tonight, Love Me Do e Ob-La-Di, Ob-La-Da. Única faixa realmente dispensável, a recente e bobinha Come On To Me poderia ser substituída por algo de McCartney III (2020).

Houve apenas dois deslizes mais claros. Paul errou a introdução de Getting Better e riu com a situação. No fim da faixa, notou-se ainda uma leve desafinação na guitarra do astro. Depois, ainda teve um errinho no solo de In Spite Of All The Danger, canção pré-Beatles dos anos 1950, mas nada que atrapalhasse a magnitude de um show que rejeita qualquer tipo de playback ou base pré-gravada. “Quem sabe, faz ao vivo”, já diria Fausto Silva.

O maior triunfo da turnê Got Back, já testemunhado por milhares de brasileiros no ano passado, segue sendo a presença virtual de John na canção I’ve Got a Feeling, clássico do álbum Let It Be (1970), marcado pelas desavenças entre os integrantes da banda. A música é um ótimo exemplo da frutífera colaboração Lennon/McCartney, já que Paul compôs os versos iniciais e os complementou com o trecho final, criado pelo parceiro. Trata-se de um dos raros exemplos dentro da discografia dos Beatles onde os dois cantores se intercalam no vocal principal. Por isso, McCartney contou com a ajuda do diretor Peter Jackson (à frente do maravilhoso documentário Get Back, da Disney+) e da IA para extrair a participação de Lennon no famoso show no telhado da Apple, em 1969, e contextualizá-la no palco. Momento de fazer chorar e que prova: o sonho não acabou.

É verdade que, desde 2010, Paul McCartney faz praticamente o mesmo show. Para 95% das pessoas, se você viu uma vez, viu todas. Sempre há o coro de Hey Jude; as lanternas de celulares acesas em Let It Be; as pirotecnias de Live And Let Die; as homenagens a John Lennon e George Harrison em Here Today e Something, respectivamente; os soquinhos e chutes coreografados em Band On The Run; a plataforma elevada em Blackbird e o final com The End, arrematado pelos versos atemporais “E no fim, o amor que você dá é igual ao amor que você recebe”.

Mas isso não torna o evento menos fascinante, por mais que você o tenha assistido uma dezena de vezes, como este repórter, ou pela primeira vez. Afinal, não há ninguém no mundo capaz de carregar o legado dos Beatles como McCartney, principal cantor e compositor da banda junto com John Lennon, assassinado em 1980. O roqueiro está com 82 anos, movido por uma vitalidade invejável. Para os fãs, só o fato de ele seguir estar na ativa é motivo para desembolsar qualquer quantia salgada para revê-lo.

O ex-Beatles Paul McCartney se apresenta no Allianz Parque, em São Paulo, o show da sua turnê "Got Back Tour" Foto: Taba Benedicto/Estadão

Na noite desta terça-feira, 15, Paul começou sua 11ª passagem pelo Brasil, a 7ª por São Paulo. O Allianz Parque virou um destino recorrente do inglês na última década, que inaugurou o local em 2014 e apresentou por lá as turnês Out There!, One On One, Freshen Up e Got Back – esta última repetida em 2024 após o sucesso de 2023. Ao final dessa nova excursão, que também passa por Florianópolis no sábado, 19, serão acumuladas 40 apresentações por aqui.

Em comemoração ao aniversário de 10 anos da arena palmeirense, Paul mais uma vez desfilou seu talento para cerca de 47 mil pessoas, responsáveis por lotar o recinto em pleno dia de semana. O repertório foi o mesmo do ano passado, com exceção de Drive My Car, hit de 1965 inserido no lugar de She’s a Woman, e da adição de Now And Then, a última música dos Beatles, lançada no ano passado e tocada pela primeira vez ao vivo no Brasil – foi o momento mais aguardado da noite, valorizado pelas imagens retrospectivas dos quatro rapazes que mudaram o mundo.

O show atrasou cerca de 30 minutos até Paul subir ao cenário. Ele vestia um blazer preto, com destaque em azul escuro, e ostentava uma barba grisalha por fazer. “E aí, São Paulo? Boa noite, Brasil!”, saudou em bom português. “O pai tá on!” e “Daora!” foram outras expressões locais ditas pela lenda do rock.

A quase nula variação no setlist é compreensível. Como melhorar um show antológico, à beira da perfeição? O enredo continua poderoso, emocionante e amparado pela produção de alta qualidade. Na crítica de 2023, o Estadão usou o rótulo de ‘o maior espetáculo da Terra’, termo repercutido no site do artista e novamente adequado, simplesmente pelo fato de se tratar do catálogo mais poderoso da música popular, entoado pelo mais importante artista vivo.

O ex-Beatles Paul McCartney se apresenta no Allianz Parque, em São Paulo, o show da sua turnê "Got Back Tour" Foto: Taba Benedicto/Estadão

É admirável que mais da metade das 37 canções executadas não sejam hits. Mesmo com a morna reação do público, McCartney insiste em temas menos conhecidos de sua carreira solo, como Junior’s Farm, Letting Go e 1985 ou obscuridades dos Fab Four, como Birthday e Being For The Benefit Of Mr. Kite!. No entanto, a apresentação de 2h30 também contempla sucessos dançantes como Lady Madonna, Dance Tonight, Love Me Do e Ob-La-Di, Ob-La-Da. Única faixa realmente dispensável, a recente e bobinha Come On To Me poderia ser substituída por algo de McCartney III (2020).

Houve apenas dois deslizes mais claros. Paul errou a introdução de Getting Better e riu com a situação. No fim da faixa, notou-se ainda uma leve desafinação na guitarra do astro. Depois, ainda teve um errinho no solo de In Spite Of All The Danger, canção pré-Beatles dos anos 1950, mas nada que atrapalhasse a magnitude de um show que rejeita qualquer tipo de playback ou base pré-gravada. “Quem sabe, faz ao vivo”, já diria Fausto Silva.

O maior triunfo da turnê Got Back, já testemunhado por milhares de brasileiros no ano passado, segue sendo a presença virtual de John na canção I’ve Got a Feeling, clássico do álbum Let It Be (1970), marcado pelas desavenças entre os integrantes da banda. A música é um ótimo exemplo da frutífera colaboração Lennon/McCartney, já que Paul compôs os versos iniciais e os complementou com o trecho final, criado pelo parceiro. Trata-se de um dos raros exemplos dentro da discografia dos Beatles onde os dois cantores se intercalam no vocal principal. Por isso, McCartney contou com a ajuda do diretor Peter Jackson (à frente do maravilhoso documentário Get Back, da Disney+) e da IA para extrair a participação de Lennon no famoso show no telhado da Apple, em 1969, e contextualizá-la no palco. Momento de fazer chorar e que prova: o sonho não acabou.

É verdade que, desde 2010, Paul McCartney faz praticamente o mesmo show. Para 95% das pessoas, se você viu uma vez, viu todas. Sempre há o coro de Hey Jude; as lanternas de celulares acesas em Let It Be; as pirotecnias de Live And Let Die; as homenagens a John Lennon e George Harrison em Here Today e Something, respectivamente; os soquinhos e chutes coreografados em Band On The Run; a plataforma elevada em Blackbird e o final com The End, arrematado pelos versos atemporais “E no fim, o amor que você dá é igual ao amor que você recebe”.

Mas isso não torna o evento menos fascinante, por mais que você o tenha assistido uma dezena de vezes, como este repórter, ou pela primeira vez. Afinal, não há ninguém no mundo capaz de carregar o legado dos Beatles como McCartney, principal cantor e compositor da banda junto com John Lennon, assassinado em 1980. O roqueiro está com 82 anos, movido por uma vitalidade invejável. Para os fãs, só o fato de ele seguir estar na ativa é motivo para desembolsar qualquer quantia salgada para revê-lo.

O ex-Beatles Paul McCartney se apresenta no Allianz Parque, em São Paulo, o show da sua turnê "Got Back Tour" Foto: Taba Benedicto/Estadão

Na noite desta terça-feira, 15, Paul começou sua 11ª passagem pelo Brasil, a 7ª por São Paulo. O Allianz Parque virou um destino recorrente do inglês na última década, que inaugurou o local em 2014 e apresentou por lá as turnês Out There!, One On One, Freshen Up e Got Back – esta última repetida em 2024 após o sucesso de 2023. Ao final dessa nova excursão, que também passa por Florianópolis no sábado, 19, serão acumuladas 40 apresentações por aqui.

Em comemoração ao aniversário de 10 anos da arena palmeirense, Paul mais uma vez desfilou seu talento para cerca de 47 mil pessoas, responsáveis por lotar o recinto em pleno dia de semana. O repertório foi o mesmo do ano passado, com exceção de Drive My Car, hit de 1965 inserido no lugar de She’s a Woman, e da adição de Now And Then, a última música dos Beatles, lançada no ano passado e tocada pela primeira vez ao vivo no Brasil – foi o momento mais aguardado da noite, valorizado pelas imagens retrospectivas dos quatro rapazes que mudaram o mundo.

O show atrasou cerca de 30 minutos até Paul subir ao cenário. Ele vestia um blazer preto, com destaque em azul escuro, e ostentava uma barba grisalha por fazer. “E aí, São Paulo? Boa noite, Brasil!”, saudou em bom português. “O pai tá on!” e “Daora!” foram outras expressões locais ditas pela lenda do rock.

A quase nula variação no setlist é compreensível. Como melhorar um show antológico, à beira da perfeição? O enredo continua poderoso, emocionante e amparado pela produção de alta qualidade. Na crítica de 2023, o Estadão usou o rótulo de ‘o maior espetáculo da Terra’, termo repercutido no site do artista e novamente adequado, simplesmente pelo fato de se tratar do catálogo mais poderoso da música popular, entoado pelo mais importante artista vivo.

O ex-Beatles Paul McCartney se apresenta no Allianz Parque, em São Paulo, o show da sua turnê "Got Back Tour" Foto: Taba Benedicto/Estadão

É admirável que mais da metade das 37 canções executadas não sejam hits. Mesmo com a morna reação do público, McCartney insiste em temas menos conhecidos de sua carreira solo, como Junior’s Farm, Letting Go e 1985 ou obscuridades dos Fab Four, como Birthday e Being For The Benefit Of Mr. Kite!. No entanto, a apresentação de 2h30 também contempla sucessos dançantes como Lady Madonna, Dance Tonight, Love Me Do e Ob-La-Di, Ob-La-Da. Única faixa realmente dispensável, a recente e bobinha Come On To Me poderia ser substituída por algo de McCartney III (2020).

Houve apenas dois deslizes mais claros. Paul errou a introdução de Getting Better e riu com a situação. No fim da faixa, notou-se ainda uma leve desafinação na guitarra do astro. Depois, ainda teve um errinho no solo de In Spite Of All The Danger, canção pré-Beatles dos anos 1950, mas nada que atrapalhasse a magnitude de um show que rejeita qualquer tipo de playback ou base pré-gravada. “Quem sabe, faz ao vivo”, já diria Fausto Silva.

O maior triunfo da turnê Got Back, já testemunhado por milhares de brasileiros no ano passado, segue sendo a presença virtual de John na canção I’ve Got a Feeling, clássico do álbum Let It Be (1970), marcado pelas desavenças entre os integrantes da banda. A música é um ótimo exemplo da frutífera colaboração Lennon/McCartney, já que Paul compôs os versos iniciais e os complementou com o trecho final, criado pelo parceiro. Trata-se de um dos raros exemplos dentro da discografia dos Beatles onde os dois cantores se intercalam no vocal principal. Por isso, McCartney contou com a ajuda do diretor Peter Jackson (à frente do maravilhoso documentário Get Back, da Disney+) e da IA para extrair a participação de Lennon no famoso show no telhado da Apple, em 1969, e contextualizá-la no palco. Momento de fazer chorar e que prova: o sonho não acabou.

Análise por Gabriel Zorzetto

Repórter de Cultura do Estadão

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